Vozes Mentais: Doença ou Tortura Psicológica Demoníaca?

O artigo secular reproduzido abaixo pode levar-nos a uma discussão interessante aqui no Adventistas.Com:

Teriam os anjos (bons e maus) acesso à nossa mente? Podem eles sugerir-nos pensamentos, positivos ou negativos? Teriam eles, anjos e demônios, condição de ler nossos pensamentos, sem nossa permissão? E Deus, como fala conosco, apenas através da Bíblia? E o Diabo, como o faz, apenas pela tevê? Ou a própria mente humana é também campo de batalha do Grande Conflito dos séculos? Envie sua opinião para adventistas@adventistas.com.

Curiosidade:

Você sabia que um dos casos mais famosos de uma pessoa com supostas múltiplas personalidades, envolveu uma jovem adventista, filha de adventistas, chamada Shirley Ardell Manson? Vítima de um distúrbio mental, a moça teria "desenvolvido" em sua mente, 16 diferentes personalidades, inclusive as de dois homens! Sob o pseudônimo de "Sybil", essa incrível história foi tema de livro (1973) e de um filme para tevê (1976), com Sally Field no papel principal. Apesar do grave problema, Shirley nunca teria abandonado a Igreja Adventista e morreu de câncer em 1998.


Saúde: Especialistas dão ouvidos às vozes da mente

NOVA YORK - A princípio era apenas uma voz, alta e masculina, vinda do teto, dizendo "Oi, John", chamando-o por seu nome, como se fossem colegas. Depois de um tempo, a voz, identificada por ele como um "gênio do mal", pedia que roubasse as células dos cérebros de outras pessoas e dizia que ele tinha um tumor cancerígeno no cérebro.



Pequeno grupo de cientistas começou a estudar as alucinações auditivas de esquizofrênicos

Eventualmente, outras vozes surgiram, talvez cinqüenta delas, masculinas e femininas, gritando "como se usassem megafones", lembrou John, do momento em que acordou até dormir novamente à noite, amaldiçoando e obrigando-o a se matar ou, algumas vezes, quando atendia ao telefone, gritando em coro, "Você é culpado! Você é culpado!".

"Era desesperador", disse John. "Eu sentia medo. Elas estavam sempre por perto". Alucinações auditivas são uma das características da esquizofrenia: de 50% a 75% dos 2,8 milhões de americanos que sofrem da doença ouvem vozes que não existem.

Como John, cuja esquizofrenia foi diagnosticada em 1981 e falou em condição de anonimato, muitos esquizofrênicos passam anos sofrendo com tormentos verbais tão cruéis quanto as fúrias da mitologia grega. Algumas vezes, o suicídio é o resultado disso, sendo a morte a única escapatória aparente para tanta perturbação.

Ainda assim, os psiquiatras que estudam a doença têm tradicionalmente mostrado pouco interesse pelas vozes ouvidas pelos pacientes, geralmente considerando-as um subproduto da doença, um "papo de louco" que não merece atenção.

Recentemente, entretanto, um pequeno grupo de cientistas começou a estudar as alucinações auditivas mais intensamente. Auxiliados por novas técnicas de exame por imagem, eles começaram a rastrear tais alucinações a anormalidades no cérebro, descobrindo que certas regiões do cérebro se destacam nos exames cerebrais quando os pacientes têm uma alucinação. Os especialistas estão ouvindo mais cuidadosamente o que os pacientes têm a dizer sobre suas experiências.

 

Resultados

A pesquisa gerou novas teorias sobre o que pode causar tais alterações na percepção e estimulou a criação de pelo menos um promissor tratamento: o envio de pulsos magnéticos de baixa freqüência para as áreas identificadas pelos exames cerebrais parece aquietar, pelo menos temporariamente, as vozes ouvidas pelos pacientes que não encontraram alívio através dos tratamentos tradicionais com remédios antipsicóticos.

No final, dizem pesquisadores, saber mais sobre o que causa essa alucinação pode ajudá-los a compreender de forma mais ampla os mecanismos que sustentam a esquizofrenia e outras doenças psicóticas. "Essas são experiências críticas que realmente constituem a essência da esquizofrenia", afirmou o dr. Ralph Hoffman, psiquiatra de Yale, que estuda o tratamento de estímulo magnético, chamado de Estimulação Magnética Transcraniana, ou TMS (na sigla em inglês).

Em uma pesquisa descrita em uma recente edição do periódico Archives of General Psychiatry, Hoffman e seus colegas descobriram que os pacientes esquizofrênicos que recebem 132 minutos de estímulo magnético durante nove dias têm uma significante redução nas alucinações auditivas, comparado com pacientes no grupo de controle que receberam o tratamento comum.

Metade dos pacientes do estudo tiveram uma recaída nos sintomas dentro de doze semanas, apesar de em alguns casos, as alucinações permanecerem controladas por até um ano. Todos os pacientes também estavam sendo medicados com antipsicóticos ao mesmo tempo.

Os pacientes esquizofrênicos descrevem experiências com vozes que não apenas falam com eles, mas falam sobre eles, discursando, insultando e algumas vezes provocando-os a se machucarem ou realizarem outras tarefas. Em muitos casos, as alucinações se intensificam quando o paciente está estressado.

Em um estudo com 200 pacientes com esquizofrenia e outras doenças psicóticas, o dr. David L. Copolov, diretor do Instituto de Pesquisa da Saúde Mental de Victoria em Melbourne, na Austrália, e seus colegas descobriram que 74% disseram ouvir vozes mais de uma vez por dia. Mais de 80% descreveram as vozes como "muito reais", em vez de "ilusórias" ou "imaginárias", e 34% disseram que as vozes vinham de fora (38% disseram que as vozes vinham de fora e dentro, e 28% disseram que elas vinham apenas de dentro). Uma pequena minoria disse que as vozes eram sempre ou quase sempre apoiadoras e positivas. Mas mais de 70% as descreveram como sempre ou quase sempre negativas.

