Quando Disserem que Há um Vazio em Seu Coração, que Só Deus Pode Preencher... Olá, irmãos! Coloco aqui um breve comentário de uma parte da lição desta semana, que me chamou a atenção. O autor da lição escreve à pág. 85: “Assim como o corpo sente falta de comida, de água e de luz solar, também a vida espiritual sente falta da presença de Jesus (até mesmo quando não está ciente disso)...” Acho importante destacar que desajudados (sem auxílio divino) não temos condições inerentes de sentir falta da presença específica de Jesus. Já ouvi a afirmação que todo ser humano é um ser inerentemente espiritual que sente a necessidade de adorar algo, ou de ter um Deus. Você já ouviu isto? Mas se somos inerentemente seres espirituais capazes de sentir a falta específica de Algo ou Alguém para preencher nosso vazio existencial e espiritual, então não estamos verdadeiramente mortos em delitos e pecados como a Bíblia afirma em Efésios 2:1. Acredito que esta morte espiritual a que a Bíblia se refere, é a substituição de Deus por nosso próprio “Eu”, fazendo de nós seres egoístas, auto-suficientes e orgulhosos. A “espiritualidade” (se é que podemos chamar assim) do pecador consiste em adorar a si mesmo; e tal condição é tão degradante e sem esperança, que só o milagre de nos “vivificar” (Ef. 2:1) por Sua “graça” (Ef.2:8) é que pode modificar esta irremediável situação. Alguns pregadores falam do homem pecador tendo um vazio em seu coração que só pode ser preenchido por Deus; nada que colocarmos ali poderá preencher o enorme vazio existente. Sempre achei esta ilustração muito apropriada, mas hoje, após conhecer um pouco melhor a verdade da “Justificação Pela Fé” assim como foi apresentada ao nosso povo em 1888, acredito que é uma ilustração limitada e não expressa a realidade do que aconteceu com o nosso coração após o pecado. Este vazio que ficou quando Deus foi retirado do trono do coração humano, foi imediatamente preenchido por nosso próprio “Eu”, e este “Eu” agigantou-se tanto que ocupou totalmente o lugar que só a Deus pertencia. É por este motivo que nos encontramos mortos em delitos e pecados (no “Eu”). O vazio em nosso coração que poderia nos incomodar e, quem sabe, nos empurrar a ir em busca de Algo para preenchê-lo, está totalmente ocupado pelo nosso próprio “Eu”. E devido a este “Eu” ser insaciável na sua auto-satisfação é que estamos constantemente em busca de coisas que possam alimentá-lo e satisfazê-lo. É obra da graça de Cristo gerar em nós uma insatisfação com o nosso próprio “Eu”, motivando-nos a dar lugar a Ele. É desta maneira que Cristo nos “vivifica”. Quando começamos a nos sentir incomodados e insatisfeitos com a nossa atual condição, isto já é a obra da graça de Deus iniciando o processo de nos “vivificar” em Cristo. Louvado seja Deus por Sua maravilhosa graça que é bem maior que a minha desgraçada condição pecadora! E o mais maravilhoso é que Deus sempre completa aquilo que inicia, se não nos opusermos com insistente resistência, é claro. “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Cristo Jesus” Fil. 1:6. Quando Cristo inicia o processo de salvação em nossa vida (“vivificar”) ainda continuamos totalmente dependentes dEle, ou seja, somos semelhantes a bebês recém nascidos que choram de fome, mas sem a mínima condição de saber ou dizer do que estão precisando, muito menos de fazer algo para resolver sua necessidade por si mesmos. O bebê chora e esperneia por que começa a ter consciência que algo está faltando ou que alguma coisa lhe incomoda, mas ainda não sabe o que é, não sabe se expressar, não tem condições de ir em busca de uma solução. Faz parte desta maravilhosa graça de Deus, após nos despertar para nossa real e miserável condição, continuar vindo em nossa direção colocando em nosso coração o amor de Jesus que nos constrange. O Senhor é quem nos dá vida espiritual e depois é quem alimenta esta vida através da vida de Seu próprio Filho, o verdadeiro Pão que veio do céu. “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo” Gál. 6:14. “Para que ninguém se glorie perante Ele ... para que como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor” I Cor. 1:29 e 31. "O que é justificação pela fé? É a obra de Deus em lançar a glória do homem no pó e fazer pelo homem aquilo que ele por si mesmo não pode fazer." TM 456 Irmão CH Comentário de Leitor Escrevo esta, não como contestando o que foi escrito pelo irmão CH, mas no sincero desejo de compreender e ou esclarecer melhor o que foi colocado pelo mesmo sobre a Justificação pela Fé, porque tenho a impressão que, ou não entendi o que ele tenta colocar, ou me parece contraditório o que escreve. Vejamos: Comentário da Lição 6, feito pelo irmão CH:
