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Na série “Strange Angel” a ciência dos foguetes se confunde com o Ocultismo
segunda-feira, julho 23, 2018 Wilson Roberto Vieira Ferreira
Seu nome foi proscrito da história da Ciência. Embora suas descobertas tenham sido uma das bases das viagens espaciais e de ser co-fundador do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, seu nome também foi riscado da história da agência espacial.
Ele é Jack Parsons (1914-1952), jovem projetista de foguetes e químico, criador dos combustíveis sólidos. Mas viveu em um fina linha que separa a genialidade da loucura: de dia exercia a ciência experimental. E à noite era o líder da O.T.O (Ordo Templi Orientis) da Califórnia, organização ocultista dominada por Aleister Crowley. Até o momento em que Ciência e Ocultismo se misturaram a tal ponto em que para ele a tecnologia dos foguetes era não apenas uma forma do homem chegar ao espaço. Mas também a oportunidade para abrir portais para seres extradimensionais. A série “Strange Angel” (2018-) produzido pela rede CBS dos EUA pretende mergulhar na vida desse controverso cientista que, ironicamente, possui uma cratera no lado oculto da Lua batizada com o seu nome.
“O mundo não será o mesmo, algumas pessoas riram, algumas pessoas choraram. A maioria ficou em silêncio. Eu lembrei algo da escritura Hindu, o ‘Baghavad Gita’, ‘Agora eu me torno a morte, o destruidor de mundos”.
(Robert Oppenheimer, ao descrever o impacto sobre as testemunhas da primeira explosão da bomba atômica)
Quando se fala na história da engenharia aeronáutica e espacial, os nomes mais conhecidos são do russo Konstantin Tosiokovsky, do norte-americano Robert Goddard e do alemão Werner Von Braun, desenvolvedor dos foguetes V2 nazistas e depois líder do projeto espacial dos EUA que levou o homem à Lua.
Mas poucos ouviram falar de Marvel Whiteside Parsons (aka Jack Parsons), químico norte-americano co-fundador do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA (JPL) cujos projetos em combustíveis sólidos deram grande contribuição ao desenvolvimento dos foguetes – todo o projeto espacial da NASA se baseou na tecnologia de combustível sólido desenvolvida por Parsons.
Morto aos 37 anos, em 1952, em uma explosão com produtos químicos na garagem da sua residência, suas obras e pesquisas foram sistematicamente expurgadas dos arquivos da Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia), assim como citações em trabalhos de outros pesquisadores. E seu nome riscado nos registros históricos da NASA – apesar de, ironicamente, uma cratera do lado oculto da Lua ter sido batizada com o seu nome.
O fato é que Jack Parsons tinha uma reputação no mínimo controversa, vivendo em uma linha fina entre a genialidade e a loucura: Parsons também era líder norte-americano da O.T.O. (Ordo Templi Orientis), organização ocultista, na época comandado por Aleister Crowley e seu “movimento telêmico” com práticas de magia sexual. Devoto e entusiasta de Crowley, Parsons chegava ao ponto misturar as experiências de desenvolvimento de foguetes no deserto de Mojave com rituais de invocação ao deus Pã.
Uma bizarra mistura entre ciência, invocações a entidades extradimensionais a cada lançamento noturnos de foguetes no deserto, projetos para a Força Aérea dos EUA em meio a Segunda Guerra Mundial e liderança entre atores, poetas e escritores que participavam de estranhas festas envolvendo magia sexual telêmica na mansão de Parsons em Pasadena.
