Pai de Santo Pede a Palavra em Igreja Adventista (Confissões de um Ex-Pastor - XVII)
Meu primeiro ano na obra, como pastor, foi realmente terrível. Até no nascimento do meu segundo filho, Satanás tentou interferir! Depois da cesariana, me comunicaram que meu filho tinha nascido com icterícia patológica. Diferente da icterícia comum, que é resolvida com um banho de luz, a patológica é grave. Fui informado que o procedimento médico, neste caso, é retirar todo o sangue do bebê, substituindo por outro, ou seja, um processo de transfusão, onde sai o primeiro sangue para a entrada de um outro. Fiquei chocado com a informação. Quem é pai, sabe do que eu estou falando. O procedimento era perigoso. Meu filho corria risco de vida. Não podia dizer nada para minha esposa, devido a seu estado pós-cirúrgico. Estava sozinho. Finalmente, meu filho foi levado, por uma enfermeira, para o quarto. Enquanto minha esposa, feliz, segurava o menino nos braços, Deus se fez presente. Notei algo nele que me surpreendeu. Não sei muito sobre medicina, mas sabia que a icterícia deixa o branco dos olhos, totalmente amarelado. Se era a patológica, então este amarelo deveria ser mais intenso. Mas os olhos dele estavam normais. Como? Assim que a enfermeira o retirou do quarto, pois a transfusão deveria começar, fui falar com ela no corredor do hospital, longe da minha esposa: — Alguma coisa está errada, meu filho está com os olhos normais! — Como assim? — A icterícia provoca um amarelado na parte branca dos olhos. — Sou só uma enfermeira, disse friamente, e devo levá-lo para dentro do berçário. Dizendo isto, dirigiu-se à porta e a fechou bruscamente. Minha experiência com Satanás, infelizmente, é muito intensa. Sei, de forma muito fácil, quando ele está agindo através das pessoas. Ele estava tentando destruir meu filho, naquele hospital, e nem era um hospital qualquer, e sim, o Beneficência Portuguesa.
Satanás consegue se infiltrar em todos os lugares. Veja o caso de parte dos dirigentes da Obra, que são homens satânicos, guiados por ele. Quando, em 1980, me deparei com uma jovem, que ficou endemoninhada, na casa do meu tio, vi como ele pode ser cruel. Satanás me fez uma ameaça, através da moça: — K, vou entrar em você! Senti, no mesmo instante, uma atmosfera terrível tomar conta de mim. Tive que me retirar da sala. Mas aquela jovem ficou possuída por semanas. E Satanás, por semanas, tentou de fato, possuir minha mente. Era horrível! Quantas vezes, em casa, ficava de joelhos e orava intensamente pedindo libertação. O clima se tornava carregado, uma atmosfera pesada, algo que é difícil descrever. A luz do quarto apagava sozinha, enquanto eu orava. Muitas vezes, abria o livro Vida de Jesus, e olhava uma figura de Cristo, com uma ovelha nos braços. Na gravura, Jesus está sorrindo. Eu pensava: — Ele sorri para mim, pois sabe que minha vitória é certa. Ele me carrega nos braços, sou dEle e Satanás não vai tomar conta de mim. Meu tio, ancião da igreja, sabendo da minha luta, buscou-me numa quarta-feira para irmos ao culto. A luta atingira o seu auge. Ele me encontrou de joelhos. Os batuques do centro de macumba que ficava na esquina da minha rua, estavam tão altos, naquela noite. Os gritos que vinham de lá, eram tão intensos, que percebi o medo, no rosto do meu tio. Ele disse: — Vamos, K! Vamos para a igreja imediatamente. Não disse nada. Peguei minha Bíblia e me dirigi para o carro. Chegando na igreja, me deram uma passagem bíblica, escrita num pedaço de papel, pois alguns irmãos iriam ler naquela noite, quando o pastor solicitasse. Estava sentado, passando mal, quando a moça, endemoninhada, entrou na igreja e sentou-se do meu lado. Embora ela não tenha dito uma palavra, senti que a luta, pelo domínio da minha mente, se intensificou. O pastor, visivelmente nervoso, começou seu sermão. Não preciso dizer que a igreja toda estava abalada com aquela situação. Ninguém conseguia expulsar Satanás definitivamente. Ele saia da jovem e depois a tomava de novo. Semanas haviam se passado. De repente, um homem vestido todo de branco, com colares típicos da macumba, adentrou na igreja. Dirigindo-se a mim, esticou o braço e com sua mão iria me puxar da cadeira, quando meu tio repeliu o seu movimento. Então ele se sentou. O silêncio na igreja foi terrível. A minha luta atingira o ápice. A sensação de angústia, que agora sentia, é indescritível. O pastor continuou o sermão. Em determinado momento, senti que ia perder o controle da minha mente. Comecei a chorar e disse para Jesus, numa oração silenciosa e simples: — Não aquento mais... Estou nas Tuas mãos... O homem de branco se levantou. Pediu a palavra para o pastor, e ele concedeu. No silêncio que se fez, ele disse o seguinte: — Agora Jesus é só de vocês! Quando ele falou, duas vozes saíram dele. A sua própria e uma outra, horrível, indescritível. Só eu ouvi, esta segunda voz. Ele se retirou da igreja, e toda névoa, que me cobrira todos aqueles dias, se desfez. Senti que Deus me livrara para sempre. Em seguida, o pastor pediu para ler a última passagem bíblica do culto. Era a minha. Abri, e li chorando:
— Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. Nunca vou esquecer aquela noite. Aprendi que quando paramos de lutar, e nos entregamos a Deus, sem reservas, sem forças, aí então é que vencemos, ou seja, Cristo se torna vencedor em nós. Percebem, irmãos, da onde eu vim? Que lutas travei para me tornar vosso pastor? Por que, então, vossos lideres me perseguiram? Por que? Sabem me responder? E se Satanás usou aquele macumbeiro, para entrar na igreja de Deus e até falar, através dele, saibam, meus amados, que da mesma forma ele usa vossos ministros. Isto vos escandaliza? Mas eu digo a verdade. Relato aquilo que eu vi, ouvi e senti na própria pele. Perdoem-me, por vos trazer tanto escândalo e pesar. Lamento muito, por dizer a verdade. Ex-Pastor K Leia outros textos do Ex-Pastor K (em ordem cronológica crescente):
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