Trabalho de "Escritores Fantasmas" Pode Explicar Contradições de Ellen G. White

 

O livro Mensagens Escolhidas, Vol. 3, traz em sua Seção III, denominada "A Preparação dos Livros de Ellen G. White", informações pouco conhecidas entre os membros da IASD acerca do trabalho dos "Auxiliares Literários" da Sra. White.

A atividade desses profissionais (hoje conhecidos como ghost writers, "escritores fantasmas"), descrita em uma breve introdução aos capítulos dessa seção, pode alterar o conceito que temos acerca da inspiração de EGW, uma vez que o texto final de algumas de suas principais obras resultou de trabalho em equipe, nem sempre supervisionado por ela, como atesta, ao final, uma declaração de seu próprio filho Willie (Guilherme C. White).

 

Introdução da seção:

Grande parte da vida de Ellen White foi passada preparando livros que continham as mensagens que Deus lhe dera para Seu povo e, nalguns casos, para o público em geral. Os arquivos do Patrimônio Literário de Ellen G. White contêm relativamente poucas de suas declarações a respeito dos pormenores desse trabalho. No entanto, outros que trabalharam com ela escreveram sobre isso de modo mais amplo. Suas relativamente poucas declarações nos conduzem, porém, ao próprio âmago de seu trabalho.

Apresentamos aqui algumas dessas declarações referentes à preparação e publicação de Testimonies for the Church ("Testemunhos Para a Igreja") e alguns de seus livros que apresentam a história do conflito dos séculos, especialmente O Grande Conflito e O Desejado de Todas as Nações.

Visto que os escritos iniciais sobre várias partes componentes da história do conflito dos séculos foram ampliados duas ou três vezes, não é possível apresentar uma exata seqüência cronológica da obra de Ellen White para descrever os acontecimentos dessa controvérsia milenar. Cumpre notar também que Ellen White considerava todas as partes dessa narrativa como parte da história do grande conflito, quer pertencessem ao Antigo Testamento, ao Novo Testamento ou à história pós-bíblica.

São incluídas declarações que explicam o trabalho de seus auxiliares literários, e constituem o capítulo inicial desta seção. Outro capítulo traça sua obra ao escrever sobre a vida de Cristo, sendo ajudada por sua sobrinha, em 1876, e por Mariana Davis, na década de 1890.

O filho de Ellen White, William (Guilherme), esteve intimamente ligado a ela na produção de seus livros depois de 1881, o ano em que faleceu Tiago White. Em diversas ocasiões ele escreveu algo de seu profundo conhecimento da obra de sua mãe na produção de livros. Várias declarações elucidativas de sua pena, bem como da pena de Mariana Davis, aparecem como itens do Apêndice. (Depositários do Patrimônio Literário White.) Pág. 88.


Citações Escolhidas de EGW em Ordem Cronológica

 

Enquanto meu marido viveu, desempenhou o papel de ajudador e conselheiro no envio das mensagens que me eram dadas. Viajávamos longamente. Por vezes eram-me concedidos esclarecimentos durante a noite, outras, de dia, perante grandes congregações. As instruções recebidas em visão eram fielmente escritas por mim, segundo eu tinha tempo e forças para a obra. Posteriormente examinávamos juntos o assunto, meu marido corrigia os erros gramaticais e eliminava as repetições desnecessárias. Então elas eram cuidadosamente copiadas para a pessoa a quem se dirigiam ou para o prelo.

À medida que a obra aumentou, outros me auxiliaram no preparo da matéria para publicação. Depois da morte de meu marido, juntaram-se a mim fiéis auxiliares, que trabalharam infatigavelmente em copiar os testemunhos e preparar os artigos para serem publicados. Pág. 89.

 

Esta manhã tomo os meus escritos em franca consideração. Meu marido está muito fraco para ajudar-me a prepará-los para o prelo, portanto não lidarei mais com eles no presente. Não sou um erudito. Não posso preparar meus próprios escritos para o prelo. Não escreverei mais até que possa fazer isso. Não é meu dever sobrecarregar a outros com os meus manuscritos. Manuscrito 3, 1873. (Diário, 10 de janeiro de 1873.) Pág. 90.

