5. ANÁLISE DE VISÕES
Há pessoas
que não entendem facilmente linguagem simbólica, como "os frutos da oferta de
Caim", "o fogo estranho de Nadabe e Abiú", nem linguagem indireta e branda,
repassada de eufemismos. Deus sabe que existem mentes assim. De forma que,
para que estas pessoas também sejam despertadas, Ele envia Seus mensageiros
com linguagem direta, vibrante, clara, e, às vezes, contundente para salvar a
todos, ou pelo menos o maior número possível. Mostra o perigo em forma de
visões a Seus profetas e estes as transmitem para benefício da Igreja.
Comecemos
com a visão publicada no livro Mensagens aos Jovens, págs. 295 e 296,
extraída de Testimonies, vol. 1, pág. 506.
"Adejam
anjos em torno de uma habitação além. Jovens estão ali reunidos; ouvem-se sons
de música em canto e instrumentos. Cristãos acham-se reunidos nessa casa; mas
que é que ouvis? Um cântico, uma frívola canção, própria para o salão de
baile. Vede os puros anjos recolhem para si a luz, e os que se acham naquela
habitação são envolvidos pelas trevas. Os anjos afastam-se da cena. Têm a
tristeza no semblante. Vede como choram!
"Isto
vi eu repetidamente pelas fileiras dos observadores do sábado, e especialmente
em ____________. A música tem ocupado as horas que deviam ser devotadas à
oração. A música é o ídolo adorado por muitos professos cristãos observadores
do sábado. Satanás não faz objeções à música, uma vez que a possa tornar um
caminho de acesso à mente dos jovens. Tudo quanto desviar a mente de Deus, e
empregar o tempo que devia ser votado a Seu serviço, serve a fins do inimigo.
Ele opera através dos meios que mais forte influência exerçam para manter o
maior número possível numa aprazível absorção (agradável enfatuação), enquanto
se acham paralisados por seu poder. Quando empregada para bons fins, a música
é uma bênção; mas é muitas vezes usada como um dos mais atrativos instrumentos
de Satanás para enredar almas. Quando mal empregada, leva os não consagrados
ao orgulho, à vaidade, à estultícia. Quando se lhe permite tomar o lugar
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da devoção e
da prece, é uma terrível maldição. Jovens reúnem-se para cantar e, se bem que
cristãos professos, desonram freqüentemente a Deus e sua fé por frívolas
conversas e a escolha que fazem da música. A música sacra não está em harmonia
com seus gostos. Minha atenção foi dirigida aos positivos ensinos da Palavra
de Deus, que haviam sido passados por alto. No juízo todas essas palavras da
Inspiração hão de condenar os que lhes não deram ouvidos."
A expressão:
"Isto vi eu repetidamente pelas fileiras dos observadores do sábado" mostra a
insistência de Deus em chamar a atenção dos Adventistas do 7º Dia para o
perigo que os jovens correm. Este perigo é enorme, pois no vol. II dos
Testemunhos, pág. 144 ela pergunta:
"Como posso
eu suportar a idéia de que a maioria da juventude nesta época vai perder a
vida eterna? Oh, se o som dos instrumentos de música cessasse, e os jovens não
esbanjassem tanto seu precioso tempo em agradar suas próprias fantasias e
caprichos." E os testemunhos são para a Igreja.
Além de
deduzirmos que a maioria da juventude adventista neste tempo vai perder a vida
eterna, podemos também saber que a causa disto está relacionada com música.
Estes instrumentos de música não podem ser os que ela recomenda que sejam
usados na igreja, nos cultos e reuniões campais habilmente tocados (Test.
lV, págs. 62, 71; vol. IX, págs. 143 e 144). Devem ser instrumentos e músicas
dos quais ela mesma escreve em Test. vol. 1, pág. 497:
"A
introdução da música em seus lares, em vez de estimular para a santidade e
espiritualidade, tem sido o meio para distrair suas mentes da verdade. As
canções frívolas e as músicas populares de hoje parecem agradar seus
corações."
As
expressões "canções frívolas" e "músicas populares de hoje" revelam o tipo de
instrumentos e de música, numa época em que o "jazz" começava a se
generalizar.
Também
podemos saber que, quando no lar dos adventistas soa música popular, terão que
ouvi-la sozinhos, pois os anjos de Deus se retiram dali com lágrimas. E pior
ainda, essa música "é o ídolo adorado por muitos professos cristãos
observadores do sábado".
