O Pai não é Pai, Nem Amou o Mundo de Tal Maneira. O Filho Não é Filho, Nem Morreu Por Nós! E Agora, Dr. José Carlos Ramos?

Este terceiro artigo encerra a série que comenta o artigo da Revista Adventista de Maio, onde o professor José Carlos Ramos faz propaganda involuntária do livro “Eu e o Pai Somos Um” (em formato *.pdf, requer Acrobat Reader).

São três artigos, mas na verdade, é um artigo só, separado em três partes. Fui revelando meus pensamentos gradualmente, em três etapas, para o artigo não ficar muito longo. Entretanto, cada artigo pode ser lido separadamente, e possuem títulos diferentes. São, portanto, três artigos, mas não deixam de formar uma unidade. Não há dificuldade em se entender isso, os três são um.

No primeiro artigo contei sobre minha avó e sua amiga. Elas falavam animadas, assuntos diferentes, e uma não ouvia o que a outra dizia. Lembrei que nas discussões teológicas costuma acontecer o mesmo. Isto vale na atual questão da Trindade. O costume é por ênfase só nos versos da Bíblia e nos textos de Ellen White que favoreçam a própria crença. Isto não é errado, é normal. Mas, feito de forma intencional, é desonesto. Se for para chegar à verdade, não se deve ignorar evidências contrárias. Mas para muitos, o importante é só ganhar a discussão, derrubar o outro.

O interesse do doutor José Carlos Ramos em citar o nome do Nicotra e seu livro pode não ter sido a ética, como afirmei. Isto porque a linha editorial da Revista Adventista há muitos anos não prima pela ética. Suas críticas aos “dissidentes” têm sido sempre generalizando, demonizando os que eles mesmos colocam para fora de forma injusta. E o artigo que inaugurou esta fase sombria foi o “Sinagoga de Satanás”, de autoria dele mesmo, o teólogo que ainda não decidiu se vai andar sobre a água da bacia ou não.

Pessoas que só lêem a Revista Adventista, e não têm acesso à Internet, receberão o livro do Nicotra com preconceito, grande parte nem o lerá. Talvez seja por isso que o editor da R.A. permitiu que o nome do Nicotra e do livro fossem publicados. Boa estratégia.

Por outro lado, a maioria dos membros também não lê a Revista Adventista (o que é lamentável, pois traz artigos muito bons) e quando o fazem, não gostam de artigos teológicos, vão direto às notícias, ou na seção “falecimentos”, para ver se há possibilidade de alguma mudança na tesouraria da UEB.

 

JCR errou, mentiu, não foi honesto...

Ficou a impressão que dei ganho de causa ao teólogo quanto à questão de Mateus 28:19, por conhecer mais manuscritos que o Nicotra. Seria educado e gentil reconhecer algum acerto no artigo do doutor José Carlos. Mas ele não colaborou! Errou muito! Deixa entender que o livro afirma que Mateus 28:19 é falso, quando o Nicotra não afirma isso. Dá a entender que os que não crêem na Trindade crêem na bindade, o que também não se encontra no livro. E, no penúltimo capítulo, faz graça:

“João Batista, cheio do Espírito Santo, estaria cheio do próprio Cristo. Quando Maria foi visitar Isabel, a criancinha no íntimo desta se estremeceu de alegria movida pelo próprio Cristo operando nela, pois o estremecimento foi obra do Espírito Santo. Assim, pela lógica do autor, Cristo, nesse momento, encontrava-se como embrião no útero de Maria, e no feto alojado no útero de Isabel, levando-o a se alegrar! Um pouco antes dessa visita, o anjo Gabriel havia falado a Maria que sobre ela viria o Espírito Santo e ela conceberia um ser que se chamaria Jesus Cristo; isto é, foi Cristo quem a fez conceber e dar à luz o próprio Cristo! E então, no batismo, foi o próprio Cristo que desceu, na forma de pomba, sobre Cristo!” (Revista Adventista, Maio 2005 – pág 10 e 11).

Quem não leu o livro, vai pensar que o Nicotra é um tolo. Como afirmar coisas tão ridículas? Então é melhor nem ler o livro!

Mas o teólogo não foi honesto. Em todo o livro, Nicotra repete o que a Bíblia ensina. “Espírito Santo = Espírito (Pneuma) de Deus”. O doutor dá a entender que o livro afirma que o Espírito Santo é apenas Cristo, o que não é verdade. Golpe baixo. Seus argumentos não seriam possíveis sem esta falsa interpretação.

