Reflexões de um Ex-Ancião da IASD

Reflexões de um Ex-Ancião da IASD - Segunda Parte

A PARTIR DO QUESTIONAMENTO ANTERIOR VEIO A DESCOBERTA DA CORRUPÇÃO DOUTRINÁRIA E COM ISSO A GRANDE DECEPÇÃO:

Minha indignação começou com a insatisfação referente à destinação dos dízimos e ofertas, então fui mais além e percebi que havia também uma corrupção da doutrina pregada pelos pioneiros da Igreja Adventista.

Pedi a orientação de Deus e passei madrugadas pesquisando, analisando, orando e sofrendo com as descobertas que ia fazendo. Li mais de mil páginas sobre a história da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Pesquisei nos manuscritos da Srª White e seus contemporâneos e vi que muito daquilo que se ensina hoje em dia na Igreja Adventista não era compartilhado pelos seus fundadores.

Senti o desejo de parar, pois meu coração não estava pronto para suportar tanta decepção. Discussões intermináveis entre aqueles que teimavam em mudar o rumo da igreja e aqueles que lutavam por manter a sã doutrina.

Foi quando percebi o centenário debate entre os líderes da organização acerca da “Doutrina da Trindade”. Então notei que algo estava errado e me perguntei, porque tanta discussão? Pesquisei e descobri que em nenhum dos escritos de Ellen White havia o consentimento desta doutrina. Fui mais além e vi que nenhum dos pioneiros desta igreja jamais aceitou a trindade. Fui ainda mais além e percebi que até mesmo “proeminentes” figuras da liderança mundial, não concordam entre si plenamente e seus escritos e tratados são repletos de contradições. Conheço dezenas de irmãos dentro e fora da liderança da igreja que não aceitam tal doutrina.

Busquei fervorosamente na Palavra de Deus e não encontrei nenhum versículo que indique claramente a existência de um Deus Triúno. E desafio a qualquer estudante, pastor ou “doutor em divindade” a me provar a trindade através da Bíblia.

Jesus falou: “Eu e o Pai somos Um”. João 10:30 e não “Eu, o Pai e Espírito Santo somos Um”.

Porque então tantas mudanças? Qual o motivo de se destruir uma base espiritual e doutrinária sólida, obtida com tanta oração e jejum?

Nos livros de Ellen White publicados aqui no Brasil e no exterior, encontrei diversas adulterações.

Pesquisando descobri que a partir de 1915, com a morte de Ellen White, iniciou-se um plano no sentido de modificar as doutrinas básicas da Igreja, fato este que gerou uma discussão muito grande, pois muitos membros não aceitaram tal reforma. E logo notei que a irmã White já havia deixado escrita uma profecia acerca dessa verdade:

“O inimigo das almas tem buscado introduzir a suposição de que uma grande reforma deveria ter lugar entre os Adventistas do Sétimo Dia, e que essa reforma consistiria em renunciar às doutrinas que permanecem como pilares da nossa fé, e enganjar-se num processo de reorganização. Caso essa reforma tivesse acontecido, o que resultaria? Os princípios da verdade que Deus em Sua Sabedoria tem concedido à igreja remanescente seriam descartados. Nossa religião seria mudada. Os princípios fundamentais que têm sustentado a obra durante os últimos cinqüenta anos seriam considerados como erro. Uma nova organização seria estabelecida. Livros de uma nova ordem seriam escritos. Um sistema de filosofia intelectual seria introduzido. Os fundadores desse sistema iriam às cidades e realizariam uma maravilhosa obra. O sábado, logicamente seria considerado levianamente, bem como o Deus que o criou. Nada seria permitido permanecer no caminho do novo movimento. Os líderes ensinariam que a virtude é melhor que o vício, mas Deus sendo removido, eles depositariam sua dependência no poder humano, o qual sem Deus, é sem valor. O seu fundamento seria edificado sobre a areia, e a tempestade e a tormenta levariam de roldão a estrutura”. Special Testimonies, Séria B, # 7, págs. 39-40 (outubro de 1903). Mensagens Escolhidas, Vol. 1, págs. 204-205.

“Ficaremos calados, por temor de ferir os sentimentos deles?...Ficaremos calados por receio de prejudicar a influência deles, enquanto as almas estão sendo enganadas...Minha mensagem é: Não mais consintais em ouvir sem protestar contra a perversão da verdade.” Special Testimonies, Séries B, nº 2, págs. 9,15.

Como vemos, de 1889 a 1914 as Doutrinas Fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia não haviam sofrido nenhuma alteração, verdade esta que podemos confirmar nas declarações de fé publicadas no “Anuário Oficial da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia”. Com redação de Urias Smith impresso no Year Book de 1911.

Somente em 1931 surge uma nova versão do “Year Book”, contendo então, a Doutrina da Trindade. Quando se cumpriu a profecia de EGW: “Os princípios fundamentais que têm sustentado a obra durante os últimos cinqüenta anos seriam considerados como erro.”

E para espanto de muitos, somente em 1980 na Assembléia da Conferência Geral em Dallas, tornou-se oficial o ensino da doutrina da trindade na Igreja Adventista do Sétimo Dia.

A partir de 1915 com a morte da Irmã White, travou-se uma batalha interminável entre irmãos que são contra ou a favor da doutrina da trindade. De 1931 a 1980 travou-se uma batalha teológica, resultando com o afastamento de diversos pastores e membros que não aceitavam as mudanças. De 1980 aos dias de hoje, temos conhecimento e presenciamos a exclusão de membros que não aceitam esta doutrina.

