Até Quando Rejeitaremos o Novo Concerto que Deus nos Oferece desde 1888?
Comentário da Lição 6, para 8 de fevereiro: Descendência de Abraão

 

Introdução histórica

Graças a Deus pela Escola Sabatina, e pelo Guia de Estudo preparado pela Associação Geral. Que nós, adventistas ao redor do mundo, possamos dirigir juntos a atenção para a lição semanal, dando a Deus a ocasião de operar pela unidade mundial, até que chegamos a estar “unânimes juntos”. Como é importante, portanto, que nossa Lição ensine o mesmo evangelho em sua pureza que levou aos discípulos a estar “unânimes juntos” no Pentecostes (ver Atos 2:1).

As lições da Escola Sabatina podem ser um grande instrumento por meio do qual Deus fale à igreja mundial unida, apresentando a tão esperada mensagem da chuva serôdia com tal clareza e fundamento bíblico, que possa curar nossa atual desunião, levando a igreja para a maravilhosa harmonia a que é chamada.

Nenhuma verdade na Conferência de Mineápolis suscitou maior oposição que o ensino que E. J. Waggoner apresentou sobre os dois concertos. A providência do Senhor permitiu que Waggoner fosse o autor das lições da Escola Sabatina na era de 1888, que tinham por tema o Novo Concerto como as promessas de Deus.

Mas, o que aconteceu? O editor da Review and Herald (Urias Smith) e o presidente da Associação Geral (George Butler) não gostaram das lições de Waggoner, e o povo ficou confundido. O conflito continuou durante toda a década de 1890. Nem o editor da Review nem o ex-presidente jamais abandonaram a oposição, que continuou até as suas respectivas mortes. Em 1907 se produziu outra crise sobre os Concertos, quando tanto a Pacific Press como a Review and Herald (duas editoras adventistas dos EUA) decidiram dar suporte para a posição oposta à apresentada por Waggoner, a fim de suprimir a compreensão de 1888.

 

As três principais propostas daqueles que se opunham à compreensão de Waggoner (o novo concerto como promessas feitas SOMENTE por Deus) foram:

(1) O próprio Deus iniciou o velho concerto, como algum tipo de aperfeiçoamento ao concerto que fizera antes, com Abraão. (Waggoner afirmou que não era assim, que o velho concerto foi iniciado pelo homem, e não alterou nem sequer um detalhe da promessa original de Deus, que Ele mesmo havia confirmado com Seu juramento; Gálatas 3:15-18).

(2) O novo concerto começou na cruz, e o velho concerto terminou ali. Segundo isto, havia duas “dispensaciones” (períodos) em um sentido cronológico sucessivo. (Waggoner explicou como o novo concerto começou no Éden, e o velho quando Adão pecou e tentou justificar a si mesmo. Os dois concertos se extendiam simultaneamente no tempo. Sempre está nas suas mãos decidir em que concerto você vai viver).

(3) O novo concerto foi um “acordo” entre Deus e o homem, um “contrato” ou um “trato” em que os dois se propuseram a um acordo. (Waggoner ensinou que o novo concerto é a promessa unilateral de Deus; nossa parte não consiste em Lhe fazer vãs promessas em troca; nossa parte é crer no que já foi prometido, segundo a iniciativa de Deus).

 

Estes são alguns dos comentários de Waggoner:

Admitiu que existiam “duas dispensações”, mas observe em que sentido:

“A ‘dispensação cristã’ começou para o homem no mesmo momento, pelo menos, em que se produziu a queda. Há certamente duas dispensações, uma dispensação de pecado e de morte, e uma dispensação de justiça e vida, mas estas duas dispensações têm corrido paralelamente desde a queda. Deus trata aos homens como indivíduos, não como a nações, não de acordo com o século em que tenham vivido. Não importa o período da história do mundo, todo ser humano pode passar em qualquer momento da dispensação antiga para a nova” (Present Truth, 7 de setembro de 1893).

O que é a “dispensação da morte”?

