Justiças: Imputada e Comunicada O motivo pelo qual escrevemos o presente artigo
é que não suportamos mais ver erros nas lições da escola sabatina, tais que
levam nosso povo a confundir nossa bela doutrina da justificação pela fé. Recentemente, fizemos críticas às lições em
tela, diretamente à nossa liderança, especialmente a do 1º. Trimestre do
corrente ano, a qual tratou da certeza
da salvação, mas não fomos bem recebidos por ela. Não podemos agora revelar os motivos e
desdobramentos da represália citada. Em outra oportunidade, assim que tivermos
recebido uma resposta da liderança, colocaremos na internet as críticas que
fizemos e o resultado dela, mesmo porque, embora tratem sobre temas diferentes,
eles se entrelaçam entre si, o mesmo ocorrendo com o último artigo que
escrevemos sobre a natureza de Cristo. (Ver link perfeccionistas x liberalistas.) Os irmãos, que acompanham toda a problemática
doutrinária da nossa igreja, já devem ter percebido que o que está
acontecendo, se mal comparando, é um efeito
dominó, onde o entendimento errôneo de uma doutrina empurra o
mesmo entendimento para outra, e assim sucessivamente, até desmoronar a justificação
pela fé, passando por aquelas já citadas, e ainda pelas
do santuário celeste, do juízo investigativo,
e outras mais. Este processo, que denomino efeito
dominó, é indispensável aos partidários da teologia
neoadventista, que grassa em nosso meio, a fim de lhe dar a devida coerência,
nem que para isso se sacrifique a verdade, ainda que possa ser
inconscientemente. Como exemplo, podemos citar a doutrina da natureza
humana de Jesus Cristo, onde o neoadventismo sustenta ter sido ela
idêntica a de Adão, antes da sua queda. Isso é absolutamente necessário a
ele, pois a mesma teologia afirma que ao homem é impossível obedecer
perfeitamente a Deus. Tendo Jesus vantagem sobre nós, em uma possível natureza
não caída, ficam os homens plenamente desculpáveis em não poderem alcançar
o ideal divino, uma vez que são estes inerentemente propensos ao pecado,
enquanto Aquele não. Nesse diapasão, a justiça que estes porventura vierem a
possuir será sempre dependente da imputada pela fé n`Aquele, não podendo,
jamais, virem a ser justos, de fato. Sendo assim, a justificação do homem é,
apenas, forense, e a santificação, uma metáfora, daí porque, também, é
necessário fundir a justiça comunicada na imputada, e transformá-las em uma só,
para que seja mantida a coerência doutrinária (Ver debate entre Azenilto de
Brito e Jaime Bezerra, link de www.adventistas.com). Vamos provar isso, utilizando material de nossa
literatura oficial! A tradução do livro de Ellen White, no
original inglês Steps to Christ - The Test of Discipleship – Parágrafo – 01 –
Página - 63,
Caminho a Cristo, em português, comete um grande equívoco, e a lição
da escola sabatina o realça. Antes,
vamos ao texto na língua original: Our
only ground of hope is in the righteousness of Christ imputed to us, and in that
wrought by His Spirit working in and through us. Na primeira versão portuguesa, edição da Casa
Publicadora Brasileira, pág. 63, temos: Nosso
único motivo de esperança está em ser-nos imputada a justiça de Cristo –
essa justiça produzida pelo Seu Espírito a operar em nós e por nós. A Casa Publicadora reviu a tradução, emitindo
uma segunda versão, através de um CD Room, em 1.999/2000, na qual temos: Nosso
único motivo de esperança está na justiça de Cristo a nós imputada, e
naquela atuação de Seu Espírito em nós e através de nós. Embora
essa segunda versão seja mais favorável ao pensamento do original na língua
da autora, ela não é fiel. Como na lição da escola sabatina deste trimestre,
pág. 13, está impressa a primeira versão, vamos a ela nos ater. Primeiramente, é mister darmos a tradução
mais fiel encontrada para o texto em exame, e ela está, para vergonha nossa, na
literatura da IASD – MR, em seu livro Como
encontrar a paz interior, pág.66, edições Vida Plena, onde lemos:
Nossa
única razão de esperança está na justiça de Cristo a nós imputada, e
naquela justiça produzida pelo Seu Espírito operando em nós e por meio de nós. A versão utilizada pela lição da escola
sabatina, induz-nos a pensar que a justiça imputada de Cristo seja a mesma
comunicada pelo Seu Espírito. Isso está bem claro na inserção de um hífem
entre as frases justiça de Cristo e
essa justiça, o que implica em sinônimo, igualdade ou complemento
de pensamento, além do que o pronome demonstrativo essa reforça a mesma idéia, bem diferente do pronome
demonstrativo aquela e da preposição e, que dão a idéia
de uma outra justiça, em contraste com essa imputada de
Cristo. A versão do MR é muito clara e mais fiel ao
texto original: existem duas justiças, embora da mesma fonte (Jesus e
Espírito Santo), que são a base de nossa esperança de justificação – a
imputada e a comunicada; são complementares e diferentes. Uma é a
justificação pela fé em Cristo, e a outra é a santificação pelo Espírito.
