2 ESDRAS — Tradução completa para o Português!

Há livros que chegam para confortar.
Há livros que chegam para ensinar.
E há livros que chegam para sacudir — e expor o que os poderosos preferem manter escondido.

2 Esdras é deste último tipo.

Por mais de um século, ele permaneceu fora do campo de visão da maioria dos adventistas, não porque fosse irrelevante, mas porque sua mensagem é forte demais para uma teologia domesticada. O livro confronta impérios, revela a queda dos reinos humanos, denuncia líderes infiéis, descreve o juízo final com crueza e afirma, sem hesitação, que muitos foram criados… mas poucos serão salvos.

Não é um texto confortável para igrejas que se acostumaram a buscar aceitação pública, alianças ecumênicas e estabilidade institucional.
Mas é exatamente o tipo de texto que os pioneiros liam — e que a teologia adventista atual tenta ignorar.

Esta edição existe por uma razão simples:
voltar às raízes é voltar à verdade.

2 Esdras não pede licença para falar. Ele simplesmente fala.
E o faz com clareza, urgência e autoridade.

O leitor encontrará aqui uma tradução limpa, fiel à estrutura original, acompanhada de notas históricas que desmontam o mito moderno de que os pioneiros rejeitavam os apócrifos. Pelo contrário: eles os liam, citavam e os consideravam úteis. 2 Esdras caminhava ao lado de Daniel e Apocalipse nas mesas de estudos dos primeiros adventistas — antes que o medo institucional apagasse sua presença.

Leia com atenção.
Leia com coragem.
Leia com a consciência de que está segurando um documento profético recuperado — um texto que desafia, desperta e separa.

Alguns livros você lê.
Este, porém, lê você.

2 Esdras — Edição Investigativa, por Adventistas.Com

Esquecido por instituições, silenciado por tradições e relegado aos apêndices das Bíblias antigas, 2 Esdras reaparece aqui como um documento profético que fala com força ao século XXI.

Não é um texto para leitura superficial. É para leitores que desejam reencontrar o espírito de resistência, coragem e busca da verdade que marcou o adventismo original.

Com uma linguagem que atravessa impérios, derruba máscaras religiosas e expõe tanto a corrupção das nações quanto a apostasia interna do povo de Deus, 2 Esdras ecoa temas que os pioneiros conheciam bem: juízo, fidelidade, restauração de Sião, o conflito entre o remanescente e o poder político-religioso mundial.

Durante décadas, os adventistas do século XIX liam este livro na própria Bíblia — a KJV com Apocrypha — e Ellen White declarou que esses escritos “contêm muito da verdade”. Mas, à medida que a igreja buscou aceitação protestante, 2 Esdras foi desaparecendo da formação teológica adventista. Agora, volta à luz.

Esta edição apresenta todo o texto de 2 Esdras (caps. 1–16) em tradução limpa, fiel e uniforme, sem inserções opinativas. Junto com notas históricas, prólogo investigativo e contextualização profética, o leitor recebe o livro como os pioneiros o teriam recebido: direto, íntegro e provocador.

Não é apenas um resgate literário — é um chamado espiritual.
2 Esdras desperta, alerta, divide e purifica.
Quem lê estas páginas não sai indiferente.
Ou se afasta… ou se decide pela verdade, custe o que custar.

Uma leitura para os que não fogem da luz.
E para os que se recusam a deixar que a história adventista seja reescrita pela liderança apóstata do presente.

Edição Adventista Investigativa de 2 Esdras

A Igreja Adventista nasceu como um movimento de resistência bíblica. Antes de se tornar organização, antes de conquistar estruturas, antes dos departamentos, das sedes e das instâncias burocráticas, foi um povo que lia a Bíblia inteira de joelhos, que examinava tudo, que não tinha medo de enfrentar a tradição e que se movia apenas pela luz que vinha da Palavra.

Os pioneiros não tinham receio de abrir livros considerados “apócrifos”. Não tinham medo de manuscritos antigos. Não eram intimidados por teólogos formados em universidades ecumênicas. Viviam uma fé que buscava a verdade custasse o que custasse. Para eles, se Deus falou, pouco importava se Roma havia rotulado como canônico ou não. O critério não era concílio — era revelação.

E é impossível ignorar o fato histórico: os pioneiros leram, citaram e usaram 2 Esdras.

Não porque fosse moda. Não porque estavam “experimentando textos curiosos”. Mas porque viam ali ecos claros do mesmo Deus que falou pelos profetas bíblicos. Vião paralelos com Daniel. Vião convergência com o Apocalipse. Encontravam a mesma linguagem de juízo, de restauração, de fim dos tempos, de purificação do povo de Deus. E encontravam, principalmente, algo que hoje falta na teologia adventista institucionalizada: a coragem de perguntar.

E isso explica por que 2 Esdras incomoda tanto.
O livro inteiro é um desafio frontal ao tipo de religião confortável que tomou conta da IASD moderna. Aqui não há espaço para líderes que negociam com governos, para departamentos que se orgulham de alianças católicas, para uma teologia amaciada pelo humanismo e pelo ecumenismo. 2 Esdras é um livro que pergunta, protesta, lamenta, denuncia e aguarda o juízo final com o coração inquieto — como faziam os pioneiros.

O livro fala de:

• um povo oprimido, que sofre injustamente;
• impérios arrogantes prestes a serem destruídos pela boca do Altíssimo;
• líderes religiosos infiéis;
• tempos finais marcados por fome, miséria, corrupção e apostasia;
• a promessa de uma restauração que não depende de instituições, mas do próprio Deus.

Um leitor sincero percebe imediatamente: isso é espiritualmente perigoso para qualquer igreja que se acomodou.

Por isso, não surpreende que 2 Esdras tenha sido silenciado, varrido para os apêndices, amputado da formação teológica dos pastores modernos, ridicularizado por acadêmicos que nunca o estudaram com seriedade. Mas os pioneiros não o descartaram. Pelo contrário — em certas épocas, o citaram mais do que alguns livros canônicos. E não há registro de condenação oficial ao seu uso entre 1844 e as primeiras décadas do século XX.

Quem estuda com honestidade vê: 2 Esdras carrega o espírito dos pioneiros, não o espírito da liderança progressista da IASD atual. Ele confronta, divide, purifica, incomoda. Ele obriga o leitor a abandonar a postura confortável de esperar que “o clero pense por mim”. Ele coloca fogo debaixo da cadeira de todo líder que vendeu sua consciência para instituições humanas.

O movimento que deu origem ao adventismo nunca se escondeu de textos difíceis. Hoje, porém, vivemos sob um regime de silêncio — uma liderança apóstata que teme qualquer voz que revele o quanto se afastaram da verdade bíblica original.

Leia 2 Esdras com esse olhar.
Não como curiosidade histórica.
Não como um “livro extra”.
Mas como um documento profético que expõe, ilumina e separa.

2 Esdras coloca na boca de Deus palavras que soam perigosamente atuais:

• “O mundo está envelhecido.”
• “A verdade será escondida.”
• “Poucos serão salvos.”
• “Meu povo será perseguido.”
• “Os líderes se corromperam.”
• “Eu virei com juízo.”

A IASD moderna, infiltrada por agendas estranhas aos pioneiros, fez de tudo para abafar esse tipo de texto. Mas você está segurando uma edição especial justamente para reabrir o que foi fechado, restaurar o que foi perdido e recolocar 2 Esdras no centro da discussão teológica — exatamente onde os pioneiros o colocaram.

Não estamos diante de um apêndice irrelevante. Estamos diante de um livro que, por sua força profética, parece escrito para o século XXI. Para este exato momento histórico. Para este exato estado de apostasia. Para esta exata geração de adventistas que vivem entre o medo, a confusão e o silêncio cúmplice.

Seja qual for o julgamento final que cada leitor fizer sobre sua inspiração, uma coisa é certa:
2 Esdras desperta.
Desperta a consciência.
Desperta o senso de urgência.
Desperta a coragem.
Desperta a fé histórica, a fé dos pioneiros — não a fé adocicada dos que se ajoelham diante do Vaticano e da ONU.

Quem lê 2 Esdras, de coração aberto, é confrontado com três perguntas:

1. Estou preparado para o juízo?

2. Estou alinhado à verdade, ou à instituição?

3. Estou vivendo como aqueles “poucos” que perseverarão até o fim?

Por isso esta edição existe.
Para devolver ao público adventista aquilo que lhe foi retirado.
Para denunciar o silêncio institucional.
Para restaurar o acesso ao texto que moldou parte da compreensão profética dos pioneiros.
E para que cada leitor decida, diante de Deus — não diante da igreja — se aqui há ou não uma palavra do Altíssimo para este tempo.

2 ESDRAS — TRADUÇÃO COMPLETA PARA O PORTUGUÊS

O livro conhecido hoje como 2 Esdras ocupa um lugar singular na história da fé bíblica. Não faz parte do cânon hebraico tradicional, foi preservado em coleções cristãs antigas, sobreviveu em traduções, chegou até nós por caminhos tortuosos… e, ainda assim, fala com uma força impressionante sobre temas que atravessam os séculos: juízo divino, sofrimento do povo de Deus, queda de impérios, restauração de Sião e a tensão entre este mundo e o mundo por vir.

Aqui, o leitor terá acesso a uma edição em português marcada por uma escolha simples e firme: deixar o texto falar. Sem paráfrases, sem reescrever o profeta, sem misturar comentário com Escritura. O objetivo desta tradução é oferecer um texto limpo, uniforme e o mais literal possível, para que o juízo sobre o conteúdo não seja da pena do tradutor, mas da consciência do leitor diante de Deus.

  1. Nome, origem e divisão do livro

Na tradição cristã de língua inglesa, este livro é chamado de 2 Esdras. Em outros contextos, especialmente acadêmicos, costuma ser dividido em três blocos:

– capítulos 1–2: às vezes chamados de 5 Esdras;
– capítulos 3–14: núcleo principal, muitas vezes referido como 4 Esdras;
– capítulos 15–16: conhecido em alguns estudos como 6 Esdras.

Independentemente desses rótulos, nesta edição o conjunto 1–16 é apresentado de modo contínuo, como um só livro, respeitando a forma em que foi recebido em muitas Bíblias antigas em língua vernácula. O leitor será livre para avaliar as diferenças de tom entre as seções, mas o texto está disponibilizado por inteiro, sem mutilações.

  1. O cenário de 2 Esdras

O cenário teológico e emocional do livro é o da crise depois da destruição de Jerusalém e do templo. Esdras aparece aqui como o intercessor angustiado, que olha para as ruínas de Sião, observa a prosperidade dos ímpios e ousa fazer perguntas que muitos têm medo de formular:

Por que o povo escolhido sofre, enquanto as nações ímpias parecem triunfar?
Como conciliar as promessas de Deus com a devastação visível?
O que acontecerá no fim dos tempos, quando Deus finalmente intervier?

O livro se estrutura como uma longa série de diálogos entre Esdras e o anjo enviado por Deus. Esdras pergunta, protesta, reclama, insiste. O anjo responde, corrige, coloca limites, revela o que pode ser revelado e cala o que precisa permanecer em mistério. No centro de tudo, está a convicção de que o Altíssimo governa a história, mede os tempos, pesa as obras e prepara um mundo vindouro “para poucos”, enquanto este mundo presente foi “feito para muitos”.

  1. Visões, símbolos e temas centrais

2 Esdras é intensamente simbólico. Entre as visões mais marcantes, destacam-se:

– A águia de três cabeças e doze asas (caps. 11–12), representando um império que domina toda a terra, mas é julgado e destruído pelo Altíssimo.
– O Homem que sobe do mar (cap. 13), figura majestosa que derrota as nações apenas com o sopro de sua boca e reúne um povo pacífico para si.
– As revelações sobre a ressurreição, o juízo final, a proporção entre os muitos criados e os poucos salvos, e o papel do sofrimento como prova para os justos (caps. 7–9).
– A cena em que Esdras é chamado a reescrever, sob inspiração, os livros perdidos, produzindo vinte e quatro livros públicos e setenta livros reservados aos sábios (cap. 14).

O livro inteiro é atravessado por alguns temas constantes:

– o problema do mal e do sofrimento do povo de Deus;
– a aparente prosperidade dos ímpios e dos impérios opressores;
– a certeza de um juízo futuro, pesado na balança da justiça divina;
– a distinção radical entre o século presente e o mundo vindouro;
– a tensão entre curiosidade humana e limites da revelação;
– a fidelidade do Altíssimo às suas promessas, mesmo em meio ao cativeiro.

  1. Lugar de 2 Esdras na tradição cristã

Embora não esteja incluído no cânon hebraico e nem em todas as Bíblias cristãs, 2 Esdras foi copiado, lido e citado ao longo dos séculos. Seu tom apocalíptico e sua linguagem de juízo e consolo lembram, em muitos momentos, os profetas canônicos (como Jeremias, Ezequiel, Daniel) e escritos do Novo Testamento, especialmente o Apocalipse.

Por causa disso, mesmo sendo considerado “deuterocanônico” ou “apócrifo” em diversas tradições, o livro exerceu influência sobre a imaginação bíblica de muitos leitores e intérpretes. Em épocas de perseguição, corrupção religiosa e crise social, suas páginas voltam a ser lidas com uma sensação incômoda de atualidade.

