João Paulo II Pede Esforço Ecumênico pela Paz


Papa mostra preocupação com o Oriente Médio

Na mensagem de Natal, João Paulo II pede aos fiéis de todas as religiões que trabalhem pela paz

CIDADE DO VATICANO - O Papa João Paulo II expressou ontem sua preocupação com o risco de um novo conflito no Oriente Médio. Ele pediu que a "inútil espiral" de violência seja detida para que "se apague no Oriente Médio os sinistros rastros de um conflito que pode ser evitado com o esforço de todos", em clara referência a uma guerra contra o Iraque. João Paulo II fez o pedido em sua tradicional mensagem de Natal, que neste ano pronunciou do átrio da Basílica de São Pedro e não do balcão central do templo, por causa de obras no local.

Em uma manhã chuvosa, cerca de 20 mil fiéis concentraram-se no Vaticano para ouvir a mensagem papal. Eles gritaram e aplaudiram quando o papa, vestido de dourado, foi levado em um veículo branco conversível à praça. O pontífice pediu que o mundo não caia "na indiferença e na desconfiança, embora o trágico fenômeno do terrorismo acrescente incertezas e temores".

João Paulo II, que apresentava aparência frágil, acrescentou que os fiéis de todas as religiões estão convocados a construir a paz e a abandonar qualquer forma de intolerância.

Com essas palavras, ele se referia ao Iraque e aos ventos de guerra que correm sobre o país árabe. Nos últimos dias, o pontífice se mostrou preocupado com o "horizonte de sangue que ameaça explodir com renovada virulência". Esses ventos de guerra que correm pelo Golfo Pérsico deixaram-no muito triste. Ele insistiu que o mundo necessita urgentemente de paz e esta tem de estar baseada na justiça, no amor, na liberdade e na verdade. O Vaticano teme que uma guerra contra o Iraque possa gerar uma cruzada anticristã no mundo muçulmano.

Além do Oriente Médio, o papa também destinou sua mensagem de ontem à América Latina, principalmente a Venezuela e Argentina, "onde crises políticas, econômicas e sociais inquietam várias famílias e nações". Também mencionou a África, destacando carências devastadoras e lutas internas que agravam as condições, já precárias, de povos inteiros. No entanto, ressaltou que não faltam indícios de otimismo.

João Paulo II disse também que Jesus é a salvação do mundo e o menino envolto em fraldas e deitado no presépio é Deus, "que vem ao mundo para guiar nossos passos ao caminho da paz". O papa acrescentou que Jesus é alegria, "apesar da pobreza do presépio, a indiferença do povo e a hostilidade do poder".

Em uma mensagem onde a palavra mais repetida foi "paz", o Bispo de Roma reiterou que o rosto de Jesus pode ser visto nas crianças de todas as raças e culturas, e pediu ajuda a ele para que os cristãos sejam "testemunhas críveis de sua mensagem de paz e de amor".

Depois da mensagem, o pontífice deu a bênção "Urbi et Orbi" (a Roma e a todo o mundo) em 62 idiomas, incluindo o português, árabe, esperanto e latim. A mensagem foi transmitida ao vivo por TVs de 50 países, da mesma forma que a Missa do Galo, celebrada na madrugada de ontem.

Missa - Na tradicional Missa do Galo, João Paulo II emitiu um insistente chamado de amor, paz e esperança no mundo. Falando com voz firme, mas com um aspecto cansado, ele disse que o nascimento de Cristo foi uma mensagem enviada por Deus, cuja validade tem se mantido durante os séculos.

"Os séculos e milênios passam, mas o símbolo se mantém e também segue sendo valioso para nós, os homens e mulheres do terceiro milênio", afirmou o chefe da Igreja Católica.

Ao finalizar a missa, que durou pouco mais de uma hora, o pontífice, que sofre de mal de Parkinson e tem problemas para caminhar, mostrava um aspecto debilitado e respirava com dificuldades. João Paulo II foi levado ao altar da basílica em uma plataforma móvel e durante a última parte da cerimônia permaneceu sentado. (EFE, AFP, AP e DPA)

Fonte: http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2002/12/26/ger009.html

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