Início das 2.300 Tardes e Manhãs: 457 ou 458 AC?

O autor do site http://www.concertoeterno.com elabora um estudo interessante, mas haveremos de considerar que não faz sentido falar de 457, pois o sétimo ano abrange uma parte do ano 458 e outra do ano 457.

Se o sétimo ano decorreu, segundo escreve o autor, de 458 a 457 e se a chegada de Esdras a Jerusalém foi no dia 1º dia do 5º mês, e se o ano vai de Outono a Outono, começando em 1 de tishri, então o 10º dia de tishri já pertence ao 8º ano do rei. Isto é inequívoco. Mas, considerando que Esdras chegou no 5º mês, o decreto saiu antes.

Assim deveríamos aceitar o dia 10 de tishri do 7º ano, ou seja, ainda em 458. Os 2300 anos acabariam em 1843. Sobre a data da morte de Cristo, falaremos depois.

Para chegar a 1844, temos de partir do 8º ano!

“Em resumo, 2 condições precisam ser atendidas para que o ano 457 A.C. possa ser estabelecido:
- A utilização do calendário civil judaico, de outono a outono, por Esdras;
- A ascensão de Artaxerxes depois de primeiro de Tishri em 465 A.C..”

Um abraço,

Ernesto Sarmento


“Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém...” Daniel 9:25.

“Desde a saída da ordem”. Na má compreensão dessas palavras parece estar a raiz de muitos dos equívocos que têm sido cometidos sobre os períodos proféticos de Daniel 8 e 9. Sempre foi ensinado aos adventistas que as 2.300 tardes e manhãs começaram com o decreto de Artaxerxes I, o qual teria sido expedido no sétimo ano de seu reinado. Sobre esta última data, é importante dizer, no entanto, que os autores adventistas têm afirmado mais do que a documentação histórica disponível permite assegurar, pois não é conhecido o ponto exato em que o rei persa assinou seu decreto. Além disso, existe outro problema ainda maior.

Os adventistas do sétimo dia têm vinculado a “ordem” de que trata Daniel 9:25 apenas com o decreto de Artaxerxes. Isso tem impedido que o assunto seja analisado de um ponto de vista mais amplo, gerando várias dificuldades para o esquema profético que leva a 1.844.

Como está demonstrado na pergunta 5 do apêndice ao estudo 2, na Série de Estudos “A Plenitude dos Tempos”, a “ordem” mencionada pelo anjo Gabriel abrange muito mais que o simples decreto de Artaxerxes. A “ordem” de Daniel 9:25 é cumulativa. Ela primeiramente parte de Deus. É o próprio Deus Quem, acima dos governantes humanos, decreta a reconstrução da cidade. Isso não é dito aqui para embelezar o assunto ou para romanceá-lo, mas para que todos os dados escriturísticos sejam considerados. Em Daniel 9:23, a palavra “ordem” é aplicada a uma manifestação da vontade de Deus. E Esdras 6:14 claramente atribui a reconstrução do Templo a um mandado divino. Portanto, a “ordem” de Daniel 9:25 sai primeiramente de Deus.

Mas isso ainda não permite iniciar a contagem dos períodos proféticos, pois é necessário que um rei humano atenda à vontade do Céu e baixe um decreto. Em Isaías 45:13, está escrito: “Eu, na Minha justiça, suscitei a Ciro e todos os seus caminhos endireitarei; ele edificará a Minha cidade e libertará os Meus exilados, não por preço nem por presentes, diz o SENHOR dos Exércitos.”. O decreto de Ciro traz as seguintes palavras:

“Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O SENHOR, Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra e me encarregou de Lhe edificar uma casa em Jerusalém de Judá.” Esdras 1:2. Ver também 2 Crônicas 36:22 e 23.

O decreto de Ciro (538/537 A.C.), permitindo que Zorobabel, acompanhado de um grande número de judeus, voltasse a Jerusalém, foi baixado por vontade direta de Deus. Percebe-se aí uma ordem divina somada a um decreto humano. Depois disso, aparece o decreto de Dario I Histaspes, cujo objetivo foi o de confirmar o mandado de Ciro (Esdras 6). Mas, a “ordem” a que Daniel 9:25 se refere só vem a se completar com o decreto de Artaxerxes I, que não somente permitiu que os muros de Jerusalém fossem reconstruídos (Esdras 9:9) como também concedeu certa autonomia política aos judeus (Esdras 7:25 e 26).