A série da rede de TV norte-americana CBS, Strange Angel (2018-), baseada na biografia “Strange Angel: The Otherworldly Life of Rocket Scientist John Whiteside Parsons” de George Padle, pretende dar conta dessa improvável conexão entre Ocultismo e Ciência na vida de um cientista em uma época em que foguetes eram coisas de revistas de ficção científica como a mais conhecida da época, a Amazing Stories – a série pode ser assistida na plataforma de vídeos Stremio.
https://www.youtube.com/watch?v=oiFklRuZYmQ
A imagem nos créditos iniciais de cada episódio mostrando um foguete de cujo escapamento saem cartas de Tarot ao invés de chamas é a melhor metáfora que parece sintetizar o propósito da série produzida pelo diretor Ridley Scott (Blade Runner e Prometheus) – Jack Parsons era apenas um jovem projetista de foguetes inspirado na ciência e misticismo de revistas de ficção científica? Ou será que havia uma conexão mais profunda, de natureza tecnognóstica: a decolagem de foguetes como a metáfora da própria transcendência espiritual para fugir desse mundo?
Seria Parsons na verdade um jovem alquimista em pleno século XX no qual a manipulação química de combustíveis e das energias corporais na magia sexual convergem para um único propósito místico? – a realização do antigo sonho gnóstico da libertação espiritual da prisão material. Apenas que, agora, não apenas limitado a rituais, invocações e cerimônias. Mas dessa vez com a ciência e tecnologia do século XX à disposição dos iniciados.
A Série
No momento em que essa postagem é publicada, a série já conta com seis episódios de dez previstos para a primeira temporada. A narrativa é ambientada na Los Angeles das decádas de 1930-40. Jack Parsons (Jack Reynor) é um brilhante e ambicioso trabalhador em uma indústria de explosivos. Lendo avidamente os contos da famosa revista de sci-fi e terror Amazing Stories, Parsons cultiva fantásticos sonhos de viagens espaciais, e acredita que os foguetes podem pular das páginas de ficção para a realidade.
Parsons rouba produtos químicos da indústria para, junto com o seu amigo Richard Onsted (matemático e acadêmico – Peter Kendall) e seu amigo de infância e também entusiasta de foguetes Edward Foreman passar as noites disparando pequenos foguetes em um matagal nos limites da cidade.
Jack é casado com Susan (Bella Heathcote), para quem havia prometido preencher sua vida com a arte e música. Mas tudo que consegue é uma vida às voltas com a falta de dinheiro. A redenção é a possibilidade de o financiamento do projeto de Jack e seus amigos seja aprovado pela Caltech.
Há uma tensão em sua vida conjugal. Susan é católica, conservadora e reprimida sexualmente, mas com paixões secretas: gosta de ouvir “Sagração da Primavera”, obra de vanguarda atonal de Stravinsky.
A tensão só aumenta com a chegada de um misterioso vizinho chamado Ernest (Rupert Friend) que será a ponte de Jack Parsons com o ocultismo: em muitas linhas de diálogo ele cita Aleister Crowley (“faze tudo o que tu queres há de ser o Todo da Lei”) e figura um estilo de vida livre, com sua motocicleta e uma faca, e insiste que o casal deva conhecer o seu grupo de reuniões secretas.
Repressão sexual, conservadorismo religioso e a insatisfação profissional (o financiamento do projeto está em xeque pelo fato de Parsons não ter titulação ou prestígio acadêmico) é a combinação explosiva (desculpe o trocadilho…) que impulsionará seu interesse pela “Loja Agape”, o nome da unidade da O.T.O. na Califórnia.
O ritmo dos episódios é lento, sem deixar de ser interessante pela reconstituição de época (o cenário político e cultural com a aproximação da Segunda Guerra Mundial), cujo ápice é a fuga de Susan quando, ao lado de Parsons, participam como espectadores de um ritual de magia sexual de Thelema em um casarão de Los Angeles. Começa a sucessão de tensões em todos os quadrantes da vida de Jack – a necessidade de romper com todos os limites, sejam conjugais, sexuais, científicos, acadêmicos e espirituais.
Jack Parsons: no lugar certo e na hora certa
A personalidade controversa e excêntrica de Jack Parsons, riscado da história da Ciência mas com o seu nome batizando uma cratera da Lua, acabou produzindo uma série de especulações (ou “teorias conspiratórias”) sobre esse amálgama da ciência experimental com o Ocultismo.
