Teria a IASD rejeitado a Nova Aliança em 1888?
(Material Adicional para a Lição 5 à Luz da Mensagem da Justificação pela Fé)

 

Comentário da Lição 5, para 1° de fevereiro: Filhos da Promessa (1ª parte)

A origem dos dois concertos entre os adventistas

Ao avançar nestas 13 lições que falam sobre o novo concerto versus o velho concerto, é conveniente que conheçamos o contexto histórico a respeito. Não podemos compreender o presente a menos que nos lembremos do passado.

Já em 1851, fervorosos adventistas discutiam o assunto dos dois concertos. O problema consistia em que os não-adventistas que se opunham à verdade do sábado acusavam aos adventistas de que guardar o sábado era viver o velho pacto. Nossos pioneiros defenderam corajosamente a observância da lei como um dever cristão. E era necessário fazer isto!

Em 1850, Jonh N. Andrews já tinha publicado que “a lei em Gálatas”, o “aio” ou instrutor, é a lei moral, os Dez Mandamentos. Em 1854, Joseph H. Waggoner (o pai de Ellet J. Waggoner) publicou um livro no qual também defendia que a lei mencionada em Gálatas é a lei moral, mas afirmando que o novo concerto era um “acordo” em que Deus prometia abençoar Abraão com a condição de que este obedecesse a lei. Sentia que era assim que devia defender a observância do sábado. Compreendeu deste modo os concertos como sendo duas dispensações (períodos) no tempo. Nenhum dos irmãos anteriores à era de 1888 (incluindo o pai do próprio Ellet J. Waggoner) parece ter compreendido os dois concertos como uma questão de condição do coração, ao invés de tempo (dispensações).

Devido ao interesse que movia a nossos irmãos por defender a observância do sábado, a tendência era desenvolver uma compreensão legalista dos concertos. Em 1857 Stephen Pierce os convenceu de que a lei em Gálatas tinha que ser a lei cerimonial (que incluía os sacrifícios e a circuncisão). A idéia geral veio a ser o de que o velho concerto tinha sido abolido na cruz (dispensacionalismo). Na década de 1880, Uriah Smith, que era considerado o teólogo da Igreja, tinha uma compreensão dispensacionalista dos concertos, de forma que o velho concerto só existia até a cruz, o novo era “um acordo mútuo” entre Deus e o homem, e a lei em Gálatas era a lei cerimonial.

Finalmente, nosso irmão Dudley M. Canright abandonou tudo, passou a crer na postura sustentada pelas igrejas guardadoras do domingo sobre os concertos, e deixou a Igreja Adventista, vindo a converter-se em nosso maior opositor na imprensa. Disse: “Nenhum outro assunto causa tanta perplexidade aos adventistas como o dos concertos. Causa-lhes pânico abordar o assunto”. E certamente ainda hoje é motivo de perplexidade para muitos adventistas.

 

Ellen White toma a sua posição

Antes de 1890, Ellen White havia dito muito pouco sobre os concertos. Os irmãos tinham dificuldades para conhecer sua posição a respeito. George I. Butler, presidente mundial da igreja, estava certo de que ela coincidia com ele sobre a lei em Gálatas, ou seja, ela estava de acordo com a idéia dispensacionalista e com a posição de que o concerto é um “acordo” (e não uma promessa unicamente de Deus). Mas com muita sabedoria, ela tinha evitado fazer estas declarações. Ellen White foi com toda sinceridade ouvir Ellet J. Waggoner em Mineápolis em 1888, afirmando que estava disposta a aprender até “do mais humilde dos servos de Deus”. Se apoderou dela uma alegria indescritível ao ouvir a mensagem dada por Ellet J. Waggoner. Declarou: “Cada fibra de meu coração dizia ‘Amém’”.