E o que significa a palavra “saída”? Essa palavra, quando relacionada a um decreto, só pode se referir ao momento em que este é assinado ou expedido. Quando foi expedida a ordem de Daniel 9:25? Bem, quando Deus levantou a Ciro com o propósito de libertar os cativos judeus, houve uma “saída da ordem”, mas esta ainda não estava completa. Em outras palavras, embora uma ordem fosse expedida, os períodos proféticos ainda não poderiam começar. Depois disso, veio o decreto de Dario, o qual apenas confirmou as estipulações do decreto anterior. Em seguida, veio o decreto de Artaxerxes, com o qual a “ordem” se completou.

Mesmo assim, a contagem ainda não poderia ter início. Mas, por que não? Porque a “saída da ordem” é apenas um requisito para o início dos períodos proféticos de Daniel 8 e 9. Não basta que apenas esse requisito seja cumprido. Mas, onde está o outro requisito? Em Daniel 9:25, só consta um. Sim, é verdade que ostensivamente a Bíblia só fale em “saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém”. Mas, quando a passagem de Daniel 8:14, que fala da purificação do santuário, é levada em consideração, percebe-se que os períodos proféticos só poderiam começar num Dia da Expiação. Este é o segundo requisito. Ele está um pouco mais oculto e só pode ser percebido através do cálculo astronômico (estudo 6 de “A Plenitude dos Tempos”), mas, assim mesmo, é uma condição para o início dos períodos proféticos.

Reunindo as informações de Daniel 9:25 e Daniel 8:14, entende-se que os períodos proféticos só poderiam começar no Dia da Expiação, depois que a ordem, em sua forma completa, fosse promulgada. Quando saiu o decreto de Artaxerxes? Em algum ponto anterior a primeiro de Nisan no ano de 457 A.C.. Quando começaram as 2.300 tardes e manhãs? No primeiro Dia da Expiação após aquele decreto. Isso foi em Tishri de 457 A.C.. Avançando 2.300 anos a partir disso, chega-se ao outono de 1.844 A.D.. Assim, para uma compreensão do assunto, é importante que o leitor não fixe seus olhos apenas na palavra “saída” de Daniel 9:25; deve ele notar a existência de um outro requisito que também precisa ser preenchido para o início da contagem dos períodos proféticos: o Dia da Expiação.

“Dentro desse raciocínio”, alguém poderia objetar, “por que não considerar o décimo dia do sétimo mês em 458 A.C. como a própria data em que o decreto foi expedido (ou assinado)?” Esse não pode ser o caso pelas razões elencadas a seguir:

1)     Colocar a assinatura do decreto no décimo dia do sétimo mês em 458 A.C. seria uma arbitrariedade, pois não existe nenhuma afirmação bíblica ou documento antigo que justifique tal entendimento. Seria necessário que alguma fonte da Antigüidade atestasse isso, o que definitivamente não existe.

2)     Além disso, fixar o início dos períodos proféticos no outono de 458 A.C. faria com que o meio da septuagésima semana caísse no ano 30. Ocorre que esta data não admite a conjugação de uma Sexta-feira com um 15 de Nisan, o que a desqualifica como o ano da morte do Salvador.

“Mas, se os períodos proféticos começaram no Dia da Expiação do ano 457 A.C., então não é correto falar em sétimo ano do rei Artaxerxes, pois, de primeiro de Tishri em diante, o ano 457 A.C. já seria o oitavo daquele rei.” Sim, isso está absolutamente certo. Os períodos de Daniel 8 e 9 começaram no oitavo ano de Artaxerxes. Isso, no entanto, não quer dizer que o estudo 7 de “A Plenitude dos Tempos” esteja errado. O que se discute ali não é o ponto exato em que o cálculo da profecia deveria começar, mas o ano da viagem de Esdras e esta aconteceu, de fato, no sétimo ano de Artaxerxes.

