Tolerância interna poderia pôr fim à perseguição de unitarianos e terraplanistas na IASD

Juan Martin Vives (foto acima) é advogado e professor universitário adventista. Doutor em Direito Público Geral, tem ocupado diversos cargos de direção acadêmica na Universidade Adventista del Plata, onde foi diretor do departamento de Assuntos Legais. Além de escrever diversos artigos e capítulos de livros, é um palestrante habitual de temas sobre Direito e religião, liberdade religiosa e a relação entre Igreja e Estado.

Em recente publicação no site oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Juan Martin afirmou que “tolerância é uma demonstração de amor ao próximo” e que “mesmo em meio às diferenças, é preciso respeitar a opinião contrária”. Contudo, não é dessa forma que a IASD age em relação a seus próprios membros, que defendem a adoração ao único Deus da Bíblia ou creem, por exemplo, na doutrina bíblica da Terra plana.

Exemplo disso foi a recente interferência dos pastores Michelson Borges e Eleazar Domini num grupo de Whats App formado para estudar o tema da Justificação pela Fé como remédio bíblico para a Cura de Laodicéia. No grupo, havia adventistas, ex-adventistas e não-adventistas. Em nenhum momento, houve qualquer crítica em relação à denominação. Fala-se apenas do amor ágape,revelado por Deus, através de Jesus Cristo, como solução individual para a cura de toda a igreja, visível e invisível. Contudo, os referidos pastores começaram a atacar alguns dos integrantes do grupo pelo fato de serem, segundo Michelson e Eleazar, antitrinitarianos, perfeccionistas e terraplanistas, heréticos e apostatados…

Um tratamento bem diferente do que prescreve o articulista Juan Martin Vives em seu texto publicado no site www.adventistas.org:

“… A Declaração de Princípios sobre a Tolerância, assinado em 16 de novembro de 1995… afirma que a tolerância reconhece os direitos humanos universais e as liberdades fundamentais dos outros. Coloca a tolerância não apenas como um dever moral, mas como requerimento político e legal para os indivíduos, grupos e os Estados.”

“…É paradoxal que a tolerância, uma virtude tão imprescindível em nossos tempos, não desfrute ultimamente de boa saúde. …A violência, o fanatismo, o extremismo, a discriminação, tudo isso demonstra a intolerância que nos envolve.

“…Permitam-me ser franco, embora tenhamos a tendência de pensar que os outros são o problema: todos podemos ser intolerantes. …Há intolerantes contra a religião e há também entre os religiosos.

“…Tolerância não é o equivalente à indiferença. Nem tampouco é indulgência diante do erro. Pelo contrário, baseia-se no reconhecimento de que, a despeito de nossas diferenças, com nossos acertos e erros, todos temos valor e todos somos iguais em dignidade e direitos

“…Nenhuma pessoa tem o monopólio da verdade. Naturalmente, todos acreditamos (e até mesmo, às vezes, sabemos) que temos razão. Mas uma coisa é acreditarmos de todo coração que estamos certos e outra, muito diferente, é pensar que como seres humanos temos toda a verdade, que o outro não tem razão em nada, ou que não há margem para que possamos estar equivocados em algo. O simples fato de admitir essa possibilidade deveria gerar em nós uma sensação de humildade e de tolerância para com os demais

“…Como Evelyn Hall faz Voltaire dizer: ‘Eu discordo do que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê–lo’.[4] A tolerância assim entendida não é apenas suportar condescendentemente o erro alheio. Antes, é o respeito às ideias e às crenças dos demais que são diferentes e até mesmo contrárias às nossas.”

“…A tolerância é uma demonstração do amor ao próximo. O apóstolo Paulo nos chama a ter “tolerância pelas faltas uns dos outros por causa do amor”,[5] e ao falar da tolerância somos lembrados que o amor “é o vínculo da perfeição”.[6] Por esse motivo, não deveria ser difícil aos cristãos compreenderem o valor da tolerância. Temos um Deus que, a despeito do que somos e do que fazemos, não apenas nos ‘suporta’, mas nos ama. Um Deus que ama incondicionalmente. Não há melhor exemplo de sã tolerância do que esse.”