Acrescente a isso ao fato que a ambição e talento de Jack Parsons estavam no lugar certo na hora certa: naquele momento a Califórnia era o centro de uma revolução que seria irradiada em escala planetária – a indústria do cinema de Hollywood, o crescimento exponencial do esoterismo, misticismo e ocultismo na cena artística e cinematográfica, a engenharia de foguetes da Caltech, e os experimentos em energia nuclear que culminaria com a explosão da primeira bomba atômica de Robert Oppenheimer em Los Alamos, muito perto da base de experimentos com foguetes de Parsons, próximo de um lugar emblematicamente chamado “Estrada da Morte”.
Jack Parsons, Cabala e a bomba atômica
Para muitas das “teorias conspiratórias”, como cabeça da operação da O.T.O. na América, Jack Parsons produziu um gigantesco ritual satânico, juntamente com outro membro, cujo codinome era “Frade H”.
Em 1948, Jack Parsons fez um dos mais sombrios rituais, conhecido pelos cabalistas, ocomo “Trabalho de Babalon”. Um ritual que requer que o iniciado visualize a “Árvore da Vida” da Cabala, com suas 10 esferas e 22 caminhos. Entre as 3 esferas superiores e as 7 inferiores está o chamado “Abismo”. O lugar onde a personalidade de uma pessoas e sua sanidade podem ser potencialmente destruídas.
Se o iniciado percorre o Abismo com sucesso, com a personalidade intacta, ele se torna um Irmão Negro da Cabala, um magro negro do “Caminho da Mão Esquerda” na tradição do judaísmo místico.
Parsons aprendeu nos antigos ensinamentos de Crowley que Cristo e sua Igreja eram os inimigos da civilização, e que deveriam ser destruídos.
Em uma peregrinação de 20 dias no Deserto de Mojave, onde fica hoje a Área 51, Parson teria invocado Babalon, a Mulher Escarlate, a “Prostituta do Apocalipse. De acordo com o misterioso Frade H, durante o ritual viu Parsons abrir um buraco no espaço-tempo e algo maligno saiu de lá.
Jack Parsons (1914-1952)
Quem era o misterioso Frade H? Nada menos que o inventor da nova religião-culto da Cientologia L. Ron Hubbard, ex-iniciado na O.T.O. de Aleister Crowley,. Cientologia tem seguidores e fiéis milionários de Hollywood. Gente interessada na técnicas de magia judaica inspiradas por Britney Spears e Madonna.
Parsons tinha uma parceira de magia sexual na O.T.O.: a atriz e poeta Marjorie Cameron. Marjorie teria confessado ter feito parte do ritual Babalon. Disse que foi a usada por Jack Parsons, Ron Hubbard, Aleister Crowley e os cientistas do projeto Manhattan, localizado na unidade de pesquisa atômica em Los Alamos – CARTER, John (2004). Sex and Rockets: The Occult World of Jack Parsons (new ed.). Port Townsend: Feral House.
Durante o ritual Jack Parsons a engravidou sexualmente quando o espírito do Anti-Cristo estava sobre ele. Cameron ficou grávida. Eles estavam criando o que na Cabala se descreve como um “Golem”, um humanoide criado artificialmente animado por feitiços e mantras feitos por magos – a chamada “linguagem do crepúsculo”.
Michael Hoffman em seu livro Sociedades Secretas e Guerras Psicológicas especula que o feto do Golem teria sido colocado dentro da capsula gigante que foi fotografada na base de testes de Los Alamos. Essa misteriosa cápsula foi apelidada de “Jumbo”, feita de aço sólido e cimento. É possível que o feto tenha sido colocado no centro da cápsula e então irradiado com a explosão da primeira bomba atômica do mundo – HOFFMAN, M. Secret Societies and Psychological Warfare, Independent History and Research, 2001.