O teólogo usou termos obstétricos – embrião, útero, feto, conceber, dar à luz – em sua argumentação para menosprezar o livro do Nicotra. Muito bom. Já que ele tocou no assunto...

Na época que Maria engravidou, nada se sabia sobre fecundação artificial, partenogênese, clonagem. Não havia o doutor Dráuzio Varela para explicar. Era conhecido apenas um meio de fecundação. Era indispensável um homem “conhecer” uma mulher para que ela engravidasse. Assim, Maria se achou grávida, e José, ao invés de difamá-la como seria seu direito (ainda não haviam inventado o feminismo) por ser um homem bom resolveu deixá-la em segredo, e só não o fez porque um anjo veio e esclareceu tudo: “O que foi gerado em Maria, é obra do Espírito Santo”.

“Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus”. A Bíblia de Jerusalém traz “vai te cobrir com a sua sombra”.

Então. Foram Duas Pessoas que chegaram até Maria? O Espírito Santo (terceira pessoa da Trindade) e o poder do Altíssimo (primeira pessoa da Trindade)? Seria chamado Filho de Deus Pai ou Filho do Espírito Santo?

Para José, quem era o Pai da criança no útero de Maria? A terceira pessoa da Trindade? Para todos os que creram em Jesus, quem era seu Pai? A terceira pessoa da Trindade?

José recebeu a informação que o filho era “obra do Espírito Santo”. E, portanto, seria chamado “Filho de Deus”. Como entender isto? Ela recebera a visita de duas Pessoas divinas, mas a obra fora da terceira, e seria chamado filho da primeira. Muito confuso para um humilde carpinteiro. Para todos aqueles judeus (José, Maria, Jesus, e todos os outros personagens eram judeus) o Espírito de Deus era o Espírito de Deus, não uma pessoa individualmente separada. Jesus era filho do Único Deus, não de uma terceira pessoa. Os judeus continuam entendendo o Espírito Santo da mesma forma até hoje, e gostaria de ver o doutor José Carlos Ramos chamá-los de ignorantes, ou que estudam o assunto apenas superficialmente.

 

Jesus era Filho do Pai, ou de outra Pessoa?

O professor faz graça com o Nicotra. E, em sua graça, atribui aos ‘dissidentes’ a crença de que foi a segunda pessoa da Trindade que engravidou Maria, gerando-se a si mesmo. Provavelmente, ele deve crer que foi obra da primeira pessoa, o chamado “Pai”. Mas, citando o texto da Bíblia, ele também afirma que foi a terceira pessoa da Trindade que esteve com Maria. Então, quem foi o Pai, senhor professor? Por que vocês nunca explicam isso?

Os que acreditavam em Jesus, achavam que Ele era filho de quem? Do Pai, ou de outra Pessoa? Só uma pessoa podia engravidar alguém. Os trinitarianos gostam desse tipo de argumento, só uma pessoa pode gemer, só uma pessoa pode guiar, só uma pessoa pode testificar. Mas o argumento que seria mais concreto, persuasivo até para as mentes mais simples, é que só uma pessoa pode engravidar outra. Por que não usam este argumento? Tão simples. Sobre Maria veio o Espírito Santo, e então ela engravidou. Esta seria a prova mais contundente da personalidade do Espírito Santo. Ela não gerou um filho de si mesma (partenogênese ou clonagem, o feto seria do sexo feminino). Poderia ser uma fecundação artificial, com uma terceira pessoa transportando em um tubo de vidro o material genético de uma primeira pessoa? Parece que estou começando a falar bobagem. Estou. O que aconteceu é um mistério para nós. É querer explicar os atos de Deus. Basta-nos o que Ele revelou.

E Ele revelou a Maria que “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sombra, por isso o Santo que nascer será chamado Filho de Deus” (Lc. 1:35).   E revelou a José: “o que nela foi gerado vem do Espírito Santo”. (Mat. 1:20).   Maria “achou-se grávida pelo Espírito Santo” (Mat. 1:18).

Por que devemos entender diferente que José e Maria entenderam? Somos mais agraciados que eles, e para nos explicar, o Espírito Santo permitiu um acréscimo apócrifo na Bíblia?

 

Melhores cristãos que eu, crêem na Trindade!

O teólogo traz o assunto da paternidade de Jesus com o objetivo de criticar a crença do Nicotra (Deus tenha misericórdia dele!), passa por cima, passa rente, tropeça nesta questão, e nada! Nem uma palavra explicando então quem é o Pai. Diálogo de velhas caducas!

Mas os que não crêem na Trindade também gostam de evitar alguns versos. No batismo de Jesus, não dá a impressão de que há Três? Dá. Para quem é educado crendo na Trindade, é fácil ver três Pessoas distintas ali.

