Peter Thiel, cofundador do PayPal e um dos poucos pensadores tecnológicos com uma visão filosófica e escatológica da tecnologia, invocou uma das imagens mais enigmáticas e poderosas da Bíblia: os pés de ferro e barro da estátua do sonho do rei Nabucodonosor, descrita em Daniel 2.
Nesse sonho, uma estátua colossificada simboliza sucessivos impérios da história humana. A última parte — os pés misturados de ferro e barro — representa um reino dividido, frágil, instável, e incapaz de se manter coeso. Segundo a visão profética, tal reino estaria à beira do colapso quando a “pedra cortada sem auxílio de mãos” (símbolo do reino de Deus) o atingisse e destruísse completamente.
Thiel interpreta essa metáfora como um alerta contemporâneo: o ferro é a máquina — representando a Inteligência Artificial, os sistemas de vigilância, os algoritmos que regulam tudo com precisão impessoal e implacável. O barro é a humanidade — frágil, complexa, livre, espiritual. Tentar fundir os dois em uma simbiose perfeita, como propõem os transumanistas, é não apenas tecnicamente falho, mas espiritualmente perigoso e profeticamente condenado.
O transumanismo, do qual Peter Thiel é um notório financiador e, até certo ponto, entusiasta pragmático, é a encarnação contemporânea da tentativa de misturar ferro e barro. A proposta transumanista é, literalmente, superar as limitações humanas (barro) por meio da integração com a tecnologia (ferro) — inteligência artificial, chips neurais, próteses inteligentes, edição genética, interface cérebro-máquina, etc.
“Estamos tentando unir o incontrolável humano com a perfeição do cálculo da máquina. Isso é impossível. E profético.” — Peter Thiel
O Ferro da Máquina: Rígido, Inflexível, Totalitário
A Inteligência Artificial, sobretudo em sua forma de ASI (Artificial Superintelligence), é frequentemente tratada como uma entidade quase divina. Yuval Noah Harari, conselheiro do Fórum Econômico Mundial, chegou a declarar que “a inteligência artificial pode escrever novas religiões”. Para ele, os algoritmos nos conhecem melhor do que nós mesmos — uma afirmação que, embora fascinante para alguns, revela o profundo desejo de substituição da consciência espiritual humana por sistemas de controle digital.
É nesse ponto que as preocupações de Thiel se encontram com as de outros pensadores como Shoshana Zuboff (A Era do Capitalismo de Vigilância) e James Poulos (Human Forever). Eles alertam que o avanço tecnológico está promovendo uma fusão entre Estado e algoritmo — uma nova “besta” apocalíptica, que se impõe não apenas pela força bruta, mas pela sedução do conforto, da conveniência e do monitoramento.
O Barro da Humanidade: Livre, Espiritual, Imperfeito
O barro representa a criação humana feita por Deus: moldável, imperfeita, mas dotada de livre-arbítrio e consciência. A tentativa de “corrigir” essas imperfeições através de neuroengenharia, edição genética, integração homem-máquina ou controle comportamental, vai de encontro à essência da liberdade concedida pelo Criador.
Autoras como Mary Harrington (Feminism Against Progress) criticam a substituição da alma por “software”. Harrington argumenta que o ser humano está sendo reduzido a um conjunto de dados otimizáveis, perdendo sua conexão com o sagrado, com a imperfeição redentora que nos define como espécie criada — não manufaturada.
Transumanismo: A Tentativa Moderna de Fundir o Ferro e o Barro
Na estátua do sonho de Nabucodonosor (Daniel 2), os pés de ferro e barro misturados são frágeis e instáveis, e simbolizam um império final dividido, com forças inconciliáveis tentando operar juntas. O barro representa o ser humano, feito por Deus, alma vivente, com espírito e livre-arbítrio. O ferro é o símbolo da máquina — fria, lógica, eficiente, impiedosa, sem espírito.
O transumanismo propõe a fusão literal entre esses dois elementos inconciliáveis.
