Uma história real de presságios, guerra e fé, narrada por quem viu a cidade santa cair
Um cerco que mudou a história
No ano 70 d.C., Jerusalém vivia seus últimos dias como centro político e espiritual do povo judeu. A cidade, orgulho da Judeia, estava cercada por legiões romanas comandadas por Tito, filho do imperador Vespasiano. Dentro dos muros, fome, violência e desespero tomavam conta. Foi nesse cenário que um dos maiores historiadores da Antiguidade, Flávio Josefo, deixou registrado em sua obra A Guerra dos Judeus algo que até hoje impressiona: uma sucessão de sinais sobrenaturais e assustadores que pareciam anunciar a destruição iminente.
Esses relatos não são lendas apocalípticas inventadas séculos depois. Josefo não era um profeta religioso, mas um cronista que escrevia para leitores romanos. E justamente por isso, quando ele decide registrar tais fenômenos, é porque eram fatos comentados, testemunhados e considerados sérios demais para serem ignorados.
Espadas no céu e uma cidade marcada pelo destino
Josefo conta que, pouco antes da destruição, uma estrela em forma de espada apareceu sobre Jerusalém. Ao mesmo tempo, um cometa brilhante riscou os céus durante um ano inteiro. Para um povo que lia os céus como livro aberto de sinais divinos, era impossível não enxergar ali um presságio de sangue e guerra.
Se isso já parecia extraordinário, mais estranho ainda foi o que aconteceu durante a festa dos Ázimos: uma luz intensa iluminou o templo em plena noite, clareando tudo como se fosse dia. A cena durou cerca de meia hora e deixou os sacerdotes apavorados.
Quando a criação se volta contra a ordem natural
Outro sinal relatado por Josefo foi ainda mais perturbador. Uma vaca, levada pelo sumo sacerdote para ser sacrificada, deu à luz um cordeiro dentro do átrio do templo. A cena parece saída de um pesadelo: um animal de uma espécie gerando outro completamente diferente. Para os antigos, era como se a própria natureza tivesse sido violentada.
Portas que se abrem sozinhas
Em seguida, Josefo descreve que o portão oriental do templo, feito de bronze maciço e tão pesado que precisava de vinte homens para movê-lo, abriu-se sozinho durante a noite. Guardas e sacerdotes correram para verificar. As trancas estavam intactas, não havia sinais de invasão. A única explicação que circulava era simbólica: a presença divina estava deixando o templo para sempre.
Um louco que não se calava
E havia ainda a figura estranha de Jesus, filho de Ananias. Camponês simples, sem ligação com o cristianismo, ele surgiu nas ruas de Jerusalém anos antes do cerco e passou a repetir, sem cessar, uma mesma frase: “Ai de Jerusalém, ai do templo, ai do povo.”
Chamado de louco, foi preso, espancado e até açoitado pelos líderes. Mas nunca parou de gritar. Durante sete anos e cinco meses, sua voz ecoou como um anúncio fúnebre. E, ironicamente, ele morreu atingido por uma pedra de catapulta dentro da cidade sitiada, repetindo até o fim o mesmo lamento.
O espetáculo mais assustador: a batalha nos céus
Mas nenhum desses sinais se compara ao relato mais impressionante. Josefo afirma que, antes do pôr do sol, exércitos foram vistos no céu. Carros de guerra e soldados armados cruzavam as nuvens, correndo e cercando cidades inteiras. Não era uma visão isolada de um místico. Ele faz questão de registrar que “muitos” viram a cena.
E não foi só Josefo. O historiador romano Tácito também registrou fenômeno semelhante em sua História (V.13). Só que ele acrescenta um detalhe: segundo os romanos, parecia haver uma verdadeira batalha nos céus. Exércitos inimigos em choque, armas brilhando entre as nuvens, vozes misteriosas e o templo iluminado por uma luz sobrenatural.
Dois historiadores diferentes, dois relatos que se completam. Josefo viu as tropas celestes em movimento. Tácito falou de confronto direto, como se o céu fosse palco de uma guerra invisível que, por instantes, se tornara visível aos olhos humanos.
Profecia cumprida em parte
Esses relatos fazem eco às palavras de Jesus. No sermão profético, Ele advertiu: “Haverá grandes terremotos, fomes e pestes em vários lugares, coisas espantosas e também grandes sinais do céu” (Lucas 21:11). A geração que O rejeitou não apenas testemunhou a destruição de Jerusalém, mas também presenciou esses sinais.
O cerco de 70 d.C. foi, assim, um cumprimento parcial da profecia de Cristo. Um aviso histórico de que Suas palavras não falham. Mas também foi uma amostra do que ainda está por vir.
O eco para o futuro
A Bíblia afirma que, antes da volta gloriosa de Cristo, os céus novamente se abalarão. O apóstolo Paulo fala das “hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais” (Efésios 6:12). O livro do Apocalipse descreve uma guerra no céu entre Miguel e seus anjos contra o dragão e seus demônios (Apocalipse 12:7-9).
Se em 70 d.C. os céus mostraram exércitos armados, o que dizer do futuro? O mundo verá um espetáculo ainda mais grandioso: anjos guerreiros com espadas flamejantes enfrentando legiões demoníacas, monstros alados que virão como sinais assustadores nos céus. Depois desse confronto cósmico, o próprio Cristo aparecerá sobre as nuvens, em glória e poder, para consumar o juízo e estabelecer Seu reino.
Conclusão
Os sinais de Josefo e Tácito não são apenas curiosidades da Antiguidade. Eles são lembretes históricos de que a profecia de Cristo começou a se cumprir e ainda terá sua plenitude. O que aconteceu em Jerusalém foi uma amostra, um prenúncio.
O que o mundo inteiro verá no fim dos tempos será a revelação completa: guerra nos céus, monstros demoníacos enfrentando anjos de Deus, e finalmente o Filho do Homem surgindo em majestade sobre as nuvens.
Os céus já foram palco de presságios. E serão, novamente, palco da maior batalha cósmica da história.