Índice da Série de Estudos: A Plenitude dos Tempos

Opinião Contrária Quanto ao Início dos 2300 Dias/Anos

Demos como conveniente o sétimo ano do rei Artaxerxes como faz o adventismo e vejamos o que sucede.

Sobre este particular, o irmão Clifford Goldstein, in 1844 – Uma Explicação Simples..., escreve que “o grande debate, no mundo teológico, é se esse sétimo ano teria sido em 457 ou 458 aC.”; mas esta é uma questão mal colocada, pois como o próprio autor confirma, o calendário vai de Outono a Outono (p.57). Portanto, o sétimo ano começou no Outono de 458 e acabou no Outono de 457 aC. (de 1 de Tisrhi de 458 a 1 de Tisrhi de 457; logo, não faz sentido perguntar se se trata de um ano ou do outro, pois ambos devem ser considerados). (Cf. Horn e Wood, The Chronology of Ezra 7, Washington, O.C. Review and Herald Publishing Assn, 1953, 1969; e E. G. Kreling, The Brooklyn Museum Aramaic Papyri, London, 1953)[1]. Note como os adventistas raciocinam! O “grande debate no mundo teológico” (adventista!) simplifica-se a discutir uma data. Como pode o adventismo evolucionar?!!! Isto não se pode suster.

O rei, em seu decreto, diz expressamente que todos os israelitas que o desejem podem ir com Esdras a Jerusalém (Esd.7:12.13). A leitura dos textos é necessária para entender o argumento.

A Bíblia diz que esse decreto entrou em vigor desde que o rei o deu (desde a saída; cf. Da.9:25). Portanto, primeiro saiu o édito (e começou a contar o tempo das 70 semanas de anos e dos 2.300 dias/anos); depois foi proclamado de modo a que todos os israelitas (do reino persa) o conhecessem e deliberassem (ir ou não para o seu país). Viajaram para Babilónia para se encontrarem (reunirem-se) com Esdras; e depois saíram de Babilónia rumo a Jerusalém. Uma vez ali, passados três dias, começaram a adestrar o que o édito dizia (Esd.7:17; 8: 32-36).

A viagem iniciou-se o dia 1 de Nisán (inícios de Abril de 458/457 a.C.) e chegaram no dia 1 do quinto mês (ou seja, fins de Julho e inícios de Agosto 458/457 a.C.[2]) (Esd.7:9). Feitas as contas, demoraram uns três meses e meio aproximadamente, se descontamos os dias que estiveram detidos, conforme lemos em Esdras 8:14-31.

O édito teve de sair, pois, o mais tardar, no Outono do ano 458 aC. (inícios do sétimo ano de Ataxerxes[3]).   Agora bem, precisamos compreender que rigorosamente não há uma data específica para a saída do decreto e que estamos mais bem perante um processo do que uma data inequívoca (evidente). A irmã Ellen tem uma apreciação muito coerente acerca disto; ela escreve o seguinte:

“No capítulo 7 de Esdras acha-se o decreto. Esd. 7:12-26. Em sua forma completa foi promulgado por Artaxerxes, rei da Pérsia, em 457 antes de Cristo. Mas em Esdras 6:14 se diz ter sido a casa do Senhor em Jerusalém edificada 'conforme o mandado [ou decreto, como se poderia traduzir] de Ciro e de Dario, e de Artaxerxes, rei da Pérsia'. Estes três reis, originando, confirmando e completando o decreto, deram-lhe a perfeição exigida pela profecia para assinalar o início dos 2.300 anos. Tomando-se o ano 457 antes de Cristo, tempo em que se completou o decreto, como data da ordem, viu-se ter-se cumprido toda a especificação da profecia relativa às setenta semanas”. (Cristo em Seu Santuário, p.55). (Sublinhado e destacado por nós).