“Transumanismo é a tentativa de produzir um novo tipo de humanidade — ou até mesmo uma pós-humanidade — onde o biológico é constantemente ampliado ou substituído pelo tecnológico.”
— Nick Bostrom, filósofo e cofundador do Future of Humanity Institute
Thiel, embora cristão confesso e crítico de certas derivações da IA, também investe em tecnologias transumanistas. Isso mostra a tensão interna entre o reconhecimento dos riscos espirituais e escatológicos dessa agenda, e o fascínio que essas tecnologias exercem até mesmo sobre aqueles que compreendem seus perigos.
Por que a mistura é impossível?
Daniel 2:43 declara:
“E, quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo, eles se misturarão com semente humana, mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro.”
O texto é claro: haverá uma tentativa forçada de fusão com a “semente humana” — o que pode ser entendido tanto literal quanto espiritualmente.
No contexto atual, isso soa como a hibridização do humano com o não-humano:
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Chip na testa ou na mão? Apocalipse 13 parece ecoar esse símbolo: uma marca que conecta o indivíduo a um sistema global de controle (econômico, ideológico, tecnológico).
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Identidade Digital global? Um controle social via pontuação de comportamento, já usado na China — o ferro querendo moldar o barro.
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Inteligência Artificial orientando decisões morais e espirituais? Um substituto do Espírito Santo por uma mente algorítmica.
Thiel: Crítico do Sistema que Também o Financia?
A posição de Peter Thiel é complexa. Ele tem investido em:
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Empresas de longevidade (como a Ambrosia e a Unity Biotechnology)
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Empresas de IA (como Palantir)
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Financiamento de figuras críticas do globalismo
Apesar disso, em declarações públicas, ele admite temer que a IA esteja ligada a uma entidade espiritual ou tirania que remete ao anticristo. Ao citar Daniel 2, ele parece reconhecer que essa fusão é profeticamente instável e fadada ao colapso, mesmo que esteja acontecendo agora diante dos nossos olhos.
O Projeto de Babel 2.0
A tentativa de misturar ferro e barro é o novo Projeto Babel — uma rebelião contra os limites impostos por Deus à natureza humana. Ao tentar ultrapassá-los por meios tecnológicos, a humanidade está invocando não apenas uma crise existencial, mas um juízo profetizado.
O remanescente, como mostrado na própria profecia, não participará dessa fusão. Permanecerá como barro nas mãos do Oleiro — imperfeito, sim, mas espiritual, moldável por Deus, e destinado a ser parte do Reino Eterno, não da máquina eterna.
O Império dos Pés de Ferro e Barro Está Entre Nós
Vivemos dias proféticos. A fusão entre ferro e barro está sendo tentada por elites transnacionais, governos tecnocráticos e estruturas religiosas cada vez mais conformadas ao sistema. A profecia de Daniel não é apenas sobre reinos antigos, mas sobre qualquer sistema que tenta se sustentar unindo o que Deus separou.
Thiel, com sua perspectiva singular, entende que estamos diante do limiar de um conflito espiritual disfarçado de avanço tecnológico. A máquina quer moldar o barro à sua imagem. Mas isso nunca funcionará, porque o barro foi moldado à imagem de Deus, e essa imagem não pode ser sobrescrita por código binário.
Conclusão: A Pedra Está a Caminho
O alerta não é apenas político ou tecnológico — é espiritual. A profecia anuncia que uma pedra (o Reino de Deus) destruirá esse sistema híbrido e ilegítimo. Os que resistirem à sedução do ferro, que mantiverem sua fé mesmo em meio ao controle algorítmico, farão parte do Reino que jamais será destruído.
A pergunta final é: estamos preparados para resistir? Ou já estamos misturados demais ao ferro para notar o barro que racha sob nossos pés?
