O Que Jesus Fez no Santuário Celestial de 31 A.D. a 1.844 A.D.?
Respostas que os Pastores Adventistas Nunca Deram a Essa e Outras Objeções dos Protestantes!

 

(Em resposta a e-mail do leitor Reginaldo Magro)

Prezado amigo,

Antes de mais nada, devo salientar que você não apontou qualquer falha em minha abordagem da estrutura do Santuário em Apocalipse. Em vez disso, preferiu reafirmar as já desgastadas contestações ao pensamento adventista do sétimo dia sobre o Juízo Investigativo.

Mesmo assim, dedicarei as linhas que se seguem a responder suas colocações.

 

1) O que Jesus esteve fazendo no Lugar Santo do Santuário Celestial de 31 A.D. a 1.844 A.D.?

Resposta: Essa pergunta revela antes uma IMPLICÂNCIA DESARRAZOADA do que uma dificuldade em nossa doutrina do Santuário. Digamos que estivéssemos errados e que na verdade Jesus tivesse ido diretamente para o Santíssimo quando de Sua ascensão. Poderíamos perguntar: o que Ele esteve fazendo no Santo dos Santos desde que subiu ao Céu? Está claro que isso nada tem a ver com a posição de Jesus no Santuário Celestial.

A rigor, a Bíblia fala pouco acerca da atividade de Cristo no Céu desde Sua ascensão. Talvez a passagem que melhor sintetize o assunto seja a de Hebreus 10:12 e 13: “Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-Se à destra de Deus, aguardando, daí em diante, até que os Seus inimigos sejam postos por estrado dos Seus pés.”.

Em 1.844, ao término das 2.300 tardes e manhãs, a Corte Celestial foi transferida para o Santo dos Santos. Daniel diz que foram colocados uns tronos. O Ancião de Dias, Deus, o Pai, que até então estava no primeiro compartimento do Santuário (Apocalipse 4:1, 2 e 5; e 8:3 e 4), deslocou-Se para o Santo dos Santos (Daniel 7:9). A menção a “tronos” sendo “postos” em Daniel 7:9 parece indicar que não somente o Pai mas também os 24 anciãos passaram para o Santíssimo. O mesmo se pode dizer dos milhões de anjos (Apocalipse 5:11; e Daniel 7:10) e provavelmente dos 4 seres viventes. Por fim, o próprio Jesus deixou o Lugar Santo e foi ao Santíssimo para receber “domínio e glória, e o reino” (Apocalipse 5:6-8; e Daniel 7:13 e 14). Ele foi ao Ancião de Dias para realizar a obra do julgamento a fim de determinar quem fará parte de Seu novo reino. Unicamente após o encerramento desse processo judicial, Jesus – na qualidade do segundo Adão – receberá o reino das mãos de Seu Pai. Nesse tempo, Deus também lhe permitirá executar a sentença do Tribunal Celeste contra a ponta pequena (Daniel 7:26 e 11).

Mas, voltemos à questão colocada no início: o que Jesus esteve fazendo no Lugar Santo, de 31 A.D. até 1.844 A.D.? Além de aguardar “até que os Seus inimigos” fossem “postos por estrado dos Seus pés.”, pode-se dizer que Jesus esteve à frente do Seu povo, coordenando suas atividades através do Espírito Santo e de Seus anjos. Ver Apocalipse 1:20; 3:1; 5:6 etc. Ele dirigia e continua dirigindo os anjos celestes numa obra formidável em prol de nossa salvação (Hebreus 1:7 e 14). E, acima de tudo, Ele intercedia, como ainda intercede, pelos seres humanos junto ao Pai (1 João 2:1; e Hebreus 7:25; e 9:24).

 

2. Desde 1.844 A.D., o Santuário continuou sendo profanado pelos pecados do povo de Deus, o que exigiria novas atividades especiais de purificação, com o que a doutrina adventista não concorda. Como explicar isso?

Resposta: Essa dificuldade é apenas aparente, pois, segundo a teologia adventista, quando vier a crise envolvendo a lei dominical, todos serão esclarecidos sobre a verdade e cada qual será levado a tomar sua decisão: os que estiverem bem preparados, com o caráter já purificado, serão selados com o selo de Deus e não poderão mais pecar; os que rejeitarem ou renegarem a verdade receberão a marca da besta. Por fim, será lavrada a decisão do Tribunal concernente aos vivos e em seguida a porta da graça se fechará, de tal forma que o Santuário estará para sempre purificado dos pecados dos seres humanos. Portanto, não há nenhum problema real com a doutrina da purificação do Santuário a partir de 1.844.