De igual modo, o retorno foi um procedimento demorado e com altos e baixos (Neemias chegou em Jerusalém só no vigésimo ano de Artaxerxes, e portanto, treze anos após a chegada de Esdras). Haveria que contar preferentemente este decreto (Ne. 2: 1 ss), dado no vigésimo ano de Artaxerxes (445 aC./44), o único que menciona literalmente a reconstrução da cidade e do muro. Porque deveras em sua forma completa foi promulgado no vigésimo ano do rei. O decreto de 457 foi para o embelezamento do templo e restauração do culto (Esd.7:27). Ora, Daniel 9 alude mais bem à restauração e edificação de Jerusalém, pelo que seria mais conveniente o ano 445 aC. Mas estes detalhes são secundaríssimos para a leitura historicista (uma estratégia pedagógica!). Até porque o édito de Ciro foi o primeiro – e portanto aquele que cumpriu as exigências implícitas no texto de Daniel 9 (cf. Is.44:28, 45:13).

Esta ambiguidade não permite contudo, alterar o sentido do texto, que expressamente aponta para a “saída da ordem” como o ponto inicial. Ellen escreve:

“Não se percebeu a princípio que, se o decreto não tivesse sido baixado no princípio do ano 457 a.C., os 2.300 anos não se completariam no fim de 1843. Verificou-se, porém, que o decreto fora emitido próximo do final do ano 457 a.C., e, portanto, o período profético deveria atingir o outono do ano 1844”. (Vida e Ensinos, p.50). (Sublinhado por nós).

Note, que quando a irmã White fala de uma “entrada em vigor” pensa de facto na saída da ordem (quando ela foi emitida); são duas formas de dizer o mesmo:

O decreto de Artaxerxes entrou em vigor no outono de 457 antes de Cristo”. (Cristo em Seu Santuário, p.55).

Ela diz que o decreto foi emitido próximo do final do ano 457 aC. (o que é incorrecto, como se demonstrou) e que o decreto entrou em vigor no Outono de 457; quer dizer, na sua perspectiva não existia nenhum intervalo de tempo entre o “ser emitido” e a “entrada em vigor”, como hoje pretendem alguns desesperadamente (na tentativa de salvar o falhanço aritmético, não enxergando que as datas são tão-só marcos, padrão cronológico e por isso mesmo, simplesmente aproximativas). Que existiam erros nestes cálculos é algo bem admitido; porém persiste-se em jogar com cifras. Ellen escreve:

Vi o povo de Deus, com alegria, em expectação, aguardando o seu Senhor. Mas era intento de Deus prová-los. Sua mão ocultou um engano na contagem dos períodos proféticos. Aqueles que estavam esperando pelo seu Senhor não descobriram este erro, e os homens mais doutos que se opunham ao tempo também deixaram de o ver.” (Primeiros Escritos, p.236).

“Tenho visto que o diagrama de 1843 foi dirigido pela mão do Senhor, e que ele não deve ser alterado; que as figurações eram o que Ele desejava que fossem, e que Sua mão estava presente e ocultou um engano em alguma figuração, de maneira que ninguém pudesse vê-lo, até que Sua mão fosse removida”. (Primeiros Escritos, p.74). Isto culpa a Deus pelo falhanço? Não, mas primeiramente diz-nos que para Deus os cálculos são secundaríssimos, sem monta.

Guilherme Miller e os milleritas marcaram quatro datas diferentes para a vinda de Cristo[4]. Porquê? Porque atrasaram três vezes o começo das setenta semanas até estabelecerem o Outono do ano 457 aC. Mas esta última aritmética é desastrosa. Porquê? Porque a ordem a que se refere Daniel saiu um ano antes, em Outono de 458 aC. Portanto, contados desde 458 chegamos a 1843, mas não a 1844. Considere o gáfico que apresentámos.

Os adventistas sustentam que o édito saiu no sétimo ano de Ataxerxes e que é desde aí que devemos começar a contar as setenta semanas e o período dos 2.300 dias/anos. Todavia, para chegarem a 22 de Outubro de 1844 devem partir desde 10 de Outubro de 457 a.C. Isto contradiz Daniel 9:25, que diz que a contagem deve começar com a saída do édito, o qual sabemos que não poderia ter saído depois de 1 de Nisán de 457 (Abril/Março), pois nessa data os israelitas meteram-se a caminho. Também contradiz a própria cronologia adventista, pois, se por um lado sustenta que o édito saiu no sétimo ano do rei (458/457 a.C.), começa a sua aritmética a partir do oitavo ano do rei Ataxerxes (457/456 a.C.). Arrancando do sétimo ano chegamos a 1843; jamais a 1844 (para tal há que partir do oitavo). Além do mais é inequívoco que o 1º ano do rei Ataxerxes começou em 464 aC, pelo que e segundo o modo de contar os anos, o seu primeiro ano decorreu de 1 de Tishri de 464 a 1 de Tishri de 463.

