Análise de “That’s What the Old Ones Say: Pre-Colonial Revelations of God to Native America”
Este livro parte de uma tese simples e poderosa: A ideia de que Deus só começou a se revelar às Américas com a chegada dos europeus é falsa.
Linha central do livro
RiverWind reúne tradições orais, relatos cerimoniais e narrativas ancestrais de povos indígenas da América do Norte para sustentar que:
– havia conhecimento de um Criador único, supremo e moral
– esse Criador não era representado por imagens fixas
– havia códigos éticos semelhantes aos princípios bíblicos
– havia expectativa de juízo, purificação e restauração
Ele não tenta provar que os povos indígenas “eram israelitas” no sentido genealógico direto. O foco do livro é outro: revelação pré-colonial, não linhagem biológica.
Ponto importante (e honesto):
O livro não é acadêmico nos moldes universitários clássicos. Ele não foi submetido a revisão por pares, nem segue metodologia histórica formal. Ele é um testemunho cultural e espiritual, não um tratado científico.
Mas isso não o invalida automaticamente. Grande parte do conhecimento humano antigo não nasceu em universidades.
Onde o livro dialoga com a Bíblia
Mesmo sem usar linguagem adventista ou bíblica sistemática, o livro toca em temas profundamente bíblicos:
– Deus se revela a povos fora de Israel (como em Jó, Melquisedeque, Nínive)
– A idolatria nasce quando a revelação é distorcida, não quando Deus fala
– A terra reage moralmente ao pecado humano
– O Criador não pertence a uma etnia ou império
Esse ponto é crucial: RiverWind não propõe outro Deus, mas questiona o monopólio europeu da revelação.
Análise de “When The Fires Come: A Comparison of First Nations and Biblical Prophecies”
Este livro é mais escatológico e mais sensível.
Tese central: RiverWind compara profecias indígenas sobre:
– fogo purificador
– colapso da terra
– punição da arrogância humana
– restauração após julgamento
com narrativas bíblicas de juízo, especialmente aquelas associadas ao “fim de uma era”.
Ele não afirma que as profecias são idênticas. Ele afirma que os padrões são semelhantes, sugerindo uma fonte moral comum.
Aqui entra o ponto delicado.
Onde o livro acerta
– Reconhece que o Criador julga a injustiça
– Reconhece que a terra sofre quando o homem rompe limites
– Reconhece que o juízo precede restauração
– Reconhece que o conhecimento foi corrompido pelo poder
Esses são temas bíblicos legítimos.
Onde o livro exige discernimento
– Ele não distingue claramente revelação divina de tradição cultural
– Ele não separa tipologia profética de equivalência profética
– Ele pode levar leitores a igualar narrativas indígenas à Escritura
Isso exige filtro, não rejeição automática.
Convergência
O valor desses livros não está em provar doutrinas, mas em demonstrar três coisas fundamentais:
- Deus nunca esteve restrito à Europa
- O colonialismo espiritual apagou revelações legítimas
- A fabricação de imagens e ídolos sempre acompanha o poder imperial
Aqui ocorre o ponto de interseção direta com nossa denúncia:
– embranquecimento de Deus
– imposição de iconografia
– Papai Noel como ídolo moderno
– presépio como catequese visual europeizada
– violação do segundo mandamento
RiverWind ajuda a sustentar o princípio, não a doutrina final:
Quando Deus fala, o sistema transforma em imagem. Quando o sistema domina, ele apaga a memória.
Testemunha cultural

Joseph AmaHura RiverWind não deve ser tratado como profeta bíblico, nem como herege descartável. Ele deve ser tratado como:
– testemunha cultural
– voz dissidente do colonialismo espiritual
– evidência de que o apagamento não foi apenas africano, mas global
Podemos usar seus escritos como documento histórico-cultural, não como autoridade doutrinária.
Isso fortalece nossa tese central:
Se tivéssemos obedecido ao segundo mandamento — não fazer imagens —
não teríamos embranquecido Deus, não teríamos criado ídolos pedagógicos, não teríamos substituído revelação por bonecos.
1) O que é o “Levante” (nos escritos de Joseph AmaHura RiverWind)
Nos textos, palestras e livros associados a Joseph AmaHura RiverWind, o termo “Levante” não aparece como um conceito político clássico nem como um movimento institucionalizado. Ele funciona como um conceito espiritual-profético, com três sentidos principais:
Levante como despertar espiritual
Não se trata de rebelião armada, mas de despertar de consciência. O “Levante” é descrito como o momento em que povos originários (First Nations) passam a lembrar o que sabiam antes da colonização, especialmente no campo espiritual. É memória restaurada, não revolução ideológica.
Levante como recuperação de identidade
O termo indica a passagem de um estado de apagamento para um estado de reconhecimento. Povos que foram ensinados a se ver como “sem Deus”, “pagãos” ou “primitivos” passam a compreender que já possuíam revelações sobre o Criador antes da chegada do cristianismo europeu.
Levante como resposta ao colapso do sistema
Em RiverWind, o Levante acontece quando o sistema entra em crise: degradação moral, destruição da terra, corrupção espiritual e colapso social. O Levante não é a causa do colapso; é a resposta profética a ele. Portanto, “Levante” aqui não significa insurgência violenta, mas reação espiritual à mentira histórica.