 

Meu espírito está chegando a conclusões estranhas. Estou pensando que preciso deixar de lado os meus escritos em que tenho tido tanto prazer, e ver se posso tornar-me uma pessoa erudita. Não sou especialista em gramática. Procurarei, se o Senhor me ajudar, aos quarenta e cinco anos de idade, tornar-me versada nessa ciência. Deus me auxiliará. Creio que Ele o fará. Manuscrito 3, 1873. (Diário, 11 de janeiro de 1873.) Pág. 90.

 

Tenho facilidade para escrever e suplico diariamente a direção de Deus e que eu seja imbuída de Seu Espírito. Creio então que terei auxílio e força e graça para fazer a vontade de Deus. ... Nunca em minha vida, tive tal oportunidade para escrever, e pretendo aproveitá-la ao máximo. ... Que tal ler o meu manuscrito para os Pastores [J. H.] Waggoner e [J. N.] Loughborough? Se a enunciação de algum ponto doutrinário não estiver tão clara como devia estar, ele poderá discerni-lo (refiro-me a W.). Carta 4a, 1876. [O Pastor J. H. Waggoner, quando se tornou adventista do sétimo dia era editor de um jornal.] Pág. 104.

 

Trecho de carta ao pastor e redator Urias Smith:

Desejo declarar algumas coisas, com as quais poderá fazer o que lhe aprouver. Já me ouviu fazer estas declarações antes - que me foi mostrado anos atrás que não devíamos adiar a publicação da importante luz que me foi dada porque não pude preparar o assunto com perfeição. Meu marido às vezes estava muito doente, incapaz de prestar-me a ajuda que eu deveria ter e que ele me poderia haver concedido caso estivesse com saúde. Por este motivo demorei a pôr diante do povo aquilo que me fora dado em visão.

Mostrou-se-me, porém, que devia apresentar ao povo, da melhor maneira possível, a luz recebida; então, à medida que recebesse maior luz e usasse o talento que Deus me deu, teria crescente habilidade para usar em escrever e falar. Eu devia melhorar tudo, conduzindo-o tão perto da perfeição quanto fosse possível, para que pudesse ser aceito por mentes inteligentes.

Tanto quanto possível, todo defeito devia ser removido de todas as nossas publicações. À medida que se desdobrasse a verdade e se tornasse mais difundida, devia ser exercido todo cuidado para aperfeiçoar as obras publicadas. Págs. 96-97.


Decisão tomada na Assembléia da Associação Geral de 16 de novembro de 1883:

"32. Considerando que alguns dos volumes encadernados dos Testemunhos Para a Igreja se acham esgotados, de maneira que não se podem obter coleções completas no escritório; e,

"Considerando que há constantes e urgentes pedidos quanto à reedição desses volumes; portanto,

"Fica resolvido: Que recomendamos sua publicação em quatro volumes de 700 ou 800 páginas cada um.

"33. Considerando que muitos desses testemunhos foram escritos sob as mais desfavoráveis circunstâncias, achando-se a autora demasiado premida de ansiedade e labor para dar atenção à perfeição gramatical dos escritos, e os mesmos foram impressos tão apressadamente que passaram tais imperfeições sem serem corrigidas; e,

"Considerando que: Cremos que Deus dá a Seus servos a luz mediante a iluminação da mente, comunicando assim os pensamentos e não (a não ser em raros casos) as próprias palavras em que as idéias devem ser expressas; portanto,

"Fica resolvido que se façam na reedição desses volumes as modificações verbais necessárias à remoção das mencionadas imperfeições, o quanto possível, sem qualquer alteração do pensamento, e ainda,

"34. Fica resolvido que esta corporação indique uma comissão de cinco para encarregar-se da reedição desses volumes em harmonia com os preâmbulos e as resoluções acima." Review and Herald, 27 de novembro de 1883.