Esta edição não pretende resolver, de uma vez, a questão do status canônico do livro. O propósito aqui é mais humilde e ao mesmo tempo mais ousado: colocar o texto diante do leitor em português, de maneira clara e íntegra, para que ele mesmo se confronte com a mensagem e decida que peso espiritual ela terá em sua vida.

  1. Princípios desta tradução

Para evitar confusão entre Texto e comentário, alguns princípios foram seguidos de forma rigorosa:

  1. Tradução limpa e direta
    O texto em português busca seguir o mais literalmente possível o fluxo da obra, sem flores literárias adicionais, sem tentativas de “melhorar” o estilo do original, sem transformar a profecia em sermão do tradutor.

  2. Uniformidade de estilo
    Todos os 16 capítulos foram retrabalhados para manter o mesmo tom: bíblico, sóbrio, direto. Onde a obra é dura, ela permanece dura. Onde é consoladora, o consolo não é amaciado nem ampliado além do que o texto permite.

  3. Separação clara entre texto e notas
    Quaisquer observações históricas, paralelos bíblicos, aplicações proféticas ou comentários doutrinários devem aparecer fora do corpo da tradução – em notas, apêndices, estudos à parte. Nesta edição, o leitor poderá ter certeza de que, ao ler a seção “2 Esdras 1–16”, está lidando apenas com a tradução do texto, sem acréscimos doutrinários.

  4. Respeito às divisões tradicionais
    Os capítulos foram mantidos conforme a divisão usual encontrada nas edições de 2 Esdras, sem cortes, sem suprimir passagens consideradas difíceis ou incômodas. A integridade do livro foi preservada.

  1. Como ler este livro

2 Esdras não é leitura leve. Exige calma, atenção e, em muitos momentos, confronto com nossas próprias expectativas sobre Deus, justiça e futuro. Algumas sugestões práticas para o leitor:

– Ler em sequência: acompanhar o fluxo dos diálogos entre Esdras e o anjo ajuda a entender a lógica interna do livro.
– Marcar as grandes visões: a águia, o homem do mar, a restauração de Sião, a reescrita dos livros. Elas funcionam como pilares na estrutura da obra.
– Confrontar com a Bíblia canônica: perceber como temas e imagens ecoam profetas, evangelhos e Apocalipse ajuda a discernir afinidades e diferenças.
– Ler com temor, mas não com medo: o tom de juízo é forte, mas sempre há um chamado à fidelidade, à esperança e à confiança na justiça final do Altíssimo.

  1. Objetivo desta edição

Esta edição em português de 2 Esdras tem um objetivo declarado: devolver ao leitor de língua portuguesa um texto que, por séculos, circulou na margem, cortado, esquecido ou apenas mencionado de passagem. Ao apresentá-lo de forma limpa, sem maquiagem, busca-se abrir espaço para:

– pesquisa histórica séria;
– reflexão teológica honesta;
– exame profético do nosso tempo;
– e, acima de tudo, confrontar o leitor com a possibilidade de que, na voz de Esdras, ecoe ainda hoje um chamado do Deus que pesa os tempos, julga as nações e prepara um povo para o mundo vindouro.

O texto que segue é oferecido como base. A oração é que cada leitor, com a Bíblia aberta, com a história em mente e com o coração em reverência, possa perguntar – como Esdras perguntou – e ouvir do Altíssimo apenas aquilo que Ele decidiu revelar.


CAPÍTULO 1

1 A palavra do Senhor veio a mim, dizendo:
2 “Vai e anuncia ao meu povo que eles me provocaram à ira. Não me ouviram, apesar de eu sempre ter sido paciente com eles.
3 Eu os libertei do Egito, da escravidão, mas eles me provocaram novamente.
4 Enviei-lhes profetas, e os recebi como um pai recebe seus filhos; mas eles me rejeitaram, e desprezaram meus conselhos.
5 Eu estendi as mãos e jurei a seus pais que lhes daria uma terra que mana leite e mel, mas eles não a receberam, pois não quiseram ouvir minha voz.
6 E agora, ó povo, que fizestes comigo? Assim diz o Senhor.
7 Porque vos trouxe para dentro da terra fértil, para que nela comêsseis seus frutos e suas bondades; mas vós profanastes minha terra e tornastes minha herança abominável.
8 Os sacerdotes não disseram: ‘Onde está o Senhor?’ Os que manipulavam a lei não me conheceram; os pastores transgrediram contra mim; os profetas profetizaram por Baal e seguiram coisas que nada aproveitam.
9 Portanto, entreguei-vos ao cativeiro, e ao exílio, e enviando fome e espada, corrigi vossas desobediências; mas ainda assim não retornastes a mim.
10 Agora, assim diz o Senhor: “Por causa de vossas obras, não terei mais piedade de vós.
11 Afastai-vos de mim, ó povo ingrato, e não me toqueis mais com vossas súplicas.”
12 Quando me invocardes em aflição, eu não vos ouvirei, porque contaminastes vossas mãos com sangue e vossos pés correram para o mal.
13 Se oferecestes sacrifícios, eu os rejeitei; se me trouxestes ofertas, não as aceitei.
14 Portanto, diz o Senhor: “Vossos templos serão destruídos, e vossas cidades serão devastadas diante de vós.”
15 Como uma mãe que tem vergonha de seu filho desobediente, assim eu me envergonhei de vós.
16 Pois eu vos dei minhas leis, mas as rejeitastes; vos dei instruções, mas não as guardastes; enviei meus servos, os profetas, mas os desprezastes e tratastes com desprezo.
17 E agora, ó povos que me ouvirdes, vede como eu tratarei o povo que me rejeitou.
18 Eu vos tirarei da terra e vos espalharei por todas as nações.
19 Não tereis descanso, nem encontrareis misericórdia entre elas.
20 Porque é uma nação de dura cerviz e de coração rebelde.
21 Mas se se voltarem para mim, eu os receberei; e se se arrependerem, eu os perdoarei.
22 Ainda que tenham sido rebeldes, se ouvirem minha voz, eu os restaurarei.
23 Como um vento forte derruba árvores grandes, assim minha ira virá sobre os que não guardam meus mandamentos.
24 Eu os entregarei ao fogo e à espada, e não haverá quem os livre.”
25 “Portanto, ouve, ó nação que não ouviste meus servos, os profetas; eis que a ira virá sobre ti, e teus filhos perecerão, e tuas cidades serão destruídas.
26 Mas aos que me temem e guardam meus caminhos, eu lhes darei um reino eterno, e sua glória não terá fim.”
27 “E entre as nações, meu nome será honrado, e os que me servirem serão chamados santos.”
28 “Mas os que me desprezam lamentarão, e suas obras se tornarão testemunha contra eles.”
29 “Pois eis que eu os dispersarei entre todos os povos; e se me procurarem lá, me acharão, se me buscarem com sinceridade.”
30 “E nações distantes saberão que eu sou o Senhor; e será manifesto o meu poder.”
31 “Nações que não me conheceram começarão a buscar o meu nome, e eu lhes mostrarei que sou o Deus verdadeiro.”
32 “Eu os chamarei: meu povo; e eles me chamarão: meu Deus.”


CAPÍTULO 2

1 Assim diz o Senhor: “Eu vos trouxe do Egito, e custodi-vos como uma mãe guarda seu filho.
2 Eu vos enviei profetas, e os recebi como amigos; mas vós rejeitastes meus profetas e desprezastes meus conselhos.
3 Aproximai-vos, filhos, quebrei o jugo do vosso cativeiro.
4 Recebei a liberdade que vos ofereço; não rejeiteis minha chamada.
5 Vós recusastes minha graça e não acreditastes nos meus profetas.
6 Fostes desobedientes ao meu caminho, e vossos feitos vos condenam.
7 Assim diz o Senhor: “Não sejais mais desobedientes; depositai vossas cargas sobre mim, pois eu vos livrarei na hora da angústia.”
8 “Eu sou vosso Pai; não abandonei os que me buscam.”
9 “Eu preparo para vós o reino eterno, se guardardes meus mandamentos.”
10 Assim diz o Senhor: “Vós que tendes sede, vinde às águas; não duvideis da minha palavra.”
11 Eu sou vosso pastor; e conduzirei meu rebanho, e lhes darei descanso.
12 Retirarei deles a aflição, e lhes darei doce consolo.
13 Os pobres e os mansos se alegrarão, pois eu os salvarei do poder dos malfeitores.
14 Ai de vós, pecadores, que guardais o que não é vosso; porque logo sereis afligidos e perecereis na angústia.
15 Meus servos serão protegidos, e vós, que sois rebeldes, passareis fome.
16 Meus servos comerão, mas vós tereis fome; meus servos beberão, mas vós tereis sede.
17 Meus servos se alegrarão, mas vós ficareis envergonhados.
18 Meus servos cantarão com alegria do coração, mas vós clamareis com dor de espírito.
19 Ai de vós, que abandonastes minha lei e rejeitastes meus mandamentos.
20 Eu vos rejeitarei, diz o Senhor, e não serei misericordioso com aqueles que desprezam meu nome.
21 Afastai-vos de mim, vós que sois infiéis; não profaneis minha santidade.
22 Pois o Senhor conhece todos os que pecaram contra ele; ele entregará os pecadores à espada.
23 Arrependei-vos, filhos, e façais o bem; porque o reino está próximo.
24 Não permaneçais nas trevas; lançai fora as obras da impiedade.
25 Abri vossos corações para o Senhor, e recebereis a vida eterna.
26 Eu vos convocarei dentre as nações, e vos reunirei de todas as terras.
27 E dar-vos-ei o reino que estava prometido para vossos pais.
28 As árvores darão frutos para vós, e os campos produzirão abundância.
29 Recebereis vestes brancas, e vos alegrareis na glória do Senhor.
30 Meus servos verão meus benefícios, e não terão mais sede nem fome.
31 Guardai minhas palavras, e não sejais rebeldes.
32 Sede testemunhas de minha bondade e anunciai minha justiça.
33 Eu vos tirarei do sofrimento, e vos farei herdar a terra.
34 Não temais, filhos, pois eu sou vosso Salvador.
35 Eu vos libertarei do poder dos inimigos.
36 Meus servos receberão alegria, e o mundo verá minha glória.
37 Eu vos digo: recebei o número dos meus filhos que são selados.
38 Os que se afastaram da sombra do mundo, e guardaram meu nome, receberão retribuição divina.
39 Governareis as nações, e dominareis sobre povos que antes vos oprimiam.
40 Ide, meus filhos, e não temais; pois eu estou convosco, diz o Senhor.
41 Recebei a veste gloriosa que o Senhor vos dá.
42 Eu, Esdras, vi sobre o monte Sião uma grande multidão que eu não podia contar, que louvava o Senhor com cânticos.
43 E no meio deles estava um jovem de grande estatura, mais alto que todos, e sobre cada um deles punha coroas.
44 Então perguntei ao anjo: “Quem são estes?”
45 Ele me respondeu: “Estes são os que deixaram o mundo e receberam o nome do Senhor. Agora recebem coroas das mãos do jovem.”
46 Então perguntei: “Quem é o jovem que lhes dá coroas?”
47 Ele respondeu: “É o Filho de Deus, a quem eles confessaram no mundo.” E comecei a louvar grandemente o Senhor.
48 Então o anjo me disse: “Vai e anuncia ao meu povo quão grandes e maravilhosas são as obras do Senhor Deus.”