O importante não reside na minúcia do esboço cronológico que na época se elaborou, senão no efeito do movimento millerita, na recuperação da fé genuína. A teoria do Santuário é uma parábola riquíssima em significação teológica, mas deve ser reformulada à luz da epístola aos Hebreus e da restante tradição bíblica. A cronologia é dispensável (relegada para segundo plano), porquanto pertence ao lendário do trajecto millerita, decalcada do princípio dia/ano (um estratagema bíblico de leitura das profecias). O adventismo é um fortuito feliz, não é “algo” exclusivo e destinado; mas sobretudo o resultado ditoso (happy end) de um colossal desapontamento. Quer dizer: só é “algo” porque Deus se intrometeu (neste sentido seria profético). Tristemente, encalhou e converteu-se num movimento partidário e sectário (acusador dos “irmãos”!) e heterodoxo.

O leitor não desconceitue o que escrevemos. O desígnio é evidenciar os embaraços de cálculos literalistas. Assim, do que se disse acima, facilmente se deduz a impossibilidade de cômputos exactos – mas a alegoria historicista tampouco o exige; portanto, embora não se possa establecer uma data específica, subsistem elementos que permitem uma estimativa ou avaliação aproximada: a ordem completou-se no sétimo ano de Artaxerxes, o qual acabou em 1 de Tishri de 457. Se é certo que não podemos contar desde 10 de Tishri de 457, porque estaríamos começando no oitavo ano do rei (e não do sétimo), o adventismo não tem porque insistir na data de 22 de Outubro de 1844; é necessário entender que os acontecimentos celestiais “sucedem” na eternidade e que qualquer data é unicamente um padrão, uma referência temporal (desde a perspectiva humana). A importância não reside na cronologia em si, mas na doutrina proposta (a qual deve ser reformulada à luz da “carta” aos Hebreus, onde se diz que se trata de uma parábola: 9:9).

[1] O cânon de Ptolomeu estabelece o ano em que Artaxerxes começou a reinar (464 aC.) e não o seu sétimo ano. Miller ao assumir que os 2300 dias/anos começavam no sétimo ano do rei Artaxerxes, teve de calcular esse sétimo ano a partir de 464 aC. subtraindo 7 de 464 (o primeiro ano oficial de Artaxerxes); depois subtraiu 457 de 2300 e obteve o ano de 1843. Mas a aritmética de Miller, aparentemente correcta, é falsa. Se seguimos o mesmo critério para encontrar o 2º ano do reinado de Artaxerxes, subtraímos 2 de 464 e o resultado é 462 aC. Mas o 2º ano de Artaxerxes começou em 463 aC. (não em 462 aC.). Por sua vez, o 7º ano do rei começou em 458 aC. e não em 457 aC. Miller contava os anos segundo o calendário litúrgico, pelo que esperava a vinda de Cristo entre Março/Abril de 1843 e Março/Abril de 1844. Todavia Miller estava equivocado, pois começou a contar um ano mais tarde, ou seja, em 457 aC. Como o 7º ano de Artaxerxes começou em 458 aC., apreciando o raciocínio millerita concluímos que os 2300 dias/anos deveriam acabar em Março/Abril de 1843 (12 meses antes!).

