Noiva adventista expõe machismo em curso para casais da IASD

Noiva expõe machismo em curso de igreja e provoca reflexão

Vídeo da campo-grandense Jéssica Arruda teve mais de 50 mil visualizações em menos de 24 horas e balançou a igreja evangélica

Por Thailla Torres | 25/07/2020 07:05

https://www.instagram.com/tv/CC81kyRhD5I/

“O homem fica frustrado e muitas vezes com raiva quando a mulher se nega a fazer sexo”

“Se você quer ter o seu marido emocionalmente conectado a você, faça sexo regularmente com ele”

“O homem fica nervoso e muito irritado quando fica muitos dias sem fazer sexo”

“Quer ter um homem tranquilo, sereno e calmo ao seu lado? Você saberá o que fazer”

Os “conselhos” acima são trechos de um material entregue no curso de noivos que a Igreja Adventista promove para casais que estão prestes a casar. Ele foi editado em 2019 pela Divisão Sul Americana da IASD, ou seja, foi revisado pouco tempo atrás. Ao ler e perceber que existem coisas muito perigosas nas entrelinhas do material, a campo-grandense e corretora de seguros Jéssica Arruda, de 28 anos, decidiu falar abertamente sobre o assunto na internet. O vídeo (veja acima) com mais de 50 mil visualizações e 1,3 mil comentários no Instagram bombou na internet e balançou a comunidade cristã.

O que preocupou a corretora foi a possibilidade de as pessoas não perceberem o significado de algumas ideias presentes no material. Ideias que legitimam abuso, assédio, violência e transferência de responsabilidade, especialmente para a mulher.  Por isso, sem nenhum medo ou receio de exposição, Jéssica ‘rasgou o verbo’.

É claro que o posicionamento da campo-grandense chamou atenção entre seus 1,6 mil seguidores e dividiu opiniões. Mas, o intuito, segundo ela, foi alertar mulheres que carregam sozinhas inúmeras responsabilidades e apontar a necessidade de mudança sobre a abordagem do curso, “afim de uma sociedade menos machista, opressora, violenta e abusiva”, descreve.

Jéssica noivou e descobriu mais do que imaginava no curso de noivos da igreja.

Em 17 minutos de vídeo, Jéssica expõe que ao participar do curso, sabia que discursos ultrapassados seriam ditos, mas não imaginava que eles seriam tão perigosos. “Eu sei que a igreja faz cursos como esses tentando alertar o casal para coisas que vão viver no futuro, mas, apesar da intenção, alguns conselhos estão mais próximos da violência, do abuso e de sobrecarregar o parceiro ou parceira”, expõe a corretora que não se deixa levar pelo discurso de muitas instituições religiosas e fala abertamente o que pensa sobre machismo, sociedade patriarcal e o fardo de inúmeras mulheres.

“A gente é criada numa cultura em que há o mito de que o homem tem mais necessidade sexual que a mulher. E eu sinto em dizer que não é. Não faz sentido”, diz. “Se você um dia pensou que isso é verdade, eu estou aqui pensando que seria injusto da parte de Deus colocar isso inerente ao corpo físico”, acrescenta.

Jéssica também usa o vídeo para relacionar os discursos com o gigantesco número de casos de violência doméstica e feminicídios. “O número de violência doméstica dentro de uma relação é enorme, tudo isso porque se entende como normal um homem ficar violento porque a mulher não quer sexo”, exemplifica.

Na chuva de comentários, apesar de dezenas de reações positivas, de fieis e não fiéis da igreja, muita gente também sugeriu que Jéssica apenas ignorasse o conteúdo, aparentemente incomodados com a exposição do erro da igreja.

“A minha preocupação maior e a do meu noivo é que ninguém ficou incomodado. As pessoas concordam e aí é que mora o perigo, de esse comportamento ser cada vez mais normalizado.  A igreja tem tanta influência sobre as pessoas, e tudo o que ela fala normalmente as pessoas abaixam a cabeça e só absorvem, então eu achei que seria a oportunidade de problematizar mesmo”, disse em entrevista ao Lado B nesta sexta-feira, após inúmeras interações com seus seguidores.

“A proposta não foi falar como tem que ser, mas mostrar onde está o erro e como a igreja tem que promover a reflexão certa. Não é colocar homem em uma caixinha e mulher em outra, porque vão existir dinâmicas diferentes.”

Jovem levanta questionamentos sobre a maneira como a igreja enxerga a vida conjugal. (Foto: Arquivo Pessoal)

Na visão de Jéssica, é papel da igreja é alertar aquilo que é perigoso e o que vai trazer sofrimento. “Porém, a abordagem ali estava muito errada e muito perigosa. E pelo o que eu tenho lido nas mensagens, muita gente já tinha tido acesso ao material, mas imagino que nem todo mundo sabia dizer de fato qual era o problema. Eu acho que meu vídeo contribuiu demais para que as pessoas percebam e identifiquem qual é a problemática. Eu consegui provocar exatamente o que eu queria.”

“Adventista de berço” como se define, Jéssica é a terceira geração da família de adventistas e sempre fez parte da igreja, participou de ministérios e foi líder na instituição.  Apesar da exposição e da proporção que a crítica ao manual elaborado pela igreja tomou, ela diz que permanecerá na rotina religiosa porque acredita que pode fazer a diferença apontando os erros.

“É uma curiosidade geral o motivo que me faz ficar na igreja mesmo sabendo que ela tem tantos erros. Penso que seria muito fácil eu sair e tentar seguir um caminho sozinha, mas acredito que é um papel importante e difícil continuar ali dentro para reconciliar tantas pessoas que desistiram. Eu acho que resistir dentro dela eu tenho muito mais a contribuir.”