CAPÍTULO 3

1 No trigésimo ano, depois da destruição da cidade, eu estava em Babilônia, sentado perturbado em minha cama, e meus pensamentos me angustiaram.
2 Meu espírito se agitava dentro de mim, e meu coração temia, porque eu via a desolação de Sião e a abundância dos que habitavam na Babilônia.
3 E eu disse: “Ó Senhor, tu falaste desde o princípio que criaste a terra, e somente a ti obedecem todos os homens.
4 Tu disseste: ‘Produza o céu, e seja feito.’ E ele foi criado.
5 Disseste: ‘Produza a terra,’ e ela surgiu, e permanece obediente.
6 Ordenaste ao mar que se reunisse em seu lugar, e fizeste secar parte dele, e puseste sinais sobre ele.
7 Com teu sopro criaste vida, e encheste o mundo de criaturas.
8 E tu és o Senhor que escolheste Adão e lhe deste domínio sobre todas as obras que fizeste.
9 E tu lhe ordenaste amar tua lei, e tu o colocaste no paraíso.
10 Mas ele transgrediu tua ordem, e logo designaste para ele a morte, e sua geração entrou em uma profunda noite e grande sofrimento.
11 E todas as nações vieram da descendência de Adão, apesar de terem cometido pecados.
12 E tu escolheste um povo dentre todos, e desse povo trouxeste Jacó, e deste a ele o nome de Israel.
13 E tu fizeste com ele uma aliança e lhe deste a lei, para que cumprisse teus mandamentos.
14 Mas eles não a guardaram, e não observaram teus preceitos; e, embora prometesses-lhes vida, receberam morte.
15 E tu estabeleceste para eles juízes, para que governassem e corrigissem seus caminhos.
16 Mas eles não os obedeceram; pecaram contra ti.
17 Por isso entregaste-os aos inimigos.
18 Agora, considera as nações que sempre viveram em alegria e prosperidade, mas que não guardam teus mandamentos.
19 Pesa, portanto, nossos pecados na balança, e os pecados das nações que habitam a terra; e assim verá que eles são menos culpados do que nós.
20 E quando eles não têm sofrido como nós sofremos, então, como isso pode ser?
21 Eu respondi e disse: “Como é que Israel foi dado em reprovação a seus inimigos, e como a terra que nos deste foi entregue a estranhos?”
22 “E a Lei foi destruída, e o templo está queimado, e nós estamos em cativeiro.”
23 “Mas tu permaneces como sempre, e nada muda diante de ti.”
24 “Por que então permites que vivam os que nos oprimem?”
25 “Eu falo diante de ti: acaso as obras das nações são melhores que as nossas, para que elas tenham domínio sobre nós?”
26 “Pois as obras delas não são tão fiéis quanto as de nossos pais.”
27 “E, eis que, nossos pais pecaram, mas tu castigaste a eles; e nós herdamos seus pecados.”
28 “Mas tu nos castigaste mais severamente do que a eles.”
29 “Se eu achar graça aos teus olhos, mostra-me teu servo: como governas o mundo.”
30 E eu disse: “Quando os homens eram poucos, e tu os criaste, eles não pecaram; mas agora, sendo muitos, multiplicaram suas transgressões.”
31 “Quando Adão pecou e recebeu tua sentença, foi para ele e para sua descendência.”
32 “Por que então tantas nações que vivem agora têm desfrutado de impunidade, enquanto Sião está desolado?”
33 E eu respondi novamente e disse: “Acaso tu tens preferido as nações mais do que teu próprio povo? Pois eu ouvi que tu disseste que amas Jacó e o escolheste sobre todas as nações.”
34 “E tu disseste que darias a ele tua herança; e isso tu fizeste — mas agora ele se tornou desprezado.”
35 “Por que então vivemos nas mãos de nossos inimigos, se tu nos prometeste que seríamos líderes entre as nações?”
36 “E agora, Senhor, eis que as nações que são consideradas inferiores a nós nos dominam e prosperam.”
37 “Tu consideras seus atos? Pois elas não guardam teus preceitos.”
38 “Então, pesa nossos atos e os delas, e assim verás que nós somos mais fiéis do que eles.”
39 “E, contudo, eles dominam, e teu povo está abandonado.”
40 “Portanto, se for tua vontade, mostra a teu servo como isso pode acontecer.”


CAPÍTULO 4

1 Então o anjo que havia sido enviado para conversar comigo respondeu e disse:
2 “O teu entendimento se apressa demais para compreender as coisas do Altíssimo.”
3 “Acaso podes compreender o caminho do Altíssimo? Acaso podes medir a profundidade do coração do Altíssimo?”
4 Então eu disse: “Não, meu senhor.”
5 E ele me respondeu: “Eu te perguntei apenas sobre as coisas da terra, e tu não podes compreendê-las. Como então compreenderás o caminho do Altíssimo?”
6 “Pois o meu coração foi criado sem pecado, mas o vosso é pesado com iniquidade; portanto, não podes compreender o julgamento do Altíssimo.”
7 Então eu respondi: “Ó Senhor, mas por que então nascemos, se nossas obras são imperfeitas?”
8 E ele me disse: “Se eu te tivesse perguntado: ‘Quantas moradas há no coração da terra? Quantas veias há no céu? Qual é o número das fontes?’ ou ‘Qual é o número dos anjos?’ — provavelmente dirias: ‘Não sei.’”
9 “E eu disse: ‘Sim, meu senhor.’”
10 Então ele disse: “Mesmo assim, tu tens o coração que pode entender o que é visível. Por que então te perturbas com o que não é revelado?”
11 “O Altíssimo fez o mundo para muitos, mas o mundo por vir para poucos.”
12 “Eu te digo uma parábola: assim como um semeador semeia muitas sementes na terra e poucas delas crescem e produzem fruto, assim será no julgamento.”
13 “Pois muitos são criados, mas poucos serão salvos.”
14 Então respondi: “Se eu achar graça aos teus olhos, deixa-me falar.”
15 “Pois a semente do mal foi semeada no coração de Adão desde o começo; por que então ele não removeu essa semente desde o início, para que o fruto do mal não crescesse?”
16 E ele disse: “O campo onde o bem foi semeado não pode produzir o bem sem que o mal também cresça junto. Pois assim como o grão é separado da palha no tempo da colheita, assim será no fim do mundo.”
17 “Pois o tempo presente é para as colheitas do mal e do pecado, e o tempo por vir será para o bem e a glória.”
18 “Se o Altíssimo tivesse destruído Adão imediatamente, onde estaria agora o que foi dito sobre o futuro?”
19 “Pois aquilo que está semeado não pode germinar sem tempo; e a colheita não pode vir sem amadurecimento.”
20 Então eu disse: “Ó Senhor, mas se temos esse tempo para esperar, quanto tempo ainda resta?”
21 E ele me disse: “Se me perguntas sobre o presente, tu não podes entender. Como então compreenderás sobre o futuro?”
22 “Eu te direi: medidas foram determinadas desde o princípio, e a impiedade chegou ao limite.”
23 “Agora que a impiedade foi completa, a semente da justiça começará a crescer, e o mal será destruído.”
24 “Assim como o mar é agitado quando o vento sopra, e não se acalma até que cesse o vento, assim também o mundo será abalado até que venha o fim.”
25 Então eu disse: “Mostra-me ainda uma coisa.”
26 E ele respondeu: “Pergunta.”
27 Eu perguntei: “Tu disseste desde o princípio quando criaste a terra e o céu, e ordenaste a obra das tuas mãos; tu disseste que darias a tua lei ao povo.”
28 “Tu disseste que criarias o mundo para o bem; por que então há tantos maus no mundo?”
29 E ele respondeu: “Não te apresses mais do que o Altíssimo. Pois o mundo está cheio de injustiça, mas os tempos serão abreviados.”
30 “Pois o Altíssimo não considerará mais a multidão dos que habitam nele, mas olhará para os poucos que guardam Sua lei.”
31 “Pois este mundo, por causa deles, já perdeu sua força, e a idade presente está perto de seu fim.”
32 “Assim como o ouro é provado no fogo, assim será o justo provado no fogo da adversidade.”
33 Então eu respondi: “Se eu encontrar graça, deixa-me falar.”
34 Ele disse: “Fala.”
35 E eu disse: “Existe algum tempo determinado para os justos antes da vinda do julgamento? Pois como será possível que eles sejam julgados com o resto das nações?”
36 Ele me respondeu: “Não podes compreender agora o que será no futuro. Pois o coração do homem não pode compreender o que virá.”
37 “Eu te direi: do mesmo modo que não podes fazer uma flor nascer antes do tempo, assim não podes apressar os tempos que o Altíssimo determinou.”
38 “E assim como tu não podes compreender como o fogo aquece antes que o carvão seja aceso, assim também não podes compreender as obras do Altíssimo antes do tempo delas.”
39 Então disse: “Mas, Senhor, por que então o homem foi feito, se não pode compreender tudo?”
40 E ele respondeu: “Sobre a terra, tu podes apenas compreender o que é terreno; e sobre o céu, tu podes compreender o que é celeste somente quando fores transformado.”
41 “Pois o Altíssimo dividiu os tempos em muitos períodos, e para cada período determinou o que deve acontecer.”
42 “Assim como não podes fazer a noite virar dia, assim também não podes alterar os tempos do Altíssimo.”
43 Então eu respondi: “Se eu achei graça diante de ti, mostra-me ainda mais.”
44 Ele respondeu: “Não te é permitido falar mais sobre isso.”

CAPÍTULO 5

1 “Mas sobre os sinais: eis que chegará o tempo em que aqueles que habitam na terra serão tomados por grande confusão, porque muitos dos que habitam na terra se afastaram da justiça e se aproximaram da iniquidade.
2 A verdade será escondida, e não aparecerá mais; a iniquidade será multiplicada, e agora aparecerá mais do que fizeste no passado.
3 O país que agora vês governado será devorado pelos arbustos; e o que agora vês florescendo será desolado e despovoado.
4 Se o Altíssimo permitir que vivas, verás que, depois do terceiro período, o sol subitamente brilhará durante a noite, e a lua aparecerá três vezes durante o dia.
5 Sangue gotejará das árvores, e a pedra dará voz; o povo ficará perturbado e todos ouvirão sua voz.
6 Haverá terremotos, tumultos de povos, complôs, guerras, instabilidades e confusão.
7 A terra será perturbada, e todas as aves serão removidas; e os peixes do mar fugirão.
8 Muitos morrerão por causa dessas coisas, e o tempo virá no qual os homens desejarão a morte, mas ela fugirá deles.
9 Uma cidade fugirá para outra e não será capaz de permanecer; porque muitas coisas serão desoladas, e o caminho das cidades será destruído.
10 Aproximar-se-á o tempo no qual os homens, que tiverem sobrevivido, verão isso e ficarão aterrorizados.
11 O coração deles tremerá, e eles temerão a glória do Altíssimo.
12 Mas aqueles que restarem verão coisas ainda mais terríveis.
13 Então eu disse: “Se eu encontrar graça diante de ti, mostra-me ao teu servo a interpretação desses sinais.”
14 E ele respondeu: “Tens muitas coisas sobre as quais tens curiosidade, mas não podes compreender tudo.”
15 E eu disse: “Senhor, tu tens governado desde o princípio, e deixaste que os homens fizessem tudo o que quisessem, e usaste de grande paciência com eles.”
16 “Porque tu tens governado sobre os justos e sobre os ímpios, e és justo, Senhor.”
17 “Agora, mostra ao teu servo se, no fim dos tempos, virá um maior tempo de angústia do que vimos agora, ou se depois virão tempos ainda piores.”
18 E ele me disse: “Considera o que perguntas: tu pensas que podes compreender o julgamento do Altíssimo? Pois o fim será mais rápido do que imaginaste.”
19 “Assim como a mulher grávida, quando está no nono mês, tem dores terríveis que não pode evitar, assim serão os tempos do fim.”
20 “Pois suas dores virão sobre ti, e não deixarão de acontecer até que o fim venha.”
21 “Procurarás muitas coisas, mas não as encontrarás; naqueles tempos, muitos esconder-se-ão, mas poucos serão salvos.”
22 “O mundo será dividido, e muitos morrerão; e a verdade será escondida.”
23 “Quando a justiça estiver silenciosa, e a injustiça estiver multiplicada, então o fim se aproximará.”
24 “Aquele que agora pode ouvir, ouça; pois um tempo virá quando os homens que tiverem ouvido desejarão não ter ouvido.”
25 “Pois a confusão e a miséria aumentarão, e muitos perecerão.”
26 “Pois o mal será multiplicado mais do que o viste agora, e o mundo será enfraquecido.”
27 “Pois a fé desaparecerá, e a injustiça será multiplicada entre os homens.”
28 “E acontecerá que, quanto mais perto estiver o tempo, mais sinais aparecerão.”
29 “Pois os que habitam a terra serão tomados por grande confusão, porque não saberão por que estão sendo castigados.”
30 “Mas será então quando os que tiverem sido selados serão salvos.”
31 E eu disse: “Se eu encontrei graça, mostra-me mais um sinal.”
32 Ele respondeu: “Não te perturbe com muitos sinais; pois se tu vives, verás coisas maiores do que estas.”
33 Então eu disse: “Como será quando a criação começar a envelhecer?”
34 E ele disse: “Quando o mundo começar a envelhecer, a injustiça aumentará, e a verdade se retirará.”
35 “Pois o mundo se dividirá, e o que está agora florescendo rapidamente perecerá.”
36 “Assim como o ouro é provado no fogo, assim os justos serão provados na fornalha da adversidade.”
37 “E haverá caos nas águas, e os rios transbordarão, e muitos perecerão.”
38 “Os que forem salvos o serão por suas obras e pela fé, quando a verdade estiver escondida.”
39 “Pois no mundo haverá confusão, e muitos não entenderão o que acontece.”
40 “Mas aquele que tiver entendimento, ele compreenderá, pois ele ouvirá a voz do Altíssimo.”
41 Nos últimos dias, disse o anjo, os homens tomarão forma, mas não permanecerão fiéis.
42 Pois a injustiça aumentará e a verdade estará escondida.
43 E muitos irão para longe da verdade.
44 E acontecerá que, quando isto acontecer, o que está escondido será revelado.
45 Pois o Altíssimo levantará aqueles que lhe pertencem, e eles verão tudo claramente.


