Opinião: A Salvação é de Graça, Mas o CD Tem um Custo

Um dos assuntos mais explícitos na Escritura Sagrada é o salário do trabalhador. Isso, porque todo trabalhador tem direito a ele, após uma jornada de trabalho. Tanto faz ser um rei, um sacerdote, um cantor (levita) ou um simples servo, em qualquer que seja a profissão ou trabalho lícito. É, por isso, que estudaremos a respeito deste assunto, neste artigo.

Um verso chamava a minha atenção, e preocupava-me é: “... De graça recebestes, de graça dai”. (Mat. 10:8 – AVR). Esse registro de Mateus, tem um paralelo em Atos 8:18-20.

Eu às vezes ficava imaginando que o verso de Mateus era uma referência ao ensino da Palavra do Senhor, por meio de livros, revistas ou mesmo pregação e estudo da Palavra. Sei que algumas pessoas pensam assim. Contudo, não podemos nos prender apenas a este verso de Mat. 10:8. Existe outra referência ao ensino do Messias. Então, como podemos entender esse verso de Mateus, e harmonizá-lo com o de Lucas, onde o Messias disse: “Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; pois digno é o trabalhador do seu salário. Não andeis de casa em casa”. (Luc. 10:7 – AVR).

No entanto, percebemos que tanto o texto de Mateus quanto o de Lucas, fazem parte do contexto de duas missões: a dos doze (Mat. 10:) e a dos setenta (Luc. 10:1-24).

Em Mateus 10:8, a expressão: “... De graça recebestes, de graça dai”, vem após as seguintes instruções:

A estes doze enviou Jesus, e ordenou-lhes, dizendo: Não ireis aos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel; e indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai”. (Mat. 10:5-8 - AVR).

Em função desses quatro versos, o que se entende que tem que ser dado de graça é o seguinte: “Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios”. Portanto, são as obras realizadas por meio desses dons recebidos, que devem ser dadas de graça, e não o trabalho do ensino (pregação) da palavra do Senhor. Porque no próprio capítulo 10, em Mateus, o Messias disse: “... Porque digno é o trabalhador do seu alimento. Em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela é digno, e hospedai-vos aí até que vos retireis”. (AVR).

Esse ensino do Messias está de acordo com os Textos de Levítico 19:13 e Deuteronômio 24:15. O alimento, só conseguimos com o salário ou com o trabalho (2Tessalonicenses 3:7-12).

Se àqueles que ensinam a Palavra não tivessem direito a um salário, com certeza não estaria escrito o seguinte:

Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho”. (1Cor. 9:14 – AVR – cf. todo o capítulo).

Em outro lugar o apóstolo Paulo escreveu:

Pequei porventura, humilhando-me a mim mesmo, para que vós fôsseis exaltados, porque de graça vos anunciei o evangelho de Deus? Outras igrejas despojei, recebendo delas salário, para vos servir; e quando estava presente convosco, e tinha necessidade, a ninguém fui pesado; porque os irmãos, quando vieram da Macedônia, supriram a minha necessidade; e em tudo me guardei, e ainda me guardarei, de vos ser pesado”. (2Cor. 11:7-9 – AVR).

De acordo com esses três versos, acima citados, está claro que o apóstolo Paulo recebeu salário de outras igrejas, para que pudesse ensinar aos Coríntios, sem que deles recebessem salário.

Escrevendo a Timóteo, o apóstolo Paulo disse:

“Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino. Pois a Escritura declara: Não amordaces o boi, quando pisa o trigo. E ainda: O trabalhador é digno do seu salário”. (1Tim. 5:17-18 – ARA).

Sobre o ministério do Salvador, assim está escrito:

Logo depois disso, andava Jesus de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus; e iam com ele os doze, bem como algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios. Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Susana, e muitas outras que os serviam com os seus bens”. (Luc. 8:1-3 – AVR).

Em outro lugar, falando de Judas e da bolsa que ele carregava como tesoureiro, é dito:

Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de trair disse: Por que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres? Ora, ele disse isto, não porque tivesse cuidado dos pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, subtraía o que nela se lançava”. (João 12:4-6 – AVR – cf. 13:27-30).

É claro que existem pessoas que têm condições para se manter, por isso realizam trabalhos voluntários. Outras dividem o tempo, para realização do trabalho secular, e do que chamamos de trabalho missionário.

Diante disso, o que esperamos em todas as áreas profissionais não haja exploração do servo pelo empregador ou a exploração do empregador pelo servo; ou ainda, a exploração dos clientes pelos profissionais liberais. Em função disso, muito menos se pode admitir que um pastor, ou algum ministro da música, ou de qualquer parte da seara, seja um mercenário (explorador), querendo apenas a lã e a gordura das ovelhas do Senhor, por quem Ele morreu.

Portanto, se o verso de Mateus 10:8: “... De graça recebestes, de graça dai”, fosse uma referência à Escritura Sagrada, não se poderia comercializar com a Escritura Sagrada em hipótese alguma. Nem com a venda de Bíblias, nem com a venda de livros que tratam da Bíblia, nem com o ministério das pregações, etc; finalizando, nem com o ministério da música sacra. – josielteli@hotmail.com

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