Estive no "Final de Semana com Deus" e O Vi Chorar Copiosa chuva de lágrimas celestiais encerrou primeira noite com Alejandro Bullón em Campo Grande, MS. A chuva reclamada ao iniciar-se a programação, através de tradicional cântico regido por Jader Santos, era outra. "Chuva do Espírito Santo, manda-nos já ó Senhor..." Mas pareceu-me que Deus preferiu chorar sobre Campo Grande, MS, ao encerrar-se a primeira reunião do evento anunciado como "Final de Semana com Deus". 1. Entre os motivos que Ele teria para chorar, destaco aqui a relação promíscua entre Sua igreja e o Estado. Para o bom observador, estava muito claro que se trata de um típico "congresso chapa branca", realizado sob a proteção e patrocínio tanto da Prefeitura quanto do Governo do Estado. Ruas bloqueadas, trânsito interrompido até para moradores do próprio bairro. Policiais Militares com suas viaturas garantem a segurança, enquanto o policiamento municipal cuida do trânsito. Nas camisetas das recepcionistas, logo abaixo da frase "Final de Semana com Deus", uma expressão incômoda: "Apoio: Prefeitura Municipal de Campo Grande". Sem esse apoio, Deus não se faria presente? Alguns se perguntavam. Soube que a programação de algumas de nossas igrejas chegou a ser cancelada, para que houvesse um público mais significativo presente. Em tempos pré-eleitorais, convém que os candidatos interessados em apoio denominacional saibam quantos votos representamos. Dagoberto Nogueira, atual diretor geral do Detran-MS, "cedeu o palco e mais algumas coisas", anunciou-se no sábado. "Uma calorosa saudação dos jovens adventistas para ele!" O candidato a deputado estadual e sua esposa sorriem. Afinal, são cerca de cinco mil eleitores potenciais que lhes acenam a mão. Na terça-feira, esse acordo implícito deve ser melhor costurado, pois, segundo foi informado num dos telões, os líderes da Iasd-MS (Associação) irão se encontrar com o Governador do Estado em busca de apoio para a aquisição de uma lancha, Luzeiro do Pantanal. O problema maior é que esses mesmos votos de cabresto já estão sendo negociados com outros candidatos a eleição e reeleição de diferentes partidos. "E pensar que o Uesley, antes de ser presidente, detestava política", comentam alguns de seus subordinados. 2. Bibliomancia: A Técnica de Bullón para a Prosperidade Foi de fazer Deus chorar realmente, o uso de um "pretexto" bíblico para a pregação. Pretexto, sim, porque a longa dissertação do pastor Bullón nessa primeira noite foi toda construída sobre esta única frase: "Paulo, apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus..." Efésios 1:1-2. Das anotações que fiz, pode-se reconstruir sua linha de raciocínio:
Com certeza, NÃO! Pois esse não é o Jesus de nossa Bíblia. O Jesus verdadeiro pede que abandonemos tudo por causa dEle e diz que os pobres é que são felizes. O Jesus verdadeiro manda-nos vender tudo o que temos e dar aos necessitados para que ajuntemos tesouros nos céus. Mais que isso: O Jesus verdadeiro foi Ele próprio pobre. E afirmou que Seu reino não era deste mundo nem viria com visível aparência exterior. NO juízo final, Ele se identificará com os pobres! O Jesus verdadeiro ensinou-nos também a confiar em Deus, sem superdepender-nos dEle. Afinal, o Criador nos dotou de cérebro para que façamos racionalmente nossas próprias escolhas, baseados em princípios gerais exarados nas Escrituras. 3. Será que o pastor que eu encontrei lá fora, discutindo com um cidadão, consultara sua Bíblia antes de iniciar aquele bate-boca? O trânsito havia sido bloqueado com placas da Prefeitura na rua em frente ao Ginásio do Guanandizão, mas havia muitos automóveis estacionados por ali e, apesar das placas, era possível passar de carro, retirando-as momentaneamente. Num desses automóveis, estava um grupo de pessoas, que me pareceu uma família, porque no banco da frente estava uma senhora com uma criança ao colo. O carro avançou vagarosamente, parou, um dos passageiros desceu pela porta detrás para retirar a placa e aguardar que o carro passasse para que pudessem se retirar. Mas a reação de um pastor que presenciou a cena foi tão absurda e inesperada que várias pessoas pararam para ver. Eu estava entre elas. O pastor bloqueou novamente a rua com a placa e vociferou: "Por aqui vocês não passam. Dêem marcha ré e peguem outra rua! Vocês precisam respeitar o que a gente faz!" Não consegui entender exatamente o que o rapaz retrucou, mas houve um bate-boca acirrado por alguns instantes. O rapaz querendo retirar a placa e o pastor insistindo em mantê-la no meio da rua... Até que o pastor de bigode já grisalho, talvez, tenha se dado conta do ridículo daquela situação e desistiu de impedir o trânsito. Um péssimo testemunho. Segundo depois, começou a chover. Era Deus chorando, com certeza. -- Robson Ramos Leia também: |
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