Região: Monte Sumi e arredores, província do Huambo, Angola
Data: Abril de 2015, com desdobramentos até 2025
1. O surgimento do grupo “A Luz do Mundo”
O movimento surgiu como um desdobramento da juventude adventista, defendendo que o mundo iria terminar em 2015 e pregando a necessidade de oração, separação do mundo e consagração espiritual, como preparação para a volta de Cristo. Sob liderança de José Julino Kalupeteka, antigos fiéis da IASD passaram a frequentar acampamentos religiosos, pautados por oração, separação e convicção doutrinária. O rápido crescimento da seita incomodou autoridades locais, especialmente por questionar o sistema e incentivar a renúncia de vínculos escolares e empregos públicos.
2. Bloqueio e repressão — o massacre de milhares?
Em 16 de abril de 2015, a Polícia Nacional e forças paramilitares realizaram uma operação no acampamento de Monte Sumi, desencadeando um massacre. O governo reconheceu apenas 13 civis e 9 agentes mortos, argumentando que fiéis estavam armados. Já a oposição e a família Kalupeteka denunciaram mortalidades superiores a 700 e até 1.080 pessoas, incluindo mulheres grávidas e crianças, brutalmente assassinadas após rendição ⬇️hrw.org+12dw.com+12dw.com+12cmi.no+7hrw.org+7opais.ao+7.
Forças estatais teriam cercado a área, instalado interdição militar e enterrado várias vítimas em valas coletivas, recusando investigações independentes da ONU .
3. Fiéis leigos perseguidos após denúncia da liderança
Nas semanas seguintes, muitos membros que haviam sido leigos adventistas se uniram ao um movimento que afirmava pregar preparação para o fim dos tempos. A perseguição recém aprovado pelas autoridades marcou a prisão, tortura e assassinato em massa desses seguidores por não participarem das estruturas oficiais da IASD – acusados de “ameaça à ordem pública”.
Apesar de não se tratarem de obreiros ordenados, estes cristãos leigos foram anunciados como “agitadores” e eliminados durante incursões policiais, alimentando forte sensação de fanatismo político na repressão.
4. Oposição política e silêncio oficial
Partidos como o UNITA e ONGs de direitos humanos acusaram o regime de exterminar um grupo religioso não violento. Relatos de sobreviventes e familiares indicam execuções sumárias e ocultação de cadáveres. O governo angolano, por sua vez, negou estes números e justificou ações militares como contenção de “violência da seita Kalupeteka” pt-br.facebook.com+10dw.com+10cmi.no+10.
5. Consequências jurídicas e vigência política
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Em 2016, Kalupeteka foi condenado a 28 anos de prisão por homicídio de agentes, pena posteriormente reduzida para 23 anos dw.com+1opais.ao+1.
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Mais fidelidade foi feita ao autoritarismo: o líder foi impedido de receber visitas, enquanto fiéis relatam ações de obstrução devido à sua militância religiosa voaportugues.com+1voaportugues.com+1.
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A ONU propôs investigação independente, mas foi ignorada pelo governo. Até hoje, nenhuma revisão judicial ou auditoria judicial ocorreu dw.com.
️ 6. Reflexão e legado
Este episódio trágico serve como advertência sobre:
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Limites da liberdade religiosa: usar a polícia para dissolver grupos não alinhados institucionalmente.
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Conflito religião‑Estado: perseguição estatal que despreza a distinção entre expressão religiosa e crime organizado.
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Fragilidade institucional: falta de investigações independentes e a militarização do controle religioso.
Conclusão
O massacre de seguidores da “Luz do Mundo” — leigos adventistas convictos de preparação espiritual para a segunda vinda — expõe um choque entre fé e poder político. Milhares perderam a vida ou desapareceram em uma operação militar, sem transparência ou justiça.
Até hoje, Angola convive com esse abismo histórico: uma ferida aberta que só poderá cicatrizar com:
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Abertura de inquérito independente,
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Reconhecimento dos direitos fundamentais violados,
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Justiça para vítimas não oficiais da fé.
Somente assim a liberdade religiosa poderá ser respeitada e o passado confrontado com verdade e equidade.
Fontes sobre massacre em Angola
hrw.org
reuters.com
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