"A comissão de cinco para encarregar-se da reedição dos testemunhos estipulada na resolução trinta e quatro foi anunciada da maneira que segue: o Presidente está autorizado a escolher quatro pessoas além dele mesmo para essa finalidade: G. C. White, Urias Smith, J. H. Waggoner, S. N. Haskell, Jorge I. Butler." Review and Herald, 27 de novembro de 1883.

O trabalho foi submetido a Ellen White e aprovado por ela. A carta ao Pastor Smith insinua que ela estava mais disposta a aceitar os melhoramentos de que alguns em Battle Creek. O resultado foram os nossos atuais Testimonies, vol. 1-4, publicados em 1885. (Referência explicativa da pág. 96.)


Referências de EGW ao Trabalho de Mariana Davis e Outras Auxiliares

 

Diga-lhe [a Mariana Davis] que há poucos minutos acabei de ler, as cartas em que ela especificou os melhoramentos a serem feitos nos artigos para o volume 1 [Patriarcas e Profetas]. Sou-lhe grata por isso. Diga-lhe que ela tem razão quanto ao vazamento dos olhos de Zedequias. Isto precisa ser expresso de maneira mais cuidadosa - e também a rocha, quando a água jorrou - algo com referência a isso. Creio que posso tornar mais completos os artigos especificados. Carta 38, 1885. Págs. 121-122.

 

Bom, meus queridos Willie, e Edson e Ema, cheguemos bem perto de Deus. Vivamos diariamente como desejaremos ter vivido quando se assentar o tribunal, e se abrirem os livros, e quando for retribuído a cada um segundo as suas obras. ... Digam a Maria que ela procure para mim algumas histórias da Bíblia que me dêem a ordem dos acontecimentos. Não tenho nada, e não consigo encontrar alguma coisa aqui na Biblioteca [de Basiléia, Suíça]. Carta 38, 1885, pág. 8. Pág. 122.

 

Willie [Guilherme C. White, filho de Ellen White, que nesse tempo desempenhava a função de presidente interino da Associação Geral] está em reunião de manhã cedo até tarde da noite, ideando e planejando para a realização de melhor e mais eficiente obra na Causa de Deus. Nós só o vemos à mesa.

Mariana recorre a ele em pequenas questões que, segundo parece, ela poderia resolver por si mesma. Ela é nervosa e apressada, e ele está tão extenuado que tem de cerrar os dentes e controlar os nervos da melhor maneira que pode. Conversei com ela e lhe disse que precisava resolver por si mesma muitas coisas que estava levando a Willie.

A mente dela está em cada ponto e suas conexões, e a mente dele tem avançado a custo através de uma variedade de assuntos difíceis até ficar com o cérebro num turbilhão, e então seu espírito de modo algum se acha preparado para tratar dessas pequenas minúcias. Ela mesma tem de arcar com algumas dessas coisas referentes a sua parte na obra, e não apresentá-las a ele, nem afligir-lhe o espírito com elas.

Às vezes penso que ela acabará matando a nós dois, desnecessariamente, com suas coisinhas que pode resolver tão bem por si mesma como se as apresentasse a nós. Quer que vejamos toda pequena modificação de uma palavra. Carta 64a, 1889. Págs. 92-93.

 

Estou ansiosa para publicar a vida de Cristo [O Desejado de Todas as Nações]. Mariana [Davis] especifica capítulos e assuntos para serem escritos por mim que não considero realmente necessários serem escritos. Talvez eu veja mais luz neles. Não os abordarei sem que o Espírito do Senhor pareça dirigir-me. A construção de uma torre, a guerra de reis, essas coisas não me absorvem a mente, mas hei de alongar-me sobre os assuntos da vida de Cristo, Seu caráter representando o Pai, as parábolas essenciais para todos nós compreendermos e praticarmos as lições nelas contidas. Carta 131, 1893. Pág. 116.

 

Foi decidido no concílio que devo escrever sobre a vida de Cristo; mas, como fazê-lo melhor do que no passado? Questões, e a verdadeira condição das coisas aqui e ali, me são expostas com insistência. ...