“A lei escrita simplesmente em tábuas de pedra, ou em um livro, só pode trazer ira e morte. A razão é que em um caso assim se trata somente da exposição da lei requerida, e nenhum homem pode ser salvo pela mera declaração de seu dever. A lei escrita em pedra, ou em um livro, nos diz simplesmente o que devemos fazer, mas não nos proporciona poder para efetuá-lo. Portanto, a entrega da lei escrita em letras a qualquer povo que for, significa um ministério de morte para ele. Os trovões, relâmpagos e terremoto que acompanharam a entrega da lei, e o fato da que ninguém podia se aproximar do monte sem morrer, mostrava que o homem não pode acudir à lei por si mesmo para obter justiça” (Idem).

“As mentes das pessoas estavam cegadas, de forma que a luz não podia brilhar sobre elas; mas a luz estava ali, disposta a brilhar, visto que a mente de Moisés não estava cegada, e a luz do glorioso evangelho de Cristo brilhava em seu rosto, transformando-o. A lei e o evangelho estiveram unidos no Sinai, como têm estadodo em qualquer outra ocasião. No Sinai brilhou a glória do Calvário tão claramente como acontece hoje” (Idem).

 

Poderíamos acrescentar que “a luz estava ali”, em Mineápolis, “disposta a brilhar”, e que a mente de Ellen White “não estava cegada”. Pense como haveria sido maravilhosa a história deste mundo se o Israel antigo houvesse crido no novo concerto. Waggoner escreveu:

“Que o desejo de Deus para Israel era que pudessem proclamar o evangelho a todo o mundo, é evidente pelo fato de que se permanecessem em Seu concerto seriam um reino de sacerdotes... Se houvessem aceito a proposta de Deus, e se houvessem contentado em permanecer no concerto de Deus, em lugar de insistir em um deles mesmos,... haveriam conhecido a verdade, e haveriam sido libertados conseqüentemente... portanto se torna claro que o propósito de Deus ao tirar Isarel do Egito foi o de enviá-los a todo o mundo para pregar o evangelho.

“Que rápida e fácil tarefa haveria sido para eles... Não lhes haveria tomado senão um breve tempo o levar o evangelho até os confins mais remotos da Terra... Um poderia pôr em fuga a mil, e dois a dez mil. Ou seja, o poder da presença de Deus com dois qualquer dentre o povo, faria que aos olhos de seus inimigos parecessem como dez mil, e ninguém ousaria atacá-los... Todos os que ouvissem tomariam imediatamente posição em favor ou contra a verdade, e esta decisão seria final, visto que quando alguém rejeita o evangelho proclamado em sua plenitude, ou seja, acompanhado do poder de Deus, não há mais nada que se possa fazer por ele... Assim, muito poucos anos, ou talvez meses após haver atravessado o Jordão, haveriam sido suficientes para a pregação do evangelho do reino em todo o mundo, como testemunho a todas as nações” (O Concerto Eterno, pp. 272 e 273).

 

Em 1888 o Senhor deu novamente a Seu povo “o começo” da mensagem do novo concerto que haveria de iluminar a Terra com sua glória (Apocalipse 18:1). E uma vez mais, haveria bastado um breve tempo para cumprir a tarefa, se não fosse pela sua persistente descrença. No Boletim da Conferência Geral de 1893, referindo-se ao “espírito que prevaleceu em Mineápolis”, escreveu Ellen White:

“Se cada soldado de Cristo houvesse cumprido o seu dever, se cada sentinela nos muros de Sião houvesse dado um sonido certo à trombeta, o mundo já teria ouvido a mensagem de admoestação. Mas a obra se acha atrasada em anos” (p. 419).

A pergunta que devemos fazer em 2003 é: Quantas gerações mais permitiremos que se sucedam, antes que o Senhor tenha um povo que responda à verdade de Seu novo concerto?

“O plano de Deus para Israel não era que constituíssem uma NAÇÃO. Estamos em perigo de olhar que FOI, como se houvesse sido aquilo que deveria ser, esquecendo que Israel recusou-se do princípio ao fim, e em maior ou menor medida, andar no conselho de Deus. Vemos o povo judeu com juízes, oficiantes, e toda a parafernália de um governo civil, mas temos que recordar que o concerto de Deus previa algo muito diferente que, por causa de sua descrença, nunca compreenderam plenamente” (O Concerto Eterno, p. 277).