Mas somente em 1890 apoiou de forma pública e enfática a posição de Waggoner. Atribuiu o crédito por sua convicção a uma visão que o Senhor lhe deu (em março). Duvidou quanto a opor-se aos dirigentes da Associação Geral. Mas em agosto expressou sua posição em Patriarcas e Profetas, declarando sem ambigüidade que as condições do velho pacto eram: “Obedece e vive” (pág. 372). Para maiores informações, veja o livro escrito pelo pastor Paul Penno ‘Calvary at Sinai’ (págs. 4-31, só em inglês).

O registro histórico não deixa dúvidas: “Em Sua grande misericórdia, enviou o Senhor preciosa mensagem a Seu povo por intermédio dos Pastores Waggoner e Jones” (Testemunhos para Ministros, pág. 91). Isto ocorreu em 1888, quando deveria ter encerrado a confusão a respeito dos concertos. Quando Jones e Waggoner apresentaram sua mensagem somente a partir das Escrituras, Ellen White se alegrou muito por causa disso. Sua posição era simples e clara como a luz do sol. Nunca antes uma igreja guardadora do domingo tinha ensinado um conceito claro como esse. Se esta idéia tivesse sido recebida, poderia ter capacitado a nossos irmãos para apresentar a verdade do sábado ao mundo com grande poder e convicção.

Essa é a causa pela qual a mensagem de 1888 foi um ponto muito importante: consistiu no “começo” da mensagem do quarto anjo de Apocalipse 18 e da chuva serôdia que necessariamente viria como conseqüência.

 

As promessas divinas não mudam

A lição da Escola Sabatina desta semana recolhe insinuações da posição anterior a 1888, a do “acordo” ou contrato. Se faz a pergunta: “Que condições ou obrigações estavam relacionadas ao concerto?” Visto que o concerto é uma promessa, e que é Deus quem promete, evidentemente, a única condição e obrigação é aquela mediante a qual o Senhor obriga a Si mesmo a cumprir o prometido. Uma promessa é em essência uma obra, e só Deus tem o poder para obrar, para cumprir o prometido, porque só Ele é O QUE É.

Certamente, o receber essa promessa, deveria nos levar a um firme compromisso, a uma escolha constante em favor do Senhor. Mas se compreendermos o concerto eterno como promessas mútuas entre Deus e nós, estamos convertendo o concerto eterno no velho concerto, porque estamos acrescentando nossas próprias obras. Nossas obras não podem nunca ser uma parte da graça, mas somente a conseqüência de havê-la recebido genuinamente. A obediência à lei não é nossa parte no concerto, mas precisamente aquilo que Deus nos promete em SEU concerto. “Porei as Minhas leis em seus corações, e as escreverei em seus entendimentos” (Hebreus 10:16). Uma promessa, por parte de Deus, significa garantia de cumprimento; por parte do homem, significa garantia de inútil e vã suficiência própria. Toda obediência da parte do homem, é o fruto natural do “pregação da fé”, ouvir a Palavra de Deus com fé (Gálatas 3:2 e 5), e não um “acordo mútuo” ou um contrato.

A Bíblia nos fala consistentemente do concerto eterno, de “Minha aliança” (de Deus). Nunca fala de “Minhas alianças”. Isso significa que o concerto anunciado a Adão e Eva, a Abraão, a Noé, a Moisés, a Jacó etc, é na realidade um único concerto. “Que condições e obrigações” da parte de Noé permitiriam que brilhasse o arco-íris, depois do dilúvio? (Gênesis 9:9-17). Nenhuma! Deus fez Seu pacto tão eterno e imutável como as leis que regem o dia e a noite.

“Assim diz o Senhor, que dá o sol para luz do dia, e as ordenanças da lua e das estrelas para luz da noite, que agita o mar, bramando as suas ondas; o Senhor dos Exércitos é o Seu nome. Se falharem estas ordenanças de diante de Mim, diz o Senhor, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de Mim para sempre” (Jeremias 31:35 e 36).