Espalhando o “bebê demoníaco”, com o que a Cabala chama de “força demoníaca do fogo atômico”. Não teria sido à toa que a explosão da primeira bomba atômica em Los Alamos foi ironicamente intitulada de “Experiência Trinity” (Trindade… Santíssima Trindade?).
A conferir até que ponto a série Strange Angel vai mergulhar em todo esse imaginário e controvérsias sobre a figura legendária de Jack Parsons.
Fonte: http://cinegnose.blogspot.com/2018/07/na-serie-strange-angel-ciencia-dos.html
Livros sobre Jack Parsons em inglês para download:
Sex and Rockets: The Occult World of Jack Parsons
Strange Angel: The Otherworldly Life of Rocket Scientist John Whiteside Parsons
Jack Parsons: pioneiro em foguetes e gênio do ocultismo
Por James Cook
Há uma grande cratera no outro lado da lua chamada “Parsons”. Um círculo extraordinário de rochas cinzentas, recebeu o nome do trabalho pioneiro que o cientista de propulsão de foguetes Jack Parsons fez em sua vida. No entanto, apesar de todo o seu brilho científico, havia um lado sombrio em Parsons: ele era obcecado pelo ocultismo, envolvendo-se profundamente no que muitos chamam de “magia negra”.
Uma crença fundamental para as Testemunhas de Jeová era que o reinado dos reis terminaria em 2 de outubro de 1914. Os “tempos dos gentios” terminariam, Jesus retornaria e o fim do mundo se aproximaria.
Parece que nada disso realmente aconteceu, mas a Marvel Whiteside Parsons realmente nasceu naquele dia fatídico em um hospital de Los Angeles. Logo após o nascimento da criança, sua mãe descobriu que seu marido estava visitando prostitutas. Em 1915, os pais de Parsons se divorciaram. Seus avós maternos ajudaram a família a comprar uma casa grande na “Milha dos Milionários” de Pasadena. Em vez de usar “Marvel”, o nome de seu pai, Parsons foi chamado John, ou Jack, para seus amigos. Vivendo uma vida confortável com os empregados domésticos, a criança Parsons passava horas lendo livros sobre mitologia, lendas arturianas e contos orientais. Como ele desenvolveu um interesse em ficção científica e mitologia, Parsons também se interessou pelo mundo incipiente dos vôos espaciais.
Foguetes
Nos fins de semana de trabalho nos escritórios da Hercules Powder Company, Parsons começou a aprender sobre como pó aparentemente inerte poderia ser usado para acionar foguetes. Começou uma breve correspondência entre o jovem Parsons e o cientista de foguetes alemão Wernher von Braun, o responsável pelo projeto do foguete V2. Os dois conversavam por horas por telefone sobre suas pesquisas, mas sua amizade esfriou depois que ambos se recusaram a divulgar detalhes técnicos sobre seus projetos.
Werner von Braun em seu escritório
Trabalhando em período integral na Hercules Powder Company, Parsons foi enviado para trabalhar em sua fábrica, mas a exposição repetida à nitroglicerina resultou em dores de cabeça dolorosas.
Após uma tentativa abortada de se formar em química na Universidade de Stanford, Parsons estabeleceu uma visão substancialmente mais alta: formar uma equipe de pesquisa de foguetes espaciais com estudantes da Caltech. Apelidada de “Esquadrão Suicida”, a equipe trabalhou em perigosas experiências com foguetes durante o dia, e bebeu e fumou juntas à noite. Parsons também começou a se contentar com suas crenças políticas, escrevendo sobre seu gosto pelo comunismo.
Jack Parsons (lado direito, mais próximo da câmera) e seu “Esquadrão Suicida”
Em uma dança realizada em uma igreja local, Parsons conheceu uma mulher bonita chamada Helen Northrup. No verão de 1934, Parsons propôs e o casal se casou no ano seguinte. Mas o casamento fez pouco para diminuir a paixão de Parsons pela ciência de foguetes; ele gastou a maior parte de seu salário no grupo de pesquisa, até penhorando a aliança de casamento de sua esposa por fundos extras.