Comentário posterior do irmão CH:
A impressão que tenho, lendo o material (primeiro) é de que Deus fez tudo em Cristo, e que eu não tenho que fazer absolutamente nada. Sequer meu livre arbítrio deve ser exercido, porque um morto não pode fazer uso de seu livre arbítrio, não tendo como exercê-lo. Lendo no entanto o material (segundo) vejo um Deus "iniciando" um processo de salvação em mim, como se o que foi feito no passado, na cruz do calvário, necessitasse de um complemento, ou de minha participação. De minha parte, creio que tudo que deveria ser feito no que diz respeito a salvação do mundo, foi feito na cruz do calvário, pois Cristo como cordeiro e redentor foi e é perfeito, a morte do cordeiro foi real e deu plena resposta à lei que requeria a morte do transgressor. No entanto, Cristo mesmo tendo morrido pelo mundo, pode não ser o Meu Salvador, pois, para que a salvação tenha valor pra mim, é necessário que eu responda a mesma pergunta que Ele fazia antes de curar alguém. Queres ficar são? O Céu é um lugar de ordem, e tao absurdo quanto possa parecer que alguém faça uma pergunta a um paralítico, se ele deseja ficar bom, também é absurdo mas real que Cristo, embora tenha morrido para me salvar, seria acusado no céu de ter salvo alguém que não queria a salvação. Daí o livre arbítrio me é dado, será registrada no céu minha escolha, se de fato eu aceito o que me foi oferecido. Cristo, ao morrer na cruz do calvário, resgatou a todos, comprou a todos, mas, embora todos lhe pertencam duplamente (criação e redenção) nem todos se salvarão. E porque nem todos se salvarão? Se neste processo a escolha do homem nada conta, então devo concluir que o culpado finalmente se alguns ou muitos se perdem é Deus ou Cristo e não o homem? Cristo disse: Deixai os mortos que enterrem os mortos. Estava ele falando de mortos fisicamente ou mortos espirituais? Estava falando de uma realidade presente, ou estava falando de forma profética, como aquele que conhece o fim desde o começo? Os mortos em ofensas e pecados são mortos espirituais de forma presente e mortos físicos de forma futura, aquele que conhece o futuro, pode falar das coisas que não são como se já fossem. Assim, quando diz, deixai os mortos (espirituais) que enterrem os mortos (físicos), está requisitando uma escolha. É verdade que não há um justo sequer, não há quem busque a Deus, mas, Jesus atrai a pessoa a sí, mostrando o que fez na cruz do calvário, apontando seu sacrifício na cruz, como prova de seu amor incontestável, enquanto a cada dia repete através de Seu espírito. Queres ficar são? Quando o homem se rende e aceita esta oferta, ainda que sem emitir palavra, mas em sua mente, a salvação se tornou uma realidade em sua vida, o Salvador do mundo deixa de ser somente o Salvador do mundo para ser o Salvador pessoal deste. É uma resposta passiva, o anuir da mente ao convite, e a pessoa é aceita como se nunca tivesse pecado em sua vida, o Pai vê o Filho refletido e emite a declaração: Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. O homem é declarado justo pelo Pai, e esta declaração é incontestável. Agora, um novo processo se inicia, e a cada nova verdade recebida, aceita e guardada no coração, a pessoa progride de glória em glória, ao que denominamos, santificação. Pergunta: Deus pode fazer tudo? Resposta: Não, Deus não pode salvar alguém que não queira salvar-se. No livro 1888 - Reexaminado, encontramos uma declaração maravilhosa a respeito dos salvos e perdidos: "Finalmente, os que se perderem o serão simplesmente por terem rejeitado a salvação que tão graciosamente lhes foi oferecida." Quando Jesus livrou os discípulos da tempestade, logo após o mar e os ventos se acalmarem, os discípulos remaram até a praia, e para qualquer pessoa que perguntasse aos discípulos como eles chegaram até a margem, a resposta seria uma só. Cristo nos salvou e nos guiou até aqui. A última coisa