Segundo Ellen G. White, Mateus 28:19 e João 14:16 Apóiam ou Não a Doutrina da Trindade?

 

Por Jairo Carvalho

A maior controvérsia em torno da doutrina da Trindade gira em torno do entendimento dos textos de Mateus 28:19 e João 14:16. Os adventistas trinitarianos afirmam que estes 2 textos (especialmente Mateus 28:19) provam a existência da Trindade (Deus Pai, Filho e Espírito Santo), enquanto os adventistas anti-trinitarianos afirmam que estes textos não nos levam a este entendimento. Entretanto, em um ponto os dois grupos estão de acordo: todos aceitam os escritos de Ellen G. White como sendo válidos para o esclarecimento das verdades bíblicas. Assim, faria bem a todo adventista do sétimo dia, antes de se posicionar quanto ao entendimento destes dois textos, conhecer qual é a visão apresentada por Ellen G. White sobre os mesmos, a fim de evitar ser achado em oposição aos seus testemunhos quando for defender seu ponto de vista.

Pesquisando junto aos textos do Ellen G. White Estate (www.egwestate.andrews.edu), encontramos um texto no qual ela coloca de maneira bem clara seu entendimento sobre o “Espírito Santo” de Mateus 28:19 e o Consolador de João 14:16. Como bons adventistas do sétimo dia, parece que devemos aceitar o parecer de Ellen G. White sobre estas passagens como sendo conclusivo e suficiente para esclarecer as dúvidas até mesmo dos mais incrédulos. Apresentamo-lo abaixo:

Cristo presente com os crentes pelo Espírito Santo – “E eu rogarei ao Pai, e Ele dará a vocês outro Consolador, que estará sempre convosco; o Espírito da verdade; o qual o mundo não pode receber, porque não o viu, nem o conhece: mas vós o conheceis; porque Ele habita em vós, e estará em vós” [João 14:16,17]. Cristo estava para partir para Seu lar nas cortes celestiais. Mas Ele garantiu aos Seus discípulos que Ele enviaria para Eles outro Consolador, que estaria com eles para sempre. Todos os crentes em Cristo poderiam confiar implicitamente na guia deste Consolador. Ele é o Espírito da verdade, mas esta verdade o mundo não pode discernir nem receber. Antes de os deixar, Cristo deu aos Seus seguidores uma promessa positiva de que após a Sua ascensão Ele iria enviar para Eles o Espírito Santo. “Portanto ide,” Ele disse, “e ensinai a todas as nações, batizando-as em nome do Pai [um Deus pessoal] e do Filho [um Salvador pessoal], e do Espírito Santo [enviado do Céu para representar a Cristo]: ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado: e eis que Estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” [Mat. 28:19, 20]. Cita João 14:26-28.] Esta garantia positiva foi dada para os discípulos, para ser dada a todos que crêem nEle até ao final da história terrestre. Cristo queria que Seus discípulos entendessem que Ele não os deixaria órfãos. “Não os deixarei desamparados,” Ele declarou; “Voltarei para vós. Ainda um pouco, e o mundo não Me verá mais; mas vós me vereis: porque eu vivo, vós também vivereis” [versos 18 e 19]. Uma preciosa, gloriosa garantia de vida eterna! Mesmo estando Ele para Se ausentar, sua relação com Ele era para ser como a de uma criança com seu pai. A influência do Espírito Santo é a vida de Cristo na alma. Nós não vemos Cristo e falamos com Ele, mas Seu Espírito está tão perto de nós em um lugar como em outro. Aqueles nos quais habita o Espírito revelam os frutos do Espírito – amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé,” – Manuscript Releases, Vol. 12, pág. 260; MS. 41, 1897, pp. 7-11 (“Words of Confort”). White Estate Washington, D.C. March 31, 1983

Perceba que no texto acima, Ellen G. White refere-se ao Pai e ao Filho como seres pessoais: “em nome do Pai [um Deus pessoal] e do Filho [um Salvador pessoal]”

Entretanto, quando fala do Espírito Santo, ela não o menciona como sendo um ser pessoal, um outro Deus:

“Espírito Santo [enviado do Céu para representar a Cristo]”

Mais a frente no texto, Ellen G. White explica que  o Espírito Santo mencionado em Mateus 28:19 e o “Consolador” de João 14:16 é o Espírito de Cristo:

A influência do Espírito Santo é a vida de Cristo na alma. Nós não vemos Cristo e falamos com Ele, mas Seu Espírito está tão perto de nós em um lugar como em outro.