Ellen G. White e o Sétimo Ano de Artaxerxes.

A senhora White sempre foi muito cuidadosa ao tratar desse assunto. Por causa disso, seus comentários estão em perfeita harmonia com as informações hoje disponíveis. A seguir, transcrevem-se alguns trechos de sua autoria:

“No capítulo 7 de Esdras acha-se o decreto (Esd. 7:12-26). Em sua forma completa foi promulgado por Artaxerxes, rei da Pérsia, em 457 antes de Cristo. Mas em Esdras 6:14 se diz ter sido a casa do Senhor em Jerusalém edificada ‘conforme o mandado [ou decreto, como se poderia traduzir] de Ciro e de Dario, e de Artaxerxes, rei da Pérsia’. Estes três reis, originando, confirmando e completando o decreto, deram-lhe a perfeição exigida pela profecia para assinalar o início dos 2.300 anos. Tomando-se o ano 457 antes de Cristo, tempo em que se completou o decreto, como data da ordem, viu-se ter-se cumprido toda a especificação da profecia relativa às setenta semanas.” O Grande Conflito, p. 326.

Absolutamente certo. Observe-se, em primeiro lugar, que a senhora White não diz que os 2.300 anos começaram no sétimo ano de Artaxerxes. O compromisso dela é com o ano 457 A.C. e, em todos os seus escritos, a data é empregada coerentemente. Além disso, a senhora White demonstra claramente que a “ordem” de Daniel 9:25 não se restringe apenas ao decreto de Artaxerxes. Para ela, Ciro iniciou o decreto, Dario o confirmou e Artaxerxes lhe deu a forma completa exigida pela profecia.

“Verificara-se que os 2.300 dias começavam quando a ordem de Artaxerxes para a restauração e edificação de Jerusalém entrou em vigor, no outono de 457 antes de Cristo. Tomando isto como ponto de partida, havia perfeita harmonia na aplicação de todos os acontecimentos preditos na explicação daquele período de Daniel 9:25-27.” O Grande Conflito, p. 410. Tanto nesta citação como em outras de sua autoria, Ellen G. White é insistente ao declarar que o outono do ano 457 A.C. deve marcar o início das 2.300 tardes e manhãs e das 70 semanas.

Alguns poderiam argumentar que, no trecho acima, a senhora White não defende o outono de 457 A.C. para o início dos cômputos proféticos, mas que apenas o menciona para relatar a experiência passada do povo adventista. Esse, contudo, não é o caso, pois, em outras citações, em que não se verifica a intenção de contar a história do Movimento Millerita, a mesma data é empregada e afirmada: “A ordem para restaurar e edificar Jerusalém, confirmada pelo decreto de Artaxerxes Longímano (Esd. 6:14; 7:1), entrou em vigor no outono de 457 a.C..” O Desejado de Todas as Nações, p. 233.

Em suma, não há nenhuma citação do Espírito de Profecia que vincule o início dos períodos proféticos com o sétimo ano de Artaxerxes. Quanto a esse pormenor, Ellen G. White foi extremamente cautelosa. É certo que ela diz que o decreto foi expedido em 457 A.C. (G.C., pp. 326, e P.R., p. 607), mas em nenhum momento diz ter sido esse o ponto de partida dos períodos de Daniel 8 e 9. Para ela, como já foi mostrado, tais cômputos só se iniciaram quando o decreto entrou em vigor, isto é, no outono. Aliás, é necessário esclarecer que a carência de informação relativa ao momento em que o decreto foi assinado refere-se a documentação bíblica e/ou histórica e não aos escritos de Ellen G. White. Pelo Espírito de Profecia, o decreto foi expedido em algum ponto entre primeiro de janeiro e primeiro de Nisan do ano 457 A.C..

De fato, o tema é empolgante e deveria ser cuidadosamente examinado por todo filho de Deus, pois dele depende a firmeza da fé do advento. -- Henderson H. L. Velten, Editor do site "Concerto Eterno".

Índice da Série de Estudos: A Plenitude dos Tempos
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