Depois de
termos esclarecido em capítulo anterior os
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efeitos
físicos e psicológicos da música através do tálamo, compreendemos melhor como
Satanás pode usar a música popular como meio, ou canal de acesso para o
controle da mente. Enquanto as pessoas ficam numa "aprazível absorção,"
agradável enfatuação, acham-se "paralisadas por seu poder." Não é de se
estranhar a debilidade espiritual da juventude.
É
importantíssimo notar que Satanás sabe de todos estes efeitos que a música tem
sobre o indivíduo. Por isso é que a irmã White, em Test. vol. 1, pág.
496, se refere às mentes dos jovens cheias de tolices e insensatez, e
continua: "Possuíam ouvido afinado para a música, e Satanás sabia que órgão
excitar para estimular, controlar e fascinar a mente, de tal maneira que
Cristo não fosse desejado". Como Deus é bom em revelar de antemão todas estas
coisas, mesmo antes das descobertas científicas! Só não vê quem não quer!
Este estado
laodiceano é sintoma de gosto pervertido e discernimento cegado. "A música
sacra não está em harmonia com seus gostos."
Se lhes for
permitido, trarão música a seu gosto para dentro da igreja sem perceber a
profanação que levam a efeito. Pode até ser que alguns dos que estão à
plataforma, bem como da congregação, no final da apresentação digam "amém",
quando os anjos e a presença de Deus já se foram há muito...
Por que
trazer música popular religiosa para os lares e para as igrejas?
Se Deus for
a fonte da música popular, será culpado de a maioria da juventude se perder. A
música sacra e a popular não podem ter a mesma origem. Música sacra é
instrumento de salvação; música popular é a causa de a maioria da juventude
adventista se perder, se persistir neste tempo no erro, pois "no juízo todas
essas palavras da Inspiração hão de condenar os que lhes não deram ouvidos."
* * *
A segunda
visão que analisaremos está publicada em Mensagens Escolhidas, vol. II,
págs. 36-38.
"As coisas
que descrevestes como tendo lugar em Indiana, o Senhor revelou-me que haviam
de ter lugar imediatamente antes da terminação da graça. Demonstrar-se-á tudo
quanto é estranho. Haverá gritos com tambores, música e dança. Os sentidos dos
seres racionais
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ficarão tão
confundidos que não se pode confiar neles quanto a decisões retas. E isto será
chamado operação do Espírito Santo."
"O Espírito
Santo nunca Se revela por tais métodos, em tal balbúrdia e ruído. Isto é uma
invenção de Satanás para encobrir seus engenhosos métodos para anular o efeito
da pura, sincera, elevadora, enobrecedora e santificante verdade para este
tempo. É melhor nunca ter o culto misturado com música do que usar
instrumentos músicos para fazer a obra que, foi-me apresentado em janeiro
último, seria introduzida em nossas reuniões campais.
A verdade
para este tempo não necessita nada dessa espécie em sua obra de converter
almas. Uma balbúrdia de barulho choca os sentidos e perverte aquilo que, se
devidamente dirigido, seria uma bênção. As forças das agências satânicas
misturam-se com o alarido e barulho, para ter um carnaval, e isto é chamado de
operação do Espírito Santo"...
"Nenhuma
animação deve ser dada a tal espécie de culto. A mesma espécie de influência
se introduziu depois da passagem do tempo em 1844. Os homens ficaram
excitados, e eram trabalhados por um poder que pensavam ser o poder de
Deus"...
"Não
entrarei em toda a penosa história; é demasiado. Mas em janeiro último o
Senhor mostrou-me que seriam introduzidos em nossas reuniões campais teorias e
métodos errôneos, e que a história do passado se repetiria. Senti-me
grandemente aflita. Fui instruída a dizer que, nessas demonstrações, acham-se
presentes demônios em forma de homens, trabalhando com todo o engenho que
Satanás pode empregar para tornar a verdade desagradável às pessoas sensatas;
que o inimigo estava procurando arranjar as coisas de maneira que as reuniões
campais, que têm sido o meio de levar a verdade da terceira mensagem angélica
perante as multidões, venha a perder sua força e influência"...
"O Espírito
Santo nada tem que ver com tal confusão de ruído e multidão de sons como me
foram apresentadas em janeiro último. Satanás opera entre a algazarra e a
confusão de tal música, a qual, devidamente dirigida, seria um louvor e glória
para Deus. Ele torna seu efeito qual venenoso aguilhão de serpente."
"Essas coisas que aconteceram no passado hão de acontecer no futuro. Satanás
fará da música um laço pela maneira por
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que é
dirigida. Deus convida a Seu povo, que tem a luz diante de si na Palavra e nos
Testemunhos, a ler e considerar, e dar ouvidos. Instruções claras e definidas
têm sido dadas a fim de todos entenderem. Mas a comichão do desejo de dar
origem a algo de novo dá em resultado doutrinas estranhas, e destrói
largamente a influência dos que seriam uma força para o bem, caso mantivessem
firme o princípio de sua confiança na verdade que o Senhor lhes dera".