que algum deles se lembraria é que tiveram que remar até a praia. O mesmo se deu com Lázaro. Sequer são citados os que tiraram a pedra e os que o desenrolaram. Em face do milagre da salvação, todo o salvo por Jesus terá pelas eras eternas uma história para contar, e esta não será a de como aceitou a Cristo, de como decidiu por ele com méritos, mas, simplesmente contará do maravilhoso amor que o atraiu e o salvou sem que ele merecesse. Assim, o homem tem uma parte a desempenhar na salvação, e esta parte se chama: ACEITAR. Este aceitar é tão somente uma reação à ação de Deus, e não tem mérito algum, mas, demonstra a todos os seres criados, a quem escolhemos como nosso Soberano, e esta decisão estará gravada pela eternidade como um documento. Adão perdeu a "salvação" ou o Éden ao aceitar o convite do inimigo através de Eva, que também perdeu a salvação ao aceitar o convite do inimigo, e ambos a reconquistaram ao aceitar o plano da salvação que lhes foi oferecido gratuitamente. Ao aceitar as peles de cordeiro para cubri-los, deitando fora as "peles" ou vestimenta de folhas de figueira, demonstraram novamente sua escolha e foram justificados novamente. Assim, se bem é certo que a nota de Cristo em sua missão de salvação foi nota 10, nem todos se salvarão, porque não farão uso correto do livre arbítrio que lhes foi dado, e finalmente rejeitarão o misericordioso convite de graça que lhes foi oferecido. E aceitar o convite, compete ao homem, e não a Deus. Quando o homem se rende e diz sim, é tão somente uma resposta deste convite de amor, e, embora não hajam méritos, nem um único homem que já tenha vivido, passará ao descanso sem ter tido a oportunidade de conhecer este convite, ainda que as pedras o devam lhe apresentar. Rogério Buzzi Resposta do Autor Prezado irmão Rogério Buzzi O meu objetivo foi apenas destacar a verdade bíblica expressa em Efésios 2:1: “Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados”, e repetida no verso 5: “Estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)”. A salvação é única e exclusivamente pela graça de Deus mediante a fé, e esta por sua vez é um dom (dádiva, presente) de Deus (verso 8). Apenas quis enfatizar aquilo que Paulo disse em Romanos 3:11: “Não há ninguém que entenda, não há ninguém que busque a Deus”. Quanto ao livre arbítrio e ao fato de Deus não poder salvar a ninguém que se recuse ser salvo por Ele, penso como você. Apenas não gosto de enfatizar demais esta questão da aceitação como o ponto principal na operação de resgate que Deus realiza em favor do ser humano. O ponto principal na salvação é a iniciativa de Deus em começar no homem um processo que ele jamais poderia iniciar por si mesmo. A resposta do homem, como o senhor mesmo disse, “é tão somente uma reação à ação de Deus, e não tem mérito algum” (perfeito!). É por este motivo que uma das máximas da mensagem da Justificação pela Fé é: “É fácil ser salvo e é difícil se perder”, ou seja, se formos salvos será inteiramente por causa daquilo que Cristo fez por cada um de nós; se nos perdermos será inteiramente por nossa própria culpa em recusar a Sua graciosa oferta. Gosto de exemplificar estes pontos com a seguinte ilustração: Em 1863, Abraham Lincoln assegurou, a todo escravo pertencente aos territórios confederados, a liberdade. Do ponto de vista legal a liberdade já havia sido disponibilizada. Para Abrahan Lincoln e se dependesse de sua vontade somente, todo escravo em território confederado já estava livre. Só que do ponto de vista do escravo, ele só iria se beneficiar do ato de Abrahan Lincoln e desfrutar a liberdade se ouvisse, acreditasse e começasse a viver em liberdade. Imaginemos que em alguma fazenda dos territórios confederados um escravo ouvisse a notícia de que alguém já havia providenciado sua liberdade e que de acordo com a vontade desta pessoa, ele já era um homem livre. Mas por algum motivo misterioso, aquele escravo não acredita. O que aconteceria? Ele continuaria vivendo como escravo apesar de todas as providências já haverem sido tomadas. Abrahan Lincoln colocou a liberdade em suas mãos, mas ele recusou aceitá-la. Se algum jornalista fosse entrevistar Abrahan Lincoln e lhe perguntasse se o seu ato libertou a todo escravo em seu território, ele responderia: “Sim, a minha decisão libertou a todos