Os experimentos do “Esquadrão Suicida” começaram a atrair a atenção de Caltech, e eles tiveram acesso a instalações no campus da Universidade. Mas, apesar de seus testes motores produzirem resultados bem-sucedidos, uma fratura dividiu o grupo quando Parsons se recusou a ingressar no Partido Comunista Americano.
Magia negra
Durante seu tempo com o jovem grupo de pesquisa, Parsons se interessou pela Igreja de Thelema, uma religião oculta fundada pelo ocultista inglês Aleister Crowley. Uma figura misteriosa que viajou pela Índia, escalou montanhas em tempo recorde e se tornou um mestre do xadrez, Crowley afirmou ter sido possuído por um espírito dentro da Grande Pirâmide do Egito. Seus ensinamentos misturavam religião egípcia, crenças gnósticas e o que Crowley chamava de “magia sexual”.
Ocultista inglês Aleister Crowley
Parsons tentou explicar as crenças ocultas de Crowley usando a física quântica, acreditando que realidades alternativas tinham respaldo na ciência. O jovem impressionou Crowley, com o mestre oculto escrevendo que Parsons “é o membro mais valioso de toda a Ordem, sem exceção!”
Jack Parsons participando de um ritual oculto
Os experimentos com foguetes de Parsons cresceram em escala, com a área de pesquisa do grupo agora apelidada de “propulsão a jato”. As forças armadas dos EUA forneceram financiamento, solicitando que o grupo preparasse um relatório de viabilidade para o JATO (decolagem assistida por jato). Os militares queriam poder lançar foguetes verticalmente, em vez de ter que construir longas pistas para seus aviões. Os experimentos foram um sucesso. A pesquisa de Parsons sobre propulsão a jato havia crescido em comissão dos militares dos EUA para 2000 motores de foguete.
Com sua pesquisa com foguetes provando ser um sucesso, Parsons também aumentou sua pesquisa oculta. Um chalé thelêmico foi criado na casa de Parsons, que foi chamada de “O Parsonage” por seus moradores. Parsons criou um laboratório na garagem, onde ele poderia experimentar em paz. A polícia local investigou o grupo depois que suas orgias sexuais movidas a cocaína se tornaram notórias. Nenhuma ameaça à segurança nacional foi encontrada.
As paredes da loja estavam decoradas com adagas e espadas, além de uma réplica da Estela da Revelação. Também conhecido como Estela de Ankh-ef-en-Khonsu, este tablete egípcio foi reivindicado como um artefato Thelêmico importante por Aleister Crowley depois que ele o descobriu listado no número de catálogo 666 no Museu Egípcio.
A Estela da Revelação
Um morador da loja era um jovem escritor de ficção científica e veterano da Marinha chamado L. Ron Hubbard. Ele se mudou para o presbitério e iniciou um relacionamento com Sara Northrup, irmã da esposa de Parsons.
L. Ron Hubbard durante seus anos na Marinha
Em fevereiro de 1946, Parsons escreveu a Aleister Crowley, informando que o jovem escritor havia começado a conquistar o círculo de mulheres de Parsons:
“Cerca de três meses atrás eu conheci Ron … Ele é um cavalheiro … Ele se mudou comigo há cerca de dois meses, e embora Maggy e eu ainda somos amigáveis, ela transferiu seus afetos sexuais para Ron.”
O trabalho de Babalon
Depois de aceitar L. Ron Hubbard em seu círculo interno, Parsons permitiu que o impressionável escritor de ficção científica atuasse como escriba do experimento oculto mais ousado de Parsons até agora. O trabalho de Babalon usou as teorias de magia sexual de Crowley na tentativa de convocar uma manifestação da deusa feminina divina Babalon. Se o ritual fosse bem sucedido, uma mulher escarlate se daria a conhecer ao par. Parsons se masturbava com sigilos e tabletes mágicos, com L. Ron Hubbard ajudando também a se masturbar e tentando registrar qualquer observação mágica. Para auxiliá-los em sua busca pela deusa divina, eles tocaram música clássica, com Prokofiev um favorito em particular. Crowley, notificado com antecedência da tentativa de Parsons, alertou-o de que seus efeitos poderiam ser perigosos, mas o cientista continuou.