No tocante à citação do livro do Dr. Ubaldo Torres Araújo, basta dizer que Daniel 8, em parte alguma, diz que a profanação do Santuário duraria 2.300 tardes e manhãs. O que se diz é que após esse período começaria a purificação do Santuário. Apenas isso. Tudo o mais são especulações e conjecturas baseadas em inferências!

 

3. Desde quando Jesus Se tornou Sumo Sacerdote?

Resposta: Concordamos que Jesus tenha sido investido no ofício sumo sacerdotal quando de Sua ascensão ao Céu. Mas, é importante que se tenha em mente que o Sumo Sacerdote não atuava apenas no Dia da Expiação, quando entrava no Lugar Santíssimo do Santuário. Durante o ano, o Sumo Sacerdote também oficiava como um sacerdote comum, no átrio e no Lugar Santo. Assim, o fato de já ser chamado de Sumo Sacerdote a partir de Sua ascensão não quer dizer que Ele tivesse que cumprir, desde já, o ritual do Grande Dia da Expiação.

 

4. Como Sumo Sacerdote, quando Ele penetrou no Lugar Santíssimo do Santuário Celestial?

Resposta: A análise de Hebreus 6:19 e 9:12 já foi feita na resposta ao e-mail do irmão Luís Martini, pelo que não se faz necessário repeti-la aqui.

 

5. Como entender Hebreus 9:8?

Resposta: Talvez, uma das passagens que têm provocado mais agitação sobre o tema do Santuário seja a de Hebreus 9:8. Há 2 linhas básicas de interpretação desse verso:

1º) O autor de Hebreus poderia estar querendo dizer que o acesso limitado dos sacerdotes à presença de Deus (ministério apenas no primeiro compartimento) era um símbolo da Era Judaica, em que o acesso das pessoas a Deus se dava por meio da classe sacerdotal. A entrada do Sumo Sacerdote no Lugar Santíssimo seria o prenúncio de uma Era Melhor, que viria a ser inaugurada por Jesus, por meio de Quem as pessoas teriam acesso irrestrito a Deus. A palavra “Santuário” seria, assim, uma alusão ao Lugar Santíssimo, ao passo que a expressão “primeiro tabernáculo” seria uma referência ao Lugar Santo. Em outras palavras, enquanto o sistema judaico estivesse em vigor, Jesus não poderia iniciar Seu ministério sumo sacerdotal no Céu. Quando, porém, Jesus morreu na Cruz do Calvário, não somente o sistema cerimonial terrestre perdeu a validade (fato esse representado pelo rasgar do véu), como também o celestial passou a vigorar. A partir disso, alguns concluem que Jesus teria iniciado Seu ministério já no segundo compartimento ou que o Céu seja o próprio Lugar Santíssimo.

2º) Uma interpretação mais simples, que é a adotada pela maioria dos teólogos adventistas, ensina que a palavra “Santuário” estaria designando o Templo Celestial e que “primeiro tabernáculo” seria uma forma de se referir ao Santuário Terrestre da primeiro aliança (em contraste com a Segunda). Assim, o autor de Hebreus poderia estar querendo dizer que o Santuário Celestial só seria inaugurado quando o Terrestre perdesse sua validade. A diferença entre as 2 maneiras de interpretar Hebreus 9:8 é que esta não considera a expressão “primeiro tabernáculo” uma alusão ao Lugar Santo como símbolo da Era Judaica e o “Santuário”, uma indicação do Santíssimo como símbolo da Era Cristã.

Comentário: Ao meu ver, a epístola aos Hebreus não disponibiliza elementos suficientes para se chegar a uma conclusão segura da real interpretação do capítulo 9, versículo 8. De uma modo geral, os teólogos adventistas procuram defender a segunda interpretação como a melhor, no intuito de evitar conclusões do tipo “não existe um Santuário Celestial” ou “Jesus foi diretamente para o Santíssimo após Sua ascensão”. Mas, esse temor não tem razão de ser.

Com as ressalvas de que são inaceitáveis as conclusões de que não existam 2 compartimentos no Santuário do Céu ou de que Jesus tenha iniciado Seu ministério intercessório já no Lugar Santíssimo, a primeira interpretação não é absurda. Muito pelo contrário: é até bem provável.

Hebreus 9:8 poderia ser encarado como um comentário de natureza homilética do próprio autor da epístola. Em outras palavras: como seu objetivo era ensinar que o Santuário Terrestre e suas cerimônias já tinham perdido o valor e que Jesus havia inaugurado um novo ministério intercessório no Céu, o autor de Hebreus pode ter extraído uma lição espiritual do acesso limitado a Deus de que os sacerdotes desfrutavam no Lugar Santo e do ministério mais próximo de Deus que o Sumo Sacerdote realizava, sem que com isso ele quisesse ensinar que Jesus não cumpriria as 2 etapas do ministério intercessório no Céu.

