Quem Pode Disciplinar o Pastor-Problema?

Qual a função da Igreja da Associação? Missão ? Ela tem poderes para excluir alguém? Bem, essa igreja não tem a mesma função da igreja local. Ela foi criada com o objetivo de administrar irmãos que vivem em locais isolados, onde não podem freqüentar uma igreja local pelo simples fato de não ter uma igreja organizada próximo a sua residência. Em geral,esses irmãos, oscilando numa faixa de até cinqüenta membros, são considerados grupos. Diz o Manual da Igreja, pág. 36:

"Onde houver diversos membros isolados que não residam muito longe uns dos outros, poderá ser organizado um grupo de crentes para comunhão e adoração, com o objetivo de que ele cresça e se transforme numa igreja organizada".

E quando alguém desse grupo erra e precisa sofrer alguma disciplina eclesiástica, quem a fará? O próprio Manual prevê isso:

"Como todos os membros batizados de um grupo organizado são membros da igreja da Associação/Missão, o grupo não tem o direito de administrar a disciplina da igreja. Todas as questões dessa natureza devem ser encaminhadas à Mesa Administiva da Associação/Missão, que constitui a Comissão Executiva da Igreja Associação/ Missão, cujo presidente é o ancião dessa igreja".

Isso quer dizer que há duas igrejas dentro da Igreja Adventista do Sétimo Dia ? Não. A igreja da Associação/Missão não tem departamentos da escola sabatina, diaconato, dorcas, jovens, tesouraria e nem tem reuniões regulares aos sábados, domingo e quartas-feiras. Essa igreja "... não se destina a funcionar em lugar da igreja local". Manual da Igreja, pág.36.

Embora essa Igreja tenha uma função específica, seus próprios dirigentes, que é o presidente do campo juntamente com o secretário e o tesoureiro, precisam e devem ser membros de uma igreja local. Diz o Manual da Igreja, pág.36: "Embora os administradores do Campo local sejam os dirigentes da igreja da Associação/Missão, eles próprios devem ser membros da localidade em que residem. O propósito não é que a igreja da Associação/Missão seja a igreja a que pertençam os seus obreiros. Os pastores e obreiros devem unir-se à igreja da localidade em que residem"

A propósito, você sabe onde está carta dos administradores do seu Campo, em especial do seu presidente, bem como a do seu pastor?

Fica claro, portanto, que um pastor, distrital ou não, deve ser membro de uma igreja organizada. E como membro dessa igreja está sob a júdice dela. Qualquer irregularidade que o mesmo venha a cometer, poderá sofrer sanções como qualquer outro membro. Não existem dois Manuais: um para administrar membros e outro para administrar obreiros.

As Praxes e outras normativas da Organização jamais devem substituir ou trabalhar paralelo ao Manual da Igreja. Todavia, parece-me, que é assim que alguns poucos administradores e obreiros querem ou procuram agir. Procuram cavar ou andar num terreno um pouco perigoso. Tentam burlar uma lei aqui, conseguir um benefício ali, empregar mais um parente lá. Poderia até citar alguns mas, talvez, ainda não seja o momento.

A igreja local ainda é e continuará soberana em todas as suas decisões. As Praxes dizem: "A possibilidade de apelar a uma instância superior tem as seguintes limitações: 1. Os assuntos relacionados com a disciplina eclesiástica, com a condição de membro de igreja ou com as eleições na igreja local, não são apeláveis porque a igreja local é soberana e tem a decisão final em tais assuntos. No caso da igreja da associação/missão, a decisão final fica a cargo da Comissão diretiva da associação/ missão". B 22 50 S.

Quando a igreja local começa a questionar a conduta de algum ou alguns obreiros e surge um impasse, e quando esse ou esses são apadrinhados da Administração, alguns líderes da Organização se apressam em esclarecer à igreja que, se a mesma continuar com a tal "postura", ela poderá sofrer "sanções" e poderá até ser reduzida a grupo. No entanto, não é assim o correto proceder.

Se caso algum líder da Organização apresenta essa conduta, isso revela um certo desconhecimento, sofre de amnésia ou pensam que estão lidando com uma igreja dos anos 40. E para refrescar um pouco a memória desses, vejamos o que dizem as Praxes: 

"Integridade do ministério - Para cumprir essa tarefa e evitar que uma censura ou sombra sobre a credencial de um ministro afete a reputação de todos os demais ministros, a Igreja deve estar disposta a verificar os fatos cada vez que a honestidade, a moral ou idoneidade profissional de um ministro sejam questionadas, como o objetivos de esclarecer qualquer dúvida que houver". L 60 10.

A Praxe é clara: 

"...a Igreja deve estar disposta a verificar os fatos cada vez que a honestidade, a moral ou idoneidade profissional de um ministro sejam questionadas..."