[2] O CD-ROM “Obras de Ellen G. White inclui esta nota à p.55 do livro “Cristo em seu santuário”:

“De acordo com o sistema judaico de contagem, o quinto mês (Ab) do sétimo ano do reinado de Artaxerxes foi de 23 de julho a 21 de agosto de 457 a.C. Depois da chegada de Esdras a Jerusalém no outono do ano, o decreto do rei entrou em vigor. Para a certeza da data 457 a.C. como sendo o sétimo ano de Artaxerxes. Ver S. H. Horn e L. H. Wood, The Chronology of Ezra 7 (Review and Herald, 1953 e 1969; E. G. Kraeling, The Brooklyn Museum Aramaic Papyri, págs. 191-193; Seventh-day Adventist Bible Commentary, vol. 3, págs. 97-100”. Note como se pretende contornar a situação: em vez de ler com a Bíblia, “desde a saída do édito” pretende-se começar a contar depois da chegada; mas ainda assim, como a coisa não cola, pois chegaram no mês Ab, solapam o assunto esticando a cronologia até ao ponto que lhes interessa, no Outono, e vêem-se obrigados a falar de uma hipotética “entrada em vigor”. Esta barafunda simplesmente não passa no teste. Os judeus não sairiam se o édito não tivesse sido proclamado e entrado imediatamente em vigor, como aliás se lê no livro de Esdras. Por outro lado, ainda supondo isso, o dia 10 de Tishri do ano 457 aC. caiu no 8º ano de Ataxerxes e não no 7º ano como se pretende. Não há ponta por onde pegar, senão reconhecer humildemente o erro aritmético. Lamentavelmente, em vez disso, continua-se a forjar todo o tipo de ziguezagues e labirintos.

[3] A irmã White desconhecia a contagem dos anos e entendia-os como os anos do nosso calendário gregoriano; por isso, ela fala do início e do fim do ano 457 como sendo o sétimo ano do rei Ataxerxes, e não compreendia que o sétimo ano correspondia a 1 de Tishri de 458 a 1 de Tishri de 457. Assim, escreve de modo equívoco:

Não se percebeu a princípio que, se o decreto não tivesse sido baixado no princípio do ano 457 a.C., os 2.300 anos não se completariam no fim de 1843. Verificou-se, porém, que o decreto fora emitido próximo do final do ano 457 a.C., e, portanto, o período profético deveria atingir o outono do ano 1844”. (Vida e Ensinos, p.50).

[4] "Recordaremos que Miller y otros que intentaron hallar una fecha definida para el fin de los dos mil trescientos años, al principio decían 'alrededor de 1843'. Más tarde, señalaron como límite del tiempo el 21 de marzo y luego el 18 de abril de 1844, que era la fecha en que terminaba el año judío 1843. El tiempo pasó sin que ocurriera nada extraordinario. Este primer chasco fue un golpe terrible para los creyentes y fue seguido por un período de silencio, (...)". (Historia de Nuestra Iglesia, págs. 149, 150).


Resposta do Editor do Site Concerto Eterno

O esquema profético das 2.300 tardes e manhãs e das 70 semanas está firmado atualmente sobre sólidas bases bíblico-científicas.

Não resiste mais a acusação contra o ano 457 A.C., pois a dúvida em torno de 458 A.C. e 457 A.C. pode ser solvida pela localização do ano exato da morte de Jesus, conforme está demonstrado na Série de Estudos “A Plenitude dos Tempos”. Retrocedendo 486,5 anos desde a primavera do ano 31, chega-se ao outono de 457 A.C.. Isso elimina qualquer dúvida sobre o assunto e condiciona a real interpretação de Daniel 9:25 (“desde a saída da ordem”).

Para melhor entendimento sobre o ponto de partida dos períodos proféticos, seria bom que o leitor analisasse cuidadosamente as anotações a seguir:

1) Deus decreta em Seus conselhos que o momento apropriado para a libertação dos judeus e para a reconstrução da cidade chegou. Para tanto, suscita a Ciro para cumprir Seus propósitos (Isaías 45:13; 2 Crônicas 36:22 e 23; e Esdras 1:2). Do Céu sai a “ordem”, mas esta ainda não possui o condão de dar início aos períodos de Daniel 8 e 9, pois precisa encontrar um decreto humano correspondente que lhe dê efetividade.

