Introdução
No ano 70 d.C., Jerusalém foi cercada e destruída pelo exército romano. O historiador judeu Flávio Josefo, testemunha ocular dos acontecimentos, registrou em sua obra Guerra dos Judeus uma série de sinais extraordinários que antecederam a catástrofe. Esses relatos, longe de serem visões apocalípticas de cunho literário, são narrados em tom histórico, confirmados inclusive por Tácito, o historiador romano.
Jesus havia profetizado tais sinais em seu sermão escatológico, e o que ocorreu em Jerusalém foi um cumprimento parcial e exemplar do que ainda se repetirá em escala maior antes de Sua volta em glória.
Os Sinais Registrados por Josefo
Flávio Josefo descreveu prodígios impressionantes:
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Uma estrela em forma de espada sobre a cidade e um cometa que permaneceu por um ano inteiro.
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Uma luz intensa sobre o altar e o templo, iluminando a noite como se fosse dia.
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Uma vaca conduzida ao sacrifício que pariu um cordeiro dentro do templo.
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O portão oriental de bronze abrindo-se sozinho, como se forças invisíveis o movessem.
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Carros de guerra e tropas armadas vistas entre as nuvens, cercando cidades.
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Na festa de Pentecostes, um estrondo dentro do templo e uma voz dizendo: “Saiamos daqui”, sinalizando a partida da presença divina.
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O “louco” Jesus, filho de Ananias, clamando durante sete anos: “Ai de Jerusalém, ai do templo, ai do povo”, até morrer atingido por uma pedra durante o cerco.
Esses eventos foram considerados presságios da destruição, mas também ecoam as palavras de Cristo: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas, e na terra angústia das nações…” (Lucas 21:25).
A Batalha Celestial: Josefo e Tácito
Entre todos os sinais, o mais notável foi a visão de exércitos nos céus.
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Josefo afirma que tropas e carros de guerra eram vistos correndo entre as nuvens, cercando cidades.
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Tácito acrescenta que se viu uma batalha no céu, exércitos inimigos em choque, armas brilhando entre as nuvens, o templo iluminado e vozes sobre-humanas.
Aqui temos a imagem de uma guerra cósmica travada sobre Jerusalém, presságio da batalha espiritual invisível mencionada pelo apóstolo Paulo:
“A nossa luta não é contra carne e sangue, mas contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais.” (Efésios 6:12).
O Cumprimento Parcial da Profecia de Cristo
Quando Jesus predisse a destruição do templo (Mateus 24; Lucas 21), Ele anunciou que sinais precederiam o juízo. Os eventos de 70 d.C. foram um cumprimento parcial, uma amostra histórica do juízo divino. Contudo, Ele também falou de um tempo final, quando os céus seriam abalados e o Filho do Homem viria sobre as nuvens com poder e grande glória.
Assim, os sinais de Josefo funcionam como tipos proféticos: acontecimentos reais, mas que prefiguram algo ainda maior.
O Que Ainda Está por Vir
Se em 70 d.C. houve visão de exércitos no céu, isso aponta para um cenário futuro ainda mais amplo. Antes da volta de Cristo, a Bíblia anuncia:
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Guerra cósmica entre os anjos de Deus e os poderes demoníacos (Apocalipse 12).
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Hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais (Efésios 6:12).
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Monstros e sinais aterradores vindos do céu (Lucas 21:11: “Haverá grandes terremotos, fomes, pestes em vários lugares, coisas espantosas e também grandes sinais do céu”).
Assim, a batalha vista por Josefo e Tácito é apenas uma sombra da guerra final, quando anjos guerreiros de Deus enfrentarão legiões demoníacas, representadas como monstros alados, para então abrir caminho para a manifestação gloriosa de Cristo nas nuvens do céu.
Conclusão
Os sinais descritos por Flávio Josefo no cerco de Jerusalém — confirmados por Tácito e resgatados pela tradição cristã — não são simples curiosidades históricas. Eles constituem um marco do cumprimento parcial das profecias de Jesus, funcionando como advertência para todas as gerações.
Se no passado os céus testemunharam batalhas espirituais visíveis, no futuro o mundo inteiro contemplará a guerra cósmica final, onde os anjos de Deus enfrentarão as hostes demoníacas, antecedendo o clímax da história: a volta de Cristo em poder e glória sobre as nuvens.