Fonte: https://noticias.adventistas.org/pt/noticia/liberdade-religiosa/tolerancia-e-uma-demonstracao-de-amor-ao-proximo-sublinha-advogado/

Posição dos “dissidentes” atacados pelos pastores

“Pois é, meu amado irmão, eu acredito que chegou o momento de um diálogo entre estes que foram excluídos. São milhares de pessoas excluídas pela liderança da IASD. Precisa de um diálogo com esses pastores, um diálogo sério. Até seria bom nós dois conversamos sobre isso para ver se nós conseguimos articular isso, para acabar com esse preconceito, para acabar com essa difamação, para acabar com essa calúnia, para acabar com esse espírito inquisidor…

“Hoje, a Igreja Adventista é o grupo religioso que mais persegue seus membros, devido aquilo que nós chamamos de adventismo histórico, ou adventismo pioneiro. Então, se se nós não cremos na Trindade e cremos na justiça pela fé aos moldes que Ellen G. White endossou, nós temos nossas razões para isso.  A igreja tem tolerado o mundo gay,  a igreja tem tolerado os macumbeiros, por que  não pode tolerar o adventismo pioneiro?

“Há razões para sermos assim, há razões fortes para sermos assim. Nós não somos loucos, não somos doidos para sermos assim, temos razões, temos palavra de Deus, testemunho da Sra. White… Temos textos fortes, fortíssimos, para apoiar o que nós cremos. Então nós merecemos respeito, respeitamos o que eles pensam. Nós merecemos respeito e creio até que deveríamos estar dentro da igreja para usar o púlpito e pregar o que nós cremos. Isso seria respeito, mas eles não têm esse amadurecimento. Eles precisam sair dessa condição de bebês espirituais. É infantilidade o que esse povo faz. É infantilidade…

“Nós precisamos ver isso aí. Seria muito bom apresentar essa proposta no Adventistas.com. Seria muito bom a gente ter um clima diferente, sabe. Amadurecerem e nos respeitar, não é? Nos respeitar, seria muito bom, seria muito positivo. Mas é óbvio que nós continuaríamos defendendo a nossa posição, nossa fé, mas com respeito e eles defenderiam a fé deles. Mas com respeito, sem usar palavras como apostatado, dissidente, hereges, ou cristão de segunda categoria. Sem injúria, sem esse cenário que não é um ambiente de Cristo, tratar os irmãos ou ‘primos’ dessa maneira.

“Imagino que o nosso respeito iria custar o nosso dízimo e as ofertas, mas vamos orar sobre isso, por que Deus quer isso para nossa vida. Que a gente possa exaltar a verdade, usar os métodos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Porque Jesus falou ‘cuidado com o fermento dos fariseus’, tomar cuidado com o fermento deles. Mas vamos continuar orando sobre isso. Eu tenho conversado com pastores da Igreja sobre isso. Precisamos colocar isso em evidência, amadurecer para essas questões de nos respeitarem tanto quanto respeitam, ou dizem respeitar, as outras denominações.”

10 comentários em “Tolerância interna poderia pôr fim à perseguição de unitarianos e terraplanistas na IASD”

  1. Irmão,
    Não concordo com esse afirmação.
    “Hoje, a Igreja Adventista é o grupo religioso que MAIS persegue seus membros…
    Esse ranking está com o Islamismo.

  2. “A tolerância é uma demonstração do amor ao próximo”

    Amor ao próximo segundo a definição bíblica, não segundo a definição mundana.

    Amar o próximo é Jesus confrontando os fariseus hipócritas, é Paulo confrontando os falsos mestres judaizantes (ver Coríntios, Gálatas, Colossenses, é João confrontando os falsos mestres gnósticos (Epístolas). Amor ao próximo é Paulo dizendo: “Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema” (Gl 1:8-9). Amor ao próximo é Ellen White confrontando o adventismo ‘tradicionalista’ que rejeitava a justificação pela fé.

    O que vocês e o que a DSA defendem não é amor ao próximo, é o politicamente correto ensinado no mundo e que levará milhares à perdição.

  3. Caro amigo eu vivi essa fase do HA Cantai ao Senhor e também acho mais interessante esse hinário! Com relação aos pioneiros eu tenho respeito e admiração mas assim como nós eles foram pecadores e também falharam na obra, vide a famigerada assembleia da associação geral de 1888, onde rejeitaram a msg da justificação pela fé (inclusive bem relatada por George Knight)! A verdade é progressiva! Já falei algumas vezes aqui neste site que reconheço e vejo falha em muitos da liderança, mas essa igreja pertence a Deus! A guerra contra os erros pertence a Deus a nós compete fazermos a nossa parte e orarmos! O que comentei anteriormente foi que se alguém não concorda com a igreja que funde uma, mas não dá pra querer empurrar “guela a baixo” teorias e outras coisas na IASD! Se quiser questionar blz, mas forçar a barra/atancando e criticando não vai levar a lugar!