Depois de viajar para o deserto de Mojave com Hubbard, Parsons finalmente declarou que a deusa foi convocada quando sentiu seu sentimento de tensão dissipar-se repentinamente ao pôr do sol em 18 de janeiro de 1946. Os dois correram de volta para casa, ansiosos para ver o que os outros residentes haviam observado.
Uma mulher alta e ruiva havia chegado ao chalé de Pasadena. Marjorie Cameron, uma fotógrafa naval que subitamente fora exonerada do serviço militar, fora recomendada por um amigo a aparecer na casa de Parsons.
Cameron estrelando no curta de 1954 de Kenneth Anger “Inauguração do Domo do Prazer”
Parsons foi imediatamente atingido pelos cabelos ruivos de Cameron. Os dois passaram as duas semanas seguintes juntos em seu quarto. Sem o conhecimento da Cameron sem direção, ela fora apanhada no ritual de Parsons.
Parsons documentou obsessivamente seu experimento oculto em um livro que mais tarde seria publicado como “O Livro de Babalon”. Três dias antes da chegada de Cameron, a entrada do diário diz o seguinte:
“15 de janeiro. Invocado duas vezes. Naquela época, o Escriba desenvolveu algum tipo de visão astral, descrevendo em detalhes um velho inimigo meu, de quem nunca tinha ouvido falar, e mais tarde as formas guardiãs de Ísis e do Arcanjo Miguel. Mais tarde, no meu quarto, ouvi os raps novamente e uma voz metálica zumbindo gritando ‘deixe-me ir livre’. Senti uma grande pressão e tensão na casa naquela noite, o que também foi percebido pelos outros ocupantes. Não houve outros fenômenos, e admito um sentimento de decepção.
O vigarista
L. Ron Hubbard continuaria usando muito do que aprendeu com Parsons como base para a Cientologia
Parsons investiu suas economias em uma empresa, a Allied Enterprises, que ele fundou com L. Ron Hubbard e seu ex-amante, a irmã de sua esposa, Sara Northrup. Os US $ 20.000 da Parsons foram para a compra de três iates, que eles planejavam comprar na Costa Leste, navegam pelo Canal do Panamá e depois vendem com lucro na Califórnia. Hubbard e Northrup viajaram para a Flórida sozinhos, onde logo ficou claro que eles não tinham intenção de devolver o dinheiro a Parsons. Com L. Ron Hubbard vivendo a vida agitada com sua namorada em um iate comprado com seu dinheiro, Parsons ficou furioso. Incapaz de perseguir o par, Parsons xingou Hubbard. Se o “Ritual de Banimento do Pentagrama” funcionou ou não, Parsons acabou recorrendo a processar Hubbard em um tribunal da Flórida.
Eventualmente, Hubbard concordou em devolver parte do dinheiro de Parsons, mas conseguiu manter o barco danificado. Northrup e Hubbard se casaram mais tarde e L. Ron Hubbard passou a usar muito do que aprendeu com Parsons como base para Scientology, a religião que ele fundou em 1952.
A Igreja de Cientologia nunca negou o envolvimento de L. Ron Hubbard no Trabalho de Babalon, alegando que o escritor estava em uma missão naval ultrassecreta para derrubar a seita de magia negra.
Queda
Apesar de seu brilhantismo, Parsons havia passado por momentos difíceis. Depois de se divorciar de sua primeira esposa, Parsons se casou com Cameron, a mulher misteriosa que apareceu após o trabalho de Babalon.
