3 – O Espírito divide os dons como lhe apraz
Vimos, no capítulo anterior, que, como o Espírito Santo era um dom, ou dádiva, era concedido aos discípulos segundo o Pai e o Filho o desejavam. Por isso Atos 2:4 afirma que os discípulos passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem:
“Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem.”
Como tanto Deus o Pai quanto Jesus Cristo são “Espírito” (II Cor. 3:17; João 4:24), e são “um”, uma unidade em propósito (João 14:7,9; 17:11, 22-23; 10:30), a palavra Espírito pode estar se referindo às duas pessoas da divindade ao mesmo tempo – Deus Pai e Jesus Cristo, sem ferir o entendimento obtido pela análise das outras passagens bíblicas que foram estudadas até o momento. Este entendimento também esclarece uma outra passagem que fala sobre o Espírito Santo – II Coríntios 12:1-13, que passamos a analisar: “1 A respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes. 2 Sabeis que, outrora, quando éreis gentios, deixáveis conduzir-vos aos ídolos mudos, segundo éreis guiados. 3 Por isso, vos faço compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus! Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo.”
Após a introdução do capítulo, falando a respeito dos dons espirituais, o apóstolo Paulo afirma: “Ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus!” – verso 3
Paulo explica que quem é impressionado pelo Espírito de Deus, ou poder de Deus não pode negar a Jesus ou às suas obras. Estudamos a pouco neste compêndio o exemplo dos fariseus, que atribuíram a cura do homem endemoninhado, realizada por Jesus, ao poder de Satanás (Mat. 12:22-32). Em outras palavras, os fariseus estavam dizendo: “anátema, Jesus!” quando atribuíram a expulsão do demônio, feita por Jesus, ao poder de Satanás. Nesta ocasião, Jesus não só enfatizou que Ele operara a expulsão pelo poder de Deus Pai, como também acusou os fariseus de estarem cometendo pecado contra o Espírito Santo. Como veremos mais adiante, o pecado contra o Espírito Santo consiste-se de atribuir a Satanás a obra realizada pelo poder de Deus. Assim, o pecado contra o Espírito Santo significa também dizer: “Anátema, Jesus!”. E quem está pecando contra o Espírito Santo, naturalmente não pode estar sendo movido a fazer isto pelo poder de Deus (Espírito de Deus). E quem não age movido pelo Espírito de Deus, age movido pelo espírito de Satanás. Vemos então que neste verso Paulo nos dá um conselho valioso para avaliarmos qual é o espírito pelo qual fala uma pessoa: se é de Deus, atribuindo a Ele as obras realizadas pelas operações maravilhosas da Sua vontade, ou se é do maligno, atribuindo a Satanás as obras realizadas pelo poder de Deus através de Seus instrumentos – os homens. Utilizando o raciocínio inverso, Paulo em seguida afirma que, se por um lado, quem atribui a Satanás a obra realizada pelo poder de Deus fala pelo poder do maligno, quem reconhece o poder de Jesus manifestado nas obras realizadas por Ele e Seus instrumentos humanos, este é movido pelo poder de Deus, o Espírito Santo: “Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo.” – verso 3 Paulo aqui se refere ao Espírito Santo da promessa cumprida no Pentecostes (Atos 2:3,4), que segundo as passagens bíblicas analisadas compõe-se tanto do Espírito (poder) do Pai quanto do Espírito (poder) de Jesus Cristo. Isto fica evidente pela continuação do texto, quanto ele passa a se referir a Deus Pai e Jesus Cristo, que concedem os dons aos homens por meio de Seu poder, o Espírito Santo, conforme melhor Lhes apraz: “4 Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. 5 E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. 6 E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos. 7 A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso. 8 Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento; 9 a outro, no mesmo Espírito, a fé; e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar; 10 a outro, operações de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a um, variedade de línguas; e a outro, capacidade para interpretá-las.”
Paulo esclarece que Deus Pai e Jesus Cristo, chamados neste caso de “Espírito” (II Cor 3:17,18; João 4:24) no singular, pois são “um”, conforme já vimos, são os doadores dos dons outorgados aos homens. Deus Pai e Jesus Cristo sabem qual é o dom que melhor serve a cada homem, pois foram Eles que criaram todos os homens; assim, concedem a cada um os dons “visando um fim proveitoso”: “A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso.” – verso 7
Como Deus Pai e Jesus Cristo sabem qual é melhor dom a ser concedido ao homem nas diferentes situações pelas quais este passa, eles concedem o dom de acordo com a Sua vontade:
“11 Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente.”
Reparemos que isto também aconteceu no Pentecostes – os dons foram dados segundo o Espírito (Deus Pai e Jesus Cristo) desejou que fossem dados, e não segundo os homens desejavam. Nas orações dos discípulos antes do Pentecostes, eles não estavam pedindo para que um passasse a falar em aramaico enquanto o outro passasse a falar em grego. Os discípulos estavam apenas confessando os seus pecados e se colocando integralmente à disposição do Espírito (Deus Pai e Jesus Cristo), para que Ele operasse neles segundo a Sua vontade:
“Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem.” – Atos 2:4
Paulo finaliza afirmando que todos foram unidos em um só Espírito (de Deus Pai e de Jesus Cristo) pelo batismo, e a partir de então passaram a “beber”, ou seja, receber o poder do mesmo Espírito:
“12 Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo. 13 Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito.”
O verso 12 apresenta a união da igreja como um corpo em Cristo. Isto porque Cristo era a ponte através da qual Deus reconciliaria consigo o mundo: “A saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.” II Coríntios 5:19 O homem só pode se aproximar de Deus mediante Cristo, pois Ele pagou a pena que o homem deveria sofre (morte eterna), e assim constituiu uma ponte entre o abismo que o separava de Deus. Mas o fato de Deus estar ligado com homem através de Cristo não impede que Ele envie Seu poder (Espírito) juntamente com Cristo, em auxílio de homens pecadores. Isto demonstra apenas o infinito amor do Deus Pai todo poderoso, bem como Seu desejo de que em Jesus Cristo o homem vença o mundo possa estar novamente unido com Ele. Índice
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