(Atualização do artigo “The Possibility of Pre-flood Amalgamation” do site EllenWhite.Info.)

Os avanços na engenharia genética se aceleraram muito além do que se imaginava na década de 1970. Hoje — especialmente a partir dos anos 2000 com CRISPR, biologia sintética, clonagem e transferência de genes entre espécies — os cientistas já conseguem:
• inserir genes de animais em plantas e vice-versa,
• criar organismos transgênicos híbridos,
• combinar DNA de espécies que nunca se cruzariam naturalmente,
• sintetizar genes artificiais que não existem na natureza,
• produzir quimeras animal-animal e animal-humano em estágios embrionários.
Essas práticas, que parecem tão modernas, acabam ecoando um ponto extremamente sensível nas advertências de Ellen G. White.

Em 1864, muito antes da genética mendeliana, da descoberta do DNA (1953) ou da engenharia genética (anos 1970), ela escreveu:
“Havia a amalgação do homem e dos animais, o que desfigurou a imagem de Deus.”
E mais tarde, ao explicar o que havia acontecido antes do Dilúvio, afirmou que:
“Espécies de animais foram amalgamadas com o homem… pecados que Deus destruiu pelo dilúvio.”
Essas declarações — incompreensíveis para a ciência de 1864 — só passaram a ter paralelo literal após o surgimento da biologia molecular moderna, mais de cem anos depois.
Quando Ellen White descreve:
• manipulação da vida,
• mistura de espécies,
• criação de formas híbridas não planejadas por Deus,
• corrupção genética generalizada,
ela sugere que uma civilização muito mais avançada que a nossa poderia ter realizado algo equivalente à engenharia genética moderna, porém em escala mais ampla e com finalidade mais pervertida.

Em outras palavras:
O que a ciência moderna começa a fazer no século XXI, Ellen White afirma que já havia sido feito antes do Dilúvio — mas não como avanço legítimo, e sim como expressão da rebelião moral, espiritual e científica da humanidade.
Seu ponto não é científico, e sim teológico-profético:
quando a ciência rompe deliberadamente as fronteiras que Deus estabeleceu na criação, o resultado é confusão, corrupção e juízo.
E a própria White Estate reconhece que esse é um dos textos mais misteriosos e perturbadores da autora — um texto cujo sentido parecia obscuro em 1864, mas hoje, diante da engenharia genética moderna, torna-se assustadoramente plausível.
Assim, como tais cruzamentos entre espécies são naturalmente impossíveis, as declarações de Ellen White parecem sugerir algum tipo de processo tecnologicamente avançado na civilização pré-diluviana. Em outra declaração, ela se refere à fusão sendo feita por meio de “métodos engenhosos”, expressão que dificilmente pode ser reduzida a simples cruzamento animal ou seleção artificial rudimentar. A impressão que seu texto transmite é a de um procedimento controlado, intencional, e — como veremos — espiritual e científico ao mesmo tempo.
Mas será que os antediluvianos eram realmente tão inteligentes?
Segundo Ellen White, sim.
“No mundo antediluviano, existiam muitas obras maravilhosas de arte e ciência. Recém-saídos das mãos do Criador, esses descendentes de Adão possuíam capacidades que não vemos hoje.”
— Sinais dos Tempos, 1º de fevereiro de 1899
Ela é ainda mais explícita em Patriarcas e Profetas:
“Aquela época não foi uma era de ignorância e barbárie. […] Possuíam grande força física e mental. […] Suas vantagens para adquirir conhecimento religioso e científico eram incomparáveis. […]
Se os ilustres estudiosos de nosso tempo fossem comparados aos homens da mesma idade que viveram antes do Dilúvio, pareceriam tão inferiores em força mental quanto em força física.”
— Patriarcas e Profetas, pp. 82–83
A tese de Ellen White é o oposto da visão evolucionista comum:
a humanidade não está progredindo intelectualmente — está regredindo.
Se nossos cientistas avançam após 20–50 anos de estudo, imagine civilizações inteiras onde uma única pessoa podia acumular 800 ou 900 anos de desenvolvimento intelectual contínuo. Nesse contexto, a ideia de manipulação biológica pré-diluviana deixa de parecer absurda e se torna coerente com a capacidade humana daquela época.