Hoffman de Yale disse que alguns pacientes ouviam as vozes intermitentemente, mas outros as ouviam continuamente, só descansando durante o sono. Uma paciente que cometeu suicídio descrevia suas vozes como "um estado constante de estupro mental", contou Hoffman.



Cientistas também ouvem experiências de pacientes com mais atenção

Nicole Gilbert, 37 anos , foi diagnosticada com esquizofrenia em 1985. Por anos, disse, ela não conseguia ler nada, já que as vozes "me diziam que tudo falava de mim". "Elas diziam coisas para fazer eu acreditar que era Jesus", lembrou. "Então, elas me torturavam e diziam: 'Só estamos brincando. Você é tão estúpida, como acreditou nisso?".

Gilbert, que está praticamente recuperada e agora é gerente de uma agência de saúde mental na Califórnia, disse que as vozes pareciam tão verdadeiras que não conseguia acreditar quando seus amigos diziam que ela estava tendo alucinações.

As descobertas dos estudos através das técnicas de mapeamento cérebro, como a Tomografia de Emissão Positrônica (PET, em inglês) ou a tomografia de ressonância magnética funcional (fMRI) enfatizam a veracidade das alucinações para as pessoas que as ouvem. Quando os pacientes têm alucinações, áreas do cérebro envolvidas na percepção auditiva, no discurso, emoção e memória mostram um aumento do fluxo sanguíneo, indicando uma maior atividade das células nervosas.

"Essas pessoas não são apenas loucas. Elas só reportam o que seus cérebros passam a elas", afirmou o dr. David Silbersweig, professor adjunto de psiquiatria da Faculdade de Medicina Weill da Universidade Cornell, que estudou as alucinações com o auxílio de exames de imagem.

Mesmo assim, os estudos realizados até hoje apresentam diferentes padrões de ativação cerebral. Por exemplo, tanto o grupo de Hoffman quanto uma equipe liderada pelo dr. Philip McGuire, professor do Instituto de Psiquiatria de Londres, descobriram o aumento da atividade na área de Broca, uma região da parte frontal do cérebro envolvida na percepção de discursos e processamento de informações.

Mas a área de Broca não foi identificada na pesquisa de Silbersweig nem no estudo de Copolov, que logo será publicado. As áreas dos lóbulos temporal e parietal que mostram atividade durante as alucinações também diferem de estudo para estudo.

As discrepâncias são de difícil interpretação e refletem a imprecisão das tecnologias mais avançadas em capturarem processos cerebrais altamente complexos. Os dados também são obscurecidos, porque os altos custos dos exames limitam a maior parte dos estudos. Mas a disparidade nas descobertas também gerou diferentes teorias sobre o surgimento das alucinações.

A esquizofrenia geralmente aparece na adolescência ou perto da maioridade. Extensas pesquisas nas últimas décadas indicaram que os cérebros das pessoas com a doença diferem de formas significantes dos cérebros das pessoas saudáveis. Especialistas concordam que a esquizofrenia deriva de uma combinação de predisposição genética e influências ambientais desconhecidas.

O que todos os especialistas em alucinação concordam é que os pacientes esquizofrênicos interpretam erroneamente os sinais gerados pelo cérebro. Mas seja qual for o resultado da pesquisa sobre o estímulo magnético, ele já está ajudando cerca de 25% dos pacientes, cujas vozes não param nem com a administração de remédios. "A estimulação localizada parece ter um significante impacto", explicou Hoffman.

 

O Tratamento

No tratamento, uma corrente eletromagnética, no formato do número 8, é colocada na cabeça do paciente. A corrente produz um campo magnético, do tamanho de uma moeda, que então é rapidamente ligado e desligado, induzindo um campo elétrico na massa cinzenta do córtex cerebral.

Cientistas não sabem exatamente como o tratamento funciona, mas eles acreditam que amortece a reatividade dos neurônios, um efeito que é então passado para outras áreas relacionadas do cérebro.

Diferente da terapia do eletro-choque, usada por muito tempo para casos de depressão severa, a Estimulação Magnética Transcraniana não induz ataques dos níveis usados nos estudos, e tem um efeito bem mais seletivo no cérebro. Além disso, o tratamento não parece ter os sérios efeitos colaterais, como perda de memória, observados na terapia de eletro-choque.

O principal efeito colateral, indicou Hoffman, são brandas contrações do escalpo, um pouco desconfortáveis. Além disso, ao contrário do eletro-choque, os pacientes que recebem o estímulo magnético permanecem acordados durante o procedimento.

John, que participou da pesquisa de Hoffman no ano passado, disse que o procedimento não o incomodou. "O aparelho é colocado em sua cabeça, e não é tão intrusivo", disse John. Ele disse que suas vozes foram "diminuindo e não eram tão altas" depois do tratamento, mas elas não desapareceram totalmente, e a melhoria durou apenas seis meses.

Sem uma cura completa em vista, John disse estar desenvolvendo suas próprias táticas para combater as alucinações, que persistem a despeito dos medicamentos tomados por ele. Ele conversa com as vozes de sua mente, afirmou, e as critica quando elas o criticam. Entre seus esforços e os tratamentos, John obteve algum progresso. Ele agora freqüenta a escola, tem seu próprio apartamento, sai com os amigos e tem uma namorada.

"Eu queria fazer as vozes se tornarem minhas amigas, mas eu descobri que isto não é real", explicou. "Eu sofri por muito tempo. Agora, se elas começam a me incomodar, eu as ataco antes".

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/paginas/cadernoi/materias/147501-148000/147704/147704_1.html

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