O termo “Levante”, aqui, não é político nem militar. Ele é usado no sentido espiritual-civilizacional.
Levante significa:
– um movimento de memória ancestral
– um despertar de povos originários e marginalizados
– a recuperação de narrativas espirituais anteriores à colonização
– o questionamento da religião europeizada como única lente legítima
No contexto bíblico-profético, o Levante se manifesta como:
– povos “esquecidos” lembrando quem são
– tradições espirituais pré-coloniais sendo revisitadas
– paralelos entre profecias bíblicas e cosmologias indígenas
– rejeição da mediação europeia como filtro obrigatório do sagrado
Ou seja, o Levante não afirma: “somos o novo Israel por direito étnico”. Mas pergunta: “e se povos apagados carregarem fragmentos da revelação que foram desprezados?”
É exatamente esse tipo de pergunta que incomoda sistemas religiosos consolidados.
2) ANÁLISE DOS ESCRITOS DE JOSEPH AMAHURA RIVERWIND
IMPORTANTE: o que segue não é canonização, nem afirmação de que RiverWind “está certo em tudo”. É uma leitura analítica das linhas de raciocínio que ele propõe.
2.1 “That’s What the Old Ones Say: Pre-Colonial Revelations of God to Native America”
TESE CENTRAL DO LIVRO
RiverWind sustenta que povos nativos da América do Norte possuíam revelações espirituais autônomas, anteriores à colonização cristã, que apresentam paralelos significativos com:
– o monoteísmo bíblico
– a noção de um Criador único
– códigos morais semelhantes aos Dez Mandamentos
– narrativas de juízo, purificação e restauração
– expectativa de um tempo final de fogo e separação
PONTO-CHAVE
Ele não diz que os povos nativos “leram a Bíblia”. Ele diz que Deus não ficou restrito a Israel institucional ou à Europa cristã.
Isso entra em choque direto com a teologia colonial clássica, que pressupõe:
– Deus revelou tudo apenas no Oriente Médio
– todo o resto é “paganismo” ou “ignorância espiritual”
RiverWind desafia essa ideia.
VALOR INVESTIGATIVO
O valor não está em afirmar que “os nativos tinham o evangelho completo”, mas em levantar a hipótese de que:
– a revelação pode ter sido fragmentada e distribuída
– Deus falou com povos fora do eixo judaico-europeu
– o colonialismo pode ter apagado convergências espirituais reais
Isso dialoga diretamente com o tema do Israel disperso, sem afirmar identidade tribal literal.
2.2 “When the Fires Come: A Comparison of First Nations and Biblical Prophecies”
TESE CENTRAL DO LIVRO
Aqui RiverWind faz algo mais ousado: ele coloca lado a lado:
– profecias das Primeiras Nações
– textos proféticos bíblicos
– imagens de purificação pelo fogo
– colapso moral da humanidade
– juízo sobre sistemas corruptos
– restauração de um povo fiel
Ele observa paralelos entre:
– Apocalipse
– Daniel
– profetas menores
– e narrativas indígenas sobre “o tempo em que o fogo virá”
PONTO-CHAVE
RiverWind não afirma equivalência absoluta. Ele trabalha com convergência temática, não identidade doutrinária. Isso é crucial.
VALOR INVESTIGATIVO
O livro reforça uma ideia central muito sensível ao sistema religioso:
- a possibilidade de que a profecia não foi monopólio de uma civilização
- que o Espírito de Deus pode ter alertado povos diferentes sobre o mesmo fim
Para uma abordagem adventista crítica, isso não destrói a profecia bíblica — expõe a soberania de Deus em falar com quem Ele quiser.
3) COMO INTEGRAR RIVERWIND AO ARTIGO INVESTIGATIVO (SEM CANONIZÁ-LO)
Aqui está o ponto mais importante.
RiverWind não deve ser tratado como:
– profeta
– revelador final
– autoridade doutrinária
– substituto da Bíblia
Mas pode ser integrado como:
– testemunha cultural
– evidência de convergência espiritual
– indício de que o apagamento colonial não foi apenas político, mas teológico
FORMA CORRETA DE INTEGRAÇÃO
No artigo investigativo, RiverWind entra assim:
– como exemplo de vozes não europeias
– como pesquisador indígena que preserva tradições orais
– como alguém que percebe paralelos proféticos sem reivindicar exclusividade
O texto deve deixar claro:
“Isso não prova que as tribos nativas sejam Israel literal. Mas enfraquece a ideia de que Deus falou apenas através do Ocidente.”
Isso se alinha perfeitamente à linha editorial que estamos construindo:
– Deus maior que instituições
– revelação progressiva
– verdade avançando além dos filtros coloniais
– povos esquecidos lembrando fragmentos da verdade
CONCLUSÃO
Joseph AmaHura RiverWind não precisa estar certo em tudo para ser relevante.
Ele é importante porque:
– quebra o monopólio europeu da revelação
– expõe o apagamento espiritual colonial
– reforça a ideia de dispersão e fragmentação da verdade
– dialoga com o conceito bíblico de povos alcançados “sem lei escrita”
Integrado corretamente, ele não compete com a Bíblia. Ele expõe o quanto a história oficial da fé foi estreitada artificialmente.