Conselheiro de Schwab Yuval Harari em Sapiens,  p. 28

(trecho de henrymakow.com)

A religião evoluiu ou foi projetada  para promover a cooperação?

A conjectura de Harari – “Não existem deuses” – não é apenas uma trivialidade inconsequente sobre sua visão de mundo – ela forma a base de muitas outras afirmações cruciais no livro. Essa suposição naturalista permeia o pensamento de Harari.

Por exemplo, Harari assume que a religião evoluiu por processos naturais e de forma alguma reflete algum tipo de design ou revelação de um Deus. De fato, um de seus argumentos centrais é que a religião evoluiu quando a humanidade produziu “mitos” que fomentaram a cooperação e a sobrevivência do grupo. Harari gasta muito tempo desenvolvendo esse argumento. Aqui estão alguns trechos importantes do livro:

Lendas, mitos, deuses e religiões surgiram pela primeira vez com a Revolução Cognitiva. Muitos animais e espécies humanas poderiam dizer anteriormente: ‘Cuidado! Um leão!’ Graças à Revolução Cognitiva, o Homo sapiens adquiriu a capacidade de dizer: ‘O leão é o espírito guardião de nossa tribo.’ Essa capacidade de falar sobre ficções é a característica mais singular da linguagem sapiens. …

[F]iction nos permitiu não apenas imaginar coisas, mas fazê-lo coletivamente. Podemos tecer mitos comuns, como a história bíblica da criação, os mitos do Tempo do Sonho dos australianos aborígenes e os mitos nacionalistas dos estados modernos. Esses mitos dão aos sapiens a capacidade sem precedentes de cooperar de forma flexível em grande número. …

Como o Homo sapiens conseguiu cruzar esse limiar crítico, fundando cidades com dezenas de milhares de habitantes e impérios governando centenas de milhões? O segredo foi provavelmente o aparecimento da ficção. Um grande número de estranhos pode cooperar com sucesso acreditando em mitos comuns. Qualquer cooperação humana em larga escala – seja um estado moderno, uma igreja medieval, uma cidade antiga ou uma tribo arcaica – está enraizada em mitos comuns que existem apenas na imaginação coletiva das pessoas. As igrejas estão enraizadas em mitos religiosos comuns. Dois católicos que nunca se encontraram podem, no entanto, ir juntos em uma cruzada ou juntar fundos para construir um hospital, porque ambos acreditam que Deus se encarnou em carne humana e se permitiu ser crucificado para redimir nossos pecados. Os Estados estão enraizados em mitos nacionais comuns. …

Apesar da falta de tais instintos biológicos, durante a era do forrageamento, centenas de estranhos puderam cooperar graças a seus mitos compartilhados. …

Os mitos, ao que parece, são mais fortes do que qualquer um poderia imaginar. Quando a Revolução Agrícola abriu oportunidades para a criação de cidades populosas e impérios poderosos, as pessoas inventaram histórias sobre grandes deuses, pátrias e sociedades anônimas para fornecer os vínculos sociais necessários. Enquanto a evolução humana estava rastejando em seu ritmo habitual de caracol, a imaginação humana estava construindo redes surpreendentes de cooperação em massa, diferente de qualquer outra já vista na Terra.
 Sapiens,  págs. 24, 25, 27, 102, 103

Assim, se Harari estiver correto, então a religião não foi projetada, mas é um comportamento que evoluiu naturalmente porque fomentou “mitos” compartilhados que permitiram às sociedades cooperar melhor, aumentando suas chances de sobrevivência. Essa visão surge de sua perspectiva de “sem deuses no universo” porque implica que a religião não foi revelada à humanidade, mas evoluiu.

Harari está, sem dúvida, certo de que crenças compartilhadas – ou “mitos”, como ele as chama pejorativamente – facilitam a cooperação do grupo, e isso promove a sobrevivência. Mas esta é uma observação sobre crenças, mitos e religião compartilhados, não uma explicação para eles. E é muito fácil para um modelo baseado em design dar conta dessas observações de uma maneira que não requer evolução não guiada. Veja como pode ser:

(Esses psicopatas estão destruindo nosso mundo)

Talvez “mitos” compartilhados que promovem amizade, companheirismo e cooperação entre os seres humanos não tenham sido resultado de evolução aleatória ou “puro acaso” (como Harari descreve nossa evolução cognitiva), mas sim refletem o estado pretendido da sociedade humana como foi projetada por um criador benevolente.

Se este for o caso, então “cooperação humana em larga escala”, como Harari coloca, pode ser o resultado intencional de crenças religiosas compartilhadas em larga escala em uma sociedade – uma propriedade emergente útil que foi planejada por um designer para uma sociedade que não perde sua coesão religiosa.

Em outras palavras, esses benefícios podem ser vistos não como um subproduto acidental da evolução, mas como destinados a uma sociedade que busca a espiritualidade compartilhada.