2) Depois da tomada de Babilônia, Ciro decreta a libertação dos judeus e a reconstrução do Templo (Esdras 1:1-4). Em virtude do mesmo, Zorobabel retorna a Jerusalém e dá início aos trabalhos de restauração. A “ordem” sai, mas ainda está distante da data definida pela contagem regressiva das 69,5 semanas proféticas desde o ano 31, que é 457 A.C..

3) Posteriormente, os trabalhos de reconstrução são interrompidos e só são retomados por instância dos profetas Ageu e Zacarias (Esdras 5:1 e 2). Diante disso, os adversários dos judeus questionam a Dario I sobre a legalidade da obra. Em resposta, Dario confirma o decreto de Ciro, assinando mais uma ordem (Dario 6). A “ordem” sai, mas esta ainda não está completa. Se estivesse, Esdras não teria feito uma menção anti-natural do decreto de Artaxerxes no capítulo 6, versículo 14. Ora, as circunstâncias em que foi dado este terceiro decreto, bem como seu conteúdo, só aparecem em Esdras 7. Mas, querendo enumerar as etapas sucessivas que conduziram à completa restauração do Templo, ele incluiu também o decreto de Artaxerxes. Sem esse último decreto, a “ordem” de Daniel 9:25 não estaria aperfeiçoada. Portanto, para fins de cálculo profético, o mandado do Deus de Israel, o decreto de Ciro, o decreto de Dario e o decreto de Artaxerxes se somam para formar a “ordem” mencionada pelo anjo Gabriel para o início das 70 semanas.

4) O decreto de Artaxerxes foi o único que concedeu aos judeus certa autonomia política, o que também o distingue dos demais (Esdras 7:25 e 26). A data exata desse decreto não é mencionada na Bíblia. Portanto, poderia ter sido expedida em qualquer momento antes de primeiro de Nisan de 457 A.C., quando Esdras deu início a sua jornada. Não há nada que vincule a edição desse decreto com o outono de 458 A.C.. Tal associação é uma arbitrariedade, fruto de mera imaginação.

5) Esdras sai de Babilônia no primeiro dia do primeiro mês e chega a Jerusalém no primeiro dia do quinto mês (Esdras 7:7-9). Tudo isso ocorre em 457 A.C., que, nessa faixa do ano, representa o sétimo ano de Artaxerxes.

6)  Embora Daniel 9:25 afirme que os períodos se iniciam com “a saída da ordem para restaurar e edificar Jerusalém”, é importante observar que o cálculo astronômico aponta para o Dia da Expiação como o ponto de partido exato. Isso se baseia não somente na indicação da purificação do santuário em Daniel 8:14 como também no cálculo retroativo a partir do meio da septuagésima semana, no qual deveriam cessar o “sacrifício e a oferta de manjares”. Cristo morreu na primavera, em 15 de Nisan; portanto, o início do período só poderia cair no outono, em 10 de Tishri. Informações mais detalhadas sobre o assunto estão disponíveis no estudo 6 de “A Plenitude dos Tempos”: “O Meio da Septuagésima Semana”.

7) O vigésimo ano de Artaxerxes não poderia ser tomado como ponto de partida dos períodos proféticos por 2 razões principais: 1) as cartas entregues pelo rei a Neemias eram de caráter meramente pessoal, não possuindo, portanto, o mesmo status dos 3 decretos anteriores (ver pergunta 5 do apêndice ao estudo 2); e 2) além disso, o vigésimo ano de Artaxerxes (445/444 A.C.) não permitiria uma perfeita harmonia no cálculo da profecia, deslocando o meio da última semana para bem depois do ano 31.

Análise de Certas Afirmações.

As declarações examinadas a seguir foram enviadas pelo estimado irmão Ernesto Sarmento.

“A Bíblia diz que esse decreto entrou em vigor desde que o rei o deu (desde a saída; cf. Da.9:25).” (sic.) Com todo o respeito que merece o autor dessa citação, é necessário dizer que ela não procede. Daniel 9:25 não diz que o “decreto entrou em vigor logo que o rei o deu”. Diz apenas que os períodos proféticos começariam com “a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém”. O momento em que o decreto de Artaxerxes entrou em vigor deve ser definido a partir de outras passagens.