CAPÍTULO 6

1 E ele disse para mim: “No princípio, quando a terra foi feita, antes das fronteiras do mundo estarem estabelecidas, antes que os ventos soprassem, e antes que fosse ouvido trovão ou visto relâmpago, antes que os fundamentos do paraíso fossem firmados,
2 antes que as belezas das flores fossem vistas, antes que os movimentos das forças fossem ordenados, antes que fossem contados os exércitos dos anjos,
3 antes que as alturas fossem elevadas, e antes que as medidas do firmamento fossem estabelecidas, antes que os nomes dos ventos fossem dados, e antes que fossem reunidas as estrelas,
4 antes que fossem seladas as caixas dos reservatórios do céu, e antes que fosse feito o seu número — então eu pensei em tudo isso, e tudo foi feito por mim somente.”
5 “Como estas coisas foram feitas, assim será o fim.”
6 “E o princípio e o fim serão revelados: Esaú é o fim do mundo, e Jacó é o princípio do que segue.”
7 Então eu perguntei: “Ó Senhor, meu Senhor, se eu encontrei graça diante de ti, mostra-me agora o fim dos tempos. Quando será o fim do primeiro tempo e o começo do segundo?”
8 E ele disse para mim: “De Abraão, para Isaac, porque dele nasceram Jacó e Esaú; Jacó segurou o calcanhar de Esaú desde o começo.
9 Pois Esaú é o fim deste mundo, e Jacó é o começo do mundo que vem.”
10 “A mão de um é entre o calcanhar e a mão do outro; o fim de um e o começo do outro estão juntos.”
11 Então eu disse: “Senhor, mostra-me agora outros sinais e marcas além destes.”
12 E ele respondeu: “Não podes conhecer ou compreender o que pedes.”
13 E eu disse: “Senhor, eu te peço, por favor, permite-me falar.”
14 Ele me disse: “Fala.”
15 Então eu disse: “No princípio, quando o mundo não tinha forma, e as pessoas não foram feitas, e não havia nomeado nenhum anjo, e os exércitos celestes ainda não tinham sido chamados,
16 quando tudo estava sendo preparado, e tu disseste: ‘Haja luz’, e houve luz,
17 sobre qual fundamento foi estabelecido o mundo? E qual foi o primeiro que recebeu forma? E como foi estabelecido o fim?”
18 E ele respondeu: “Não podes compreender estas coisas que estão acima da inteligência humana.”
19 “Eu te direi algumas coisas, e tu as ouvirás; mas sobre outras não falarás.”
20 “Pois o mundo já está em sua velhice, e dividido em três partes.”
21 “O primeiro foi passado, o segundo está presente, e o terceiro ainda não veio.”
22 “O tempo do segundo será abreviado, e o fim se apressará; e o tempo do terceiro não será prolongado.”
23 “Os que habitam na terra ficarão surpresos, porque muitos serão tomados e todos os que forem alcançados cairão em grande confusão.”
24 “Pois acontecerá que aquele que escapar da espada da fome morrerá, e aquele que escapar da fome será destruído pela peste.”
25 “Pois a miséria se multiplicará, e os tempos serão perturbados.”
26 “Os que sobrevivem verão coisas que não viram antes.”
27 “Pois o mal será multiplicado, e a verdade será escondida.”
28 “A fé será fraca, e a injustiça será multiplicada mais do que vês agora.”
29 “Os tempos já estão envelhecendo e enfraquecendo.”
30 “Pois o mundo se divide, e aquilo que permanece será destruído.”
31 “Se me perguntas sobre o fim, eu te direi: a semente do mal foi semeada no coração de Adão desde o princípio; e quanto ao fruto, o mal cresceu, e o tempo da colheita está próximo.”
32 “Pois o que foi semeado na escuridão será colhido na luz.”
33 “E o que foi armazenado na falsidade será revelado na verdade.”
34 “Pois a terra entregará os que dormem nela, e o pó dará de volta os que foram enterrados.”
35 “E as câmaras darão de volta as almas que nelas foram guardadas.”
36 “E o Altíssimo aparecerá sobre o trono de julgamento.”
37 “E a compaixão desaparecerá, e a paciência será retirada.”
38 “O julgamento será dado sem misericórdia, pois a obra de Deus se manifestará.”
39 “Os sofredores receberão alegria, e os ímpios serão punidos.”
40 “Os que guardaram minha lei verão coisas maravilhosas.”
41 “Os que desprezaram minha lei serão lançados fora.”
42 “Pois o tempo está próximo em que os justos serão recompensados e os ímpios destruídos.”
43 “Aquele que pode ouvir, ouça!”
44 Então eu disse: “Se eu encontrei graça diante de ti, mostra-me mais ainda.”
45 E ele respondeu: “Quanto ao que me perguntas, não podes ainda compreendê-lo.”
46 “Os teus olhos são muito fracos para ver as coisas que te mostro.”
47 “Mas assim como uma criança que não pode compreender as coisas de um velho, também tu não podes ainda compreender tudo sobre o Altíssimo.”
48 “Portanto, espera até que teu coração receba entendimento.”
49 “Pois assim como não podes medir o fogo, nem pesar o vento, nem contar a areia do mar,
50 assim não podes compreender as obras do Altíssimo até que o tempo determinado venha.”
51 “Eu te disse antes, e agora digo novamente: pesa dentro de ti o que te foi dito, e assim compreenderás.”


CAPÍTULO 7

1 E quando eu acabei de falar essas palavras, o anjo que havia sido enviado para mim nos dias anteriores disse:
2 “Levanta-te, Esdras, e ouve as palavras que venho para te dizer.”
3 Então eu me levantei e ele prosseguiu:
4 “É uma parábola que te direi, e tu a explicarás.”
5 “Assim como existe uma vasta planície e nela uma entrada estreita, difícil de seguir, com fogo de um lado e água profunda do outro,
6 assim que somente um caminho estreito está entre ambos, tão estreito que apenas um homem pode passar por ele de cada vez;
7 assim também é o caminho para o mundo por vir.”
8 “Se, então, o mundo que agora existe foi feito para muitos, por que a entrada para o futuro foi feita tão estreita?”
9 “Se agora os tempos atuais são para muitos, por que o futuro é para poucos?”
10 E eu disse: “Podes me explicar essa parábola mais claramente?”
11 Ele respondeu: “O Altíssimo fez este mundo por causa de muitos, mas o mundo vindouro por causa de poucos.”
12 “Eu te digo uma comparação: assim como o agricultor semeia muitas sementes, mas apenas algumas crescem e produzem fruto, assim também é neste mundo.”
13 “Muitas sementes são semeadas, mas poucas são escolhidas.”
14 Então eu respondi: “Se eu encontrei graça, deixa-me falar.”
15 “Pois o que é melhor: viver e morrer, ou não nascer e não ver o mundo e suas misérias?”
16 Ele respondeu: “Não podes compreender a vida futura sem compreender a presente. Porque o presente é cheio de miséria, mas o futuro é cheio de honra e glória.”
17 “Pois o mundo atual é cheio de dificuldades e perigos, mas o futuro é cheio de descanso e prêmios.”
18 “Porque este mundo é para muitos, mas aquele é para poucos.”
19 Então eu disse: “Senhor, mas por que então não fizeste o futuro para muitos também?”
20 E ele disse: “Porque o mundo atual foi feito para muitos que pecam, mas o mundo futuro para poucos que serão salvos.”
21 “Pois eu te digo, Esdras, que como o ouro é provado no fogo e os vasos são provados pelo forno, assim também os justos serão provados no cadinho da tribulação.”
22 “Mas os ímpios serão castigados e não permanecerão.”
23 “Pois o Altíssimo não pretende destruir totalmente o mundo, mas aqueles que foram criados para a impiedade.”
24 “Por isso, não te perturbes com os ímpios, mas alegra-te com os justos.”
25 “Pois o mundo está envelhecendo e possui pouca força, e a morte está próxima.”
26 “Pois, como a juventude e a velhice, o presente mundo é como um corpo que se aproxima de sua morte.”
27 “Assim como uma criança cresce, depois amadurece e finalmente envelhece, assim também o mundo atual está envelhecendo.”
28 “Eu vos digo um mistério: o tempo virá em que o Altíssimo se levantará sobre o trono de julgamento.”
29 “E a misericórdia desaparecerá, e a paciência será retirada.”
30 “O julgamento será sem piedade; pois a justiça se revelará e a verdade se manifestará.”
31 “Aqueles que escaparem das coisas ditas serão salvos e verão minha salvação em minha terra.”
32 “Pois o tempo se aproximará no qual todos os que habitam a terra serão tomados por grande confusão.”
33 “A cidade será perturbada, e muitas nações cairão; e os justos serão salvos.”
34 “E o mundo que agora vês desolado será restaurado, e o mundo vindouro virá.”
35 “Pois está dividida a vida entre a morte e a imortalidade.”
36 “E o julgamento virá, ao qual o Altíssimo preparou todas as coisas.”
37 “Ele pesará a vida na balança e, por sua medida, julgará o mundo.”
38 “E haverá recompensa para os justos e tormento para os ímpios.”
39 “Pois o Altíssimo mostrará maravilhas e sinais aos que foram fiéis.”
40 Então eu disse: “Senhor, permita-me falar.”
41 Ele respondeu: “Fala.”
42 E eu disse: “Eu falo diante de ti: será que o fogo do julgamento será sempre eterno, ou terá fim?”
43 E ele disse: “O julgamento do Altíssimo é final; mas quanto ao tormento, depende de cada obra.”
44 “Pois aqueles que foram injustos sofrerão tormentos conforme suas obras, e os que foram fiéis receberão glória conforme suas obras.”
45 “Assim como tu viste, assim será.”
46 Então eu disse: “Senhor, ainda tenho outra pergunta.”
47 Ele respondeu: “Pergunta.”
48 E eu disse: “Será que, no fim, o justo verá a punição do ímpio?”
49 Ele disse: “O tempo virá no qual aquele que tiver sofrido verá a recompensa, e aquele que tiver feito o mal verá o tormento.”
50 “Para uns, será descanso; para outros, tormento.”
51 “Pois assim como um rio grande carregando muitas águas, assim virá o julgamento.”
52 “E uns serão levados à vida, e outros à destruição.”
53 “Assim o Altíssimo fez, e assim será.”
54 Eu respondi: “Senhor, se eu encontrei graça, deixa-me falar.”
55 Ele disse: “Fala.”
56 Eu disse: “Os que morrem agora, onde vão?”
57 Ele disse: “Os que morreram, seja justo ou ímpio, vão para um lugar preparado para eles.”
58 “Os justos, para descanso; os ímpios, para tormento e dor.”
59 “Assim será até o dia do julgamento.”
60 “Pois no dia do julgamento todos se levantarão e serão julgados conforme suas obras.”
61 “E naquele dia o Altíssimo revelará seu poder.”
62 “E os justos verão e se alegrarão, mas os ímpios lamentarão.”
63 “Pois o Altíssimo dirá: eis o julgamento que preparei; eis o descanso para os justos e o tormento para os ímpios.”
64 “Assim como a morte veio pelo homem, assim também a vida virá pelo Altíssimo.”
65 “Pois um mundo para muitos e outro mundo para poucos foi preparado.”
66 “Eu te mostrei isso e te falei; não perguntes mais.”


CAPÍTULO 8

1 E ele respondeu e disse-me: “O Altíssimo fez este mundo para muitos, mas o mundo por vir para poucos.
2 Eu te direi uma parábola, Esdras: assim como, quando pedes muito, tens de reservar pouco; assim também no julgamento serão muitos os criados, mas poucos os salvos.”
3 Eu respondi: “Senhor, enuncia para mim: quando falas assim, quem são aqueles que serão salvos?”
4 Ele disse: “Eu te direi uma parábola: assim como o agricultor semeia muitas sementes no campo, e, embora espalhe muitas, poucas das que foram semeadas crescem; assim também é com aqueles que serão salvos.”
5 “Pois poucos serão salvos, embora muitos tenham sido criados.”
6 Então eu respondi: “Se eu encontrei graça diante de ti, mostra-me então se mais tempo virá sobre nós do que já passou, ou se o passado foi mais do que o futuro.”
7 Ele disse: “O que passou eu fiz passar; e o que virá eu farei vir.”
8 “Pois não podes fazer mais do que está determinado, nem apressar o tempo que está por vir.”
9 “Pois assim como uma criança não pode nascer antes do tempo, assim também não podes perguntar sobre o que o Altíssimo ainda não revelou.”
10 Eu respondi: “Senhor, tu me mostraste muitas coisas, e me ensinaste muitas lições; agora, mostra-me ainda isto.”
11 “O mundo agora está envelhecido e enfraquecido; mas os justos que nele habitam, onde estarão quando o mundo começar a ser visitado?”
12 Ele disse: “Assim como tu podes ver o que está diante de ti, mas não podes ver o que está atrás, assim também tu podes compreender o que está acontecendo agora, mas não o que virá.”
13 “Pois o Altíssimo não revelou ao homem tudo o que ele fará.”
14 Eu respondi: “Senhor, por que então foste criado o homem, se não pode compreender todas as coisas?”
15 Ele respondeu: “Não perguntes mais sobre isso, pois tu és um homem vivo e mortal; e não podes compreender o que é para os céus.”
16 “Pois o Altíssimo fez os céus e a terra, e sua obra é incompreensível.”
17 “Pois os pensamentos dos homens são frágeis, e suas mentes são fracas.”
18 “Porque muitos foram criados em vão, mas poucos serão salvos.”
19 Eu respondi: “Se eu encontrei graça, deixa-me falar.”
20 Ele disse: “Fala.”
21 Eu disse: “Ó Senhor, tu governaste desde o princípio; tu falaste da vida dos justos, e agora eu falo diante de ti.”
22 “Pois tu governas tanto os justos quanto os injustos, e tu és justo.”
23 “Mostra-me, então, se os justos serão muitos ou poucos.”
24 Ele respondeu: “Eu te digo esta parábola: assim como o mar é grande e contém muitas águas, mas suas ondas não são todas puras; assim também muitos serão criados, mas nem todos serão puros.”
25 “Assim como um artesão faz muitos recipientes, mas apenas alguns são belos e úteis, assim também o Altíssimo fez muitos homens, mas poucos serão salvos.”
26 Eu disse: “Se é assim, mostra-me quando será o fim.”
27 Ele respondeu: “Não podes compreender o que é acima de tua compreensão; por que então procuras o que está além de ti?”
28 “Quando o Altíssimo quiser revelar o fim, ele o fará.”
29 “Pois assim como o campo semeado não pode ser colhido antes que a semente germine, assim também o fim não virá até que os tempos sejam cumpridos.”
30 “Pois há muitos que são criados, mas poucos serão salvos.”
31 Eu respondi: “Senhor, se eu achei graça, deixa-me falar.”
32 Ele disse: “Fala.”
33 Eu disse: “Os homens não guardaram teus mandamentos; como então serão salvos?”
34 Ele disse: “A tua mente se apressa demais; tu não podes julgar o Altíssimo.”
35 “Pois como o barro é na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão.”
36 “Eu posso fazer o que quiser com minha criação.”
37 Eu respondi: “Senhor, o que será dos que agora vivem, e dos que nascerão depois?”
38 Ele disse: “Não podes conhecer ainda o que ainda não veio.”
39 “Não perguntes sobre aqueles que ainda não nasceram, mas cuida dos que existem agora.”
40 “Pois os que vivem agora serão julgados, e os que vierem depois serão julgados também.”
41 “Cada geração será julgada conforme suas obras.”
42 “Pois assim é o julgamento do Altíssimo.”
43 Eu respondi: “Senhor, eu reconheço o que dizes, mas ainda tenho uma pergunta.”
44 Ele disse: “Pergunta.”
45 Eu disse: “Será que a terra dará de volta aqueles que morreram?”
46 Ele disse: “Sim, porque o Altíssimo o ordenou; e assim será.”
47 “Pois assim como o céu e a terra foram criados por sua palavra, assim também os mortos serão levantados por sua palavra.”
48 “Pois a criação obedecerá àquele que a criou.”
49 “E cada um receberá segundo suas obras.”
50 “Não perguntes mais sobre isso.”