Satanás como coautor da amálgama
Embora White diga que a fusão pré-diluviana envolvia ação humana, ela não atribui todo o processo exclusivamente ao homem. Em uma declaração de 1899, ela identifica outra fonte:
“Por seus engenhosos métodos de mistura, ele [Satanás] corrompeu a terra com joio.”
— Mensagens Escolhidas, livro 2, p. 288
Aqui, “mistura” não envolve plantas apenas, mas o princípio geral de adulteração das espécies — a mesma ideia apresentada em Gênesis 6:12:
“toda carne havia corrompido o seu caminho.”
Portanto, na visão profética de Ellen White, a amálgama pré-diluviana envolveu:
• inteligência humana extraordinária,
• intervenção direta de Satanás,
• métodos engenhosos,
• e corrupção da criação original.
Ecos culturais — Memória ou imaginação?
A Bíblia não descreve criaturas híbridas diretamente, mas as culturas antigas estão repletas delas: centauros, sereias, sátiros, esfinges, deuses com cabeça de animal, etc. Essas figuras aparecem:
• no Egito,
• na Assíria,
• na Grécia,
• em Roma,
• em Canaã.
São todas apenas mitos?
Ou — como muitos intérpretes adventistas históricos já sugeriram — seriam ecos culturais distorcidos de algo que realmente ocorreu antes do Dilúvio?
O testemunho do livro de Enoque
O Livro de Enoque (especialmente caps. 6–11 e 85–89) fala de gigantes violentos, vorazes e sanguinários, fruto da união entre Vigilantes e mulheres. Alguns estudiosos consideram isso uma leitura equivocada de Gênesis 6; outros consideram memória deturpada de algo real; outros, tradição simbólica.
Mas, independentemente da origem, o texto preserva a mesma ideia que White apresenta: um processo antinatural que corrompeu o mundo vivo.
O “crime vil” e a corrupção de toda carne
Ellen White afirma que a amálgama era o “crime vil” que provocou a necessidade do Dilúvio. Moisés confirma que o problema não se limitava ao homem:
“toda carne havia corrompido o seu caminho.” (Gn 6:12)
E a Torá reforça, séculos depois, a proibição divina de misturar espécies:
• Levítico 19:19 — não cruzar animais de espécies diferentes.
• Deuteronômio 22:9 — não misturar sementes no campo.
Esse padrão bíblico — espécie segundo espécie — é exatamente o que a amálgama pré-diluviana violou.

A engenharia genética moderna como eco tardio
Hoje, temores em relação à engenharia genética são comuns — e por boas razões. O que antes era impossível, hoje é rotina:
• fusão de genes de espécies diferentes,
• chimeras animal-humano,
• transferência de DNA entre reinos biológicos,
• edição precisa com CRISPR.
Se Ellen White descreveu algo semelhante mais de um século antes de se tornar cientificamente viável, então o alerta se torna ainda mais relevante.
Chimeras modernas — exemplo secular recente
Em 2005, a National Geographic publicou um artigo documentando experimentos reais:
• cientistas chineses fundiram células humanas com óvulos de coelho (chimeras);
• a Clínica Mayo criou porcos com sangue humano;
• pesquisadores injetaram células-tronco humanas em embriões animais;
• roedores foram criados com cérebros contendo porcentagens de células humanas.
Essas pesquisas provocaram debates éticos globais, pois aproximam-se exatamente daquilo que Ellen White descreveu como pecado pré-diluviano.
Conclusão: A tecnologia dos anjos caídos foi usada para corromper a Criação
A reconstrução que emerge dessas fontes é clara:
-
a civilização pré-diluviana possuía inteligência e tecnologia inimagináveis;
-
essa tecnologia foi usada para corromper a criação;
-
Satanás cooperou usando métodos espirituais e engenhosos;
-
tradições antigas preservam memórias distorcidas desse período;
-
a engenharia genética moderna relembra — e talvez repita — o mesmo padrão;
-
e Ellen White descreveu tudo isso antes de a ciência sequer existir.
Assim, a questão não é apenas histórica, mas profética:
estaríamos revivendo o mesmo caminho que levou o mundo ao Dilúvio?