Não tenho feito muita coisa sobre a vida de Cristo [O Desejado de Todas as Nações], e muitas vezes sou obrigada a solicitar a ajuda de Mariana, sem levar em conta o trabalho sobre a vida de Cristo que ela tem de realizar sob grandes dificuldades, coligindo um pouco aqui e um pouco ali, de todos os meus escritos, a fim de arrumá-lo da melhor maneira possível. Ela está, porém, com boa disposição para o trabalho; se tão-somente eu pudesse sentir-me livre para dedicar toda a minha atenção a essa obra! Ela educou e preparou a mente para o trabalho; e agora eu penso, como tenho pensado centenas de vezes, que conseguirei, depois que esta mala postal [americana] se fechar, tomar a vida de Cristo e levá-la avante, se o Senhor quiser. Carta 55, 1894. Págs. 116-117.

 

Agora preciso deixar este assunto tão imperfeitamente apresentado que receio interpreteis mal aquilo que me sinto tão ansiosa de tornar claro. Oxalá Deus avive o entendimento, pois sou apenas uma pobre escritora, e não posso com a pena ou a voz expressar os grandes e profundos mistérios de Deus. Oh, orai por vós mesmos, orai por mim! Carta 67, 1894. Pág. 90.

 

Mariana está trabalhando em circunstâncias muito desfavoráveis. Encontro apenas pouco tempo para escrever sobre a vida de Cristo [O Desejado de Todas as Nações]. Estou continuamente recebendo cartas que requerem uma resposta, e não ouso negligenciar importantes questões que são trazidas ao meu conhecimento. Então há igrejas para visitar, testemunhos particulares para serem escritos, e muitas outras coisas para serem atendidas, que me sobrecarregam e consomem meu tempo. Mariana pega avidamente toda carta que escrevo a outras pessoas, a fim de encontrar frases que ela possa usar na vida de Cristo. Ela tem coligido tudo que se relaciona com as lições de Cristo a Seus discípulos, de todas as fontes possíveis. Depois que terminar a reunião campal, a qual é muito importante, hei de instalar-me nalgum lugar em que possa dedicar-me à obra de escrever sobre a vida de Cristo. ...

Há muita coisa para ser feita nas igrejas, e não posso desempenhar minha parte em manter o interesse e realizar o outro trabalho que me é necessário fazer, sem ficar tão cansada que não tenha forças para escrever sobre a vida de Cristo. Estou muito perplexa quanto ao que é meu dever. ...

Estou quase decidida a... dedicar todo o meu tempo a escrever os livros que devem ser preparados sem mais demora. Gostaria de escrever sobre a vida de Cristo, sobre a temperança cristã [A Ciência do Bom Viver] e preparar o Testemunho nº 34 [vol. 6], pois é muito necessário. Terei de parar de escrever tanta coisa para as revistas, e deixar que a Review and Herald, Signs of the Times e todos os outros periódicos passem este ano sem artigos de minha pena.

Todos os artigos que levam o meu nome são escritos recentes e novos de minha pena. Lamento não ter maior ajuda literária. Necessito muitíssimo dessa espécie de ajuda. Fanny [Bolton] poderia ajudar-me bastante na elaboração dos livros se ela não tivesse de preparar tantos artigos para as revistas e de revisar tantas cartas e testemunhos para atender as exigências de minha correspondência e as necessidades das pessoas.

É inútil esperar alguma coisa de Mariana [Davis] até que seja completada a Vida de Cristo. Quisera conseguir outra obreira inteligente que pudesse ser incumbida de preparar a matéria para o prelo. Tal obreira seria de grande utilidade para mim. Mas a pergunta é: Onde encontrarei tal pessoa? Estou com o cérebro cansado a maior parte do tempo. Escrevo muitas páginas antes do desjejum. Levanto-me às duas, três ou quatro horas da madrugada. ... Carta 41, 1895. Págs. 117-118.