CAPÍTULO 9

1 Ele respondeu e disse: “Mede cuidadosamente o tempo; e quando vires que algumas das coisas preditas acontecerem, então compreenderás que é o próprio tempo em que o Altíssimo começará a visitar o mundo que Ele fez.
2 Quando houver terremotos, tumultos de povos, guerras, instabilidades e sinais, então compreenderás que o Altíssimo falou dessas coisas desde os dias anteriores.
3 Pois assim como todas as coisas foram feitas desde o princípio, assim também serão os sinais do fim.
4 Quando virem partes da terra sendo derrubadas, nações em perigo, e confusão entre os povos, saberão que o julgamento do Altíssimo está próximo.
5 Pois assim como quando se vê que algumas coisas acontecem, compreende-se que outras virão imediatamente depois, assim também será no fim dos tempos.
6 Assim como há fumaça quando o fogo é aceso, assim também haverá sinais antes do julgamento.
7 Todo aquele que for salvo e escapar por suas obras e pela fé, que tiver, será preservado.
8 Ele será salvo por causa das obras em que creu, e por causa da fé com a qual acreditou no Altíssimo.
9 Então aqueles que desprezaram minhas leis, que odiaram minha palavra e abandonaram meus caminhos, serão punidos.
10 Pois aqueles que rejeitaram a liberdade que lhes dei, e não acreditaram em minhas maravilhas,
11 aqueles que desprezaram a correção, terão tormento após tormento.
12 Pois reconhecerão depois que viveram em ódio à minha lei, mas será tarde demais.
13 Não te preocupes com a destruição dos ímpios, mas alegra-te pelos que forem salvos.
14 Então eu disse: “Senhor, eu disse antes e digo novamente: os que morrerem, onde estarão?”
15 Ele respondeu: “Assim como a terra dará de volta aqueles que nela foram enterrados, assim cada lugar devolverá os que nele foram guardados.
16 E cada um será julgado conforme suas obras.”
17 “Então eu respondi e disse: Senhor, eu reconheço que o julgamento é justo.
18 Mas eis que alguns serão poupados, e outros serão destruídos.
19 Pois assim como o agricultor separa o grão da palha, assim o Altíssimo separará os justos dos ímpios.
20 E assim como poucos grãos são separados, enquanto muita palha permanece, assim também poucos serão salvos.
21 Pois a plantação foi grande, mas poucos são os frutos.
22 E muitas árvores foram plantadas, mas poucas produziram fruto.”
23 Então eu disse: “Se eu encontrei graça diante de ti, deixa-me falar.”
24 Ele disse: “Fala.”
25 Eu disse: “O dia do julgamento, onde será? E quando será visto?”
26 Ele respondeu: “O tempo virá quando os sinais aparecerem, e então compreenderás que é o tempo do qual te falei.”
27 Pois assim como um homem vê as dores de uma mulher prestes a dar à luz, e compreende que o parto está próximo, assim também serão os sinais do fim.
28 Assim como a mulher no nono mês sofre grandes dores, assim também o mundo sofrerá grandes dores antes do fim.
29 E o mundo será cheio de confusão e miséria.
30 Mas aqueles que forem preservados serão salvos, e verão minha salvação.
31 Pois a criação obedecerá àquele que a criou.
32 E aqueles que desprezaram minhas leis serão destruídos com o mundo.
33 E aquele que guardou minha lei será protegido.
34 Então eu respondi: “Eu falei diante de ti, Senhor: bem-aventurados são os que podem viver no tempo em que essas coisas acontecerem.”
35 Ele disse: “Mesmo assim, não te preocupes com o tempo das calamidades, mas com o tempo da salvação.
36 Pois assim como os que plantam pensam no fruto, e não no trabalho, assim também não deve o justo se preocupar com a destruição, mas com a vida eterna.
37 Eu te mostrei muitas parábolas; e ainda assim tu te perturbas com o que virá.
38 Agora, eu te digo: pesa dentro de ti o que te foi revelado.
39 Pois muitos serão destruídos; mas poucos serão salvos.
40 Eu te falei abertamente; agora reflete sobre isso.
41 Pois assim como o agricultor separa a colheita, assim também o Altíssimo separará os justos dos ímpios.
42 E os justos resplandecerão, e os ímpios serão envergonhados.
43 Pois a obra do Altíssimo será revelada.
44 E aqueles que forem salvos verão minha glória.
45 E aqueles que forem destruídos reconhecerão que desprezaram minhas leis.
46 Pois o julgamento está perto.”


CAPÍTULO 10

1 E aconteceu que, depois de falar estas palavras, entrei em grande angústia e meus pensamentos se perturbaram muito; e minha alma desmaiou.
2 Pois eu tive uma visão, e minha mente enfraqueceu; e eu caí com o rosto no chão e senti medo.
3 Então o anjo tocou-me e me ergueu.
4 E ele disse: “O que te aconteceu, Esdras? Por que estás tão perturbado? Por que tua mente está tão confusa?”
5 E eu disse: “Por causa da visão que vi; e por causa da tristeza de Sião, porque ela está desolada.”
6 Ele disse: “Põe estas coisas em teu coração; pois tu foste chamado para ver coisas maiores.”
7 Então eu disse: “Senhor, não me abandones; pois eu fui criado para ver e ouvir.”
8 Ele disse: “Fala, e eu te ouvirei; e mostrarei o que pediste.”
9 Eu disse: “Senhor, no início da visão eu vi uma mulher chorando, e ela estava profundamente entristecida.
10 Ela estava chorando com grande amargura, e sua tristeza era forte, e seu pranto intenso.
11 Ela dizia: ‘Eu era estéril e nunca tive filho; mas eu tinha uma filha e cuidei dela com grande cuidado.’
12 ‘Eu a amei como a menina dos meus olhos; e quando ela cresceu, eu a dei em casamento.’
13 ‘Mas seu marido morreu, e ela ficou três anos em sua casa lamentando.’
14 ‘Depois disso, quando eu preparei para ela um quarto nupcial e organizei a celebração, morreu meu filho na noite em que ela entraria no quarto.’
15 ‘Agora, portanto, eu lamento duplamente: por ter perdido minha esperança, e por ver minha linhagem destruída.’
16 ‘Pois fiquei sem filho, e minha esperança foi retirada.’
17 Enquanto ela dizia isso, eis que de repente seu rosto mudou, e seus aspectos foram transformados.
18 E sua face resplandeceu como o sol, e sua aparência tornou-se gloriosa, e eu fiquei com grande medo e caí com o rosto no chão.
19 Então o anjo me disse: ‘Por que te perturbaste com o que viste?’
20 ‘A mulher que viste é Sião.’
21 ‘E quanto ao que ela disse sobre seu filho, isso é a interpretação.’
22 ‘A mulher que era estéril é Sião, a qual agora florescerá.’
23 ‘Aquele que morreu é o templo que foi destruído.’
24 ‘E o que ela viu em sua visão do segundo nascimento é a restauração que virá.’
25 ‘Pois agora Sião está lamentando como uma mulher em trabalho de parto.’
26 ‘Mas a glória virá, e ela será renovada.’
27 ‘A cidade que agora vês desolada será restaurada e se alegrará novamente.’
28 Então eu respondi e disse: “Senhor, mostra-me mais claramente o que esta visão significa.”
29 Ele respondeu: “Eu te mostrarei.”
30 “Pois o Altíssimo te mostrou as coisas que virão no último tempo.”
31 “Assim como a mulher lamentou por seu filho, assim também Sião lamentará seus habitantes.”
32 “Pois você viu como ela se sentou no vale, mas depois foi transformada em glória e majestade.”
33 “Assim também Sião, no tempo por vir, será exaltada e renovada.”
34 “Pois o tempo se aproxima no qual Sião será confortada e Jerusalém será restaurada.”
35 Então eu disse: “Senhor, até quando? E qual será o sinal da restauração?”
36 Ele disse: “Não podes compreender agora o que virá posteriormente.”
37 “Pois o coração do homem não pode suportar a glória que será revelada.”
38 “Mas eis que os dias virão, e os moradores da terra tremerão; e a glória do Altíssimo será manifestada.”
39 “E os justos verão e se alegrarão, mas os ímpios lamentarão.”
40 “Pois Sião será exaltada, e Jerusalém será glorificada.”
41 “E a mulher que viste será transformada, da tristeza para a alegria.”
42 “E ela receberá seus filhos novamente, e os que foram dispersos retornarão.”
43 “E ela se alegrará com grande glória, e sua luz será como o sol.”
44 “Pois o Altíssimo levantará os mortos, e os que dormem na terra se levantarão.”
45 “E os que foram tirados dela serão devolvidos; e os que morreram serão ressuscitados.”
46 Então eu disse: “Senhor, estes acontecimentos acontecerão antes dos sinais que mostraste?”
47 Ele disse: “A visão que viste é uma revelação.”
48 “Tu viste a mulher lamentando, e tu viste sua transformação.”
49 “Assim será no fim: a tristeza será transformada em alegria, e a dor em glória.”
50 “Pois o Altíssimo fará todas as coisas novas.”
51 “Não perguntes mais sobre isso, pois já te foi mostrado.”


CAPÍTULO 11

1 Na segunda noite tive um sonho, e eis que uma águia surgiu do mar, e tinha doze asas de penas, e três cabeças.
2 E vi, e eis que ela estendia as asas sobre toda a terra, e todos os ventos do céu sopravam sobre ela, e as nuvens a cercavam.
3 E vi que desta águia saíam outras asas menores e pequenas divisões de penas.
4 Mas suas cabeças repousavam; a do meio era maior do que as outras duas, e também repousava com elas.
5 Então vi que a águia voou com suas asas, e governou sobre a terra e sobre os que habitavam nela.
6 E vi que tudo sob o céu estava sujeito a ela, e ninguém se opunha, nem ninguém que pudesse resistir a ela.
7 E depois de um tempo suas asas menores começaram a aparecer, mas tentaram reinar e não conseguiram.
8 Pois suas asas principais sempre prevaleciam, e as menores desapareciam diante delas.
9 E eis que as asas principais planejavam reinar e comandar a águia inteira, e sobre a terra.
10 E vi que uma das asas principais se levantou e quis reinar; mas desapareceu repentinamente, e seu lugar não foi mais encontrado.
11 Depois disso, uma segunda falta se fez entre as asas principais: pois uma delas também desapareceu.
12 E vi que as asas menores permaneceram por um tempo, mas logo também desapareceram, uma após a outra.
13 E assim aconteceu que as asas menores desapareceram rapidamente, como haviam sido mostradas.
14 E vi que a águia voou novamente com as asas que restavam, e reinou sobre a terra e sobre aqueles que nela habitavam.
15 E eis que, após um tempo, suas cabeças foram despertadas, pois estavam descansando.
16 E uma delas, a que estava no lado direito, comeu a da esquerda.
17 Então a cabeça do meio, que era maior do que as outras, levantou-se e dominou a terra e os habitantes nela.
18 E vi que a águia inteira se estendia sobre toda a terra, e ninguém se opunha a ela.
19 Então eu vi que, após um tempo, a cabeça do meio também desapareceu, como havia acontecido com as asas.
20 E eis que as duas outras cabeças permaneceram, e lutaram uma contra a outra.
21 Pois a que estava à direita venceu a da esquerda, e a que estava à esquerda foi devorada.
22 E vi que a cabeça da direita também desapareceu repentinamente, e não foi mais encontrada.
23 Mas a última cabeça permaneceu e governou sobre a terra, e sobre os habitantes.
24 E vi que, depois de um tempo, a águia inteira desapareceu, e ninguém viu onde ela havia ido.
25 Então eu ouvi uma voz que disse: “Esta é a interpretação da visão.”
26 “A águia que viste surgindo do mar é o quarto reino, que apareceu na visão do teu irmão Daniel.”
27 “Mas ela terá domínio sobre a terra e sobre aqueles que nela habitam, e o seu fim será rápido.”
28 “As asas que nasceste e desapareceste são os reis que se levantarão no reino.”
29 “Os que tentaram reinar e não conseguiram são aqueles que tentaram governar, mas seus tempos foram curtos.”
30 “Pois seus tempos serão breves, como viste.”
31 “A cabeça do meio, que era maior, é o rei que prevaleceu sobre toda a terra e dominou sobre todos.”
32 “Mas ele também desaparecerá no último tempo.”
33 “As duas cabeças que lutaram entre si são os dois reis que restarão no fim.”
34 “Mas aquele que vencer será também destruído.”
35 “O reino inteiro desaparecerá, e não restará ninguém para lamentá-lo.”
36 “Pois o Altíssimo julgará todos os reis, e destruirá quem governou injustamente.”
37 “E os justos se alegrarão no fim, e os ímpios perecerão.”
38 “Esta é a interpretação da visão que viste.”