“Se puderdes invalidar a Minha aliança com o dia, e a Minha aliança com a noite, de tal modo que não haja dia e noite a seu tempo, também se poderá invalidar a Minha aliança com Davi, Meu servo, para que não tenha filho que reine no seu trono; como também com os levitas, sacerdotes Meus ministros. Como não pode contar o exército dos céus, nem medir-se a areia do mar, assim multiplicarei a descendência de Davi, Meu servo, e os levitas que ministram diante de Mim. ... Se a Minha aliança com o dia e com a noite não permanecer, e Eu não puser as ordenanças dos céus e da Terra, também rejeitarei a descendência de Jacó, e de Davi, Meu servo, para que não tome da sua descendência os que dominem sobre a descendência de Abraão, Isaque e Jacó” (cap. 33:20-22, 25 e 26). Outra coisa é que pessoalmente podemos receber em vão a graça de Deus, e portanto a necessidade de sermos advertidos a fim de que isso não ocorra: “Vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão” (II Coríntios 6:1). Maravilhosas promessas! Podemos confiar em um Deus que não muda jamais.

 

Onde está a motivação para a obediência?

O que parecemos demorar para compreender é que o evangelho de Cristo “é [em si mesmo] o poder de Deus para salvação” (Romanos 1:16). Estamos mais inclinados a acreditar que o poder está na lei! Entretanto, Deus pôs este poder no evangelho, na palavra, na própria mensagem. A “pregação da fé” comunica o poder de Deus ao coração daquele que crê. A própria Palavra contém o dinamite que liberta o coração humano da escravidão do pecado, não perdoando simplesmente para que continue pecando. Quando Deus declara Sua promessa do novo concerto, há vida em Sua própria palavra. Por incrível que possa parecer, o plano de Deus é este: “Ouvir” com fé a proclamação de Sua promessa de justiça eterna, nos torna “obedientes a todos os mandamentos de Deus”, se não resistirmos (Caminho a Cristo, págs. 26 e 27).

“Vós já vós estais limpos, pela palavra que vos tenho falado” (João 15:3). Isso é o que aconteceu quando os gálatas “ouviram” a mensagem de Paulo, e creram. O “ouvir da fé” realizou o milagre que jamais poderia ter ocorrido se em lugar disso tivessem ‘ouvido a lei’ (ver Gálatas 3:1, 2 e 5). “Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados” (Romanos 2:13). “De sorte que o cumprimento da lei é o amor” (cap. 13:10).

A noção do novo concerto tão importante para a mensagem de 1888 deveria ter revolucionado a pregação adventista. Isto teria ocorrido, se não houvesse sido “resistida” e rejeitada “em grande medida”, e “mantida longe de nossos irmãos e do mundo (Manuscript Releases, vol 1, pág. 276).

Nós gostaríamos de ver mais claramente expressa no Guia de Estudos da Escola Sabatina a idéia de que o “ouvir da fé” produz a obediência. Uma vez que o coração humano foi ganho e comovido pela resposta ao amor ágape revelado na cruz de Cristo, a vida não manifestará outra coisa que não seja a total obediência à vontade de Deus. Qual é a razão disto? “A fé... opera pelo amor” (Gálatas 5:6). Nunca contemplaremos suficientemente o ágape, esse poder que constrange, que motiva à obediência (II Coríntios 5:14 e 15).

Devido a Israel ter escolhido o velho concerto, ao pé do Monte Sinai, o glorioso resultado que Deus pôs ao alcance de sua história nacional foi desperdiçado. Os exemplos dignos foram a exceção. A primeira vez que presenciamos um começo real desse glorioso resultado é no Pentecostes. Sua última demonstração será no momento da chuva serôdia, e no subseqüente alto clamor que iluminará finalmente a Terra toda com a glória de Deus. “Porque a Terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Habacuque 2:14). Quando permitiremos que isto aconteça?

Em breve!

Os “dois concertos” possuem base bíblica? Leia um interessante artigo que esclarecerá todas as suas dúvidas.

O que Ellen White e o Pastor Waggoner escreveram sobre o assunto? Seleções de Patriarcas e Profetas e As Boas Novas.

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