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Artigo 2 — Judas, Pedro e Moisés Confirmam: Está na Bíblia Sim
Um dos argumentos mais comuns contra a interpretação literal de Gênesis 6 é a incredulidade prática: “Nunca vi demônios possuindo pessoas para ter filhos, nem gigantes andando por aí”. Essa objeção parte de uma suposição enganosa — a de que tudo o que é verdadeiro precisa estar acontecendo diante dos nossos olhos no presente. No entanto, a Bíblia está repleta de eventos reais e singulares que não se repetem no nosso tempo, mas cuja historicidade não é questionada pelos crentes fiéis à Escritura.
A falácia do “nunca vi”
O raciocínio “nunca vi, logo não existe” é uma falácia lógica conhecida como argumentum ad ignorantiam. Não ter testemunhado algo não significa que esse algo não tenha acontecido. Nunca vimos o Mar Vermelho se abrir, mas cremos que isso ocorreu nos dias de Moisés. Nunca vimos o sol parar no céu, mas aceitamos que isso aconteceu nos dias de Josué. Nunca presenciamos a ressurreição de um homem que ficou quatro dias morto, mas acreditamos que Lázaro saiu do túmulo pela ordem de Jesus. O registro bíblico não depende da experiência pessoal do leitor moderno; ele depende da veracidade da Palavra de Deus.
Um episódio sem paralelos na história
Gênesis 6 descreve um fenômeno único: “filhos de Deus” — anjos caídos — assumiram forma humana e tomaram esposas entre as mulheres, gerando descendência híbrida chamada nefilins. A natureza desses seres é descrita como extraordinária: gigantes em estatura, violentos em conduta e notórios em reputação. Não era apenas uma corrupção moral, mas também uma corrupção genética, que ameaçava a pureza da linhagem humana e o próprio plano messiânico de Deus.
A gravidade desse ato foi tamanha que o juízo divino não se limitou a punir os indivíduos culpados; Deus decretou a destruição de quase toda a humanidade por meio do Dilúvio, preservando apenas Noé, sua esposa, seus filhos e noras — pessoas que, segundo o texto, eram “íntegras em suas gerações” (Gn 6:9), o que muitos estudiosos entendem como referência tanto à integridade moral quanto à pureza genética.
O fim dos nefilins e a exceção pós-Dilúvio
Após o Dilúvio, essa linhagem híbrida foi praticamente extinta. A Bíblia, no entanto, menciona gigantes posteriormente, como os anaquins, em Canaã (Nm 13:33). Isso levanta duas hipóteses: ou houve um reaparecimento isolado do mesmo fenômeno por nova incursão demoníaca, ou parte dessa linhagem sobreviveu de forma residual — talvez através das esposas dos filhos de Noé, caso alguma delas tivesse ligação distante com essa herança. Seja qual for a explicação, o registro indica que tais ocorrências foram raríssimas e restritas a contextos específicos de batalha espiritual na história da redenção.
O juízo final contra o fenômeno
O Novo Testamento é claro ao afirmar que os anjos envolvidos nesse pecado foram punidos de forma excepcional. Judas 1:6 diz que eles estão “guardados sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande dia”. Isso significa que Deus não permitiu que esse tipo de ataque contra a humanidade se repetisse indefinidamente. O episódio de Gênesis 6 foi um ato isolado, um ataque frontal à criação divina, interceptado e encerrado pelo próprio Criador.
Por que não vemos hoje
Não ver nefilins hoje não é evidência contra a narrativa bíblica — é, na verdade, evidência de que o juízo de Deus funcionou. O evento foi tão grave e tão singular que exigiu uma resposta igualmente única: a destruição da Terra com o Dilúvio e o aprisionamento imediato dos anjos rebeldes envolvidos.
Assim como não vemos mares se abrindo ou maná caindo do céu diariamente, não vemos nefilins andando entre nós porque Deus determinou que aquilo foi um capítulo encerrado na história. A ausência atual não anula a realidade passada; pelo contrário, confirma que o episódio cumpriu seu papel na linha do tempo bíblica e que o juízo foi eficaz.
Conclusão
A objeção baseada no “nunca vi” é fruto de uma visão de mundo limitada ao presente e avessa ao sobrenatural. A história bíblica é marcada por atos únicos de Deus — e, ocasionalmente, por ataques igualmente únicos de Seus inimigos — que não se repetem porque não precisam mais se repetir. O caso dos nefilins foi um desses momentos. Sua ausência hoje não é motivo para incredulidade, mas um lembrete de que Deus julga com justiça e guarda a história sob Seu controle soberano.