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TRASCRIÇÃO DESSE TRECHO DO VÍDEO
Debatedor: “Mas o mundo da IA claramente está cheio de pessoas que, no mínimo, parecem ter uma visão mais utópica e transformadora da tecnologia do que a que você está expressando aqui. Como você mencionou anteriormente, a ideia de que o mundo moderno prometia extensão radical da vida e hoje não mais. Parece muito claro para mim que várias pessoas profundamente envolvidas com inteligência artificial a veem como um mecanismo para o transumanismo, para transcender nossa carne mortal — seja criando uma espécie sucessora ou uma fusão entre mente e máquina. Você acha que tudo isso é fantasia irrelevante ou mera divulgação para captar investimentos? Ou é delírio? É algo que o preocupa?”
Peter Thiel: “Sim, isso. Eu hesito. Há muitas perguntas. E se a raça humana deve sobreviver… Sim, eu quero que ela sobreviva. Mas também gostaria que resolvêssemos esses problemas radicalmente. Então, sempre fico meio indeciso. Transumanismo é essa transformação radical onde seu corpo natural se torna imortal. E existe uma crítica a transingentes. Transvestir-se, transsexual, isso é pouco para quem quer mais do que trocar roupas ou genitália — querem mudar o coração, a mente, o corpo inteiro. Da perspectiva do Cristianismo Ortodoxo, essa transformação é incompleta: você pode transformar o corpo, mas a alma precisa ser transformada também.
“Concordo com você que a religião pode e deve ser aliada da ciência e do progresso. A providência divina inclui os avanços que surpreendem nossos antepassados. Mas a promessa cristã é clara: você tem um corpo e uma alma perfeitos pela graça de Deus. Aquele que tenta fazê-lo sozinho, com uma montanha de máquinas, tende ao distópico.
“Existe a ideia herética de que você pode criar seu próprio salvador mecânico. Mas o Anticristo não seria esse tipo de cientista malvado que cria uma máquina maligna de controle. Hoje, a imagem política ressoa mais com o contrário: alguém que promete controlar a tecnologia para salvar a todos. O medo do Skynet, da bomba nuclear, do terrorismo são gatilhos para justificar governo mundial. Esse medo enleva as pessoas para a ideia de ‘paz e segurança’ — fórmula da ilusão do Anticristo. Isso lembra 1 Tessalonicenses 5:3: quando disserem ‘paz e segurança’, cairá sobre eles destruição.
“Esse sistema totalitário global precisaria de um progresso tecnológico muito grande — algo intenso, que assuste — para então ser domesticado e usado para impor um controle perpétuo. Nossa estagnação atual, regulada por instituições como FDA e agências nucleares, já é um tipo de regime suave anti-Anticristo. Estamos vivendo sob algo moderado, mas o mundo poderia evoluir para algo muito pior, especialmente se usado o medo para impor controle.
“Você perguntou: ‘Você, investidor de IA, não arrisca acelerar isso?’ Eu não acho que nós, como indivíduos, provoquemos isso diretamente. Mas estamos investindo em tecnologias que podem, de várias formas, impulsionar esse sistema. Ainda assim, acredito que Deus intervém. Não acreditamos num determinismo absoluto — há liberdade humana, escolhas, forças espirituais operando.
“Não estamos predestinados a ser consumidos por telas e por agendas unificadas. Ainda há espaço para ação consciente. E acredito que, se fizermos a resistência certa — com liberdade e discernimento — podemos evitar a chegada do Anticristo tecnológico.
– John, agradeço por essa discussão. [Peter Thiel encerra]”
Tecnologia, Transumanismo e o Espírito do Anticristo: A Visão de Peter Thiel
Introdução
Em um momento em que a Inteligência Artificial (IA) avança de forma acelerada, surgem novas inquietações espirituais e filosóficas. O investidor bilionário Peter Thiel — conhecido por seu papel no Vale do Silício e por seu pensamento não convencional — tem oferecido reflexões provocativas sobre a IA, o transumanismo e o risco de um totalitarismo global. Este artigo examina sua visão sobre o “Anticristo Tecnológico”, a promessa distorcida da imortalidade via máquinas e os dilemas entre fé, progresso e controle.
