O Príncipe do Exército Celestial em Daniel 8

DANIEL 8, apesar de ser semelhante a Daniel 7 em muitos aspectos, desenvolve um tema não encontrado em Daniel 7, que é o ataque contra Cristo, não como ser humano na Terra, mas como o Sumo-Sacerdote no santuário celestial.

Daniel 8 utiliza a linguagem do santuário. Os animais usados como símbolos em Daniel 7, por exemplo, são impuros (leão, urso, leopardo), enquanto as imagens usadas em Daniel 8 são de animais puros (bode e carneiro). Da mesma forma, em contraste com os animais de Daniel 7, os animais do capitulo 8 são animais do santuário, os animais usados no serviço do santuário hebraico (precisamente no Dia da Expiação). Empregando esses animais como símbolos de reinos (particularmente em contraste com as bestas usadas no capítulo anterior), Deus parece estar dirigindo a mente do leitor em direção ao santuário, deste modo sugerindo como podemos entender e interpretar a visão.

Uma resenha da história mundial - Dan. 8:1-14

A visão de Daniel 8:1-14 pode ser dividida em quatro eventos importantes, nesta seqüência:

  • Carneiro

  • Bode

  • Chifre pequeno

  • Santuário purificado

Leia do início ao fim a visão nos versos 1-14 tantas vezes quantas sejam necessárias, até perceber claramente esta seqüência.

Ao contrário de Daniel 2 e 7, que começam com o império babilônico, Daniel 8 começa com a Medo-Pérsia. Não se dá nenhuma explicação, mas o mais provável é que a omissão tenha que ver com a época em que Daniel teve a visão, 547 a.C.. Babilônia foi excluída provavelmente porque já estava em declínio, e Deus queria enfatizar os eventos que viriam depois de Babilônia, e não a própria Babilônia.

A visão de Daniel 8 começa com o império medo-persa. Na profecia das 70 semanas de Daniel 9:24-27, as 70 semanas também começam no império medo-persa (veja Dan. 9:1 e 2). Alguns crêem que uma razão por que Daniel 8 excluiu Babilônia e começou com a Medo-Pérsia foi para ajudar a estabelecer o vinculo entre as profecias de Daniel 8 e Daniel 9. Comente esse argumento.

Depois do império medo-persa, surgiu outro poder. Em Daniel 8, ele aparece como um bode e representa a Grécia. Ele até é chamado assim. Dan. 8:21.0 chifre grande entre os olhos é Alexandre, o Grande. O império medo-persa "foi ficando cada vez maior" (v. 4), mas a Grécia, que veio em seguida, "tornou-se muito grande" até pisotear o carneiro. Vs. 7 e 8. Alexandre morreu em 323 a.C., com a idade de 32 anos (v. 8), deixando o império sem um sucessor capaz.

Depois de alguns anos de lutas internas, o império foi dividido entre seus generais. Cassandro tomou a Macedônia; Lisímaco apropriou-se da Trácia e noroeste da Asia Menor; Seleuco reteve a Síria e Babilônia; e Ptolomeu ficou com o Egito. Isso aconteceu exatamente como Daniel profetizou em Daniel 8:8, onde lemos a predição da morte de Alexandre e a divisão de seu império entre seus generais: "O seu grande chifre foi quebrado e em seu lugar cresceram quatro chifres notáveis para ocupar o seu lugar". NKJV

Surpreendente! Daniel viveu no sexto século a.C. e não apenas descreveu a ascensão da Grécia no quarto século a.C., mas mencionou-a pelo nome. Uma profecia dessa natureza fortalece a nossa fé na Bíblia e nos assegura que nosso Deus amoroso não apenas conhece o futuro, mas até o tem em Seu coritrole.

O chifre pequeno - Dan. 8:9,10 e 23-25

Daniel 8 descreveu quatro eventos importantes: o carneiro, o bode, o chifre pequeno e a purificação do santuário. O carneiro era a Medo-Pérsia, e o bode era a Grécia. A seguir, vem o chifre pequeno. A identificação correta do chifre pequeno é de grande importância. Primeiro, ele representa um império que "se tornou muito forte" (Dan. 8:9, ARA), em contraste com a Grécia, que "tornou-se muito grande" (v. 8), e a Medo-Pérsia, que "foi ficando cada vez maior" (v. 4).

Segundo, o chifre pequeno surgiu de um dos quatro pontos cardeais da bússola, não de uma das divisões do império grego, sugerindo que seria outro império.

Convém ler cuidadosamente Daniel 8:9-12 outra vez e observar em que ponto a atividade do chifre pequeno deixa de ser horizontal (militar e político) para ser vertical (espiritual). Qual parece ser o objetivo deste ataque vertical? Estude os textos até entender claramente a mudança por si mesmo.