escravos.” “Mas como fica aquele homem que continua escravo naquela fazenda?” – perguntaria o repórter. Abrahan Lincoln responderia: “Minha decisão também o inclui, só que ele não quis aceitar. Ele recusou! Continua como escravo porque quer!” Se você já aplicou a ilustração ao nosso caso em estudo e pode perceber que: Da perspectiva divina, com o sacrifício de Jesus, todo pecador foi “justificado”. Neste sentido Cristo é o “salvador do mundo” (João 4:42; I João 4:14). Da perspectiva do pecador, a salvação (justificação) só se efetiva quando ele ouve, aceita e começa a viver com base na realidade que Cristo conquistou para ele. É por este motivo que Paulo em I Timóteo 4:10 afirma: “Pois para isto é que trabalhamos e lutamos, porque esperamos no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis”. A palavra grega usada para “principalmente” é “malista” que significa “em especial”, “especialmente”, “com plena efetividade”, etc. (Ver Gal.6:10 onde a mesma palavra grega aparece). O Deus vivo é o Salvador (Justificador) de todos os homens, mas com plena efetividade na vida daqueles que O aceitam (os fiéis). Da perspectiva divina : Em Cristo todos foram legalmente justificados (salvos). Nada fizemos, Ele fez tudo, a iniciativa foi exclusivamente Sua. É neste sentido que podemos afirmar que antes de reivindicarmos justificação (salvação) já estamos legalmente justificados (salvos). Neste caso (da perspectiva divina), a fé não muda nossa realidade perante Deus, pois quer queiramos ou não, Ele já efetuou nossa salvação na cruz. A mensagem de 1888 dá ênfase a esta perspectiva da justificação, ou seja, na realização de Deus e não na aceitação do homem. Da perspectiva do pecador : É pela fé que a realidade da justificação (salvação) já realizada na cruz passa a fazer diferença em nossas vidas. A fé simplesmente irá reconhecer esta realidade existente passando a vivê-la (justificação pela fé). De quem é a responsabilidade por nossa salvação? A responsabilidade por nossa salvação é colocada sobre Deus e não sobre nós. Só passará a pesar sobre nós se deliberadamente a recusarmos. Se formos salvos será unicamente por causa de Cristo. De quem é a responsabilidade por nossa perdição? Se nos perdermos será unicamente por nossa causa. É exatamente isto que a Bíblia ensina: A responsabilidade por nossa salvação está nas mãos de Deus: “Tendo por certo isto mesmo, que Aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Cristo Jesus”. Fil.1:6 A responsabilidade por nossa perdição é somente nossa: “Jerusalém, Jerusalém! Que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis Eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e tu não quiseste!”. Mat.23:37 É desta perspectiva que podemos afirmar que é fácil salvar-se e é difícil perder-se: “Quando olhamos para nós não vemos como poderemos ser salvos, mas quando olhamos para Jesus não vemos como poderemos nos perder”. Resumindo: Somos completamente salvos unicamente pela graça, baseados exclusivamente na fé em tudo aquilo que o Senhor realizou e continua realizando em nosso favor. Deus fez tudo! Se não fosse por Ele continuaríamos sem opção de escolha, pois quando só existe uma opção, a saber, pecar, não existe escolha. Quando passamos a ter opção para escolher, é porque foi Ele que nos deu esta opção, a saber, continuar sendo um pecador ou permitir que Ele nos transforme. Logo, se escolhermos permitir que Ele continue a obra de salvação que Ele mesmo iniciou, nada temos em que nos vangloriar ou pensar que somos melhores que aqueles que recusaram, pois foi Seu amor que nos constrangeu a aceita-lO (II Cor.5:14). “Mas longe esteja de mim, gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo” Gal.6:14 É a ênfase na iniciativa e realizações de Deus em detrimento daquilo que pode fazer o homem, que torna esta mensagem tão peculiar e apropriada para preparar um povo para ser selado pelo Deus vivo, estar em pé durante o tempo de angústia e finalmente ser transladado ao Jesus voltar: “O que é justificação pela fé? - É a obra de Deus ao lançar a glória do homem no pó e fazer pelo homem aquilo que ele por si mesmo não pode fazer.” (Testemunho para Ministros e Obreiros Evangélicos, 63). -- Irmão CH Leia mais sobre Justificação pela Fé: |
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