Daí não há o que sofismar! Pretender igualar ambas é cometer um erro teológico
inaceitável, tanto pela Bíblia como pelo Espírito de Profecia. E é o que faz
a lição, a partir de uma tradução equivocada. Só não sabemos se o erro foi
premeditado, a fim de dar coerência ao pensamento neoadventista, ou se foi por
ignorância. De toda a sorte, foi, e permanece, um erro lamentável. Até parece
que o tradutor quis corrigir Ellen White! Corroborando o que estamos tentando demonstrar,
observemos o que ela diz, dentre vários textos que poderíamos citar, em Messages
to Young Peopl e - Our Day of Opportunity – Parágrafo – 02 – Página –
35 - (Righteousness Within): Righteousness within is testified to by righteousness
without. He who is righteous within is not hard-hearted and unsympathetic, but
day by day he grows into the image of Christ, going on from strength to strength.
He who is being sanctified by the truth will be self-controlled, and will follow
in the footsteps of Christ until grace is lost in glory. The righteousness by
which we are justified is imputed; the righteousness by which we are sanctified
is imparted. The first is our title to heaven, the second is our fitness for
heaven.(Review and Herald, June 4, 1895). Em português: A justiça interior é
testificada pela exterior. Quem é justo interiormente, não é insensível nem
incompassivo, mas dia a dia cresce na imagem de Cristo, indo de força em força.
O que está sendo santificado pela verdade, exercerá domínio próprio e seguirá
os passos de Cristo até que a graça se perca na glória. É imputada a justiça
pela qual somos justificados; aquela pela qual somos santificados, é
comunicada. A primeira é nosso título para o Céu; a segunda, nossa adaptação
para ele. Observemos aclareza com que o texto faz distinção entre esta
e aquela justiça! Mas a lição faz, mais ainda. Afirma, na mesma
página, que: A Bíblia nunca faz distinção entre a justiça do crente e a
habitação de Cristo no coração. Aqui temos um problema sério, não
na linha,
mas nas entrelinhas, não na letra,
mas no espírito
da mesma. A fonte de toda justiça é a mesma: Deus –
Pai, Filho e Espírito Santo. Nisso estamos de pleno acordo. Portanto, nem a Bíblia,
e nem o Espírito de Profecia, faz diferença entre fontes de justiça.