E quanto ao outro consolador? Não dá a impressão de que é outra pessoa? Dá, sim senhor. Já vejo escritores raivosos escrevendo para cá me criticando. Não tenho medo de vocês, dissidentes arianos amargurados. E vou afirmar de novo, com vontade. Que as palavras de Jesus sobre um outro consolador e que a passagem sobre o batismo de Jesus parecem indicar uma outra pessoa, parecem sim. E tenho dito.

Os trinitarianos não são pessoas ignorantes, maldosas. Não se pode dizer que sua crença não possui base nenhuma. É uma doutrina inteligente. Muito bem elaborada. E explica perfeitamente tanto a passagem sobre o batismo de Jesus como “a vinda do consolador”. LeRoy Edwin Froom não era um teólogo desonesto. Arnaldo B. Cristianini não era um teólogo do mal. Milhões de pessoas crêem na Trindade, e são sinceras em sua crença. Conheço muitos adventistas, que considero melhores cristãos que eu, que crêem na Trindade. Lerão este artigo, não concordarão comigo, e eu continuarei considerando-os autênticos cristãos.

Mas não se pode verificar a veracidade de uma doutrina apenas nos certificados de bons antecedentes dos que nela crêem. Para nós, adventistas do sétimo dia (isto inclui os que foram excluídos injustamente) o que vale, é o que diz a Bíblia, “nossa única regra de fé e prática”, como lembra Ellen White.

A narração do batismo de Jesus, e suas palavras sobre outro consolador, podem levar ao pensamento que o Espírito Santo é uma terceira pessoa. Tanto é que já nos primeiros séculos do cristianismo, isto aconteceu. Então, em algum momento, surgiu a doutrina da Trindade. Um conceito inteligente, pois é preciso alguma filosofia para pensar que um mais um mais um é igual a um.

O dogma afirma a existência de Três Pessoas distintas, as Três com atributos divinos, portanto, Três Deuses. Mas, como o Velho Testamento (citado várias vezes por Jesus e pelos apóstolos) afirma, reafirma, e afirma de novo que só há Um Deus, como conciliar?

 

Trindade: Assassinato da Lógica

Como conciliar os conceitos de que só há um Deus, com Três Deuses? Ora, a resposta, magnífica, já foi dada pelo professor José Carlos.

Em nenhum lugar, em todos os 66 livros da Bíblia, há a idéia de que Três pessoas distintas formam Um Deus. Este raciocínio, de triunidade, que os três são um, não existe na Bíblia.

Podemos encontrar versos, dos quais pode-se entender que Jesus e o Pai são iguais em tudo. Depois, é só tornar relativos e figurados os versos que afirmam o contrário. Podem-se encontrar versos que dão a entender que o Espírito é uma pessoa distinta. Os mesmos versos também dão a entender que não, mas tudo bem. Depois, é preciso tornar relativos muitos versos que indicam claramente que o Espírito é de Deus, e não outro Deus.  Finalmente, dizer que são figurados todos os versos que afirmam categoricamente que o Pai é pai e o Filho é filho. Mas os teólogos têm tempo, um a um os versos são explicados, que não era bem isso que se queria dizer. Perfeito. Já conseguimos provar a existência de três Pessoas distintas. Temos Mateus 28:19 como autêntico. Admitimos também que o Pai não é Pai e o Filho não é Filho, é linguagem figurada. Temos então a doutrina da Trindade? Negativo. Falta o principal.

Para se crer na doutrina da Trindade, é necessário este gigantesco assassinato da lógica, de que só há Um, e esse Um são Três. Deus disse, e reafirmou várias vezes que Ele é Um. E Deus não mente. E agora?

Agora, precisamos conciliar os conceitos, demonstrar que três pode ser um. Para isso, usamos este maravilhoso instrumento chamado “Lógica Humana”. Não é difícil, rapazes. Eu mesmo consegui. Fiz isso no início do artigo, e vocês engoliram. Este é o terceiro artigo de um artigo só. Vocês aceitaram, ninguém reclamou. Viram como é fácil? Há outros exemplos bonitos. Executivo, Legislativo e Judiciário, os três, formam um governo. O ovo: Casca, clara e gema. Os três formam um ovo. E vai por aí. É fácil, dá para imaginar milhares de exemplos. Milhares de criações maravilhosas da lógica humana. Explicamos, então, o que Deus não explicou, com o exemplo do ovo. Afirmamos o que Deus não afirmou. José e Maria conversaram com um ser celestial, um anjo. Maria foi visitada diretamente por Deus. Mas nós, agraciados e benditos, entendemos mais e melhor que eles. A verdade é progressiva. A mentira, também.