Ela acredita que se tivesse apenas ficado decepcionada e saído da igreja sem falar nada, o problema seria maior. “A igreja continuaria doutrinando mais pessoas sem ninguém questionar. Então vamos problematizar e está na hora de mudar. Dessa maneira eu acho que consigo provocar mudanças muito maiores, sempre que a igreja fazer algo que vá contra a Bíblia.”

Ela ainda descreve o pensa  sobre as igrejas. “Igreja é uma comunidade que se relaciona, ela é uma escolha consciente de se reunir com pessoas que pensam como você. A igreja erra, a igreja tem suas limitações. Lembro de um pastor que falava que a igreja nada mais é do que um hospital onde tem um monte de gente doente tentando se curar. A igreja não é lugar de gente saudável, se fosse todo mundo saudável você não precisava dela. Então, eu fico muito assustada com a repercussão desse vídeo em que as pessoas ficam mais preocupadas de deu ter escrachado todos os erros do que o problema em si, como estupro, abuso e maridos sofrendo porque acham que tem que resolver tudo. Isso são pensamentos de fieis que ainda não entenderam o que é igreja”, finaliza.

Promessa de mudança – Com a repercussão do vídeo e milhares de visualizações, a Igreja Adventista se posicionou nas redes sociais da corretora. Em comentário, a congregação disse lamentar o ocorrido e afirmou que os materiais foram retirados de circulação para revisão dos autores. —

Fonte: https://www.campograndenews.com.br/lado-b/comportamento-23-08-2011-08/noiva-expoe-machismo-em-curso-de-igreja-e-provoca-reflexao

Precisamos falar sobre o curso de noivos da IASD

“O lar é uma extensão da personalidade da mulher. Converse mais sobre o lar e os filhos. Ajude-a nas atividades domésticas. Você não deixará de ser homem por isso”.

“O homem fica frustrado e muitas vezes, até com raiva, quando a mulher se nega a fazer sexo”.

Os dois “conselhos” acima foram retirados do material entregue no curso de noivos que a Igreja Adventista promove para casais que estão prestes a casar. Ele foi editado em 2019 pela Divisão Sul Americana da IASD, ou seja, foi revisado pouco tempo atrás. A verdade é que existem coisas muito perigosas nas entrelinhas desse material e me preocupa a mera possibilidade das pessoas não perceberem a gravidade de algumas ideias que estão presentes ali. Ideias que legitimam abuso, assédio, violência e transferência de responsabilidade. Além disso, quero alertar mulheres que carregam sozinhas a responsabilidade das atividades domésticas e o cuidado dos filhos que elas precisam ser valorizadas e respeitadas pois desempenham um TRABALHO tão exaustivo e cansativo quanto o de qualquer pessoa com carteira assinada.

Entendo que se a igreja está preocupada com a felicidade mútua do casal, deveria abordar o ideal divino estabelecido no Éden antes do pecado como o modelo a ser seguido e não reforçar os estereótipos de uma sociedade cheia de injustiça e manchada pelo pecado. Homem e mulher, feitos à imagem e semelhança de Deus, com igual importância e responsabilidade. É urgente a necessidade de mudar a abordagem e contribuir para uma sociedade menos machista, opressora, violenta e abusiva, mais próxima do que seria a vontade do Criador! 

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“Você não deveria ter falado essas coisas em público”, “Você está distorcendo e não soube interpretar”, eles disseram. Se eu tivesse feito uma cartinha, será que essas pessoas se sentiriam acolhidas? Será que essas mulheres teriam tido alguma esperança de que não sofrerão mais?

Quando as pessoas veem que dentro da Igreja Adventista podemos questionar, que não paramos no tempo e que nossos líderes reconhecem os erros e estão dispostos a promover as mudanças, as pessoas percebem que ali se vive de fato o Cristianismo e que esse Cristianismo se importa com as PESSOAS!

Agora, se a omissão persiste, aí sim estarão manchando o nome da instituição! Digo instituição pq a igreja é bem maior que ela! Nós somos igreja e estamos caminhando nesse processo de atualização! A nossa vida testifica um Deus amoroso e justo, que trata todos com igualdade.

Certamente Deus defende sua igreja. Quanto a nós? Quem Ele nos chama para defender? A Bíblia responde: “Abra a boca a favor do mudo, pelo direito de todos os desamparados.” Prov 31:8 e 9

 

1 comentário em “Noiva adventista expõe machismo em curso para casais da IASD”

  1. Sinto cheiro de Feminismo no ar.É preciso tomar sim,cuidado com influências de pensamentos de mulheres como Betty Friedan ,Simone de Beauvoir e outras figuras malignas,do MALIGNO, Movimento Feminista(o que a Igreja não tem feito).O que a Igreja tem que fazer é esclarecer mulheres(principalmente) e homens sobre o nível de destruição satânica desse movimento que tem arrebanhado inúmeras mulheres,inclusive,mulheres ditas cristãs.A figura masculina está sendo demonizada diuturnamente pelos meios de comunicação.O objetivo é acabar com o Patriarcado estabelecido por Deus.Não estou inocentando homens pelos seus erros em suas relações,mas,não podemos simplesmente demonizar a figura do homem e sacralizar a da mulher.“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” Romanos 3.23.Violência existe tanto contra mulheres,quanto contra homens.Cuidado para não ficarmos repetindo o discurso esquerdista/satânico do mundo.A Igreja não é uma ONG!Falemos urgentemente sobre as consequências nefastas do feminismo no mundo.

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