O chifre pequeno tentou o que nenhum outro poder fez antes: cresceu até os Céus, significando um desafio à autoridade de Deus, o que reflete o mesmo espírito de rebelião que Lúcifer possuia no princípio do grande conflito. Isa. 14:13 e 14.

O ataque do chifre pequeno contra o santuário é descrito em termos militares (compare v. 12). No santuário terrestre, um exército de levitas o protegia contra a profanação. Núm. 18:1-10; I Crôn. 9:27-33. O inimigo teria que combater primeiro a guarda levítica e derrotá-la antes de ter acesso ao santuário propriamente dito, e ao sacerdote em exercício. Este mesmo quadro é usado em Daniel 8.0 chifre pequeno ataca o exército celestial e atira "na terra parte do exército". V 10; então, entra no santuário onde "se exaltou até o nível do Príncipe do exército". V 11.0 chifre pequeno está atacando o Céu e um ministério no Céu.

O chifre pequeno - II (Dan. 8:10-12)

Até agora, este capítulo revelou a seguinte seqúência de eventos: Medo-Pérsia, Grécia, Roma (pagã e papal). Realmente, o chifre pequeno representa Roma em seus aspectos pagão e papal. As passagens que falam da expansão horizontal, política, referem-se à Roma imperial (v. 9), enquanto o crescimento religioso, vertical, designa a segunda fase, papal (vs. 10-12), a parte que Daniel descreve detalhadamente em numerosos versos.

O titulo "Príncipe do exército" ou "Capitão do exército do Senhor" é encontrado em outro lugar na Bíblia (Jos. 5:14), e refere-se a um Ser celestial identificado como o próprio Senhor (Jos. 6:2), o Cristo pré-encarnado. Em Daniel, este Príncipe também é o Filho do homem, Messias, Rei e Sacerdote. Dan. 7:13; 9:25; 12:1. Em Daniel 7, Ele é descrito principalmente como rei, mas, em Daniel 8:11, Ele está em atividade no santuário celestial. O que Daniel 8 mostra é que o chifre pequeno está atacando o próprio Cristo, não como ser humano (como Roma fez em sua fase pagã) mas agora como Sumo-sacerdoie no santuário celestial.

O chifre pequeno tentou controlar o ministério "diário" ou "contínuo" (hebraico ramid) de Cristo no santuário celestial. A maioria das traduções traduz tamki como "sacrifício contínuo", mas a palavra 'sacrifício' não está no original. Nos serviços do santuário, tamid estava associado às diferentes atividades realizadas pelo sacerdote durante seu ministério diário, e apenas em seu ministério diário. Esse termo é usado com relação ao sacrifício diário ou contínuo (Êxo. 29:42), ao pão da proposição (Exo. 25:30), à oferta de incenso (Exo. 30:8) e ao fogo sobre o altar (Lev. 6:13). O ministério diário do sacerdote no lugar santo do santuário terrestre era um tipo do ministério diário de intercessão de Cristo no santuário celestial. E a este aspecto do ofício sacerdotal de Cristo que o chifre pequeno se opõe e ataca.

Falso ministério sacerdotal - Dan. 8:11-13

Embora Roma pagã tenha matado Jesus (Dan. 11:22), Roma papal deu inicio a uma violação contra Ele sob outro ângulo, intefferindo em Seu ministério sumo-sacerdotal no Céu. Mas como o chifre pequeno, poderia atacar a Cristo e Seu ministério no Céu? O que ele fez?

1. "E o lugar do Seu santuário foi deitado abaixo". Uma tradução literal diz: "E o lugar do Seu santuário foi lançado." 'Lugar' refere-se ao fundamento do santuário, usado aqui metaforicamente para designar a essência ou propósito do santuário. O verbo 'lançar' dá a idéia de jogar fora, rejeitar, abandonar. Veja II Reis 7:15. Usurpando a obra sacerdotal de Cristo, o chifre rejeita os fundamentos do santuário celestial como lugar de mediação e perdão.

2. Um exército é colocado sobre o diário. Dan 8:12 poderia ser traduzido como: "A um exército foi entregue o contínuo na transgressão/rebelião". A forma verbal "foi entregue" freqüentemente implica "constituir alguém sobre", "dar o comando a alguém". Veja Daniel 11:21. Portanto, o texto diz que o chifre usurpou o ministério diário de Cristo e então "estabeleceu" ou designou seu próprio exército para o controlar ou ministrar.

3. Lançou por terra a verdade. A verdade da obra de Cristo no santuário celestial (que inclui o plano da salvação) foi descartada por este poder político-religioso, o mesmo poder que aparece em Daniel 7:25 tentando mudar a lei de Deus.