Jack Parsons e sua segunda esposa Marjorie Cameron
Continuando com seu trabalho de propulsão de foguetes, Parsons contribuiu com pesquisas para o programa de mísseis SM-64 Navaho, que levou à criação de um poderoso míssil de cruzeiro que rivalizava com os esforços soviéticos na pesquisa de mísseis.
Parsons afirmou que sua magia sexual o transportou para a cidade bíblica de Chorazin, ao norte da Galiléia.
Mas, apesar de seu brilhantismo, Parsons começou a achar difícil conseguir emprego em projetos de pesquisa federais. À medida que a Guerra Fria se aproximava, um “susto vermelho” se espalhou pelo governo dos EUA e pela indústria de defesa. O FBI mantinha um arquivo em Parsons há muito tempo, descrevendo-o como “potencialmente bissexual”. Os interesses juvenis de Parsons no comunismo acabaram superando seu conhecimento científico, sua liberação foi revogada pelo FBI e tornou-se impossível para ele trabalhar para o governo.
No início dos anos 50, Jack Parsons trabalhava como mecânico de automóveis, encontrando dificuldades para financiar os esforços criativos de sua esposa e sua própria experimentação mágica. Eventualmente, sua esposa se mudou para o México para ingressar em uma comunidade de artistas, deixando o marido para fazer trabalhos estranhos trabalhando com produtos químicos e explosivos na indústria cinematográfica e nas forças policiais locais.
Mas quando sua carreira atingiu novos patamares, Parsons estava determinado a continuar sua pesquisa oculta. Continuando sua pesquisa sozinho, Parsons começou a visitar prostitutas. Em relatos publicados após sua morte, Parsons alegou que sua magia sexual o transportou para a cidade bíblica de Chorazin, ao norte da Galiléia. Foi nessa visão que Parsons se convenceu de que se tornaria o anticristo em sete anos, mas apenas se continuasse vivo.
O programa de foguetes israelenses
Uma oportunidade improvável se apresentou a Parsons depois que sua autorização de segurança foi restabelecida por suas conexões dentro do governo. Um grupo de cientistas pró-Israel ofereceu a Parsons um emprego no programa israelense de foguetes, que Parsons aceitou com gratidão. No entanto, seu retorno à pesquisa de foguetes nos EUA preocupou o FBI, que acusou Parsons de ser um espião enquanto tentava migrar para Israel.
Na época do envolvimento de Parsons com o governo de Israel, ele também trabalhava para o empresário recluso Howard Hughes. Verificou-se que Parsons havia contrabandeado documentos secretos relacionados a projetos nos quais a Hughes Aircraft Company estava trabalhando. Howard Hughes, furioso, foi direto ao FBI, acusando Jack Parsons de ser um espião israelense.
Documento do Jack Parsons do FBI
Apesar de depois que as acusações foram retiradas, o incidente em Israel encerrou permanentemente a carreira de Jack Parsons na pesquisa de propulsão de foguetes. Ele voltou ao trabalho na indústria cinematográfica, entediado, mas feliz por se reunir com sua esposa, que havia retornado da comuna no México.
Jack Parsons lutou com sucesso para ter seu certificado de Top Secret devolvido a ele
A explosão
Parsons conseguiu pronunciar uma frase final antes de sucumbir aos ferimentos: “Eu não terminei”.
Cameron voltou para a casa que dividia com Parsons, mas continuou encantada com os pensamentos de um estilo de vida boêmio no México. Persuadindo Parsons a se juntar a ela lá, o casal empacotou seus pertences. Pouco antes de partirem, um pedido urgente chegou até eles: um filme precisava desesperadamente de alguns explosivos. Na noite anterior à viagem, 17 de junho de 1952, Parsons foi trabalhar em uma última mistura explosiva.
O relatório oficial da polícia afirma que Parsons estava tentando misturar fulminar mercúrio em uma pequena lata de café. Trabalhando rapidamente, e com as mãos suadas, Parsons deixou cair a mistura explosiva. A explosão arrancou seu braço direito, quebrou o braço esquerdo e as duas pernas e deixou um “buraco” na mandíbula.