CAPÍTULO 12

1 E aconteceu que, enquanto eu falava estas palavras, o anjo que havia sido enviado a mim nos dias anteriores veio até mim.
2 Ele me disse: “Esta é a interpretação da visão que tiveste.”
3 “A águia que viste subir do mar é o quarto reino que apareceu na visão do teu irmão Daniel.”
4 “Mas ele será diverso de todos os reinos, pois dominará sobre toda a terra, e sobre os que nela habitam, com grande opressão.”
5 “Pois todos os seus governantes serão perversos, e todos dominarão injustamente.”
6 “E isto é o que viste das doze asas: pois este reino terá doze reis, um após o outro.”
7 “O segundo que viste desaparecer será mais cedo do que os outros.”
8 “O terceiro reinará por mais tempo do que os anteriores.”
9 “E enquanto vires as asas menores tentando reinar, mas não podendo, isso se refere aos que tentarão governar mas não terão sucesso.”
10 “Pois seus tempos serão curtos, como viste desaparecerem rapidamente.”
11 “As asas grandes são aqueles que terão tempos mais prolongados.”
12 “A cabeça do meio é o maior deles, pois será mais poderoso do que todos.”
13 “Mas no fim, ele também desaparecerá, como viste.”
14 “As duas cabeças que permaneceram e lutaram entre si são os dois últimos reis.”
15 “Mas quem prevalecer será destruído também, pois o fim será completo.”
16 “Pois o quarto reino será destruído, e não haverá ninguém para lamentar sua queda.”
17 “Mas enquanto uma cabeça governar, ela será o último, pois dominará sobre a terra e a oprimirá.”
18 “Mas quando virdes isto acontecer, então sabereis que o tempo do fim está próximo.”
19 “Pois o Altíssimo enviará quem o repreenderá e o condenará por suas obras ímpias.”
20 “Esta é a interpretação da figura do leão, que viste na visão.”
21 “O leão que falava com a águia é o enviado do Altíssimo, que repreenderá o reino ímpio e mostrará sua condenação.”
22 “Pois ele se levantará da linhagem de Davi e falará com palavras de força.”
23 “Ele reunirá os remanescentes do povo, e os libertará da opressão.”
24 “Ele destruirá o reino ímpio e o consumirá.”
25 “Pois este é o rei eterno, que não será destronado.”
26 “Ele libertará os justos e julgará os ímpios.”
27 “Pois o tempo virá quando o Altíssimo se levantará para julgar a terra.”
28 “E a montanha de Sião será exaltada acima de todas as montanhas.”
29 “E todos os povos virão e verão sua glória.”
30 “Pois o Altíssimo julgará os que fizeram injustiça, e recompensará os que guardaram seus caminhos.”
31 “Esta é a interpretação completa da visão da águia que viste.”
32 Eu disse: “Senhor, se eu encontrei graça, mostra-me ainda mais.”
33 Ele disse: “Não te foram mostradas todas as coisas? Por que então perguntas sobre o que está além disso?”
34 “Pois foi-te revelada a consumação do reino, e os sinais que virão antes do fim.”
35 “Mas se desejas conhecer mais, eu te mostrarei.”
36 Eu disse: “Senhor, o que virá depois dessas coisas?”
37 Ele disse: “Os tempos virão quando a terra será visitada, e os que habitam nela serão julgados.”
38 “Pois haverá divisão entre os homens, e muitos serão salvos, mas muitos também perecerão.”
39 “Pois o mundo foi criado para muitos, mas o futuro para poucos.”
40 “E quando virdes estas coisas acontecerem, então sabereis que o Altíssimo está próximo.”
41 “Pois Ele se levantará do seu trono e julgará a terra.”
42 “E os justos se alegrarão, mas os ímpios lamentarão.”
43 “E o reino ímpio será destruído, e seu tempo não será prolongado.”
44 “E Sião será consolada, e a cidade santa será restaurada.”
45 “E todos os povos verão a glória do Altíssimo.”
46 “E os que forem salvos habitarão na terra renovada.”
47 “E o Altíssimo mostrará sua misericórdia aos que guardaram seus mandamentos.”
48 “Esta é a interpretação e visão completa que tiveste.


CAPÍTULO 13

1 Depois de sete dias, sonhei novamente, e eis que um vento poderoso soprava do mar, de modo que agitava todas as ondas.
2 E vi que da água do mar subiu um homem, e pude ver que ele se ergueu sobre as nuvens do céu.
3 E quando ele se movia, a terra inteira tremia diante dele.
4 E eu vi que quando ele levantou a voz, a voz queimou como fogo aqueles que ouviam.
5 E depois disso, vi uma multidão de homens que se reunia de quatro ventos do céu para combater contra o homem que saíra do mar.
6 E vi que ele esculpia para si uma grande montanha, e voava sobre ela.
7 Mas eu procurei ver de onde a montanha havia sido cortada, e não pude encontrá-la.
8 Então vi que a multidão que se reuniu para lutar contra ele estava com grande medo, mas ousaram lutar contra ele.
9 E quando ele viu o ataque da multidão, não levantou a mão, nem segurou espada, nem qualquer arma de guerra.
10 Mas eu vi que ele apenas enviou de sua boca algo como vento ardente, e de seus lábios algo como um sopro de fogo, e de sua língua algo como faíscas e tempestades.
11 E todos esses sopros se misturaram — o vento ardente, o fogo e a tempestade — e caíram sobre a multidão que se preparava para lutar, e queimaram todos, de modo que nada restou além do pó e do cheiro de fumaça.
12 E vi que o homem desceu da montanha e chamou para si outra grande multidão pacífica.
13 Então eu quis saber a explicação dessa visão.
14 E o anjo disse: “Eu te mostrarei a interpretação da visão.”
15 “Assim como viste um homem subir do mar,
16 assim é aquele que o Altíssimo guardou por muitos tempos, que ele mesmo trará ao mundo no fim dos dias.”
17 “E ele sairá dos lugares ocultos da terra e aparecerá aos que habitam nela.”
18 “E acontecerá que, quando todos os povos ouvirem sua voz, deixarão suas guerras uns contra os outros e se reunirão.”
19 “Pois haverá muitas guerras, e a violência se multiplicará.”
20 “Mas quando aquele tempo chegar, e o homem que viste subir do mar aparecer,
21 todos os povos abandonarão suas batalhas e se reunirão para guerrear contra ele.”
22 “Mas ele ficará sobre sua montanha de Sião.”
23 “E Sião virá e será mostrada a todos os homens, construída e preparada, como viste a montanha cortada sem mãos.”
24 “E meu Filho repreenderá os povos reunidos, e seu número será como pó e areia.”
25 “Ele ficará no topo de Sião, e Sião e Jerusalém estarão sob seu poder.”
26 “E ele destruirá aqueles que foram reunidos, como viste que o fogo saiu de sua boca.”
27 “Pois assim o Altíssimo o julgará, e ninguém poderá resistir a ele.”
28 “Depois disso, meu Filho reunirá outro povo pacífico para si.”
29 “E estes são os dez grupos das tribos que foram levados para longe dos seus territórios.”
30 “Pois nos dias de Oseias, o rei da Assíria, eles foram levados cativos e transportados para além do rio.”
31 “Mas eles buscaram para si um país distante, onde nunca ser humano havia habitado.”
32 “E eles tomaram esse conselho entre si: deixar a nação dos pagãos e ir para uma terra onde pudessem guardar seus estatutos.”
33 “E passaram por um grande rio, pois o Altíssimo reteve as correntes.”
34 “E permaneceram por aquela região por muito tempo, e multiplicaram-se.”
35 “Mas chegará o tempo em que eles retornarão.”
36 “E quando estes subirem novamente, o Altíssimo deterá as fontes novamente, como fez antes.”
37 “E tu viste as tribos sendo reunidas — esta é a interpretação.”
38 “Quanto ao homem que viste, que veio do mar:
39 este é aquele que o Altíssimo guardou para livrar a criação.”
40 “Pois ele julgará aqueles que foram deixados vivos na terra.”
41 “E estes que foram deixados vivos, serão tomados e separados, como vês que ele chamou para si uma multidão pacífica.”
42 “Mas aqueles que foram deixados do lado de fora serão destruídos.”
43 “Pois o Altíssimo virá e fará um grande julgamento.”
44 “E os povos verão maravilhas e sinais.”
45 “E aqueles que forem salvos verão a glória do Altíssimo.”
46 “Mas aqueles que forem destruídos lamentarão, porque desprezaram sua lei.”
47 “Esta é a interpretação da visão que tiveste.”
48 “Por isso não perguntes mais sobre isso, pois te foi revelado o suficiente.”


CAPÍTULO 14

1 E aconteceu que, no trigésimo dia, enquanto eu estava sentado debaixo de um carvalho, eis que uma voz saiu da sarça e disse:
2 “Esdras, Esdras!”
3 E eu respondi: “Eis-me aqui, Senhor.”
4 E Ele disse: “Aproxime-se e ouça as palavras que eu irei dizer.”
5 Então eu me aproximei, e Ele disse para mim: “Eu te revelei muitas coisas, e te mostrei muitos mistérios.”
6 “Pois eu te chamei durante a noite, e eu soprei em ti o espírito de entendimento.”
7 “E não te deixei nem durante o dia, nem durante a noite.”
8 “Portanto, escreve todas as coisas que eu te mostrei, para que possas preservá-las.”
9 “Pois o mundo está envelhecido, e o fim está próximo.”
10 “Pois minha verdade permanecerá, e meu caminho será cumprido.”
11 “Pois já se aproximam os dias, e o século que está se preparando será consumado.”
12 “Pois agora o mundo foi dividido, e seus tempos estão consumidos.”
13 “Por isso, ordena ao povo que esteja preparado para o combate.”
14 “E prepara teu coração, e guarda os mandamentos, e purifica-te de todas as corrupções.”
15 “Deixe de lado os pensamentos mortais; abandona o peso de tuas fraquezas.”
16 “Pois tu estás indo para um mundo mais alto, e estás prestes a entrar em tempos maiores.”
17 “Pois muitos serão tomados pelo mal, mas poucos serão salvos.”
18 Então eu respondi: “Eis que desejo falar diante de ti, Senhor.”
19 Ele disse: “Fala.”
20 Eu disse: “Eu vejo como o mundo está envelhecido, e aqueles que nele habitam estão cheios de maldade.”
21 “Pois a lei está negligenciada, e a fé está enfraquecida.”
22 “E agora, as pessoas estão se afastando de tua verdade, e o mal aumentou.”
23 “Por isso, eu peço: fortaleça-nos e revele-nos o que virá.”
24 Ele disse: “Eu te mostrarei uma parte, mas não toda.”
25 “Pois tu és enviado para este propósito: que escrevas todas as coisas que viste, para que possam ser preservadas.”
26 “E quando a terra tremer, e os habitantes estiverem em terror, tu permanecerás firme.”
27 “Pois tua casa será preservada, e tu não cairás.”
28 “Mas prepara teu coração, e quando virdes estas coisas, não te perturbes.”
29 “Pois acontecerá que a terra estremecerá, e os moradores da terra serão tomados por medo.”
30 “Pois assustadoras visões virão.”
31 “E a terra dará sua voz, e seus habitantes perderão suas forças.”
32 “Pois o mal será multiplicado mais do que vês agora.”
33 “Pois os tempos serão divididos, e muitos morrerão.”
34 “Mas aqueles que forem deixados verão coisas ainda piores.”
35 “Pois a semeadura será grande, mas os que colherem serão poucos.”
36 “Pois muitos foram criados, mas poucos serão salvos.”
37 Então eu respondi: “Se eu encontrei graça, permita-me falar.”
38 Ele disse: “Fala.”
39 Eu disse: “Senhor, tu disseste no princípio que darias a tua lei ao teu povo.”
40 “E escreveste sobre as tábuas da lei o que ordenaste.”
41 “Por isso, se o povo está agora abandonado, e se tua lei foi perdida, como então os homens guardarão o que foi escrito?”
42 Ele respondeu: “Ninguém pode guardar aquilo que não foi revelado.”
43 “Eu darei a ti uma nova chama de entendimento.”
44 “Pega este copo cheio de água, e bebe.”
45 Então eu peguei o copo e bebi; e meu coração recebeu entendimento, e minha mente foi iluminada.
46 E Ele disse: “Vai, reúne o povo, e dize-lhes que te deixem sozinho por quarenta dias.”
47 “E prepara para ti muitas tábuas de escrita.”
48 “Pois escreverás durante esses dias.”
49 “Pois eu sopro em ti, e tu escreverás sem esforço.”
50 “E quando completares os dias, tu escreverás todas as palavras que receberes.”
51 “Pois alguns livros serão divulgados ao povo, e outros serão guardados.”
52 “Pois estes últimos contêm mistérios que serão revelados aos sábios no tempo por vir.”
53 Então eu me levantei e fiz conforme me foi ordenado.
54 Reuni todo o povo e lhes disse: “Retirai-vos de mim por quarenta dias.”
55 E peguei cinco homens, sábios e prontos para escrever: Seraías, Dabria, Selemias, Eltanas e Asiel.
56 E os trouxe comigo ao campo, e ficamos ali.
57 E aconteceu que, no quadragésimo dia, o Altíssimo soprou em mim o espírito de entendimento novamente.
58 E comecei a falar, e eles escreveram durante quarenta dias, noite e dia.
59 E ao fim dos quarenta dias, foram escritos noventa e quatro livros.
60 E Ele disse: “Os primeiros vinte e quatro livros publicarás, para que os dignos e os indignos possam lê-los.”
61 “Mas os setenta últimos guardarás, para entregá-los apenas aos sábios de teu povo.”
62 “Pois neles estão a raiz da sabedoria e a fonte do conhecimento.”
63 E assim terminei de falar, e parei.