Waggoner faz um comentário animador ao tema sugerido na lição de segunda-feira a respeito do “acordo sobre a terra” de Israel: Os israelitas “assumiram que era sua destreza militar o que haveria de assegurar-lhes a terra. Mas este era um grave erro. Deus havia prometido DAR-LHES a terra; não se podia obtê-la de outra forma que não fosse uma dádiva. O mais poderoso exército que o mundo tenha visto, aparelhado com as melhores armas, não poderia tomá-la; enquanto que uns poucos homens desarmados mas poderosos na fé e dando glória a Deus, a poderiam ter possuído facilmente... Não era o propósito de Deus que Seu povo conhecesse a derrota, nem que na ocupação da terra perdesse a vida sequer um homem... Não era a Sua vontade que tivessem que lutar para a possessão da herança adquirida... Não devemos nos esquecer que suas mentes foram cegadas pela descrença, de forma que não puderam perceber o propósito de Deus para eles. Não captaram as realidades espirituais do reino de Deus, mas se contentaram com as sombras... A razão pela qual [Israel] não possuiu [a terra] foi sua descrença, e esta é a razão pela qual tiveram que lutar. Se houvessem crido no Senhor, haveriam permitido que Ele despejasse a terra de seus depravados habitantes, da forma em que Ele Se propôs” (Idem, pp. 263-268).

 

Base bíblica e comentários específicos

(1) Na lição de segunda-feira lemos: “Israel deveria cumprir sua parte no trato; caso contrário, as promessas poderiam ser canceladas”.

Visto que o concerto de Deus consiste precisamente em Suas promessas, a única forma na qual poderia ser anulado é se Deus o anulasse. Mas Ele não só prometeu, mas jurou por Ele mesmo; ou seja, pôs Sua existência, Seu trono, por garantia da vigência deste concerto ou promessa.

Israel deixou de cumprir “sua parte” contínua e repetidamente. No entanto, e graças a que Deus não muda, Suas promessas JAMAIS FORAM ANULADAS. Continuam hoje de pé, desfrutando de tão boa saúde como Aquele que as fez.

Ao ler Gênesis 9:9-17 vemos a natureza inquebrantável do concerto eterno. Inclusive no “fim do tempo do fim”, continuaremos a viver neste concerto eterno. No contexto do tempo de angústia, lemos:

“Com um pouco de ira escondi a Minha face de ti por um momento; mas com benignidade eterna Me compadecerei de ti... Porque isto será para Mim como as águas de Noé; pois jurei que as águas de Noé não passariam mais sobre a Terra; assim jurei que não Me irarei mais contra ti, nem te repreenderei. Porque os montes se retirarão e os outeiros serão abalados; porém a Minha benignidade não se apartará de ti, e a aliança da Minha paz não mudará, diz o Senhor, que Se compadece de ti” (Isa. 54:8-10).

É o concerto de obras, o velho concerto, que pode ser facilmente anulado. O concerto ou acordo mútuo que o homem desejou fazer com Deus ao pé do Monnte Sinai, foi anulado em poucas semanas. O homem havía prometido: “Tudo o que o Senhor tem falado, faremos” (Êxodo 24:7).

Como escreveu Ellen White em Patriarcas e Profetas, pp. 371 e 372:

“Não percebiam a pecaminosidade de seu próprio coração, e não compreendiam que sem Cristo lhes era impossível guardar a lei de Deus; e com excessiva prematuridade fizeram o SEU próprio concerto com Deus. Crendo que eram capazes de ser justos por si mesmos, declararam: ‘Tudo o que o Senhor tem falado, faremos’ (Êxo. 24:7)... umas poucas semanas depois, romperam o SEU concerto com Deus ao prostrar-se para adorar uma imagem fundida. Não podiam esperar o favor de Deus por meio de uma concerto que já haviam quebrado... Os termos do antigo concerto eram: Obedece e viverás”.