Mas fazem, ambos (vejamos os textos bíblicos listados em referências no
final), grande diferença no modo de obtenção da mesma, por parte do homem:
aqui está o cerne da questão! Nesse sentido, a afirmação da lição é, no mínimo,
temerária, e induz a erro, pois, no pensamento neoadventista, isso quer dizer
que o homem não tem poder para ser justo, de fato, se não de
direito, ou seja, a sua justificação é somente forense. Chegamos, então, ao ponto culminante de todas
as desavenças doutrinárias que estamos experimentando dentro da IASD: A
justificação pela fé! Mas isto é um assunto para se estender em
outro artigo, muito em breve, se tivermos espaço e Deus permitir. Queremos concluir o presente acrescentando um
dado que, também será um assunto para se estender em outro artigo. Somente
vamos arranhar o mesmo. No pensamento adventista histórico, deduzido do
que diz a Bíblia em Tiago 2:24 e Ef. 2: 8-10, o homem é justificado tanto por
fé quanto por obras, estas, bem entendidas, como que realizadas por fé, e
aquela, bem entendida, quando testificada por obras. Assim, fé e obras têm seu
papel na salvação do homem, bem como graça e lei, amor e justiça, enfim,
essa dualidade que na verdade é a expressão do caráter de Deus. E, por assim
dizer, e é o que diz a Inspiração, a salvação é resultado de um acordo, de uma aliança
ou de um concerto, entre Deus e o homem, no qual Aquele justifica
este, por base na fé em Cristo, e este se compromete em obter a Sua justiça,
na prática, com a ajuda do Espírito Santo. Observemos que a fonte é a mesma – a
trindade. Mas quão diferente é o papel de cada um na aliança!
Percebamos que o homem não pode ser justo, por si mesmo. Tanto na imputada,
quanto na comunicada, o mérito é divino; porém, ele pode ser justo, de fato e
de direito, com o poder divino, a ele disponibilizado pelo amor, graça e fé de
Cristo. Destarte, se nosso povo é induzido a acreditar
que só há um passo a dar, na obtenção da justiça de Cristo, a
imputada/comunicada, e que não é possível ser justo, de fato, aonde vamos
parar, em nossas filosofias e teorias humanas? Bem sabemos aonde vamos parar: na
condescendência com os pecados difíceis de serem vencidos, embalados com a pseudocerteza
de salvação e aceitação, por base em uma fé teórica, forense,
intelectual e inoperante (Como um exemplo desse engano, reportamos os leitores
à Revista da liderança JÁ, de janeiro a março de 2000,
material da semana de oração jovem, parte de 5ª. Feira, onde o autor da
mensagem assevera que Jesus dá um cheque em branco para pagamento dos
pecados futuros). É precisamente isso que podemos observar em
nosso meio, bastando dar uma volta pelo arraial adventista, por exemplo, a situação
na América do Norte, onde nossa organização tolera, e até incentiva, ministérios
oficiais para homossexuais
adventistas, aceita passivamente a ordenação
de mulheres, e condena os chamados self-support ministries, que, corajosamente e com parcos
recursos, sustentam a doutrina pura dos pioneiros adventistas do sétimo dia,
lutando em favor do adventismo histórico, tal qual foi concebido à luz dos Testemunhos
de Jesus, e contra o
novo adventismo. (Para um
melhor entendimento do assunto, recomendamos a leitura do livro Em defesa do
Adventismo, dos irmãos Standish, e o livreto Considerações
sobre a NOVA TEOLOGIA, de A. Balbach, da IASD – MR). Além de tudo isso, conforme podemos encontrar
até na citada literatura do MR,
como dissemos algures para nosso opróbrio, esse chamado Novo Adventismo,
dentro da linha de raciocínio do que denominei efeito dominó, faz
as seguintes afirmações antibíblicas:
Por isso, todos os que compreendem o momento
profético que estamos vivendo, têm de envidar todos os seus melhores esforços
com o fito de tentar deter essa onda de apostasia doutrinária dentro de nossa
igreja, pois, lamentavelmente, nossos líderes não querem ouvir-nos e
reconhecer seu erro, ao contrário, recebem-nos mal, interpretam-nos mal e nos
fazem represálias. Deus
ajude nessa empreitada, a todos quantos estão tentando manter um ministério
independente de apoio a IASD, especialmente aos dos EUA, que até processos
judiciais estão enfrentando! (ver link de www.adventistas-aconselho.com). Fernando José Pretti de Oliveira Referências
bíblicas listadas para exame posterior:
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