 

O manuscrito sobre a "Vida de Cristo" está prestes a ser enviado para a América do Norte. Este será editado pela Pacific Press. Empreguei obreiros para preparar este livro, especialmente a irmã Davis, e isto me custou três mil dólares. Outros três mil serão necessários para prepará-lo para ser difundido pelo mundo, em dois volumes. Esperamos que eles tenham grande saída. Tenho dedicado pouco tempo a esses livros, pois falar em público, escrever artigos para as revistas e escrever testemunhos particulares para enfrentar e reprimir os males que estão aparecendo, me mantém ocupada. Carta 114, 1896. Pág. 119.

 

O trabalho de Mariana é de uma índole completamente diferente. Ela é minha compiladora de livros. Fanny [Bolton] nunca foi minha compiladora de livros. Como são feitos os meus livros? Mariana não apresenta nenhuma reivindicação por reconhecimento.

Ela realiza seu trabalho desta maneira: Toma meus artigos que são publicados nas revistas e cola-os em livros em branco. Também possui uma cópia de todas as cartas que escrevo. Ao preparar um capítulo para um livro, Mariana se lembra de que eu escrevi alguma coisa sobre esse ponto especial, que talvez torne o assunto mais convincente. Ela começa a procurá-lo, e se, ao encontrá-lo, percebe que isso tornará o capítulo mais claro, acrescenta-o a ele.

Os livros não são produções de Mariana, porém minhas, tirados de todos os meus escritos. Mariana tem vasto campo de que colher, e sua habilidade em arranjar a matéria é de grande valor para mim. Ela me poupa o ficar atenta a uma massa de escritos, o que não tenho tempo de fazer.

Podeis compreender, portanto, que Mariana constitui valiosíssimo auxílio para mim na publicação de meus livros.

Fanny nada tinha que ver com esse trabalho. Mariana leu capítulos para ela, e Fanny às vezes fez sugestões quanto ao arranjo do assunto.

Esta é a diferença entre as obreiras. Como já declarei, Fanny foi rigorosamente proibida de trocar minhas palavras por suas palavras. Da maneira que são proferidas pelos instrumentos celestiais, as palavras são severas em sua simplicidade; e eu procuro expor os pensamentos numa linguagem tão simples que uma criança possa compreender toda palavra proferida. As palavras de alguma outra pessoa não me representariam corretamente.

Escrevi tão detalhadamente para que possais compreender o assunto. Fanny pode alegar que ela fez os meus livros, mas não é assim. Este tem sido o setor de Mariana, e seu trabalho está muito à frente de qualquer trabalho que Fanny tenha realizado para mim. Carta 61a, 1900. Págs. 91-92.

 

Sinto-me muito grata pela ajuda da irmã Mariana Davis na produção de meus livros. Ela colhe materiais de meus diários, de minhas cartas e dos artigos publicados nas revistas. Aprecio grandemente seu fiel serviço. Ela está comigo há vinte e cinco anos, e constantemente tem adquirido maior habilidade para o trabalho de classificar e agrupar meus escritos. Carta 9, 1903. Pág. 93.

 

Mariana, minha auxiliar, fiel e leal em seu trabalho como a bússola ao pólo, está morrendo. ...

Partirei amanhã para Battle Creek. Minha alma é, porém, atraída para a moça moribunda que labutou para mim durante os últimos vinte e cinco anos. Estivemos lado a lado na obra, e em perfeita harmonia nessa obra. E quando juntava os preciosos fragmentos que tinham aparecido em revistas e livros e os apresentava a mim, ela dizia: "Agora está faltando alguma coisa. Eu não posso supri-la." Eu examinava o que era, e num momento conseguia achar o fio da meada.

Trabalhamos juntas, sim trabalhamos juntas em perfeita harmonia durante todo esse tempo. Ela está morrendo. E é por dedicação ao trabalho. Ela sente a intensidade dele como sendo uma realidade, e nós duas assumimos o encargo de fazer com que cada parágrafo estivesse em seu devido lugar e cumprisse a parte que lhe corresponde. Manuscrito 95, 1904. Pág. 93.