Escatologia
é o estudo dos acontecimentos finais da História Universal. Esta visão se
refere a este tempo pois diz: "imediatamente antes da terminação da graça", e
todo adventista sabe o que significa "fechar-se a porta da graça". As
expressões "nossas reuniões campais", e "tal espécie de culto" deixa bem claro
que são as grandes concentrações e os cultos da Igreja Adventista do 7º Dia
hoje, repetindo algo que aconteceu na época do surgimento da Igreja, aliás,
uma "penosa história".
Outra
verdade que ressalta é que perante Deus é melhor um culto sem música, do que
tê-lo com música que não presta.
É bastante
forte a expressão: "para ter um carnaval", quando se trata de confusão entre
"operação do Espírito Santo" e "forças das agências satânicas" no alarido e
barulho, com tambores, música e dança (note-se que naquele tempo ainda não se
usava o termo "bateria"), confusão de ruídos e multidão de sons, uma
verdadeira "algazarra". É nesta "tal música" que Satanás opera e nada tem que
ver com o Espírito Santo.
Deus quer
que a mensagem do terceiro anjo "se destaque em pureza (pág. 37). Voltaremos
ao assunto para esclarecer o que é hino puro, mas o que está errado e
condenável nesta apresentação não é o hino, e sim a maneira de como é
conduzido. Se a maneira de executar fosse o próprio hino, "seria um louvor e
glória a Deus", mas como precisava haver um "arranjo novo", "moderno", com
"gosto de juventude" (transviada), torna-se um "laço", uma armadilha do
inimigo. Dizer que esta estratégia satânica é evangelística, ou que se trata
de diferenças culturais é pura ignorância ou racionalização. Dizer-se que o
panorama das nossas apresentações de conjuntos e amplificadores ainda não
chegou a ser exatamente o que a visão revelou é querer esquecer que o processo
leva para lá.
"O Senhor
mostrou-me que... a história do passado se
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repetiria",
e "hão de ocorrer no futuro" são expressões que explicam bem a razão de termos
começado este livro da maneira como o fizemos.
Esta
"comichão do desejo de dar origem a algo de novo" nunca deu coisa boa em
música sacra porque, para os caçadores de novidades, o Espírito Santo já é
velho e ultrapassado por ter inspirado alguém há 50, 100 ou 200 anos.
"Instruções
claras e definidas têm sido dadas a fim de todos entenderem", isentando a Deus
da responsabilidade e dos resultados da insistência de Laodicéia em usar
música popular religiosa nos Congressos J.A., Festivais, Concentrações e
reuniões da Igreja.
Há pessoas que estão apreensivas, orando em favor dos nossos grandes e
pequenos evangelistas, a fim de que entendam que "a conformidade aos costumes
mundanos converte a igreja ao mundo; jamais converte o mundo a Cristo" (GC,
pág. 512); e isto inclui os costumes mundanos no cantar.
Podemos
estar certos e seguros de que quanto mais música "rockenta", sacudida, "relinchante"
(como dizia o Prof. Ritter), popularizada à moda do mundo, loucamente
amplificada em nossas reuniões, mais se aproxima o encerramento da graça.
* * *
Por fim analisaremos a visão publicada em Testemunhos Seletos, vol. 1,
pág. 45, dentro do capítulo "Sê Zeloso e Arrepende-te", o apelo especifico
para a sétima igreja, ou seja, o povo remanescente.
Entre outros
assuntos, aparece o ideal para nossa música sacra, na descrição da Serva do
Senhor.
"Vi que
todos devem cantar com o Espírito e com o entendimento também. Deus não se
agrada de algaravia e desarmonia. O certo é-Lhe sempre mais aprazível que o
errado. E quanto mais perto puder chegar o povo de Deus do canto correto,
harmonioso, tanto mais será Ele glorificado, a igreja beneficiada e os
incrédulos impressionados favoravelmente".
"Foi-me
mostrada a ordem, a perfeita ordem do Céu, e senti-me arrebatada ao escutar a
música perfeita que ali há. Depois de sair da visão, o canto aqui me soou
muito áspero e dissonante. Vi grupos de anjos que se achavam dispostos em
quadrado, tendo cada um uma harpa de ouro. Na extremidade inferior dela havia
um dispositivo
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para virar,
afinar e fixar a harpa, ou mudar os tons. Seus dedos não corriam pelas cordas
descuidosamente, mas faziam vibrar diferentes cordas para produzir diferentes
acordes. Há um anjo que dirige sempre, o qual toca primeiro a harpa a fim de
dar o tom, depois todos se juntam na majestosa e perfeita música do Céu. Ela é
indescritível. É melodia celestial, enquanto cada semblante reflete a imagem
de Jesus, irradiando glória indizível."
