Maimônides, Rabino Sério e Honesto, Não Cria na Trindade

Prezado, Robson.

Sempre ouve e sempre haverá pessoas que fazem uso da religião para satisfazer o seu ego ou para ganhar dinheiro, e nessas condições passam a fazer de tudo para impor as suas concepções, as quais essas mesmas pessoas sabem que estão erradas, mas como atuam de má fé não se preocupam com o fato.

Quero crer que o seu amigo, que lhe passou esse texto, seja uma pessoa de boa fé iludida por algum malandro, se assim não for ele não é seu amigo e não esta agindo de boa fé. Mas vamos ao assunto do seu e-mail.  

É importante lembrar que a religião praticada pelas tribos de Israel, que invadiram e dominaram a Palestina, variou muito durante o passar do tempo, tanto é que o Eterno mandou várias vezes reformadores para tentar por as coisas no lugar devido.

Veja, desde Abraão até Moisés, passaram-se em torno de 400 anos, dos quais mais de duzentos em que o povo ficou escravo no Egito.

Você sabe perfeitamente que, num tempo tão longo, mudam-se os costumes, as leis e a religião com muita facilidade, mormente em situação de escravidão.  

O que resta, afinal, da antiga cultura são somente traços levemente identificadores.  

Deus mandou Moisés para livrar o povo e recolocá-lo no caminho certo, e essa reforma levou muito mais do que os quarenta anos no deserto para chegar até Canaã.  

Só 500 anos depois de Moises é que há uma nova reforma, com a institucionalização manifestada pela construção do templo de Salomão. Novamente, em períodos cíclicos, o povo vai se afastando do Criador até o cativeiro de Babilônia, que dura aproximadamente 70 anos. Quando o povo volta da Babilônia traz consigo outra forma de religião e costumes sociais.

MUDARAM ATÉ OS TEMPOS E AS LEIS!

Quando eles voltaram de Babilônia, o primeiro mês do ano não era mais o mês de Nissan e a comemoraçao da Pascoa, conforme o criador mandará na Torah, passara a ter como primeiro mês o mês de Thishri (babilônico) no meio do ano, marcado pela festa do Rosh Hoshana e do Yon Kipur.

É também nessa ocasião com Neemias que eles reencontram a Torah nos escombros do Templo e que surge o embrião do Judaísmo Rabínico, o qual foi se desenvolvendo de maneira muito forte até o tempo de Jesus. E se estende até os nossos dias.

O Judaísmo Rabínico foi muito útil para manter o povo reunido em torno da religião, principalmente na diáspora, mas com a SUPER VALORIZAÇÃO DA PESSOA DO RABINO, muitos males se criaram e perduram até hoje nas comunidades e congregações judaicas.

Tentando ficar dentro do seu e- mail. Quem redigiu esse texto citado no e-mail fez uma salada mista, não sei se de má fé ou não. Você o conhece e poderá julgar.  

Primeiro, ele tenta misturar Maimônides com o Zohar, isso cheira até a sacrilégio...  

Muito embora Maimônides (Moisés ben Maimom) tenha sido contemporâneo do período em que surgiu a Cabala (Zohar), eles não tinham nada em comum. Lendo seus textos, se verá que até não se aproximavam.  

Maimônides era um rabino sério e honesto em suas afirmações. O Zohar (livro fundamental da Cabala) surgiu mais ou menos na mesma época, ou seja em torno do ano 1100 da nossa era, e está muito mais preocupado com misticismo, esoterismo e magia (quase espiritismo).  

Já que seu amigo acha que a religião dos Judeus deve se basear no Zohar, por que ele não Baseia o seu cristianismo no Paulo Coelho ou no livro de São Cipriano? Você pode achar pesada a comparação, mas é isso mesmo!

Agora, meu jovem, se uma pessoa vem querer falar de Judaísmo e não é capaz de  escrever corretamente a Shemá (Deuteronômio 6:4), qual é a confiança que posso ter na mesma? Só lembrando: SHEMA YISRAEL, ADONAI ELOHENU, ADONAI ECHAD. Ouve Israel! O Eterno é nosso Deus! O Eterno é um!

Adonai é uma substituição falada ou escrita para o Nome do Deus eterno (o tetragrama), que é impronunciável quando traduzido e que o verdadeiro judeu não pronuncia ou escreve. Onde é que esse individuo encontrou aí três deuses em um?

Mas a grande falsidade do texto está em dizer que o mesmo se encontra no Zohar III (Londres, The Soncino Press, 1949) pág. 134. Ora, eu tenho aqui em mãos o Zohar da mesma Soncino Press publicado em CD em 1995, acompanhada da edição impressa de 1949, e o que é que se vê? As páginas 117a até a 241b são dedicadas a Bemidbar (livro de Números).  Nas páginas 260 em diante é que estão estudos sobre Devarim (Deuteronômio), onde está a Shemá.  

Logo, por princípio, se vê que quem citou, não citou, mas chutou, pensando que ninguém aqui neste Brasil teria o Zohar da Soncino Press. Mas têm, sim, e muitas vezes nem judeus são.

Existem algumas referências a Shemá no Zohar, mas não estão sequer no terceiro volume. Agora, já que seu interlocutor é tão assíduo no Zohar, ele pode procurar nos volumes I e II.  

Citar fontes erradas na presunção de que nunca serão conferidas não me parece ter alguma ligação com a Verdade. É muito mais uma indignidade. -- Elijah Harosh

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