Você já deve ter visto os trechos da elogiosa mensagem de congratulações do presidente Fernando Henrique Cardoso pelo centenário da Casa Publicadora Brasileira, que foram orgulhosamente incluídos na capa da Revista Adventista de janeiro e no editorial do Pastor Rubens Lessa (pág. 2). E aí? Fizeram alguma diferença? Tiveram significado especial para você? Não? Leia-os, de novo!
Não lhe parece honroso ser objeto da atenção do Presidente FHC? “Claro que é”, pensam alguns enquanto lêem este texto na tela do monitor. “Nada a ver”, reagem outros. Mas a liderança da IASD deve ter delirado com essa manifestação de consideração e confirmação de prestígio junto ao governo federal. Afinal, trata-se de uma celebridade! E sensibilizar-se com a proximidade e o favor das celebridades é uma tendência de nossa igreja hoje, especialmente celebridades em exercício de poder como é o caso.
Laodicéia imita Babilônia até no relacionamento promíscuo com os poderosos! Se bem que no Brasil há setores da Igreja Católica que ainda optam pela defesa profética dos chamados “excluídos” e, com freqüência, criticam o desempenho do presidente e de sua equipe.
Note bem: Estamos imaginando que o presidente Fernando Henrique tenha mesmo gasto cinco a dez minutos de seu precioso tempo para formular o tal texto, em lugar de deixar para um assessor de terceiro escalão a ingrata tarefa de responder a “mais um convite de crentes para comparecer numa festa deles lá em Tatuí”. Pois bem, supondo que a referida mensagem tenha sido escrita por FHC, perguntamos:
Que valor têm elogios à Casa Publicadora Brasileira, vindos de um presidente que em 1985, durante a campanha pela prefeitura de São Paulo, declarou-se “ateu”.
Que valor têm elogios à Casa Publicadora Brasileira, vindos de um presidente que em 4 de junho de 1996 autorizou uma oração de “exorcismo da corrupção”. O vidente católico Eurípedes Antonio Batista Pinto, ligado à ala carismática da Igreja Católica, exigiu assentar-se na cadeira reservada ao presidente e se fazia acompanhar por uma imagem de Nossa Senhora da Esperança, esculpida por artesãos do Santuário de Fátima em Portugal.
Que valor têm elogios à Casa Publicadora Brasileira, vindos de um presidente que só não consagrou ainda o Brasil aos Sagrados Corações de Jesus e de Nossa Senhora por respeito à legislação em vigor, embora seu vice, Marco Maciel, tenha dito que “seria um grande estímulo à fé, mas o presidente não pode fazer isso porque o artigo 19 da Constituição veda a vinculação do Estado à religião”?
Que valor têm elogios à Casa Publicadora Brasileira, vindos de um presidente que fez acordos a portas fechadas com 310 pastores, representantes das igrejas Assembléia de Deus, Batista, Metodista, Nova Vida, Comunidade Evangélica, Presbiteriana, Evangélica Quadrangular, Maravilhas de Jesus, Casa da Benção, Deus é Amor e Cristo Vive, sob a condição de ganhar os votos de quase todos os 15 milhões de eleitores evangélicos para sua reeleição? No encontro, que ocorreu no auditório da Academia de Tênis de Brasília, Fernando Henrique ganhou uma Bíblia, um manifesto de apoio à reeleição e ao seu programa de governo, orações pela sua vitória nas urnas e pelo restabelecimento da saúde da primeira-dama Ruth Cardoso. Em troca, Fernando Henrique prometeu uma solução para a Lei do Meio Ambiente que deixa ambígua a aplicação da lei do silêncio nos templos religiosos e garantiu que não seriam aplicadas sanções aos barulhentos cultos pentecostais.
Que valor têm elogios à Casa Publicadora Brasileira, vindos de um presidente que, certa vez, afirmou que, para governar o Brasil, era preciso “uma pitada de candomblé” e, mais recentemente, declarou ter “formação cartesiana com elementos do vodu e do candomblé“?
Que valor têm elogios à Casa Publicadora Brasileira, vindos de um presidente que em 19 de novembro último esteve no Vaticano para arrancar do Papa João Paulo II a promessa de que voltará ao Brasil no ano 2001?
Cada integrante da comitiva de FHC recebeu de presente um terço e o presidente ganhou uma caixa com medalhas e um livro com gravuras de Michelângelo. Fernando Henrique presenteou o Papa com uma escultura de Sant’Ana e falou sobre as dificuldades na luta contra a pobreza, mas “ressaltou o esforço do governo na área da educação,” segundo a Agência Brasil.
Dá para acreditar nos elogios de um cidadão que mente assim tão descaradamente até para o papa? – Robson Ramos
Fontes:
- Reportagem “Milagre para FHC” publicada em 12/6/96 pela revista Isto É.
- http://www.diariodonordeste.com.br/1998/09/10/010014.HTM
- http://www.radiobras.gov.br/processados/REA-19991119-202714-0214.htm
- http://www.nao-til.com.br/nao-65/fernando.htm
Passei por acaso por aqui, gostei e deixo-lhe os meus blogs:
http://meditacaoparaasaude.blogspot.com
Muitas bênçãos do Senhor é meu desejo. Mto grata!
Caro amigo, creio que sua revolta pela figura do ex-presidente pode ser muito bem compreendida. Porém, a associação de falhas de caráter dos governantes à CPB é totalmente ridícula.
Deus nos ordena que sigamos a lei dos homens desde que ela não aflija os princípios divinos. O respeito e o reconhecimento pela demonstração de FHC mostra a ética e o respeito moral pregado pelo próprio exemplo de nosso Senhor Jesus Cristo que apesar de criticar os fariseus nunca os faltou com respeito, nem tão pouco fez-se tão baixo a ponto de sujar seu nome dizendo infâmias contra os governantes da época. Ensinava o correto, para quem quisesse aprender o caminho para o céu. Se praticássemos mais o exemplo de vida cristão (exemplo este que foi demonstrado com o reconhecimento pela carta do presidente), vidas seriam salvas com mais frequência do que por palavras agressivas que não salvam, porém, colocam o medo do inferno no coração das pessoas.
É sinal que ele lê os artigos publicados pela nossa editora. O que vale mais é o que podemos fazer com nossas literaturas que é salvar almas. Duvido que você já tenha salvo alguma alma pra Jesus.