A pergunta de Daniel 8:13 refere-se ao acontecimento que vai pôr fim à série de eventos mencionados no capítulo. Uma tradução literal diz: "Até quando a visão, o diário e a rebelião que provoca desolação..." A "visão e a que foi registrada em 8:1-14, que inclui a Medo-Pérsia e a Grécia; o "diário" e a obra do príncipe do exército (v. 11) e a rebelião é o ataque do chifre pequeno (v. 12). A pergunta refere-se à duração de toda a visão.

"Até duas mil e trezentas tardes e manhãs" (Dan. 8:14, ARA)

A expressão "até duas mil e trezentas tardes e manhãs" define o período que envolve o cumprimento da visão do carneiro, do bode e do chifre pequeno, incluindo o ministério diário de Cristo e o ataque do chifre pequeno sobre Sua obra. (Ver Gên. 1:8 e 13; Êxo. 27:20e 21; Lev. 24:2 e 3) No fim daquele período profético, um importante evento é apresentado: O santuário será purificado (vindicado, restaurado). Este é o evento que dá inicio ao período profético e o evento que o encerra. O que o capitulo não fornece é uma data específica para o inicio do período (isso entra em Daniel 9).

   

A VISÃO

   
Começa      

Termina


2.300 dias
Começa Grécia Roma Diário Começa a
durante a     Rebelião purificação do
Medo-Pérsia       Santuário

Por que os 2.300 dias não poderiam ser dias literais? Daniel 8:10 introduziu o ministério diário de Jesus no santuário celestial; Daniel 8:14 revela o serviço anual, chamado o Dia da Expiação. Levítico 16. Em Daniel 8, são mostradas as duas fases do ministério sumosacerdotal de Cristo, a diária e a anual.

Durante o serviço diário terrestre, o santuário era purificado dos pecados dos israelitas, mas só para aquele ano. No verdadeiro cumprimento desse serviço terrestre, Daniel 8:14 anuncia que, depois de 2.300 anos, Cristo deveria começar uma obra que daria fim ao problema do pecado, não só por um ano, mas por toda a eternidade.

Estudo Adicional

Leia, de Mervyn Maxwell, Uma Nova Era Segundo as Profecias de Daniel, págs. 144-192.

Roma cristã interferiu na obra de Cristo no santuário celestial de diferentes maneiras. Por exemplo, Roma ensina que:

1. A Eucaristia é o sacrifício de Cristo. Por ele "o mesmo Cristo que Se ofereceu uma vez com sangue no altar da cruz está presente e é oferecido sem sangue." - Catecismo da Igreja Católica, pág. 381.

2. O perdão dos pecados não é exclusivamente uma obra de Cristo. "Ele [Cristo] confiou o exercício do poder de absolvição ao ministério apostólico." - Pág. 402. "É pelo sacramento da penitência que os batizados podem ser reconciliados com Deus e com a Igreja." - Pág. 278.

3, Confissão dos pecados aos sacerdotes. "A confissão a um sacerdote é parte essencial do sacramento da penitência." - Pág. 405.

4. O papel mediador exclusivo de Cristo é obscurecido. Maria "é invocada na Igreja sob títulos de Advogada, Auxiliadora, Benfeitora e Mediadora." - Pág. 275.

5. O purgatório faz sombras sobre a obra de Cristo. Depois da morte, os cristãos purificados de forma imperfeita "passam por uma purificação [no purgatório] a fim de alcançar a santidade necessária para entrar na alegria do Céu." - Pág. 28.

"Foi necessária uma luta desesperada por parte daqueles que desejavam ser fiéis, permanecendo firmes contra os enganos e abominações que se disfarçavam sob as vestes sacerdotais e se introduziram na igreja. A Escritura Sagrada não era aceita como a norma de fé." - O Grande Conflito, pág. 45.

PERGUNTAS PARA CONSIDERAÇÃO:

1. Estude as declarações acima a respeito da atividade de Roma. Procure perceber por si mesmo como essas ações na verdade tentam usurpar a obra de Cristo como nosso sumo sacerdote.

2. O humorista britânico Jonathan Swift certa vez escreveu que temos religião suficiente para nos fazer odiar, mas não o suficiente para nos faz amar uns aos outros. Como podemos ensinar essas importantes verdades bíblicas sobre Roma e ao mesmo tempo expressar só amor e nunca ódio?

RESUMO: Deus nos informou sobre a sucessão de remos, a perseguição de Seu povo e o esforço do chifre pequeno para desviar a atenção do mundo da obra de Cristo no santuário celestial. -- Angel Manuel Rodriguez, Lição da Escola Sabatina (Adultos), 4ª Lição do 2º trimestre de 2002, págs 39-50.

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