Não interessa se ele é um distrital, departamental ou mesmo presidente de uma associação/missão. Durante muito tempo a igreja olhou para os ministros como pessoas especiais, homens de Deus, que nunca mentiam ou roubavam, que tinham uma conduta irrepreensível; todavia, foi-se esse tempo.

Por outro lado, nenhuma Associação/Missão pode disciplinar um pastor que tenha carta numa igreja local. O máximo que elas podem fazer é a retirada da credencial do pastor e isso só pode acontecer no: "momento em que exista uma causa justificada". Man. da Igreja 124. Essa parte explicaremos em outro artigo.

Disse o Pr. Bullón, certa vez, numa reunião de pastores: "A igreja precisa voltar para as mãos dos membros, se não ela vai rachar". Concordei na época e ainda acho que ele está certo. A igreja precisa e deve ficar mais atenta com a conduta de seus líderes. Não deve aceitar barganhas ou favores em troca de abafar um caso aqui e outro ali.

Está na hora dos verdadeiros pastores serem valorizados como homens representantes de Deus e alijar do ministério aqueles fanfarrões, decréptos, glutões, políticos, artistas cômicos, turrões, omissos, negligentes e outros congêneres. Se uma reforma é necessária e ela deve começar pelos ministros, então, a igreja não deve mais ficar imune ou receosa devido a tal pastor ou a tal presidente. Obviamente, muito cuidado com caça às "bruxas". Deus ainda tem representantes no ministério e jamais devemos deixar que "picuinhas" pessoais venham atrapalhar a causa de Deus.

Agora, tem que se ter provas contundentes. Acusar simplesmente e sem provas é entrar num equívoco maior. O "feitiço pode virar contra o feiticeiro". Todas as pessoas são inocentes até que se prove o contrário. E todos têm o direito de uma ampla e irrestrita defesa. Todavia, se errou, providências devem ser tomadas e aplicadas, como a qualquer membro.

Na Praxe supra-citada há um agravante. A conduta irregular, desonesta ou amoral de um ministro, afeta todo ministério. Vejamos as Praxes novamente: " Para cumprir essa tarefa e evitar que uma censura ou sombra sobre a credencial de um ministro afete a reputação de todos os demais ministros, a Igreja deve estar disposta a verificar os fatos cada vez que a honestidade, a moral ou idoneidade profissional de um ministro sejam questionadas, como o objetivos de esclarecer qualquer dúvida que houver". L 60 10.

Sendo assim, um pastor deve tomar o máximo de cuidado com o que diz, enuncia, afirma, opina, faz, age, etc. Por sua conduta desastrosa e impensada pode macular a vida de outros que nada têm a ver com seu problema. E mais, pôr em descrédito toda a liderança da igreja.

O status de Pastor não o torna diferente de nenhum outro membro. Recebeu um chamado especial para servir e não para ser servido. Não está ali para fiscalizar ou policiar a vida de ninguém. Nem tão pouco é um senhor feudal. Não pode ser considerado o "manda-chuva" ou algo assim. Tive um professor de teologia que, estando no púlpito para pregar, certa vez, quando entrou na igreja o diretor da faculdade de teologia e o colega ao lado disse-lhe: " Você viu? Seu chefe acabou de entrar na igreja!". Olhando para aquele colega professor, ele afirmou: " Não tenho chefe aqui na terra e nem trabalho para homens!". Que saudades do Prof. e Pr. Horne Silva. Que Deus o abençôe, pastor, onde o senhor estiver. Tenho "orgulho" em ter sido seu aluno.

No momento de crise e se alguém precisa ceder, que esse seja o pastor. Jamais deve ficar medindo forças com um membro. Está ali para conciliar, minimizar, restaurar e não espalhar ou complicar mais ainda a vida dos irmãos. São essas e outras razões que o ministério não é para qualquer um. É um sacerdócio. Uma vocação. Um chamado. É renúncia e mais renúncia. Um pastor comprometido com a Igreja de Cristo e capaz de dar a vida por suas ovelhas. Está interessado na condição e crescimento espiritual do rebanho. Tem um compromisso com a Obra de Cristo e com o próprio Cristo, e não com homens.

Quando sua idoneidade moral está em jogo e graves acusações o atingem diretamente, e o mesmo tem a convicção que tais acusações são infundadas, ele precisa sair da questão e deixar que seu superior imediato ajude a superar o conflito. Jamais deve ficar debatendo ou conflitando com um ou mais membros de sua igreja. Isso só irá agravar mais a sua situação. Ainda existem uns alguns bons ministeriais que sabem conduzir o caso com prudência e equilíbrio. Eu mesmo conheci alguns que estavam mais preocupados com seu departamento, sua auto-promoção e sua reeleição, que o trabalho pastoral ficava ao estilho cometa Halley: uma visitinha só e próximo as trienais para ser lembrado.

