Lição do Próximo Trimestre Esclarece Daniel 8

Daniel 8 continua a desenvolver elementos que haviam sido explicados nos capítulos 2 e 7. Mas aqui o símbolo da Medo-Pérsia é um carneiro com dois chifres - apropriadamente, um mais alto do que o outro. O segundo animal é um bode, novamente identificado especificamente. Este é o reino da Grécia - que, evidentemente, ainda deveria vir, uma identificação incrivelmente específica dada pelo anjo ao profeta Daniel. A partir das quatro divisões da Grécia (chifres), desenvolveu-se o Império Romano.

Agora o profeta entra em detalhes que atravessam a linha entre a história secular e o conflito cósmico entre o bem e o mal. Um daqueles chifres começa a engrandecer-se contra o próprio exército do Céu. Novamente voltamos ao poder que há muito foi identificado como o papado. Cresceu a partir do colapso do Império Romano e transformou-se em um poder religioso, fazendo grandes alegações contra os próprios poderes do Céu.

Existe uma interpretação alternativa para este poder do chifre pequeno, que obteve algum crédito durante a Contra-Reforma e ainda é defendida hoje. Ela identifica o chifre como Antíoco Epifânio, um governador que, em 68 a.C., profanou o templo judeu. Esta posição está obviamente fora de sintonia e discorda da explicação maior neste e em outros capítulos de Daniel, que identificam grandes reinos - grandes forças - nos eventos do fim dos tempos e não apenas um governante localizado. Mais importante ainda para intenção da Contra-Reforma, esta interpretação tende a evitar que o estudante da Bíblia identifique o papado e suas alegações contra a verdade.

De fato, o próprio contexto deixa claro que este símbolo não poderia ser aplicado a Antíoco Epifnio. Depois de uma discussão de como este chifre pequeno se oporia à verdade, é revelado que ele teria permissão para fazer isso por "duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado". Dan. 8:14, ARA. Daniel diz que buscou entender o significado de tudo isso. Uma voz chamou e disse: "Gabriel, dá a entender a este a visão. Veio, pois, para perto donde eu estava; ao chegar ele, fiquei amedrontado e prostrei-me com o rosto em terra; mas ele me disse: Entende, filho do homem, pois esta visão se refere ao tempo do fim". Vs. 16 e 17, ARA. É muito, claro que o tempo do fim é o tempo para o estabelecimento do reino de Deus - Sua segunda vinda e a solução de todo o problema do pecado.

Os primeiros crentes adventistas emocionaram-se com a idéia de que o Senhor viria em 1844 - uma conclusão óbvia para os 2.300 dias. Eles criam que o santuário que deveria ser purificado era a própria Terra - a ser purificada na segunda vinda de Cristo. Neste assunto eles estavam claramente equivocados. Foi a compreensão de Hiram Edson, após um longo e sério estudo da Bíblia, que levou à compreensão de que era o santuário celestial e não a Terra, que seria purificado. Ellen G. White em muitas ocasiões recebeu a confirmação de que esta posição era correta - e claramente é a única condizente com o tipo e o antítipo no ritual do santuário que processava o fardo do pecado.

De vez em quando, algumas vozes se erguem questionando a interpretação de Daniel 8:14. Essas pessoas não conseguem compreender o ritual do santuário que distingue tão claramente a teologia adventista do sétimo dia. Elas atacam quase cada doutrina importante dos adventistas do sétimo dia. A purificação do santuário e o juízo investigativo, em atividade desde 1844, é uma forte confirmação para o trabalho de preparo espiritual tão necessário a cada um de nós. Ignorar o juízo investigativo permite escorregar muito facilmente para a atitude "uma vez salvo, salvo para sempre" e para a graça barata.

O juízo investigativo e seu lugar correto na cronologia do processo de redenção explica com muita clareza a verdadeira ordem dos eventos descritos em Apocalipse, onde uma série de temas é apresentada em seqüência não linear. A correta compreensão da morte como sono é preservada no processo do juízo investigativo e muito ameaçada por algumas das outras explicações sobre o milênio.

Não se pretende dizer, de forma alguma, que cada nuance dessas profecias é clara como um cristal ou, realmente, que está completamente compreendida. A própria Ellen G. White acautelou seus colegas obreiros sobre a controvérsia nessa mesma área. "Tenho palavras a dizer a... todos os que têm sido ativos em insistir em seus pontos de vista relativamente à significação do 'contínuo' de Daniel 8. Isto não deve ser tornado ponto de prova, e a agitação que tem sido ocasionada por ser tratado como tal, tem sido deveras lamentável!" - Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 167.

Mas este poder do chifre pequeno é claramente descrito como desferindo um ataque tanto contra o Céu como contra o ministério no Céu. Alguma coisa neste poder ataca as próprias prerrogativas de Deus.

Como o mundo protestante já sabia, parte da alegação do papado era de ser intermediário entre Deus e a humanidade. Isto apesar do fato de que o próprio Jesus disse que podemos ir diretamente ao Pai por meio dEle. O próprio ato de introduzir um sacerdote, um elemento humano entre Deus e o homem, impede o penitente de compreender claramente a Deus. Então, a igreja romana também acrescentou a esse impedimento outro elemento na deificacão de Maria. Não existe base bíblica para elevar a pura mãe de Jesus à posição de "co-redentora" ou intercessora entre a humanidade e Jesus. Não pode ser coincidência - de fato, tem bastante significado profético - que com o presente ressurgimento do poder católico, o papa João Paulo reabilitou a adoração de Maria.

Embora a presente abertura da sociedade tenha levado muitos católicos individualmente a descobrir algumas alegrias da verdade bíblica, a posição católica romana de intercessão continua praticamente inalterada. Um diagrama em um jornal católico recente mostrava uma seta em linha reta de Deus à humanidade. Esta linha, o jornal afirmava, mostra que os católicos crêem na comunicação direta entre Deus e a humanidade - sem intercessor. Mas na parte superior, a seta passava por um sacerdote e por Maria. Esta é uma deturpação não solicitada e não bíblica das alegres novas do ministério de Cristo.

Jamais devemos permitir que algo se interponha entre nós e nossa comunicação com Jesus, nosso maravilhoso e glorioso Redentor celestial. -- "Auxiliar e Comentários Adicionais" da Lição da Escola Sabatina para Adultos (número 4), do 2º Trimestre de 2002.

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