CAPÍTULO 15

1 O Senhor disse: “Fala aos meus ouvidos, filho, e profetiza; e escreve para eles tudo o que eu te disser, pois estas palavras são fiéis e verdadeiras.
2 Não temas a imaginação contra ti, nem as incredulidades dos que falam contra ti.
3 Pois todas as incrédulas morrerão em sua incredulidade.
4 Eis que eu envio calamidades sobre o mundo: espada, fome, morte e destruição.
5 Pois a maldade cresceu demais entre os homens, e suas obras perversas chegaram diante de mim.
6 Por isso, não ficarei mais em silêncio a respeito de suas impiedades.
7 Injustiças, blasfêmias e opressões têm se multiplicado; e o sangue dos justos clama até mim.
8 Eis que a vingança vem, e não tardará. O inocente e o justo, cujas almas clamei diante do Senhor, serão vingados.
9 Portanto, o Altíssimo olhará e não se esquecerá deles.
10 Clama ao Senhor, meu povo eleito, e ele vos ouvirá.
11 “Eu vos livrarei do poder e da opressão dos inimigos”, diz o Senhor.
12 O Egito lamentará, e seu fundamento será antes ferido do que golpeado.
13 Os que ocupam o Egito gemerão por causa da praga que o Senhor enviará sobre ele.
14 Ai do mundo e dos que nele habitam!
15 Pois a espada e a destruição se aproximam, e as nações se levantarão para guerrear umas contra as outras, com grande tumulto.
16 Haverá instabilidade entre os homens: seus fortes se erguerão com armas para lutar contra seus iguais, com total desprezo por seus reis e governantes.
17 O homem desejará entrar numa cidade, e não poderá.
18 Porque por causa do orgulho, as cidades serão perturbadas; as casas serão saqueadas, e os homens se aterrorizarão.
19 Um homem não terá piedade de seu próximo, e destruirão suas casas com a espada, e saquearão seus bens, por causa da falta de pão e da grande tribulação.
20 Eis que calamidades se aproximam, e não serão adiadas.
21 Como uma mulher grávida que sofre nas dores de parto, mesmo assim as calamidades não cessarão até que venham completamente.
22 Não olharei para suas obras nem para suas ofensas.
23 Ai daqueles que, em seus tempos, serão atingidos pelas pragas!
24 Pois haverá fome e angústia, e muitos perecerão pela fome.
25 E os que escaparem perecerão pela espada.
26 E a fome e a destruição se aproximarão deles, e muitos serão derrubados pelas pragas.
27 Como flechas afiadas são lançadas, assim não voltarão vazias até que tenham cumprido seu propósito.
28 Calamidades se aproximam, e não se desviarão.
29 A fome sairá de seu lugar; e a peste, da terra; e a confusão e a espada surgirão para punir os injustos.
30 Haverá fogo lançado sobre vós, e poderá queimar até a fundação.
31 As bestas selvagens se levantarão contra vós, e seus filhos morrerão de fome.
32 Virão mais calamidades sobre vós do que podeis suportar.
33 E haverá grande terror entre os homens.
34 E os que escaparem serão como fugitivos no campo.
35 Como os cervos que fogem da floresta, e como os que fogem da batalha, assim estarão, mas os inimigos os perseguirão.
36 Os que estiverem livres cairão na vala, e os que saírem da vala serão presos.
37 E todos os que escaparem das guerras perecerão pela fome.
38 Pois todas as águas serão corrompidas, e os rios não darão mais suas fontes.
39 E haverá grande seca na terra, e os campos murcharão.
40 As árvores darão frutos, mas não serão colhidos.
41 As videiras produzirão, mas não darão vinho.
42 E haverá desolação em muitos lugares, e poucos homens permanecerão.
43 As mulheres lamentarão, e suas virgens serão entristecidas.
44 Os noivos lamentarão, e as esposas lamentarão.
45 Ouvi agora estas coisas e entendi-as, servos do Senhor.
46 Pois o Senhor disse: “Não temas, nem duvides, pois Deus é vosso guia.”
47 “Aqueles que guardam meus mandamentos e preceitos”, diz o Senhor, “não serão destruídos pelas calamidades.”
48 E embora assistam a muitas coisas terríveis, não serão atingidos.
49 Pois serão salvos de todos os perigos, e verão minha salvação em minha terra e dentro de meus limites.
50 Pois eu os santifiquei para mim desde o princípio.
51 Agora, não temais, nem duvideis; pois Deus é vosso guia.
52 Vós que guardais meus mandamentos e preceitos, diz o Senhor Deus, “não permitirei que vossa labuta vos prejudique, nem que vossas obras sejam vãs”.
53 Pois eu sou vosso escudo e vosso auxílio, e vosso Salvador.
54 Não temas, povo meu, pois eu sou vosso Deus.
55 Trepareis sobre rochas e sereis alimentados, e na fome não tereis necessidade.
56 Sereis como fontes fluentes, e não sereis secos.
57 E os que vos atacarem serão derrubados.
58 Pois eu sou o Senhor, vosso Salvador e vosso Redentor, o Poderoso de Jacó.”


CAPÍTULO 16

1 Ai de ti, Babilônia e Ásia! Ai de ti, Egito e Síria!
2 Cingi-vos de saco e lamentai, porque a destruição está próxima.
3 A espada está enviada sobre vós; e quem poderá afastá-la?
4 O fogo está enviado sobre vós; e quem poderá apagá-lo?
5 Calamidades são enviadas, e quem pode afastá-las?
6 Pode alguém repelir uma flecha que saiu da mão de um forte arqueiro?
7 O Senhor enviará as calamidades, e quem poderá detê-las?
8 O fogo sairá de sua ira, e quem poderá extingui-lo?
9 Ele lançará relâmpagos, e quem não temerá? Ele rugirá, e quem não ficará aterrorizado?
10 As fundações da terra tremerão, e o mar e suas ondas serão abalados.
11 Os peixes também tremerão diante do Senhor, e diante da glória de seu poder.
12 Pois forte é sua mão que cria, e forte é sua mão que destrói.
13 Relâmpagos são lançados de suas flechas; e como de um poderoso arqueiro, elas partirão e não voltarão até que tenham atingido o alvo.
14 Fogo será lançado da ira, e saltará como um leão.
15 Eis que as calamidades vêm, e não serão adiadas.
16 Um fogo ardente sairá contra vós, e quem poderá apagar isso?
17 Ai de mim! Ai de mim! Quem me livrará nesses dias?
18 A princípio, haverá grandes dores; depois, avançará a fome e grande confusão.
19 Pois muitos habitantes da terra perecerão pela fome, e muitos pela espada.
20 A cidade será destruída, e muitos serão derrubados no campo.
21 Aqueles que ficarem vivos fugirão, e serão como fugitivos da batalha.
22 Os que escaparem da espada perecerão pela fome; e os que escaparem da fome, pela peste.
23 E os mortos serão lançados como esterco, e não haverá ninguém para consolá-los ou sepultá-los; pois a terra estará devastada e suas cidades destruídas.
24 Os que permanecerem comerão suas próprias carnes por causa da fome e da sede, e beberão seu próprio sangue por grande sede.
25 Pois haverá grande destruição em muitos lugares.
26 As árvores produzirão frutos, mas quem os colherá?
27 As uvas amadurecerão, mas quem fará vinho?
28 Pois muitos lugares estão abandonados, e poucos homens restam na terra.
29 Uma cidade desejará ver outra, e não verá.
30 Pois uma cidade será destruída, e quem nela habitará?
31 Uma casa se levantará contra outra, e ninguém poderá ajudar seu próximo.
32 A terra se estremecerá, e seu espírito lamentará; e muitos perecerão por causa da fome e da espada.
33 Os campos serão destruídos, e não haverá quem trabalhe neles.
34 As mulheres lamentarão suas dores, porque não terão quem as console.
35 As virgens lamentarão, porque não terão noivos.
36 Os homens gemerão, porque suas forças estarão esgotadas.
37 Ouvi agora estas coisas, servos do Senhor, e recebei palavra.
38 Estai preparados para as calamidades que virão, porque o Senhor trará o fogo e quem poderá apagar?
39 Como quando uma mulher grávida está perto de dar à luz, e as dores aumentam mais e mais, assim serão os dias da tribulação.
40 Ouvi minha voz, povo meu; pois em meio às calamidades, eu vos salvarei.
41 Não temais, nem duvideis; pois Deus é vosso guia.
42 Aqueles que guardam meus mandamentos e preceitos, diz o Senhor, não serão destruídos pelas calamidades.
43 Mesmo que vejam muitos terríveis acontecimentos, não serão atingidos.
44 Pois eu serei o seu auxílio e vosso Salvador.
45 Sede como peregrinos na terra.
46 Aquele que vende, seja como o que foge; aquele que compra, como quem está prestes a perder.
47 Aquele que constrói, como quem não habitará; aquele que planta, como quem não comerá o fruto.
48 Aquele que casa, como quem não terá filhos; aquele que não se casa, como quem é viúvo.
49 Aquele que trabalha na terra, como quem não colherá; aquele que semeia, como quem não ceifará.
50 Os que plantam vinhas, como os que não colherão uvas.
51 Os que colhem uvas, como os que não farão vinho; e os que fazem vinho, como os que não beberão.
52 Porque em toda a terra haverá grande trabalho, mas tudo será em vão, pois o mundo será abalado e sua glória perecerá.
53 Ouvi, ó servos do Senhor, e compreendei.
54 O Senhor diz: “Não temais, pois eu sou vosso Deus.”
55 “Eu vos guiarei e vos livrarei das calamidades.”
56 “Vós sereis alimentados quando houver fome; não vos faltará água quando houver sede.”
57 “Vossos inimigos cairão diante de vós.”
58 “Pois eu sou o Senhor, vosso Salvador e Redentor, o Poderoso de Jacó.”

A Restauração de Sião — O Coração Profético de 2 Esdras

Há temas que atravessam a Bíblia inteira, como fios de ouro bordados na estrutura da revelação: a criação, a queda, o juízo, o remanescente, a vinda do Messias. Mas há um tema que vibra com intensidade especial em momentos de crise — a restauração de Sião.

Sião não é apenas uma montanha, nem apenas uma cidade. É símbolo. É identidade. É destino. É o lugar onde Deus restaura aquilo que o pecado destruiu e coloca de volta em ordem aquilo que os impérios tentaram apagar.

Em 2 Esdras, a restauração de Sião não é um detalhe teológico: é o eixo emocional e profético do livro.

Esdras chora por ela. Lamenta por ela. Discute com Deus por causa dela. Questiona o futuro de Jerusalém, o abandono dos justos, a prosperidade dos ímpios e a ruína da cidade que deveria ser “o lugar da habitação do Altíssimo”.

A cena mais marcante é, talvez, a mais ignorada pelos teólogos modernos: a visão da mulher que lamenta (cap. 10), transformando-se diante dos olhos de Esdras em uma cidade gloriosaSião restaurada.

A mulher chora pela destruição do templo.
Depois, diante do profeta, seu rosto muda, a glória brilha, a tristeza desaparece, e ela se torna o ícone vivo da Jerusalém glorificada.

O anjo explica:

“Essa mulher é Sião.”

E o que Esdras vê ali é exatamente o que Daniel e Apocalipse mostram de formas diferentes:

• Daniel 7: os santos recebem o reino.
• Daniel 9: Jerusalém é reconstruída.
• Apocalipse 14: Sião como monte da fidelidade final.
• Apocalipse 21: Nova Jerusalém descendo preparada como noiva.

