4. Cristo Após a Encarnação
A dificuldade de se harmonizar dois textos bíblicos aparentemente conflitantes faz com que existam diferentes correntes de pensamento sobre a natureza de Cristo após a Sua encarnação. O primeiro texto que trazemos a lume está no evangelho de João:
Neste texto, Cristo afirma que Ele tem autoridade para entregar Sua vida e também para voltar a tomá-la. Dá-nos portanto a impressão de que foi Cristo que se “auto-ressuscitou” após a Sua morte. Agora leia o segundo texto:
O texto acima afirma claramente que foi o Pai quem ressuscitou a Cristo. Assim, temos dois textos cujo entendimento é aparentemente conflitante. Como resolvemos esta questão? Não podemos resolve-la a menos que a Bíblia a resolva para nós, e para nossa alegria é exatamente isto que ela faz. Leiamos o texto de Atos 13:
O texto acima afirma que, quando Deus o Pai ressuscitou a Cristo dentre os mortos, disse: “Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei”. Sabemos que, no princípio, Cristo foi gerado pelo Pai. Vimos que isto era como se o Pai houvesse gerado a Seu Filho a partir de uma parte de Si mesmo. Como o Pai, por ser Deus, possui a vida em Si mesmo, ao retirar de Si uma parte, esta também possui vida em si mesma. Como gerou a Cristo a partir de uma parte de Si mesmo, Seu Filho passou a ter vida em Si mesmo. É por este motivo que a Bíblia nos afirma:
Vimos, pelo estudo das seções anteriores, que, ao morrer na cruz, Jesus sofreu a segunda morte, que significa também a completa ausência de existência. Vimos também que, a divindade de Cristo, a “água do copo”, estava no Pai desde o momento em que Cristo veio como um homem na Terra. Ao gerar a Cristo pela primeira vez, Deus o Pai lhe concedeu a divindade, a “água do copo”. Quando veio a Terra, Cristo devolveu esta “água”, a Sua divindade, para o Pai, pois esvaziou-se de Si mesmo. Utilizando ainda de nosso exemplo para facilitar a compreensão, temos que, uma vez que a divindade de Cristo, a “água do copo”, estava no Pai, e o corpo inanimado e morto de Cristo estava na Terra, para gerar a Cristo novamente bastaria ao Pai colocar a “água do copo”, aquela mesma que havia recebido de Cristo quando Ele veio para a Terra, naquele corpo humano inanimado que jazia na tumba de José de Arimatéia. Assim, o Pai estaria repetindo o mesmo processo que realizou uma vez, quando gerou a Cristo, antes que houvesse. Mundo. Por isso, o Pai, ao colocar ao devolver a Cristo a divindade, colocando a “água” no Seu corpo humano inanimado, pode em verdade dizer: “Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei”. Note que o apóstolo Paulo compreendeu isto, pois afirma que o Pai proferiu esta frase quando ressuscitou a Cristo dentre os mortos. Quando o Pai “gerou” novamente Seu Filho, colocando a “água” a divindade, no corpo humano inanimado de Cristo, esta “água”, esta divindade, por ser uma própria parte do Pai, que é o doador da vida, foi capaz de reerguer e ressuscitar aquele corpo humano inanimado. Por isso, ao mesmo tempo que é correto afirmar que Deus o Pai ressuscitou a Cristo, pois o gerou novamente após Sua morte, é correto afirmar que Cristo ressuscitou pelo Seu próprio poder, à luz do texto de João 10:17, 18 que apresentamos no início desta seção. Compreendemos então que a própria oração sacerdotal de Cristo, que encontramos em João capítulo 17 foi atendida no momento em que o Pai gerou novamente a Cristo, por ocasião de Sua ressurreição. Jesus havia pedido o seguinte em sua prece ao Pai:
Jesus, antes mesmo de Sua morte, pede ao Pai que o glorifique com a glória que Ele possuía com Seu Pai antes que houvesse mundo. Mas que glória Cristo possuía com Seu Pai antes que houvesse mundo? O texto de Provérbios 8 nos responde:
Antes que houvesse mundo, Cristo foi gerado pelo Pai. Assim, quando Ele pede ao Pai que o glorifique com a glória que possuía antes que houvesse mundo, está também pedindo ao Pai que o gere novamente. Como vimos anteriormente, esta oração foi então atendida por ocasião de Sua ressurreição. Uma vez que, por ocasião da ressurreição de Cristo, o Pai o gerou novamente, mas desta vez dentro de um corpo humano, aquele corpo humano preparado pelo Pai que lhe servira de habitação durante todo o período em que ele estivera na Terra, temos que um Deus, Cristo Jesus, gerado pelo Pai passou a residir em um corpo humano. Isto explica o texto de Colossenses:
Verificamos que o texto acima é verdadeiro no seu sentido literal, ou seja, que em Cristo, passou a habitar, em um corpo humano, toda a plenitude da Divindade. A humanidade de Cristo ficaria para sempre retida, conforme atestam as palavras da revelação:
Uma vez que Sua divindade estaria para sempre habitando em um corpo humano, é verdadeiro afirmar, como o texto acima o faz, que Cristo reteria para sempre a Sua natureza humana. Ao mesmo tempo que o fato de Ele reter Sua natureza humana é uma prova pelas eras eternas de que Ele é nosso penhor, Sua divindade divindade representa a certeza do auxílio divino, uma vez que, tendo Ele sido tentado como nós, pode conceder Seu poder divino a cada um de nós de acordo com a nossas necessidades, pois Ele as conhece. O texto da revelação apresentado a seguir representa de forma mais adequada a natureza e o ministério de Cristo atual:
Por ser homem e subsistir como homem após Sua ressurreição, Paulo sobre Ele afirma:
Por ser Deus mesmo após sua ressurreição, Paulo também faz a seguinte declaração a Seu respeito:
Do que estudamos nesta seção, concluímos o seguinte sobre a natureza de Cristo após a encarnação:
Finalizamos o estudo com as palavras inspiradas escritas pelo apóstolo Paulo, este que, mesmo sabendo muito sobre a natureza e obra de nosso amado Salvador foi levado a exclamar: “Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória.” I Timóteo 3:16 Ao nosso bendito Deus e Pai e ao nosso maravilhoso Senhor Jesus Cristo seja a honra e a glória pelos séculos dos séculos. Amém! Jairo Carvalho Índice: A Natureza de Cristo Ontem, Hoje e Eternamente |
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