O texto que apresentamos acima aparece de forma mais completa em outra citação que também retiramos e traduzimos do Ellen G. White Estate. Apresentamo-lo abaixo para não haver dúvida quanto ao texto, ou mesmo quanto ao seu contexto:

“Article Title: Words of Comfort

Antes de os deixar, Cristo deu aos Seus seguidores uma promessa positiva de que após a Sua ascensão Ele iria enviar para Eles o Espírito Santo. “Portanto ide,” Ele disse, “e ensinai a todas as nações, batizando-as em nome do Pai [um Deus pessoal] e do Filho [um Salvador pessoal], e do Espírito Santo [enviado do Céu para representar a Cristo]: ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado: e eis que Estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” O Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu nome, ele vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito. Deixo convosco a paz, a minha paz vos dou: não a paz que o mundo dá, dou a vocês. Não se turbe o vosso coração, nem temam. Tendes ouvido o que disse a vós, Eu vou e volto para junto de vós. Se me amarem, regozijar-vos-eis de que vou para Meu Pai: porque o Pai é maior do que Eu. Esta garantia positiva foi dada para os discípulos, para ser dada a todos que crêem nEle até ao final da história terrestre. Cristo queria que Seus discípulos entendessem que Ele não os deixaria órfãos. “Não os deixarei desamparados,” Ele declarou; “Voltarei para vós. Ainda um pouco, e o mundo não Me verá mais; mas vós me vereis: porque eu vivo, vós também vivereis.” Preciosa, gloriosa garantia de vida eterna. Mesmo estando Ele para Se ausentar, sua relação com Ele era para ser como a de uma criança com seu pai. A influência do Espírito Santo é a vida de Cristo na alma. Nós não vemos Cristo e falamos com Ele, mas Seu Espírito está tão perto de nós em um lugar como em outro. Aqueles nos quais habita o Espírito revelam os frutos do Espírito – amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé.” “Nós temos uma unção vinda do Santo,” escreve João, “e nós conhecemos todas as coisas. Eu não tenho escrito a vós porque não conhecemos a verdade, mas sim porque nós a conhecemos, e que não há mentira na verdade. ... Permitam que habite convosco aquele, que tendes ouvido desde o início. Se aquele que tendes ouvido desde o início permanecer em vós, permanecereis no Filho, e no Pai.” “Naquele dia,” disse Cristo, “vós sabereis que Eu estou em meu Pai, e vós em Mim, e Eu em vós.” Cristo procurava impressionar a mente dos discípulos com a distinção entre aqueles que são do mundo e aqueles que são de Cristo. Ele estava para morrer, mas iria colocar nas mentes dos discípulos o fato de que iria viver novamente. E, embora após a Sua ascensão Ele fosse estar ausente deles, pela fé poderiam eles conhecê-Lo e vê-Lo. E Ele teria o mesmo amoroso interesse neles que havia tido. Cristo garantiu aos Seus discípulos que após Sua ressurreição, Ele se mostraria vivo novamente a Eles. Então qualquer sombra de dúvida e trevas seria dissipada. Eles iriam então compreender o que não haviam compreendido, - que existe uma união completa entre Cristo e Seu Pai, uma união eterna. “Aquele que tem os meus mandamentos, e os guarda, este é o que me ama; e aquele que Me ama será amado de Meu Pai, e O amarei, e Me manifestarei a Ele.” Novamente Cristo repetiu a condição de união com Ele. Esta promessa é feita a cada cristão sincero. Nosso Salvador fala tão claramente que ninguém precisa ter dificuldade de entender que o verdadeiro amor sempre produz obediência. A religião de Jesus Cristo é amor. Obediência é a prova do verdadeiro amor. Cristo e o Pai são um, e aqueles que recebem a Cristo em verdade, amarão a Deus como o centro de sua adoração, e irão também amar uns aos outros.

Sra. Ellen G. White

29 de Abril, 1897”  

Fonte: The Home Missionary, July 1, 1897

O texto é claro. Fica assim comprovado que Ellen G. White não via os textos de Mateus 28:19 e João 14:16 como estando a apoiar a doutrina da Trindade (um Deus triúno). Ao contrário - segundo vimos pelo texto acima, Ellen G. White via o Espírito Santo mencionado em Mateus 28:19 e o “Consolador” de João 14:16 como sendo o Espírito de Cristo.

Vários textos apresentados como sendo de autoria de Ellen G. White que  parecem apoiar a doutrina da Trindade foram manipulados para dar a falsa impressão de que ela teria crido nesta doutrina, conforme é mostrado no material “Textos Adulterados de Ellen G. White”.

Assim, baseado nos fatos que temos, fica evidente que ela não cria nesta doutrina, bem como Tiago White, seu marido, e outros pioneiros.