 

Mariana esteve comigo por uns vinte e cinco anos. Ela foi minha principal obreira na organização do assunto para meus livros. Sempre prezou os escritos como algo sagrado colocado em suas mãos, e muitas vezes me relatava que conforto e bênção recebia na realização desse trabalho, e que efetuá-lo era sua saúde e sua vida. Ela sempre tratou os assuntos colocados em suas mãos como sagrados. Sentirei muita falta dela. Quem ocupará o seu lugar? Manuscrito 146, 1904. Pág. 91.


Filho de EGW Descreve Trabalho dos Redatores Auxiliares

 

(Extraído da Seção "Apêndices" do livro Mensagens Escolhidas, Vol. 3.)

 

Carta de G. C. White a L. E. Froom
8 de Janeiro de 1928

Prezado Irmão Froom: [Pág. 453]

...Tenho a convicção de que a irmã Ellen G. White teve orientação celestial ao escolher as pessoas que deviam servir de copistas e as que deviam ajudar a preparar artigos para nossos periódicos e capítulos para nossos livros.

Estou bem familiarizado com as circunstâncias que a levaram a escolher alguns desses obreiros e dos encorajamentos diretos que lhe foram dados no tocante a suas qualificações e fidedignidade para o trabalho. Também sei de ocasiões em que lhe foi ordenado instruir, advertir e às vezes demitir de seu emprego aqueles cuja falta de espiritualidade os desqualificava para serviço satisfatório.

Quanto a isso, o Pastor Starr poderia dar-lhe um interessante capítulo a respeito da experiência da irmã White com a Srta. Fannie Bolton, e eu poderia falar-lhe de uma circunstância na qual ela se separou de sua própria sobrinha, Mary Clough, a quem muito amava.

No começo da década de 1860, a irmã White estava sem ajuda, exceto de seu marido, o qual prestava atenção enquanto ela lia capítulos do manuscrito e sugeria as correções gramaticais que lhe vinham à mente. Como menino, recordo haver presenciado circunstâncias como esta - O Pastor White, em seu cansaço, estava deitado no sofá, e a irmã White trazia um capítulo escrito para Spiritual Gifts e lia para ele, e ele sugeria, segundo foi declarado acima, correções gramaticais. Artigos para os Testemunhos eram tratados de maneira semelhante.

Além dos poucos testemunhos que eram impressos, muitos testemunhos pessoais eram enviados a indivíduos, e muitas vezes a irmã White escrevia, dizendo: "Não tenho ninguém para copiar este testemunho. Por favor, faça uma cópia por si mesmo e envie o original de volta para mim." Como resultado desse método de trabalho, temos em nossa caixa forte de manuscritos muitos dos antigos testemunhos na caligrafia da irmã White.

No começo da década de 1860, a irmã Lucinda M. Hall desempenhou as funções de governanta, secretária e por vezes companheira de viagem da irmã White. Ela era ao mesmo tempo tímida e conscienciosa, e só corrigia os erros gramaticais mais evidentes. Por volta de 1862, a irmã Adélia Patten juntou-se à família White e fez algumas cópias para a irmã White. Mais tarde ela se juntou à Review and Herald.

No outono de 1872 a irmã White visitou o Colorado e ficou conhecendo sua sobrinha Mary C. Clough, e em 74, 75 e 76 a Srta. Clough ajudou a preparar cópias para Spirit of Prophecy, vol. 2 e 3. Ela também acompanhou o Pastor e a Sra. White em seus trabalhos nas reuniões campais, e serviu de repórter para a imprensa pública, sendo assim o primeiro agente publicitário empregado regularmente pela denominação, e pode ser considerada como a avó de nosso departamento de publicidade.

Sua experiência como repórter de jornais, a confiança que ela obteve assim, e o louvor acumulado sobre o seu trabalho, incapacitaram-na para a delicada e sagrada obra de ser revisora de artigos para a Review e de capítulos para O Grande Conflito. Numa visão foi apresentado à irmã White que ela e Mary estavam olhando para alguns notáveis acontecimentos no céu. Eles significavam muita coisa para a irmã White, mas para Mary pareciam não significar coisa alguma; e o anjo disse: "As coisas espirituais se discernem espiritualmente", e então ele recomendou que a irmã White não empregasse mais a sobrinha como sua revisora de livros.