A Tentação Transumanista: Promessa de Imortalidade?
Peter Thiel reconhece que muitos defensores da IA não apenas buscam avanços tecnológicos, mas veem nela um caminho espiritual ou escatológico. Para esses entusiastas, a IA seria o meio para transcender a carne mortal, criar uma espécie sucessora ou fundir mente e máquina.
“Transumanismo é essa transformação radical onde seu corpo natural se torna imortal”, afirma Thiel.
Ele critica as visões limitadas de transformação — como a troca de gênero — e argumenta que o desejo real por transcendência vai muito além. Para ele, as promessas do transumanismo são uma versão incompleta do que o cristianismo oferece: uma transformação não apenas do corpo, mas também da alma, pela graça de Deus.
A Ilusão do Anticristo: Paz, Segurança e Estagnação
Thiel recorre à profecia de Daniel (capítulo 2) e à imagem dos pés de ferro e barro — símbolos da tentativa de unir o que não se mistura: a máquina (ferro) com o humano (barro). Ele alerta que a fusão entre controle tecnológico e natureza humana tende à instabilidade.
“Estamos tentando unir o incontrolável humano com a perfeição do cálculo da máquina. Isso é impossível. E profético.”
O alerta de Thiel é claro: o verdadeiro Anticristo não surgirá como um tirano bélico, mas como alguém que oferece segurança absoluta — um sistema tecnocrático global baseado no medo. Para Thiel, esse caminho já está parcialmente em curso:
“A frase ‘paz e segurança’ (1 Tessalonicenses 5:3) é o slogan do Anticristo. E o mundo já se submeteu a isso há 50 anos.”
O Estado Global Tecnocrático: Do Sonho à Prisão
Thiel critica as propostas contemporâneas que envolvem controle global da tecnologia como resposta aos “riscos existenciais” — como armas nucleares, pandemias ou IA rebelde. Ele vê nesses projetos um pretexto para justificar um governo mundial.
“Precisamos pensar no risco não apenas da IA em si, mas do que ela pode legitimar: um governo mundial totalitário.”
A proposta de “governança global de IA” implicaria em registrar cada linha de código, limitar a liberdade de inovação e impor vigilância total — tudo em nome da “segurança”.
O Paradoxo de Thiel: Entre o Investidor e o Crítico
Thiel reconhece a ironia: ele próprio investe em empresas como Palantir, que desenvolvem tecnologias de vigilância, defesa e IA. Seria ele, então, um agente involuntário do sistema que tanto critica?
“Obviamente não acho que isso é o que estou fazendo. Mas é um paradoxo real, e precisamos estar conscientes disso.”
Segundo ele, a diferença está na intenção e na consciência moral. Usar a tecnologia para proteger liberdades é diferente de usá-la para justificar controle total.
Deus, História e Esperança
Thiel refuta o determinismo. Ele não acredita que Deus predestinou um fim apocalíptico inevitável — mas sim que ainda há espaço para liberdade, escolha e resistência.
“Se eu achasse que essas coisas eram determinísticas, a resposta seria apenas meditar e esperar ser devorado pelos leões. Mas não é isso que devemos fazer.”
Ele conclui com esperança: é possível resistir ao Anticristo tecnológico, mas será necessário fé, ação humana e discernimento espiritual.
Conclusão
O alerta de Peter Thiel é ousado: estamos à beira de um colapso espiritual, onde a fé na técnica substitui a fé em Deus. O transumanismo é a torre de Babel moderna; a IA, o novo bezerro de ouro. Para ele, o Anticristo não será um ditador óbvio, mas alguém que seduzirá o mundo com a promessa de segurança e progresso controlado.
Como ele mesmo diz:
“Aqueles que tentarem criar o paraíso com máquinas, sem Deus, provavelmente criarão o inferno.”