Apresentamos a seguir os originais em inglês dos textos apresentados acima, tal como foram extraídos do site www.egwestate.andrews.edu, para quem quiser verificar a fidedignidade da tradução e confirmar a autenticidade dos textos:

The Home Missionary, July 1, 1897, paragraph 16

Article Title: Words of Comfort

Before he left them, Christ gave his followers a positive promise that after his ascension he would send them the Holy Spirit. "Go ye therefore," he said, "and teach all nations, baptizing them in the name of the Father [a personal God,] and of the Son [a personal Prince and Saviour], and of the Holy Ghost [sent from heaven to represent Christ]: teaching them to observe all things whatsoever I have commanded you: and, lo, I am with you alway, even unto the end of the world." "The Comforter, which is the Holy Ghost, whom the Father will send in my name, he shall teach you all things, and bring all things to your remembrance, whatsoever I have said unto you. Peace I leave with you, my peace I give unto you: not as the world giveth, give I unto you. Let not your heart be troubled, neither let it be afraid. Ye have heard how I said unto you, I go away, and come again unto you. If ye loved me, ye would rejoice, because I said, I go unto the Father: for my Father is greater than I." This positive assurance was given to the disciples, to be given to all who should believe on him till the close of this earth's history. Christ desired his disciples to understand that he would not leave them orphans. "I will not leave you comfortless," he declared; "I will come to you. Yet a little while, and the world seeth me no more; but ye see me: because I live, ye shall live also." Precious, glorious assurance of eternal life. Even though he was to be absent, their relation to him was to be that of a child to its parent. The influence of the Holy Spirit is the life of Christ in the soul. We do not now see Christ and speak to him, but his Holy Spirit is just as near us in one place as another. It works in and through every one who receives Christ. Those who know the indwelling of the Spirit reveal the fruits of the Spirit,--"love, joy, peace, longsuffering, gentleness, goodness, faith." "Ye have an unction from the Holy One," writes John, "and ye know all things. I have not written unto you because ye know not the truth, but because ye know it, and that no lie of the truth. . . .Let that therefore abide in you, which ye have heard from the beginning. If that which ye have heard from the beginning shall remain in you, ye also shall continue in the Son, and in the Father." "At that day," said Christ, "ye shall know that I am in my Father, and ye in me, and I in you." Christ sought to impress the minds of the disciples with the distinction between those who are of the world, and those who are of Christ. He was about to die, but he would imprint on their minds the fact that he would live again. And although after his ascension he would be absent from them, yet by faith they might know and see him. And he would have the same loving interest in them that he had. Christ assured his disciples that after his resurrection, he would show himself alive to them. Then every mist of doubt, every cloud of darkness, would be rolled away. They would then understand that which they had not understood,--that there is a complete union between Christ and his Father, a union which will always exist. "He that hath my commandments, and keepeth them, he it is that loveth me; and he that loveth me shall be loved of my Father, and I will love him, and will manifest myself to him." Again Christ repeated the condition of union with him. This promise is made to every sincere Christian. Our Saviour speaks so plainly that no one need fail to understand that true love will always produce obedience. The religion of Jesus Christ is love. Obedience is the sign of true love. Christ and the Father are one, and those who in truth receive Christ, will love God, as the great center of their adoration, and will also love one another.

Mrs. E. G. White.

April 29, 1897.

 

Manuscript Releases Volume Twelve, page 260, paragraph 1

Chapter Title: The Power of the Holy Spirit

Christ Present With Believers by the Holy Spirit --"And I will pray the Father, and He shall give you another Comforter, that He may abide with you forever; even the Spirit of truth; whom the world cannot receive, because it seeth Him not, neither knoweth Him: but ye know Him; for He dwelleth with you, and shall be in you" [John 14:16, 17]. Christ was about to depart to His home in the heavenly courts. But He assured His disciples that He would send them another Comforter, who would abide with them forever. To the guidance of this Comforter all who believe in Christ may implicitly trust. He is the Spirit of truth, but this truth the world can neither discern nor receive. Before He left them, Christ gave His followers a positive promise that after His ascension He would send them the Holy Spirit. "Go ye therefore," He said, "and teach all nations, baptizing them in the name of the Father [a personal God] and of the Son [a personal Saviour], and of the Holy Ghost [sent from heaven to represent Christ]: teaching them to observe all things whatsoever I have commanded you: and, lo, I am with you alway, even unto the end of the world" [Matt. 28:19, 20]. John 14:26-28 quoted.] This positive assurance was given to the disciples, to be given to all who should believe on Him to the close of this earth's history. Christ desired His disciples to understand that He would not leave them orphans. "I will not leave you comfortless," He declared; "I will come to you. Yet a little while, and the world seeth Me no more; but ye see Me: because I live, ye shall live also" [verses 18, 19]. A precious, glorious assurance of eternal life! Even though He was to be absent, their relation to Him was to be that of a child to its parent. The influence of the Holy Spirit is the life of Christ in the soul. We do not see Christ and speak to Him, but His Holy Spirit is just as near us in one place as in another. He works in and through every one who receives Christ. Those who know the indwelling of the Spirit reveal the fruits of the Spirit--love, joy, peace, long-suffering, gentleness, goodness, faith,-- Ms. 41, 1897, pp. 7-11. ("Words of Comfort"). White Estate Washington, D. C. March 31, 1983

Leia também:

Retornar

Para entrar em contato conosco, utilize este e-mail: adventistas@adventistas.com