Os vizinhos, alarmados com a explosão, correram em socorro de Parsons. Eles o descobriram consciente, mas gravemente ferido. Gemendo de dor, Parsons conseguiu falar uma frase final antes de sucumbir aos ferimentos: “Eu não terminei”.
A cena da explosão no apartamento de Pasadena que matou Jack Parsons
Jack Parsons foi declarado morto cerca de 37 minutos após a explosão. Quando a mãe dele foi informada, ela tomou overdose de pílulas e morreu, perturbada por perder o filho. Cameron levou as cinzas do marido para o deserto de Mojave, espalhando-as no cruzamento de duas altas linhas de energia.
Amigos, colegas e ex-amantes não estavam satisfeitos com o relatório oficial da polícia sobre a morte de Parsons. Em vez disso, eles têm suas próprias teorias sobre o que matou Jack Parsons.
Howard Hughes
O cineasta oculto e amigo da segunda esposa de Parsons, Kenneth Anger acredita que o recluso empresário americano Howard Hughes ordenou o assassinato de Parsons depois que ele foi pego vazando documentos secretos de pesquisa para o governo de Israel.
No ano passado, Anger repetiu sua afirmação, afirmando em uma entrevista para a Esquire:
Howard Hughes era o tipo de homem a quem você não dizia não, ou, se dissesse, haveria consequências.
Suicídio
Parsons estava visivelmente deprimido após o divórcio e a partida de seus amantes. Sabendo que L. Ron Hubbard havia conquistado com sucesso os afetos de muitas de suas amigas, Parsons ficou ressentido com o jovem escritor. Com Cameron, que insistia em morar no México, longe do deserto e do programa de foguetes, Parsons se matou para escapar da vida futura que teria começado no dia seguinte à explosão?
Após a morte de Parsons, avistamentos de OVNIs em toda a América dispararam
Os rumores sobre alienígenas persistem há muito tempo sobre o envolvimento de Parsons na Área 51, a base militar secreta da Força Aérea dos EUA que os teóricos da conspiração suspeitam conter alienígenas e OVNIs. Há rumores de que, como parte de seu trabalho ultra-secreto com o governo dos EUA, Parsons viajou para a base do deserto, onde abriu um portal para outra dimensão. Após a morte de Parsons, avistamentos de OVNIs na América dispararam, alimentando a idéia de que o cientista de foguetes estava envolvido em algo extraterrestre. Outra crença é que Parsons e Hubbard abriram um portal para um mundo alienígena quando eles executaram o Babalon Working em 1946. Quando eles não conseguiam fechá-lo, os alienígenas podiam passar livremente para o nosso universo, o que levou ao primeiro avistamento de OVNI por Kenneth Arnold em 1947.
Magia negra
O envolvimento de Parsons na experimentação oculta começou a consumir sua vida após sua saída da pesquisa de mísseis do governo. Ele havia formado um novo grupo oculto, “The Witchcraft”, e havia escrito novos volumes que expunham sua filosofia pessoal. Membros do círculo oculto interior de Parsons afirmam que no dia de sua morte ele estava trabalhando na criação de um homúnculo, um humano mítico em miniatura.
Caixa mágica de Jack Parsons, descoberta após sua morte
Hoje, o Laboratório de Propulsão a Jato é uma parte importante do programa de exploração espacial da NASA. Seis anos após a morte de Jack Parsons, o JPL se tornou parte da NASA. Apesar de ter uma influência tão grande nas viagens espaciais modernas e no programa americano de foguetes, Jack Parsons nunca recebeu o reconhecimento de que muitos de seus ex-colegas afirmam que ele merece. Em vez disso, ele é lembrado principalmente nos círculos ocultos, nos grupos clandestinos em que buscou consolo durante seus anos como uma das principais luzes da comunidade de pesquisa científica.
Fonte: https://kernelmag.dailydot.com/features/report/8557/jack-parsons-rocket-pioneer-and-occult-genius/