As tradições antigas preservaram sinais espantosos que antecederam a destruição de Jerusalém em 70 d.C. Flávio Josefo, testemunha ocular, falou de carros e tropas em armaduras correndo entre as nuvens; Eusébio de Cesareia confirmou que exércitos armados foram vistos em pleno ar, cercando cidades; e o historiador romano Tácito acrescentou que se observou um choque de tropas inimigas e armas flamejantes nos céus.
Mas foi o escritor latino Pseudo-Hegesipo quem registrou um detalhe ainda mais impressionante: “Depois de muitos dias apareceu uma certa figura de tamanho tremendo, que muitos viram; e repentinamente nas nuvens foram vistos carros e formações armadas.” Era, portanto, o prenúncio de algo ainda maior: a guerra sobrenatural no firmamento.
1. O relato factual
De repente, os céus sobre Jerusalém se rasgaram em silêncio aterrador. Entre nuvens carregadas, surgiu uma figura colossal, tão imensa que parecia preencher todo o horizonte. Não era homem nem animal, mas um espectro de proporções indescritíveis, que pairava sobre a cidade como sombra viva do juízo. Testemunhas afirmaram ver seus contornos monstruosos projetando-se contra o céu, imóvel e ameaçador, como se observasse a cidade sitiada.
Pouco depois, atrás dessa aparição, as nuvens se inflamaram em clarões e revelaram exércitos celestes em movimento — anjos de asas brancas armados de espadas flamejantes enfrentando guerreiros sombrios de asas negras. Para os que assistiam da muralha, era como se Jerusalém estivesse cercada não apenas por exércitos romanos na terra, mas também por uma guerra sobrenatural travada no firmamento.
2. O relato testemunhal
“Naqueles dias de fome e medo, quando as muralhas já não nos protegiam e o inimigo apertava o cerco, aconteceu algo que nenhum de nós jamais esqueceria. Ao entardecer, o céu escureceu de maneira estranha, e de repente vimos erguer-se sobre a cidade uma figura gigantesca, tão alta que parecia tocar as próprias nuvens.
“Não era homem, nem fera conhecida, mas uma sombra viva de forma monstruosa, cujos contornos ardiam em clarões de fogo. Ficamos imóveis, alguns caíram de joelhos, outros fugiram em desespero, mas ninguém ousava negar o que via. O espectro colosal pairava sobre Jerusalém como se observasse nossos pecados e decretasse nossa sentença.
“Logo atrás dele, as nuvens se abriram em clarões e relâmpagos, e lá se travava uma batalha terrível: guerreiros alados, uns de luz resplandecente e outros envoltos em trevas, cruzavam espadas flamejantes no firmamento. Então compreendemos que não lutávamos apenas contra os romanos, mas que os próprios céus haviam se tornado campo de guerra, e que nossa cidade estava marcada para a ruína.”
3. O relato profético
“E vi, e eis que ao pôr do sol abriu-se o firmamento sobre Jerusalém; e levantou-se do meio das nuvens uma figura de tamanho tremendo, cuja estatura tocava os céus, cujo vulto cobria a cidade e cujos olhos eram como brasas ardentes. A visão era terrível, e muitos a contemplaram; e todo o povo temeu, pois parecia anunciar o juízo do Altíssimo.
“E atrás dessa aparição colossal moveram-se hostes sem número: carros de fogo corriam entre as nuvens, e exércitos armados se enfrentavam: de um lado, guerreiros resplandecentes como o sol; do outro, hostes cobertas de trevas como o abismo.. Espadas flamejantes cruzavam os céus, e vozes poderosas retumbavam como trovões proclamavam o juízo, dizendo que os céus pelejavam contra os homens.
“Assim foi mostrado que não apenas os exércitos da terra cercavam a cidade, mas também as potestades celestes guerreavam sobre ela, cumprindo-se a palavra do Senhor: haveria sinais espantosos nos céus, antes do fim, com monstros aterradores vindos do Céu.”
Conclusão
Esses três testemunhos — histórico, popular e profético — usados como recurso literário neste artigo, formam um só quadro. O aparecimento da figura colossal não foi apenas um prodígio isolado, mas o anúncio de uma batalha cósmica que se desenrolava acima de Jerusalém.
Para os antigos, era a confirmação de que a cidade não estava apenas sitiada por exércitos humanos, mas também julgada pelos céus. E para os que leem hoje, é a lembrança de que as palavras de Cristo não falham: “E haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas… e monstros gigantescos e aterrorizantes virão do céu” (Lucas 21:11).