Mas voltando a questão, o obreiro pode sofrer disciplina em quatro níveis:

a) Em nível de igreja local, que tem a ver com a conduta dos membros;

b) Em nível de administração, que tem a ver com sua credencial;

c) Em nível penal, onde há crimes envolvidos;

d) Em nível civil, onde há reparações a fazer.

Dizem as Praxes: 

"Razões para disciplinar administrativamente a um obreiro - A disciplina administrativa pode e deve ser aplicada aos obreiros, sem prejuízo da disciplina eclesiástica que a igreja local considerar necessário aplicar. . ." E 12 15 S.

Isso quer dizer que, se um obreiro quebra alguma lei do país, é réu das leis "humanas" e das leis "eclesiásticas".

Assim, querido pastor estilo marreta (aquele que somente sabe machucar), ou pastor estilo Joana D'arc (que se faz ou acha que é vítima da situação), se a comissão de sua igreja considerar que você merece um "tempo" para "reflexão pastoral" e a assembléia da igreja acatar, não existe presidente de Campo algum, seja de associação ou união ou Mesa Administrativa, que poderá anular a decisão da mesma. Assim queridos, não brinquem com a irmandade (fogo), vocês poderão sofrer queimaduras de segundo ou terceiro grau.

Aos membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia digo: leiam o Guia para Ministros, o Guia para Anciãos, o Manual da Igreja e as Praxes, que estão aqui no Adventistas.com. Muitos pastores (aqueles que são verdadeiros) "manipulam" comissões por culpa dos próprios membros. Muitos não se atualizam. Não lêem. Não se reciclam. E dizem "amém" a tudo que o pastor diz só por que ele é supostamente o "ministro do Senhor".

Para os que pensam assim, gostaria de dizer que Ofni e Finéias, filhos do "presidente da associação de Israel", eram ministros e "ungidos" do Senhor, e observem as conseqüências de suas ações. Vejamos o que diz a pena inspirada sobre os mesmos: "Se bem que totalmente incapazes para o ofício, foram postos como sacerdotes no santuário para ministrarem perante Deus". Patriarcas e Profetas, 575 e 576.

E se você fosse um dos anciãos ou algum outro líder daquela igreja, qual seria a sua atitude ? Será que você assistiria tudo e ficaria na omissão?! Pensando: "Eu sei que está errado, mas fazer o quê, eles são pastores, "ungidos" dos Senhor"! Ou ficariam na indiferença ? E igualmente pensando: "Não sei; não quero saber e tenho raiva de quem sabe" ! Ou agiria como os "tímidos": "Se alguém falar eu também falo...".

Para os que fazem parte de um dos grupos acima, aconselharia ler o que diz a serva do Senhor: 

"...Aqueles que têm muito pouca coragem para reprovar o mal, ou que pela indolência ou falta de interesse não fazem um esforço ardoroso para purificar a família ou a igreja de Deus, são responsáveis pelos males que possam resultar de sua negligência ao dever. Somos precisamente tão responsáveis pelos males que poderíamos ter obstado nos outros pelo exercício da autoridade paterna ou pastoral, como se esses atos tivessem sido nossos". Idem, 578.

Queridos anciãos, pastores auxiliares da vinha do Senhor, não permitam que pastores não vocacionados maculem o ministério. Digam, advirtam, aconselhem e reprisem as palavras da pena inspirada: 

"O ministro de Deus deve possuir, em alto grau, a humildade. Os que possuem mais profunda experiência nas coisas de Deus, são os que mais se afastam do orgulho e da presunção. Como tenham elevada concepção da glória de Deus, sentem que lhes é demasiado honroso ocupar o mais humilde lugar em Seu serviço". Obreiros Evangélicos, pág. 142.

Como dizia o Doutor e Professor de teologia, Pastor Horne Silva: "Chega de pastores pernetas". De pastores mentirosos, maldosos, encrenqueiros, divisionistas, acéfalos (teologicamente), políticos, e outros tipos que causam tão grande mal a vinha do Senhor. Se já houve um tempo em que há necessidade de Elias, Malaquias, João Batista e outros, esse tempo é hoje. E Deus conta com você, com sua a consagração, com a sua dedicação amigo líder da Igreja Local.

Todavia, tenha o cuidado de preservar e lutar por aquele que é honesto, aquele que é coerente, transparente, justo, fiel, dedicado, consagrado e que, muitas vezes, é injustiçado, perseguido e, alguns, literalmente depostos do ministério. Defenda os tais, pois, alguns desses não são vistos com bons olhos por aqueles que vivem em conchavos políticos e de olho nas eleições. Que Deus possa te ajudar nessa missão. -- Lindenberg Vasconcelos.

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