O cerne do assunto seria a questão do acesso a Deus. Como se demonstrou mediante a análise da estrutura e do mobiliário do Santuário Celestial em Apocalipse, Deus estava sentado num trono situado no Lugar Santo do Templo Celestial quando da ascensão de Jesus. Portanto, embora ministrando no Lugar Santo, Jesus possuía ACESSO IRRESTRITO a Seu Pai desde o ano 31 A.D.. Ele não precisou esperar até 1.844 A.D. para ir à presença de Deus, como alguns imaginam, por causa da suposição errônea de que a arca da aliança seja um símbolo do trono de Deus. Como já se disse, a arca e o trono constituem realidades distintas.

O receio dos teólogos adventistas em aceitar a primeira interpretação é injustificado, pois mesmo que não vejam a vinculação entre Mateus 27:51 com Hebreus 9:8, são obrigados a enxergá-la com Hebreus 10:19 e 20.

Além disso, é importante lembrar que Ellen G. White endossa esse comentário de natureza homilética para o rasgar do véu. Senão, vejamos:  

“Tudo é terror e confusão. O sacerdote está para matar a vítima; mas o cutelo cai-lhe da mão paralisada, e o cordeiro escapa. O tipo encontrara o antítipo por ocasião da morte do Filho de Deus. Foi feito o grande sacrifício. Acha-se aberto o caminho para o santíssimo. Um novo, vivo caminho está para todos preparado. Não mais necessita a pecadora, aflita humanidade esperar a chegada do sumo sacerdote. Daí em diante, devia o Salvador oficiar como Sacerdote e Advogado no Céu dos Céus.” O Desejado de Todas as Nações, p. 757.

Pelo rasgar do véu do templo, Deus disse: Não posso mais revelar Minha presença no lugar santo. Um novo e vivo Caminho, diante do qual não existe véu, é oferecido a todos. A humanidade pecaminosa e sofredora não aguarda mais a vinda do Sumo sacerdote.” Comentários de Ellen G. White, Seventh-Day Adventist Bible Commentary, vol. 5, pág. 1.109.

 

6. O Santuário Celestial possui um véu de separação entre o Santo e o Santíssimo?

Resposta: O senhor Reginaldo Magro entende que “não”, mas a Bíblia dá testemunho de que “sim”. É aqui que os opositores da doutrina adventista sobre 1.844 ficam sem saída! João viu uma “porta aberta” no Céu. Ao entrar por ela, João pôde contemplar o “trono”, as “sete lâmpadas de fogo” e o “altar de incenso” (Apocalipse 4:1, 2 e 5; 8:3 e 4; e 9:13). Ele nada falou da “arca da aliança”. Nada!!! Mas, ao abrir-se “o Santuário de Deus que se acha no Céu”, ele contemplou “a arca de Deus no Seu Santuário” (Apocalipse 11:19). Esse lugar que se abriu só pode ser o Santíssimo, onde ficava a arca da aliança. Portanto, existem, sim, 2 grandes divisões no Santuário Celestial. Isso é inegável!

 

7. Jesus consumou TUDO na Cruz?

Resposta: Jesus era tipificado tanto pelo animais que eram sacrificados quanto pelos sacerdotes que oficiavam o sangue. Tanto uns quanto outros apontavam para Cristo, porém destacando aspectos distintos. O sacrifício dos animais figurava como símbolo do sofrimento e morte de Cristo, ao passo que o trabalho dos sacerdotes retratava Sua obra intercessória. É claro que a missão de Jesus como o Cordeiro de Deus foi consumada na Cruz; mas Sua função como nosso Sumo Sacerdote apenas começou quando Ele subiu ao Céu. Do contrário, Ele não precisaria ser investido em ofício algum. Poderemos detalhar esse assunto posteriormente.

 

CONCLUSÃO.

Prezado amigo Reginaldo Magro, ainda insisto que essas generalidades não são suficientes para destruir a doutrina adventista do Santuário e do Juízo de Investigação. Nosso entendimento está embasado num formidável esquema profético-matemático que o próprio Deus elaborou. Gostaria que o amigo entrasse nos méritos desse esquema ou que apresentasse algum elemento objetivo que fosse capaz de desmontar nossa apresentação da estrutura do Santuário em Apocalipse. Não sendo isso possível (como creio que não seja!!!), reconheça a força e a glória da mensagem adventista, para honra de Deus e de Seu amado Filho Jesus.

Que Deus o ajude e o abençoe!

Henderson H. L. Velten

Editor do site http://www.concertoeterno.com.

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