Quantas “revelações” criadas pela lógica humana! Esta forma de pensar, este tipo de raciocínio, onde exemplos não faltam, é genuína lógica humana. A doutrina da Trindade, embora busque na Bíblia fatos reais, faz, aqui do lado de fora, na pura lógica humana, a conciliação. Não dá para ler a doutrina na Bíblia. É preciso alguém explicar. Quando o impedimento matemático aparece - se é um só, como são três? – é preciso alguém para dar exemplos, dar voltas, raciocinar.

O raciocínio que dá consistência, que une os conceitos de que adoramos a um só Deus, mas este Deus é composto por Três Pessoas, este raciocínio não é encontrado nas epístolas de Paulo, nem nas visões apocalípticas de João, nem em Levítico. É raciocínio humano. Toda a Bíblia, então, passa a ser interpretada por este sistema lógico humano. Onde Deus diz que é um, não é mais. Onde Deus diz que é Pai, não é mais. Onde Jesus diz que é Filho, não é mais. Tudo é figurado, agora, para se encaixar no novo paradigma. Tudo é reinterpretado sob nova visão, dentro da lógica humana.

“A Bíblia apresenta doutrinas; elas não são simplesmente encontradas na Bíblia.” (Ennis Meier)

Não sei se a frase acima é correta. Ennis Meier é humano. Pode ser que alguém tenha encontrado uma doutrina na Bíblia – “gente, olha aqui, achei algo novo!” Mas até onde sei, concordo com o Ennis. Deus não é confuso. Devemos ser verdadeiros ou mentirosos? Devemos matar, roubar, adulterar? Que dia Deus pediu que guardássemos? Somos salvos por nossas obras? Tudo o que é importante, está bem claro.

José Carlos Ramos, o erudito teólogo, acusa Nicotra de usar a lógica humana, como se ele, José Carlos, pudesse usar a lógica divina. Ele não quis fazer ainda o teste de andar sobre a água de uma bacia. O doutor Timm afirma com seriedade científica que os críticos da igreja sofrem de TOC (transtorno obsessivo compulsivo). Como é especialista no ramo, poderia explicar de que padece seu colega, que argumenta como se usasse a lógica de Deus. Se dissesse que usa a lógica de Napoleão, já não seria preocupante? Mas ele voa bem mais alto!

 

No princípio, criou JCR os céus e a terra...

Dizem que o teólogo foi ao psicanalista, estressado com tantas críticas na Internet. O psicanalista ouviu suas queixas, e para fazer um bom diagnóstico, quis saber sobre o início dos sintomas. Perguntou: “Então, professor Ramos, conte-me sobre o início de tudo. Como foi no princípio?”

E o teólogo, no divã, responde: “Bom, no princípio, eu criei os céus e a terra...”

Desculpe a brincadeira, professor, não me processe por isso. Mas se quiser achar ruim, responda, e aproveite para explicar porque o Filho não é Filho e o Pai não é Pai. Embora o Filho chame o Pai de Pai, e o Pai chame o Filho de Filho, e embora Eles não mintam, o que dizem não é verdade, nem um é Pai nem o outro é Filho, e mesmo que fosse Filho, seria filho da Terceira Pessoa, não do Pai. E o Pai não amou o mundo de tal maneira que entregou Seu Filho para morrer por nós, pois, além de não ser Filho, não morreu, pois era eterno e imortal; e o Verbo não se fez carne e habitou entre nós, pois sua divindade estava separada da humanidade, só a carne, que era humana, morreu, portanto, a divindade não havia encarnado. Quantas coisas difíceis para um pobre carpinteiro entender! Os homens têm corpo e têm espírito, mas Deus não têm corpo, e também, não tem Espírito, pois Seu Espírito é outra pessoa, separada dele...

QUANTAS REVELAÇÕES SE ABREM DIANTE DE NÓS PELA LÓGICA HUMANA! -- Tales Fonseca

Sobre o Batismo de Jesus e a Promessa do Outro Consolador, leia:

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Se você lê em inglês, clique neste link -- Matthew 2819 -- para ter acesso a informações confiáveis acerca da possibilidade de que a fórmula batismal trinitariana tenha sido acrescentada já no quarto século ao Evangelho de Mateus.

O teólogo responsável apresenta fortes evidências históricas para a defesa dessa posição, fundamentadas no testemunho de um dos mais importantes historiadores do cristianismo primitivo, Eusébio de Cesaréia.

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