As Leis Eternas de Deus: Reveladas de Adão a Moisés no Livro dos Jubileus

Durante séculos, a tradição religiosa popularizou a ideia de que as leis divinas começaram no Sinai, quando Deus entregou a Moisés os Dez Mandamentos. Porém, textos antigos preservados fora do cânon bíblico tradicional — como o Livro dos Jubileus e o Livro de Enoque — revelam um quadro muito mais amplo e surpreendente: as leis de Deus existiam desde o Éden e foram transmitidas de geração em geração, muito antes de Israel existir como nação.

Esses livros, preservados pela Bíblia Ortodoxa Etíope, mostram que os mandamentos não foram dados apenas aos judeus, mas eram e continuam sendo leis universais, destinadas a toda a humanidade. Entre essas leis, o sábado ocupa lugar central, desde Adão até Moisés, como sinal eterno entre o Criador e Suas criaturas.


As Leis Dadas a Adão: O Primeiro Guardião

A narrativa de Gênesis registra apenas alguns detalhes: Deus colocou Adão no Jardim do Éden, deu-lhe a ordem de não comer da Árvore do Conhecimento (Gn 2:16-17) e, logo depois da queda, vemos Caim e Abel oferecendo sacrifícios (Gn 4:3-4). Porém, o Livro dos Jubileus amplia enormemente este panorama.

Segundo esse registro, Adão recebeu um conjunto completo de leis divinas, que incluíam:

  • A observância do sábado como dia de descanso e adoração;

  • Leis de pureza, para manter santidade diante de Deus;

  • O sacrifício como ato de expiação e reconciliação.

O sábado, longe de ser apenas uma tradição israelita, foi estabelecido no Éden como mandamento para toda a humanidade. Sua função era lembrar que Deus é o Criador e manter o ritmo espiritual da vida em harmonia com o Céu.

O sistema de sacrifícios, que vemos detalhado mais tarde em Levítico, já estava presente com Adão, ordenado por Deus após a queda. Esses sacrifícios eram um símbolo vivo da esperança de redenção e da reparação do relacionamento quebrado pelo pecado.


As Leis Transmitidas a Noé: Restaurando a Ordem Após o Dilúvio

A Bíblia afirma que Noé foi “varão justo em sua geração” (Gn 6:9). O Livro dos Jubileus revela que sua justiça se devia à fidelidade às mesmas leis dadas a Adão.

Depois do Dilúvio, Noé construiu um altar e ofereceu sacrifícios (Gn 8:20), repetindo a prática que recebera como tradição divina. Além disso, Deus lhe reiterou leis de pureza e a observância do sábado como aliança perpétua.

Essas instruções incluíam evitar a mistura com descendentes dos anjos caídos (Nephilim), manter pureza sexual, não consumir sangue e preservar a santidade da adoração. A observância do sábado, segundo os Jubileus, era para toda a humanidade — desde Adão, passando por Noé, até chegar a Moisés.


As Leis Transmitidas a Abraão: A Antiga Aliança Renovada

Quando Deus chamou Abraão, não estava iniciando algo totalmente novo, mas renovando uma aliança antiga. O Livro dos Jubileus mostra que:

  • A circuncisão, ordenada em Gênesis 17, já era conhecida como sinal de fidelidade desde os tempos de Adão e Noé;

  • O sacrifício, como no teste com Isaque (Gn 22), fazia parte de uma prática contínua de obediência;

  • As leis de pureza visavam manter uma linhagem santa, preservando o povo da aliança de contaminações espirituais;

  • O sábado era guardado por Abraão como ato de renovação espiritual e alinhamento com a ordem divina.

O texto etíope afirma que o sábado é lei cósmica, observada até mesmo pelos anjos no Céu, e não restrita a um único povo.


As Leis Codificadas por Moisés: Continuidade, Não Início

Quando Moisés recebeu a Lei no Sinai, estava apenas codificando o que já existia desde a criação. O sábado, as leis de pureza, o sistema de sacrifícios e os princípios morais dos Dez Mandamentos já eram conhecidos e praticados pelos justos desde Adão.

O Livro dos Jubileus afirma que esses mandamentos foram transmitidos como um fio contínuo de obediência:
Adão → Noé → Abraão → Moisés.

Assim, o Sinai não foi a origem, mas o ponto de formalização nacional para Israel, reafirmando uma aliança eterna destinada a todas as nações.


Conclusão: Uma Lei para Toda a Humanidade

A revelação dos livros antigos preservados na tradição etíope derruba o mito de que a Lei de Deus foi dada apenas aos judeus. O sábado, as leis de pureza, o sacrifício e os mandamentos morais eram parte de um código universal, em vigor desde a criação.

Essas verdades foram ocultadas ou minimizadas ao longo dos séculos, mas permanecem como um chamado à restauração da fé original.
Obedecer à Lei de Deus não é um fardo cultural restrito a Israel, mas um privilégio dado a toda a humanidade, para viver em aliança eterna com o Criador.

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