Estive no "Final de Semana com Deus" e O Vi Atuar

Sábado, sétimo-dia da semana, 17 de novembro de 2001:

1. Eu vi Deus atuar durante a Escola Sabatina.

Foi durante a segunda teatralização da manhã. Na primeira, uma irmã com sotaque nitidamente pantaneiro foi apresentada e entrevistada como se fosse uma mexicana envolvida em projetos missionários que resultarão na construção de 50 capelas. Nessa segunda, um conhecido pastor travestido de personagem bíblico foi apresentado "o profeta Amós, vindo diretamente da União Sul-Brasileira"! Mas Deus falou através de leigos, durante rápidos momentos em que lhes foi concedido falar.

O primeiro a chamar atenção por seu questionamento foi um rapaz que realiza trabalho sócio-missionário com crianças de favelas da capital sul-matogrossense. "Por que se gasta tanto em instituições, como a sede de Associações, Escolas e Hospitais, pastor, e não se ajuda de forma mais significativa aos pobres da igreja, que vivem em favelas, estão desempregados e passam fome?"

"Ajudamos, sim, irmão... Todas as igrejas tem um departamento de Assistência Social, que deve estar funcionando e só não é perfeito porque somos todos humanos. Além disso, são fontes distintas de recursos..." Foi a resposta evasiva do pastor, que logo passou a palavra a outro rapaz.

"Temos sentido a influência de falsos mestres entre nós. Já vi filmes de mensagem satânica, como a imortalidade da alma, sendo apresentados na igreja por esses homens. O pior é que eles se apresentam como pastores e não dão a mínima para as ovelhas pobres. Eu, por exemplo, freqüento a Igreja Central e não posso cantar lá na frente porque sou pobre. Parece que nem o dízimo de pobre tem valor! O que fazer, pastor?"

"Se fatos assim acontecem, irmão, a única saída é seguir o conselho a Laodicéia: 'Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, vestes brancas e colírio.' E essa mudança deve começar pelos pastores e anciãos, para contagiar toda a igreja," admitiu o pastor.

2. Eu vi Deus atuar no Culto Divino.

Imaginava que fosse ouvir uma reprise atualizada do sermão sobre "A Menina dos Olhos de Deus", mas, quando o pastor Bullón anunciou que a mensagem se basearia em Hebreus 11:32-40, tive esperança de que ouviria um sermão novo, diferente desses que ele costuma repetir pelo Brasil afora. (Meu filho de 14 anos, que já viu a maioria das fitas de vídeo, nem queria ir ao culto...)

Após a leitura, compreendi que mais uma vez o texto bíblico serviria apenas como "pretexto bíblico", como aconteceu na sexta-feira:

"Esse capítulo fala de gigantes da fé, que morreram sem ver a Terra Prometida. Mas, hoje quero falar para os irmãos de outras pessoas que morrerão sem ver a Terra Prometida e nunca estarão nela. Falo de gente, que vive longe de Jesus e de sua igreja. Gente que vai morrer, quase no Lar. Gente que está sendo vítima de quatro poderosas armas que Satanás usa para nos afastar de Deus. Estão no livro Caminho a Cristo, página 71: Primeiro, sofrimento e aflições. Segundo, prazeres e tentações. Terceiro, erros dos outros. E quarto, nossos próprios erros..."

Nesse momento, reforcei mentalmente o pedido que todos nós, inclusive o pregador, fizéramos em oração ao invocar a presença de Deus naquela reunião: "Queremos ouvir a Tua mensagem, Senhor. Se for o caso, confunda sua mente, Pai. Não o deixe falar com base em qualquer roteiro que tenha premeditado, porque tudo indica que irá amaldiçoar novamente os que discutem os problemas da Igreja aqui na Internet, a não ser que esta seja Sua vontade..." Foi o que pedi, mas não devo ter sido o único, porque Deus ouviu no momento certo, como você logo vai ver.

Na primeira parte, acredito que o pastor Bullón pregou o que pretendia, porque até repetiu conceito equivocado do sermão da noite anterior. Ele disse, por exemplo, que, se Deus permite que o diabo nos tire todas as nossas posses, é obrigado a devolvê-las para nós em dobro. "Ou Deus vai te devolver tudo, ou Deus não é Deus!" E contou a experiência de um patrocinador do programa Está Escrito, que perdeu tudo há alguns anos, mas em recente almoço, além de pagar a conta do restaurante, contou-lhe que sua nova empresa, apesar de pequena, irá faturar 120 milhões de dólares neste ano!

Ao introduzir a segunda parte, Bullón disse que passaria rapidamente por ela, porque estava mais interessado em passar para a fase seguinte do sermão. Novamente orei e, creio, muitas outras pessoas oraram, porque Deus lhe tocou o coração e ele se viu obrigado a fazer um parêntese muito significativo em sua mensagem.

Falando de tentações personalizadas pelo diabo para cada cristão, Bullón admitiu que sua tentação como pregador é receber cumprimentos, dar autógrafos e tornar-se ídolo. Por isso, teria decidido evitar cumprimentos à saída dos cultos.

"Eu não sou ídolo. Não quero ser ídolo. O povo gosta de fazer ídolos de barro. Mas eu prefiro me ver como aquele burrinho que transportou Jesus. Conta uma lenda que ele teria pensado que as palmas e hosanas eram para si. Nós, pregadores, corremos o mesmo risco. Mas devemos aprender que somos apenas os burrinhos que carregam a Jesus. Toda glória e toda honra são para Ele!"

Na terceira parte, Bullón lamentou que alguns estejam fora da igreja porque alguém não o cumprimentou, falou mal ou viu que muitos adventistas não vivem o que pregam. E contou a história de uma secretária-executiva que abriu mão de um super-salário porque gostaria de trabalhar na Associação e acabou se decepcionando, "primeiro com os homens, depois com a igreja e, finalmente, com Deus".

"Você pode depositar sua confiança em mim. Eu lhe agradeço por isso. Mas amanhã, posso decepcionar você. Por isso, cada manhã peço a Deus que me guarde. Se por desgraça eu um dia fracassar, o que será das milhares de pessoas que ajudei conduzir a Jesus? Não olhe para o ser humano, Bullón. Fixe-se em Deus. 'Maldito o homem que confia no homem', diz a Bíblia."

"A igreja não pertence a homens", acrescentou Bullón. "Ela é a noiva, esposa de Cristo. Por isso, só a deixe se o próprio Senhor Jesus lhe expulsar dela. Caso contrário, fique na igreja. Ainda que lhe expulsem, fique na igreja. Ainda que lhe ponham na rua, fique na igreja. Ainda que lhe joguem fora como lixo, fique na igreja. Se o Bullón, o Ivanaudo, ou qualquer outro pastor lhe disser para ir embora, fique na igreja. A igreja pertence a Cristo."

Tem toda a razão, Pastor Bullón. -- Robson Ramos

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