    1. Caro Joseval,
      Esse mantra de “a verdade é progressiva”, é muito interessante!
      Com referência a quem é Deus, só convém lembrar que, a teoria da “trindade” foi inventada há mais de 1500 anos.
      Que progressividade é essa ?
      Até o ano de 1995, eu cantei e me encantei com o Hino nº 12 – VINDE POVO DO SENHOR.
      Depois dessa data, quando fizeram a falcatrua eclesiástica, não respeitando a memória do falecido, irmão Henry Alford, nem respeitando sua obra e crença, impondo hoje, usando ainda o nome dele, numa composição fraudada passei a ter uma visão mais clara sobre como se faz para convencer os incautos, com essa balela de “verdade progressiva”.

  4. No filme Ö nome da Rosa, de Humberto Ecco, a questão de dissensão entre franciscanos e uma outra ordem de sacerdócio era: “Afina, Jesus possuía ou não as vestes que Ele usava?”
    Assim estão esses grupos dentro da IASD. Discutindo questões periféricas, que não são pontos de salvação… “o sexo dos anjos”. Parem com tanta besteira e se concentrem naquilo que é essencial: Amor a Deus sobre todas as coisas, amor ao proximo como a si mesmo e viver uma vida em conformidade com a vontade do Senhor. Enquanto vocês estão preocupados com tantas “perfumarias”, alimentando a fogueira das vaidades, existe um mundo clamando por amor, acolhimento e Evangelho Puro e Simples.

  5. Quanta ingenuidade achar que eles, esta poderosa organização chamada iasd, uma empresa muito bem estabelecida iria aceitar alguma conversa com que pensa diferente e pode ameaçar seu poder e sua capacidade de lucrar. Tolerância ZERO da parte deles. Os fins justificam os meios, e os fins é controle social, poder e lucro!!!! Entendam isso.

  6. Como membro leigo desde 1992 da IASD eu tenho 2 consideração:
    1º Terra plana NÃO É DOUTRINA!
    2º Nas crenças fundamentais/bojo doutrinário da IASD existe tipificado, a crença no Espírito Santo, como PESSOA da Trindade!
    Posto isso, acredito eu que ficaria fácil resolver qualquer desentendimento. Quer a pessoa desacreditar no Espírito Santo, tudo bem. Ela é livre pra isso! Agora querer empurrar suas crenças “guela a baixo” dentro da IASD e ainda dizer que a mesma tem que aceitar é um absurdo! A pessoa tem liberdade para fundar um igreja e colocar suas idéias da forma que achar “legal”… depois ela se vê com Deus. A IASD não crê na terra plana e é Trinitariana. Como disse fundem um igreja e coloque o nome que quiser, evangelize o mundo, mude apocalipse 10 e seja feliz!
    Sou completa e absolutamente contra atos de violência e ignorância… tudo tem que ser tratado com respeito e inteligência. Agora não queiram mudar crenças fundamentais baseados em pressuposições!

    1. Caro Joseval,
      Vc quer saber como o estelionato eclesiástico adentrou na IASD ?
      Vc, como adentrou na IASD em 1992, certamente teve contato com o Hinário “Cantai ao Senhor”, que foi usado até 1995.
      Então veja o belíssimo hino “Vinde Povo do Senhor”, sob nº 12, composto por Henry Alford, pioneiro que viveu entre 1810 e 1871, compare a primeira estrofe com o hino adulterado que consta no atual Hinário Adventista, sob o mesmo número 12.
      Adquira também o livreto “Em Busca de Identidade”, editado pela CPB, de autoria de George R. Knight, e leia com atenção o que consta no “prefácio” “Palavra ao Leitor”, de autoria do falecido pai do atual Presidente Mundial da IASD.
      Apesar de colocar que o autor coloca como “dilema hipotético”, mas não contestou o autor, e então escreveu:
      “Ele (o autor) chama a atenção para o fato de que a maioria dos fundadores e pioneiros do adventismo relutaria em unir-se à igreja hoje se tivessem que concordar com as atuais Crenças Fundamentais.”

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