2 Esdras está profundamente alinhado com essa cadeia profética.

Para os pioneiros adventistas, a restauração de Sião nunca foi apenas geopolítica — era espiritual. Era o momento em que Deus vindicaria Seu povo oprimido e derrubaria os impérios que mantêm o mundo em trevas.

Mas a IASD moderna — domesticada, institucionalizada, ecumenizada — perdeu o senso de Sião. Perdeu o senso de que Deus tem um povo, um lugar, um projeto e uma identidade que não podem ser negociados politicamente.

Para muitos teólogos hoje, Sião virou metáfora vaga. Mas para Esdras, Sião é destino concreto. É o lugar onde Deus restaura a fidelidade, reúne o remanescente, destrói os inimigos e coloca Seu povo de volta ao centro de Sua obra.

Em 2 Esdras, Sião é:

• a mãe que lamenta;
• a cidade que desmoronou;
• a glória que será restaurada;
• o centro do juízo;
• o trono do governo messiânico;
• o sinal visível de que Deus não abandonou Seu povo.

E é justamente isso que incomoda a teologia moderna:
a restauração de Sião implica que Deus faz distinção entre Seu povo e o mundo.
Implica que Deus julga, separa, restaura, intervém, derruba impérios e levanta um povo fiel.
Implica que Deus não está neutro, nem indiferente, nem ecumênico.

Sião é exclusividade divina — não pluralismo religioso.

É por isso que a restauração de Sião está sendo silenciada na pregação adventista atual.
Ela é um risco político.
É inconveniente para quem deseja harmonia institucional.
É um escândalo para quem prefere o conforto da aceitação ecumênica.

Mas 2 Esdras, como Daniel e Apocalipse, insiste:
Sião será restaurada.
Com ou sem a aprovação das lideranças humanas.
Com ou sem a cooperação das instituições religiosas.
Com ou sem a sobrevivência das estruturas denominacionais.

Deus restaurará Sião porque prometeu.
Porque Sião não pertence a pastores, presidentes, comitês, associações, uniões ou divisões — pertence ao próprio Altíssimo.

E quando Sião for restaurada, tudo aquilo que parecia sólido — impérios, religiões, sistemas — será abalado. O centro do mundo mudará. O remanescente será vindicado. E o Messias ocupará o trono que sempre foi d’Ele.

Por isso este livro é tão relevante agora.

O adventismo precisa recuperar a visão de Sião.
Precisa enxergar de novo o que Esdras viu:
a cidade em ruínas, sim — mas também a cidade gloriosa que surgia por ordem divina.

Enquanto houver um remanescente fiel, haverá Sião.
Enquanto houver Sião, haverá restauração.
E enquanto houver restauração, o juízo virá.

O Remanescente e os “Poucos Salvos” — A Voz de 2 Esdras que o Adventismo Precisa Ouvir Novamente

O adventismo nasceu com uma convicção clara e inegociável: Deus sempre trabalha com remanescentes.
Não com a maioria, não com multidões, não com estruturas confortáveis, nem com igrejas que se acomodam ao status político ou cultural do seu tempo. O remanescente é, por definição, a minoria fiel — aquela parte da humanidade que não negocia princípios, não se curva a impérios e não dilui a verdade para conquistar aprovação.

2 Esdras coloca esse tema no centro. O livro é implacável ao declarar:

Muitos foram criados, mas poucos serão salvos.
A semente é grande, mas poucos dão fruto.
O mundo foi feito para muitos, o porvir para poucos.

Essa não é apenas uma frase simbólica; é o eixo teológico de 2 Esdras — e um espelho incômodo para o adventismo institucional moderno, que passou a ver números como sinal de bênção, popularidade como sucesso e crescimento estatístico como prova de aprovação divina.

Mas Deus nunca trabalhou com majorias.
A Bíblia inteira grita isso:

• Um homem fiel entre todos: Noé.
• Uma família no meio de Sodoma: Ló.
• Um jovem no palácio da Babilônia: Daniel.
• Um resto exilado entre as nações: Israel.
• Um grupo de 120 em Jerusalém: a igreja primitiva.
• Um remanescente final guardando os mandamentos em Apocalipse 12 e 14.

2 Esdras apenas reafirma, com brutal honestidade, aquilo que muitos preferem esquecer:
a salvação é estreita, e a fidelidade custa caro.

O editorialismo adventista progressista fala hoje de inclusão espiritual automática, salvação generalizada, graça sem ruptura moral, religião sem arrependimento. Mas o texto profético — tanto canônico quanto apócrifo — diz algo diferente:

• “A verdade será escondida.”
• “A injustiça será multiplicada.”
• “Os justos serão provados como ouro.”
• “Poucos permanecerão.”
• “O remanescente verá a salvação.”

Este é o ponto que fere, que incomoda, que separa: O Deus da Bíblia não prometeu que todos seriam salvos — prometeu que todos seriam julgados. E 2 Esdras retrata esse julgamento sem rodeios.

O remanescente aparece como:

• os que perguntam,
• os que sofrem,
• os que permanecem,
• os que protestam contra a injustiça,
• os que se recusam a seguir o fluxo da apostasia,
• os que são “contados como poucos” — mas conhecidos como fiéis.

Isso deveria fazer os adventistas modernos estremecerem.
Porque as estatísticas denominacionais não garantem nada.
O batismo em massa não garante nada.
A estrutura internacional não garante nada.
A marca adventista não garante nada.

O que importa — ontem, hoje e no fim — é exatamente o que Esdras ouviu do anjo:

“A salvação é para os poucos que permanecem fiéis quando a verdade está escondida.”

É isso que define o remanescente.

Não é o nome na lista.
Não é a adesão institucional.
Não é o título clerical.
É a fidelidade — custe o que custar.

2 Esdras devolve o adventismo ao trilho original:
não somos um povo de massa, somos um povo de resistência.
Não somos um povo de prestígio, somos um povo de separação.
Não somos um povo de maioria, somos um povo remanescente.

E aqui está o grande paradoxo que o texto revela:

O remanescente não é isolado pela fraqueza — ele é isolado pela fidelidade.

Quando os impérios se agigantam, quando as igrejas se contaminam, quando os líderes se vendem, quando os templos se tornam palácios, quando o medo invade as consciências, ainda permanece um povo pequeno, silencioso, disperso, mas preservado pelo Deus que enxerga os poucos em meio à multidão.

O adventismo atual teme esta doutrina porque ela destrói a ilusão institucional.
2 Esdras a reafirma porque ela é verdadeira.

Se você está lendo este editorial nesta edição investigativa de 2 Esdras, é porque Deus ainda tem um remanescente — dentro e fora das paredes religiosas — que não se dobrou, não se vendeu e não desistiu de buscar a verdade completa.

Os muitos não irão até o fim.
Os poucos, sim.
E esses poucos continuarão sendo chamados de “remanescente” até o Dia de Cristo.

A Responsabilidade de Quem Lê 2 Esdras

Ler 2 Esdras não é um ato neutro.
Não é como consultar um comentário teológico, folhear um devocional leve ou assistir a uma pregação motivacional.
Ler 2 Esdras é entrar em contato com um texto que pesa consciências, desafia estruturas e chama o leitor para uma decisão que não pode ser adiada.

É impossível terminar este livro da mesma forma que começou.

Ele fala de um mundo que envelheceu.
De uma fé que se enfraqueceu.
De uma verdade que foi escondida.
De líderes que se corromperam.
De impérios que se levantam com arrogância e caem com violência.
De um remanescente que sofre, chora, protesta — mas permanece.

E fala, sobretudo, de um Deus que não fica em silêncio.

2 Esdras não pertence ao tipo de literatura religiosa confortável, que embala a alma. Ele pertence à linhagem dos profetas que queimam, que incomodam, que rasgam o verniz da religião formal e expõem o coração espiritual de cada geração.

Por isso, quem lê 2 Esdras assume uma responsabilidade maior.

1. A responsabilidade da honestidade
Não é possível ler este livro e continuar repetindo discursos oficiais, eufemismos denominacionais ou slogans ecumênicos que mascaram a apostasia do nosso tempo.
A profecia exige coragem intelectual e espiritual.

2. A responsabilidade da fidelidade
Se o texto afirma que “muitos foram criados, mas poucos serão salvos”, o leitor precisa decidir a quem pertence:
ao fluxo da maioria ou ao remanescente que persevera quando tudo desaba ao redor.

3. A responsabilidade da vigilância
2 Esdras é uma advertência de que juízo vem — e vem rápido.
Quem lê não pode se dar ao luxo da indiferença.
Não pode continuar sonâmbulo na fé.
Não pode buscar a bênção sem a reforma, a salvação sem a renúncia, a esperança sem a santidade.

4. A responsabilidade da separação
O livro não permite alianças duvidosas, neutralidade teológica ou compromisso com estruturas corruptas.
Sião é restaurada, mas Babilônia é destruída.
E quem lê deve escolher desde já onde deseja estar.

5. A responsabilidade da ação
Ler e não agir é se condenar ao autoengano.
2 Esdras chama para reforma real:
vida, escolhas, hábitos, prioridades, lealdades.
Chama para abandonar o discurso confortável e assumir a disciplina de um servo fiel do Altíssimo.

6. A responsabilidade do testemunho
O remanescente é pequeno — mas é visível.
O mundo precisa de vozes que permaneçam firmes.
Quem lê 2 Esdras precisa assumir o papel de testemunhar a verdade em um tempo em que a verdade é escondida.

2 Esdras não é um livro para colecionadores de curiosidades religiosas.
É para guerreiros espirituais.
Para os poucos que não se vendem.
Para os que entendem que o custo da fidelidade é menor do que o preço da apostasia.

Ao fechar este livro, lembre-se:

Esdras não recebeu respostas fáceis — recebeu um chamado.
E quem lê suas palavras recebe o mesmo.

Agora, a responsabilidade está com você:
ou seguir o fluxo dos muitos,
ou permanecer entre os poucos que guardam os mandamentos do Altíssimo, que esperam Sua intervenção e que caminham rumo à restauração de Sião.

Ler 2 Esdras é aceitar o convite para estar entre estes poucos.

ORAÇÃO FINAL
No Espírito de Esdras, Servo do Altíssimo

Ó Altíssimo, Deus eterno,
Tu que pesas os tempos e sondas os corações,
Aqui estou ao final desta leitura,
Reconhecendo minha pequenez diante da Tua grandeza.

Como Esdras, pergunto, tremo e espero.
Vejo a injustiça do mundo, a queda dos justos,
a prosperidade dos ímpios, e meu coração se perturba.
Mas também vejo, pelas palavras reveladas,
que nada escapa ao Teu juízo
e nenhum sofrimento é esquecido diante de Ti.

Senhor, ensina-me a confiar.
Aguardo a Tua resposta,
mesmo quando o silêncio pesa.
Aguardo a Tua justiça,
mesmo quando a maldade cresce.
Aguardo a Tua restauração,
mesmo quando as ruínas de Sião
ainda parecem irreparáveis aos meus olhos.

Purifica meu coração, ó Deus,
pois muitos foram criados,
mas poucos serão salvos.
Faz-me andar entre os poucos que perseveram,
entre aqueles que não trocam a verdade por vantagem,
nem a fidelidade por conforto.

Livra-me da arrogância dos impérios,
da corrupção dos líderes,
da cegueira da maioria,
da indiferença que esfria a fé.

Dá-me um espírito firme,
um coração arrependido,
uma mente vigilante
e uma alma disposta a obedecer
mesmo quando não compreende todos os Teus caminhos.

Restitui-me a esperança de Sião.
Que a visão da cidade restaurada
seja força nos meus dias de fraqueza
e luz nos meus dias de escuridão.

Que eu não me perca entre os muitos,
mas me encontre entre os Teus poucos.
Que eu não siga os impérios que passam,
mas o Homem que vem do mar,
cujo sopro vence nações
e cujas palavras derrubam tiranos.

Conduze-me até o fim, Senhor.
Guarda minha vida no Teu livro.
Sela-me com o Teu nome.
Livra-me quando vier o juízo.
E permite que, mesmo indigno,
eu possa ver a glória da Tua restauração.

Assim oro, com temor e esperança,
No espírito de Esdras, Teu servo,
Àquele que vive para sempre.
Amém.

BÊNÇÃO FINAL
Que o Altíssimo Te Guarde Até o Dia da Restauração

Que o Altíssimo,
Aquele que mede os tempos e pesa as gerações,
te conceda um coração vigilante
e olhos capazes de discernir a verdade
mesmo quando ela se oculta aos muitos.

Que Ele fortaleça tuas mãos
para resistir ao mal que avança,
e sustente teus passos
no caminho estreito dos poucos que permanecem.

Que o Deus que derruba impérios
te livre da sedução deste mundo,
e te mantenha fiel quando muitos vacilarem.

Que a luz de Sião restaurada
brilhe sobre tua esperança,
e a promessa do porvir
te proteja das trevas do presente.

Que o Cordeiro vitorioso te cubra com Seu nome,
e que o Homem que vem do mar
te encontre selado no dia da Sua aparição.

Que tu sejas contado entre os remanescentes,
guardado entre os fiéis,
e lembrado entre os poucos
que não se curvaram aos reinos deste mundo.

Que a paz do Eterno te acompanhe,
hoje e até o fim dos tempos.
Amém.

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