A essência do velho concerto é pensar que nossa obediência é a resposta ao concerto de Deus. NÃO É. “Nossa” obediência não é nossa, mas DELE, a de Cristo habitando e nós pela fé.

E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos” (I Coríntios 12:6)

“Senhor, Tu nos darás a paz, porque Tu és o que fizeste em nós todas as nossas obras” (Isaías 26:12)

[Deus] vos aperfeiçoe em toda a boa obra, para fazerdes a Sua vontade, operando em vós o que perante Ele é agradável por Cristo Jesus, ao qual seja glória para todo o sempre (Hebreus 13:21).

Não é o que nós fazemos, mas o que ELE faz em nós.

Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor; porei as Minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; e Eu lhes serei por Deus, e eles Me serão por povo” (Hebreus 8:10).

“Entrega o teu caminho ao Senhor: confia nEle, e Ele o fará” (Salmo 37:5)

No novo concerto, nossa obediência não é a premissa, não é a condição, mas precisamente o resultado, a promessa de Deus. Nossa “parte” é receber a Cristo, é olhar para Ele e viver ou, como dizem os textos citados na lição de segunda-feira e terça-feira: “se ouvires” (Deuteronômio 28:1), “se com isto não Me ouvirdes” (Levítico 26:27), ou na de terça-feira, “mas não ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos” (Jeremias 11:8).

“A obra do pecador não é fazer paz com Deus mas aceitar a Cristo como a sua paz e justiça. Assim o homem se torna um com Cristo e com Deus” (Para Conhecê-Lo, 112)

“Tem que receber a Cristo como a seu Salvador pessoal e tem que crer nEle. Receber e acreditar é sua parte no contrato” (ELLC 12)

(2) Lemos na lição de terça-feira, que “Noé tinha que obedecer a fim de receber as bênçãos da graça de Deus”.

Se podemos obedecer antes de receber as bênçãos da graça, então já não necessitamos da graça nem de suas bânçãos. Este é o problema!

Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus [realizou], enviando o Seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne” (Romanos 8:3)

Os versículos 7 a 14 do mesmo capítulo explicam que a única forma na qual podemos obedecer é quando Cristo habita em nós mediante Seu Santo Espírito.

Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós ... se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus.” (Romanos 8:8, 13 e 14)

Mas uma vez que recebemos a Cristo, ao Espírito Santo morando em nós, já recebemos as bênçãos da graça de Deus. Portanto, Noé, como nós, NÃO “tinha que obedecer a fim de receber as bênçãos da graça de Deus”, mas tinha que receber as bênçãos da graça de Deus a fim de obedecer. O primeiro é o velho concerto (“Obedece e vivirás”), o segundo é o novo concerto, e só assim tem sentido falar de salvação sólo pela fé” (versão da Espanha), pela “fé que opera pelo amor ágape” (Gálatas 5:6).

“As bênçãos do novo concerto estão baseadas unicamente na misericórdia para perdoar iniquïdades e pecados... No novo e melhor concerto Cristo cumpriu a lei pelos transgressores da lei, se o recebem pela fé como Salvador pessoal... No melhor concerto somos purificados do pecado pelo sangue de Cristo” (Comentários de Ellen White, em CBA, vol. VII, p. 943).

“A expiação de Cristo selou para sempre o eterno concerto da graça. Foi o cumprimento de todas as condições pelas quais Deus havia suspendido a livre comunicação da graça com a família humana” (Idem, p. 945).

“A morte e a ressurreição de Cristo completaram o Seu concerto” (Idem, p. 944).

“O concerto de misericórdia foi feito antes da fundação do mundo. Tem existido desde toda a eternidade, e é chamado o concerto eterno” (Idem, p. 946).

Terminamos este comentário recordando as inspiradoras palavras do Guia de Estudo (da versão da Espanha), na lição de de 27 de janeiro:

“O próprio Redentor chega a ser o meio pelo qual se satisfazem as obrigações do concerto e todas as demais promessas se cumprem”. -- Tradutor: Matheus. E-mail: EvangelhoEterno@aol.com

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