Tenho visto muitas pessoas magoadas, machucadas, porque um dia tiveram a esperança de ter encontrado a igreja verdadeira e de repente se encontram no meio de um fogo cruzado, onde os poderosos usam suas armas não para buscar a paz, mas para maltratar, excluir e muitas vezes, denegrir o caráter de pessoas sinceras, que buscam a verdade como o povo de Beréia buscava, “estudando e pesquisando para ver se era assim mesmo”.

Então, pergunto:

Como, quando e por quê essa doutrina, a Trindade, passou a ser a nossa Declaração de Fé?
Com que razão ou direito “nossos líderes” excluem tantos irmãos pelo simples motivo de discordarem de uma doutrina?
Como podem agir desta maneira, já que comprovadamente, “proeminentes” doutores, teólogos, estudiosos ainda discutem através de dezenas de publicações, congressos, simpósios, sermões, internet, as bases desta doutrina?
Por que em outros lugares, como nos Estados Unidos, não se excluem membros por não crêem em tal doutrina?
Não é a hora de rever as posições, os conceitos e tomar decisões mais justas?

Minha intenção é que os irmãos reflitam sobre tudo o que aqui está escrito. Aqueles que me conhecem, sabem que não sou um louco ou “idiota” como alguns líderes sugerem daqueles que não compartilham de suas idéias e convicções. Somos livres porque Cristo nos libertou, não devemos estar sujeitos às doutrinas de homens, mas às doutrinas de Cristo.

Onde está o amor, a fraternidade, tão ensinada em nossa igreja?

Onde está o espírito de misericórdia daqueles que dirigem esta, que deveria ser uma maravilhosa obra, quando vão para as revistas, para os tribunais de justiça, para as igrejas, usando o púlpito para criar uma falsa imagem daqueles que somente buscam a verdade?

Que perguntem a si próprios os “nossos líderes”: - O quê O Senhor Jesus faria se estivesse no meu lugar? Chamar-me-ia de idiota? Expulsar-me-ia da igreja usando para isso a força policial? Chamaria a polícia para prender um “ancião” no sentido restrito da palavra, de 75 anos, só porque ele não concorda com suas teorias? Fecharia uma igreja que foi construída com tanto amor e carinho, como aconteceu em São Paulo? Jesus reuniria a igreja para votar pela censura de um líder que com calos de sangue nas mãos cavou buracos para levantar as bases da igreja que ele próprio idealizou? Igreja essa que em menos tempo do que todas as outras do Distrito, foi erguida, fundada e florescida de almas. Jesus aceitaria o voto de crianças, como vi acontecer com meus próprios olhos na Igreja de Vila Maria Helena no Distrito de Jardim Primavera, para julgar um “Líder” que ganhou dezenas de almas para Cristo? Jesus iria usar o terrorismo para assustar a igreja, dizendo que associação iria tomar as medidas cabíveis para uma igreja rebelde se ela insistisse em não censurar tal líder?

Jesus ficaria com os olhos rasos d’água quando visse os irmãos saírem da igreja tristes, amargurados, sem saber o que estava realmente acontecendo.

Jesus ficaria triste se visse o coração do irmão censurado, contrariado, pois não lhe foi dado o direito de defesa, pois se o tivesse com certeza teria a compreensão da igreja.

Aqueles que foram excluídos por amor a verdade, sentem-se agora livres, mas no coração sentem a dor por serem perseguidos pelos próprios irmãos. Por ser excluído do seio da igreja que diz pregar e praticar os mandamentos de Deus, mas não demonstram amor ao próximo, “têm aparência de piedade, mas negam a sua eficácia”.

Ainda não passamos pelas provas mais duras. O fim de todas essas coisas está próximo. Devemos agora nos preparar para os dias de perseguição, quando nossos próprios irmãos se juntarão a babilônia para nos matar. Se não tivermos firmes na fé e na Palavra, havemos também de negá-la. A Palavra de Deus nos ordena adorai ao único Deus Todo Poderoso e ao Seu Filho Jesus Cristo, não três deuses como querem nos fazer aceitar. Esta doutrina é a doutrina mãe da Igreja de Roma que é imposta a todos aqueles que com ela querem ser embebedar do vinho misturado com sangue.

Nenhum dos apóstolos e nem mesmo o Senhor Jesus nos ensinaram a adorar um deus triúno, leiam a Bíblia no Livro dos Atos dos Apóstolos e verão que eles batizavam somente em nome de Jesus.

Convido a todos que desejarem, que venham estudar pacificamente estas considerações. Tudo o que aqui foi falado pode ser facilmente comprovado.

Também posso apresentar dezenas de irmãos que conheço pessoalmente, assim como outras dezenas que ainda não conheço pessoalmente. Pessoas sinceras, humildes, inteligentes, pastores, anciãos, membros atuantes, no Brasil e no exterior, que foram perseguidos por amor a verdade.

Que Deus seja louvado e engrandecido o Seu Nome e que seja adorado o Seu Filho e Nosso Senhor Jesus Cristo e que retenhamos firme a sua promessa de derramar sobre nós o Espírito Santo como o foi no passado sobre os Seus discípulos e sobre os pioneiros na nossa amada igreja remanescente.

Certamente que o Senhor logo vem e que já está indicando o caminho para uma verdadeira reforma no meio do seu povo. Que possamos aceitar as provações e perseguições, pois assim estaremos mais próximos da nossa redenção. Amém.

E para aqueles que já nos perseguem, deixo a singela mensagem:

“Mas, antes de todas essas coisas, lançarão mão de vós e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e às prisões e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por amor do meu nome.” Lucas 21:12

“E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós.” Lucas 21:16

“Assim também vós, quando virdes acontecer essas coisas, sabeis que o Reino de Deus está perto.” Lucas 21:31

Edson Gomes de Oliveira Sobrinho
Ex-Ancião da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Distrito de Jardim Primavera
Igreja de Jardim Primavera, 20 de setembro de 2005.