“O édito teve de sair, pois, o mais tardar, no Outono do ano 458 aC. (inícios do sétimo ano de Ataxerxes[3]).” (sic.) Isso é uma arbitrariedade, cuja origem está na errônea suposição de que os cômputos proféticos devem começar dentro do sétimo ano de Artaxerxes. O cálculo correto, feito de forma retroativa desde o ano 31, indica o outono de 457 A.C., que já está inserido no oitavo ano de Artaxerxes.

“Os adventistas sustentam que o édito saiu no sétimo ano de Ataxerxes e que é desde aí que devemos começar a contar as setenta semanas e o período dos 2.300 dias/anos. Todavia, para chegarem a 22 de Outubro de 1844 devem partir desde 10 de Outubro de 457 a.C.” (sic.) Isso também está errado, pois os períodos não se iniciam em 10 de outubro, mas, sim, em 10 de Tishri.

“O leitor não desconceitue o que escrevemos. O desígnio é evidenciar os embaraços de cálculos literalistas. Assim, do que se disse acima, facilmente se deduz a impossibilidade de cômputos exactos...” (sic.) Aqui, nem há muito para se comentar, pois o site “Concerto Eterno” foi desenvolvido justamente para demonstrar o contrário, a saber, que é possível montar um esquema cronológico consistente e preciso a partir das cifras de Daniel 8 e 9.

Em que Momento entrou em Vigor o Decreto de Artaxerxes?

“Os judeus não sairiam se o édito não tivesse sido proclamado e entrado imediatamente em vigor, como aliás se lê no livro de Esdras.” (sic.)

Isso está correto. Do ponto de vista jurídico, o decreto de Artaxerxes entrou em vigor logo que foi expedido; doutra sorte, a jornada de Esdras não poderia ter acontecido. Aliás, a ordem para a saída dos judeus aparece no próprio corpo do decreto (Esdras 7:13), confirmando a idéia de que a ordem já estava em vigor, pelo menos, desde o início de 457 A.C..

Se isso é verdade, em que sentido teria a senhora White usado a expressão “entrou em vigor” para se referir ao outono de 457 A.C.? O grande problema reside na acepção da palavra “ordem”, empregada por Ellen G. White.

O decreto de Ciro foi uma ordem. O decreto de Dario também foi uma ordem. O mesmo pode ser dito do decreto de Artaxerxes. Mas, quando a senhora White fala em “ordem”, sua referência não é simplesmente a um ou outro desses decretos, mas ao conjunto dos 3. Em outras palavras, Ellen G. White não está tratando apenas do decreto de Artaxerxes ao afirmar que a “ordem” “entrou em vigor” no outono de 457 A.C.; isso seria descabido, pois quando Esdras saiu de Babilônia, em primeiro de Nisan, o edito já estava vigorando. O trecho a seguir dá o verdadeiro sentido dos dizeres do Espírito de Profecia:

“A ordem para restaurar e edificar Jerusalém, confirmada pelo decreto de Artaxerxes Longímano (Esd. 6:14; 7:1), entrou em vigor no outono de 457 a.C..” O Desejado de Todas as Nações, p. 233.

Ou seja, sob o prisma jurídico, o decreto de Artaxerxes realmente entrou em vigor antes de primeiro de Nisan de 457 A.C.; mas, do ponto de vista profético, a “ordem” de Daniel 9:25, que tem no decreto de Artaxerxes a última etapa de seu desenvolvimento legislativo, só alcançou seu momento culminante no Dia da Expiação após o retorno de Esdras. Esse raciocínio, como já foi explicado, não somente se exige da menção à purificação do santuário em Daniel 8:14, como também da inter-relação entre Daniel 9:25 e 27.

Convite.

Os que desejaram maiores informações sobre o assunto não devem deixar de visitar o site Concerto Eterno. Nele, o leitor sincero terá a oportunidade de conhecer melhor os períodos proféticos de Daniel 8 e 9 e o fantástico auxílio proporcionado pela Astronomia para a comprovação da fé cristã-adventista. -- Henderson H. L. Velten, Editor do Site “Concerto Eterno”

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