Esta mesma música ela descreve em Testimonies, vol. 1, pág. 181, nos
seguintes termos:
"Disse o
anjo: 'Escutai!' Logo ouvi uma voz que soou como se fossem muitos instrumentos
musicais, todos em perfeita afinação, doce e harmoniosa. Esta sobrepujou
qualquer música que eu tinha ouvido. Pareceu ser tão cheia de misericórdia,
compaixão, elevação e alegria santa, que fez estremecer todo o meu ser."
Ao ler estas
descrições, fica-se com vontade de chorar. Chorar de alegria porque logo
poderemos estar desfrutando de tal beleza; de tristeza porque Laodicéia parece
que está tão longe do ideal, e pior que isto, fazendo força para se distanciar
do "canto correto, harmonioso".
"Cantar com
o espírito e o entendimento" não é só pensar nas palavras, mas também com um
tipo de música ou canto que o Espírito Santo possa tornar aceitável diante de
Deus por Seus gemidos inexprimíveis (Rom. 8:26,27), ou, poderíamos dizer,
"cânticos inexprimíveis". De acordo com a luz que temos, fazendo o nosso
melhor, ainda assim nossas vozes de lata e de taquara rachada estão demasiado
longe da perfeição e santidade aceitáveis. É necessária a "tradução" do
Espírito e mais a intercessão de Cristo para que Deus possa ouvir e aceitar.
Quando nesta
descrição aparecem os termos "melodia celestial, divina", "harmonioso",
"ordem", em oposição aos termos "áspero e dissonante", o assunto está tocando
nos fundamentos da arte musical. Lá no céu a música é arte que combina os sons
de maneira ordenada nos elementos básicos de melodia, harmonia, ritmo e forma
musical. A "harmonia dissonante", que explora sem resolução os intervalos de
7ª, 9a, etc., como a arte moderna o faz, e como se faz nas músicas de boate, é
estranha à música do Céu. Nada adianta a qualquer músico hoje insistir em que
sua formação seja de modernismo
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harmônico
dissonante; diante da música do Céu não é formação, e sim, deformação. O
assunto é tão claro que, para não se chegar a tais conclusões, é preciso ser
mal intencionado.
Outro ponto
importante é que os instrumentos e vozes são afinados. "Perfeita afinação" por
um diapasão básico, dado por quem dirige, tudo torna a música celeste mais
familiar com o que tentamos praticar na Terra.
A música
celeste "é indescritível". Podemos, pois, esperar que nada no mundo,
atualmente, se lhe iguale. Entretanto deve haver um tipo de composição aqui
que, mesmo de longe se pareça mais com ela.
Fiquei,
certa vez, muito curioso quando soube que a irmã White mantinha sempre à
vista, num porta-retrato, uma gravura do perfil de Jesus que, segundo sua
impressão, era o mais parecido semblante que ela havia visto ao Jesus de suas
visões. Quando vi um diapositivo deste quadrinho, fiquei deslumbrado. Achei-o
belíssimo. Pena que em matéria de música, ou porque não tinha muito
conhecimento da literatura musical do mundo, ou por alguma outra razão, ela
não tenha dito que gostava de certa música porque a fazia lembrar um pouco, de
longe, a música do Céu. Se ela tivesse feito isto, eu faria uma seleção
musical de todas as peças ou hinos que existem no mesmo estilo, na mesma
construção, que produzissem efeito semelhante, e passaria a ouvi-las
constantemente para já ir afinando meu gosto com a música angélica. Mas parece
que a intenção divina também não era essa. Parece que Deus confia na
capacidade do ser humano de compreender Suas orientações, e espera que mostre
boa vontade e interesse para isso.
Enfim, o
aprimoramento musical dos adventistas é um processo que está ligado ao reflexo
da "imagem de Jesus". Quanto mais semelhante formos a Ele, mais semelhante
será nossa música à celeste. Nosso gosto pela verdadeira música sacra
aumentará, e as músicas nocivas à nossa espiritualidade desaparecerão.
Existe, porém, música sacra? É possível sabermos distinguir o sacro do
profano, o sacro do secular? O próximo capítulo é dedicado a este tema.
6. MÚSICA SACRA
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