“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente…”
(Romanos 12:2)
Vivemos numa era em que a tecnologia deixou de ser apenas ferramenta e se tornou doutrina. Essa constatação é central no livro Tech Agnostic: How Technology Became the World’s Most Powerful Religion, and Why It Desperately Needs a Reformation (2024), escrito por Greg Epstein, capelão humanista de Harvard e MIT. Embora Epstein proponha uma “reforma” ética dentro da cultura tecnológica, sua análise, ainda que aguda, ignora a verdadeira raiz do problema: a substituição do Deus vivo por ídolos digitais, e a rebelião do homem contra o seu Criador.
Neste ensaio, à luz da Escritura e dos ensinos de Jesus Cristo, refletimos sobre os perigos espirituais descritos no livro — e propomos não uma reforma interna da tecnologia, mas uma restauração da fé cristã viva, alicerçada na Palavra, iluminada pelo Espírito Santo, como única resposta legítima à idolatria moderna.
1. Tecnologia como nova religião: um falso evangelho
Epstein aponta com precisão: a tecnologia se tornou a religião dominante do mundo moderno. Ela molda crenças, impõe rituais e promete salvação. Essa “fé tecnológica” promete transcendência através do progresso, imortalidade via IA, e redenção por meio de inovações. Seus templos são as big techs. Seus profetas são os bilionários do Vale do Silício.
“Trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal…”
(Romanos 1:23)
Essa substituição revela um velho pecado com novas roupagens: idolatria. Os homens estão rendendo culto à obra de suas mãos, confiando mais na máquina do que em Deus. É o mesmo espírito da Torre de Babel: “façamos para nós um nome”.
2. Rituais digitais, castas e o sublime tecnológico
O autor identifica que vivemos hoje uma espiritualidade digital. Nossos rituais são automáticos — desbloquear o celular, curvar-se ao algoritmo, buscar sentido no “feed”. Há uma liturgia moderna que disfarça a fome espiritual com distração constante.
A sociedade digital, assim como as religiões antigas corrompidas, cria castas invisíveis: a elite que cria e lucra, e os milhões que servem sem saber. A tecnologia gera uma sensação de “sublime” — como os antigos se maravilhavam diante de catedrais, hoje muitos se ajoelham diante de arranha-céus inteligentes e robôs falantes.
Mas, nenhuma dessas estruturas oferece vida.
“De que serve o ídolo que o seu artífice esculpiu?… Ai daquele que diz à madeira: ‘Acorda!’, ou à pedra muda: ‘Desperta!’”
(Habacuque 2:18-19)
3. IA, o novo messias secular
Greg Epstein descreve o misticismo em torno da IA como uma forma de crença messiânica. Para muitos, a Inteligência Artificial não é apenas ferramenta: é promessa de um novo mundo, uma “salvação” técnica que eliminará a dor, o envelhecimento e a morte. A teologia digital agora possui seu “deus” (AGI), seus “sacerdotes” (engenheiros), sua “vida eterna” (upload de consciência), e seu “apocalipse” (singularidade tecnológica).
“Virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina… e se voltarão para fábulas.”
(2 Timóteo 4:3-4)
O verdadeiro Messias, porém, não é uma máquina, nem uma linha de código. É o Cristo crucificado, ressuscitado e exaltado, que venceu a morte não por inovação, mas por amor sacrificial.
4. A falsa reforma e o perigo do humanismo sem Cristo
Embora Epstein reconheça que a cultura tecnológica precisa de uma “reforma”, sua proposta — baseada no humanismo secular — é limitada. Sem arrependimento, sem reconciliação com Deus, qualquer reforma será apenas uma maquiagem ética num sistema espiritualmente corrompido.
A verdadeira reforma que precisamos não é da tecnologia, mas do coração humano.
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas…”
(Jeremias 17:9)
A Bíblia não se opõe ao conhecimento ou à ciência. Mas ela afirma que sem Deus, todo conhecimento se torna vaidade, e toda sabedoria humana conduz à destruição, quando usada para usurpar o lugar do Criador.
5. Cristo: a verdadeira resposta ao apocalipse tecnológico
O livro sugere que vivemos uma “bifurcação escatológica”: ou caminhamos para a salvação digital, ou para o colapso existencial. Epstein defende um “tecno-humanismo” como alternativa. Mas nós, como cristãos, reconhecemos que nenhuma estrutura humana pode sustentar a alma.
A única resposta ao falso evangelho da tecnologia é o evangelho eterno de Jesus Cristo:
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Ele é o Criador (João 1:3), não a criação.
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Ele é o Verbo vivo, não o código artificial.
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Ele é a vida eterna (João 17:3), não a promessa digital.
“Ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.”
(1 Coríntios 3:11)
6. Voltemos à Palavra, guiados pelo Espírito
A resposta cristã não é o medo, mas discernimento. Não é demonizar a tecnologia, mas não adorá-la. A solução para o colapso moral e espiritual do mundo digital não virá de Silicon Valley, mas do retorno à Palavra de Deus, ao discipulado fiel e à iluminação do Espírito Santo.
É tempo de pregar o Cristo verdadeiro contra o falso deus digital.
É tempo de romper com os rituais tecnológicos que nos entorpecem, e nos ajoelhar novamente diante da cruz — não do código.
Conclusão:
Greg Epstein acerta ao denunciar a teologia oculta da tecnologia, mas erra ao propor um humanismo sem cruz.
Nós não reformaremos o mundo por meio de ética laica, mas pela transformação do coração humano em Cristo.
Que possamos dizer, como o salmista:
“Levanto os meus olhos para os montes: de onde me virá o socorro?
O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra.”
(Salmo 121:1-2)