Durante 1868, 69 e 70 várias pessoas foram empregadas pela irmã White para copiar seus testemunhos. Entre elas estavam a Srta. Emma Sturgess, mais tarde esposa de Amós Prescott; a Srta. Anna Hale, mais tarde esposa de Irwin Royce; e outras, cujos nomes não recordo agora.

Após a morte do Pastor [Tiago] White, em 1881, a irmã White empregou a irmã Mariana Davis. Ela fora durante alguns anos revisora na Review and Herald, e a irmã White recebeu a garantia, pela revelação, de que a irmã Davis seria uma auxiliar conscienciosa e fiel. Posteriormente, a irmã Elisa Burnham foi empregada pela irmã White, e em certa época a Sra. B. L. Whitney e Fannie Bolton foram empregadas em Battle Creek como auxiliares quando havia muito trabalho para fazer. A irmã Davis esteve com a irmã White na Europa em 1886 e 1887. Ela foi também a principal auxiliar da irmã White na Austrália.

Quando o trabalho na Austrália cresceu, a irmã Burnham foi chamada para ajudar na preparação de livros, e Maggie Hare e Minnie Hawkins foram empregadas como copistas.

Esqueci de mencionar que durante os anos em que a irmã White esteve em Healdsburgo, a irmã J. I. Ings realizou muitas cópias de testemunhos e de manuscritos.

Em certa época, enquanto estávamos na Austrália, foi proposto que Special Testimonies to Ministers (isto é, Special Testimonies, Series A), publicados e expedidos pelo Pastor [O. A.] Olson (Presidente da Associação Geral) no começo da década de 1890, fossem reimpressos sendo a matéria agrupada de acordo com os assuntos. Enquanto isso estava em consideração, sucedeu que o Pastor W. A. Colcord, que uma vez fora secretário da Associação Geral e por muitos anos um dos principais escritores sobre assuntos de liberdade religiosa, se achava desempregado, e a meu pedido a irmã White o empregou para pegar os testemunhos especiais e agrupar a matéria de acordo com os assuntos, para reedição. Ele passou várias semanas nesse trabalho, sendo pago pela irmã White; mas a obra nunca foi usada. Se eu estou bem lembrado, esse constituiu o limite de sua ligação com a obra literária dela.

O último trabalho realizado pela irmã Davis foi a seleção e a organização do material usado em A Ciência do Bom Viver.

O Pastor C. C. Crisler ajudou a irmã White a escolher e organizar o material publicado em Atos dos Apóstolos e Profetas e Reis.

Este esboço do trabalho e dos obreiros não pretende ser completo. Nunca foi considerado por mim ou por qualquer dos auxiliares da irmã White que o pessoal de sua força de trabalho era de primordial interesse para os leitores de seus livros. Págs 455-458.

...Tenho a convicção, irmão Froom, de que não posso reafirmar com demasiada freqüência o fato de que a mente da irmã White era intensamente ágil no tocante ao conteúdo dos artigos publicados em nossos periódicos e dos capítulos que compõem os seus livros, e de que ela contava com o auxílio do Céu e era notavelmente perspicaz em descobrir qualquer erro feito pelas copistas ou pelos revisores. Esta condição predominou durante todos os seus atarefados anos antes da morte de seu marido e depois da morte dele, durante o seu ministério na Europa e na Austrália, e na maior parte dos anos passados na América do Norte, após o seu regresso da Austrália.

Em seus últimos anos, sua supervisão não era tão abrangente; ela foi, porém, maravilhosamente abençoada em sua inteligência ao dar instruções sobre o material escrito anteriormente, que estava sendo usado em seus últimos anos, e ao indicar os assuntos que precisavam ser salientados e os que podiam ser poupados ao continuarmos o trabalho de condensação dos livros maiores no preparo dos exemplares para tradução em línguas estrangeiras.

Sinceramente,

G. C. White
Carta de G. C. White a L. E. Froom (Pág. 461)


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