Monstros Celestes e o Sentido Original de Lucas 21:11 no Aramaico

Você se lembra da linguagem utilizada no filme A Paixão de Cristo, produzido por Mel Gibson? Aquela sonoridade estranha, dura e ao mesmo tempo solene, era o aramaico — a língua falada por Jesus Cristo e por seus discípulos. Foi nesse idioma que seus ensinamentos ecoaram pela primeira vez, antes de qualquer tradução ou adaptação posterior.

Por isso, pensamos em vários possíveis títulos e subtítulos para chamar sua atenção para este texto:

Sugestões de Títulos

  1. “Monstros do Céu: O Evangelho Esquecido de Lucas 21:11”

  2. “Terror nas Alturas: O Que Jesus Realmente Disse Sobre os Últimos Dias”

  3. “Sinais do Firmamento: Dragões, Anjos Caídos e Bestas Aladas no Evangelho”

  4. “O Céu se Rasga: A Profecia de Jesus em Sua Língua Original”

  5. “Lucas 21:11 em Aramaico: Os Monstros que Tradutores Tentaram Silenciar”

  6. “O Horror Vindouro: Terrores e Grandes Sinais no Céu”

  7. “Quando o Firmamento se Abre: O Cristo que Anunciou Criaturas Apavorantes”

  8. “Não Fenômenos Naturais, mas Monstros Celestes: A Palavra Direta de Jesus”

  9. “A Verdade Escondida de Lucas 21:11: O Céu Habitado por Criaturas do Juízo”

  10. “O Evangelho que Amedrontava: Os Sinais Apocalípticos que o Céu Revelará”

Sugestões de Subtítulos

  1. “Não eram metáforas: o povo do século I entendia literalmente monstros descendo do céu.”

  2. “O aramaico revela terrores e sinais que as traduções modernas suavizaram.”

  3. “Dragões, anjos caídos e bestas flamejantes eram a imagem clara da profecia.”

  4. “O Evangelho não falava de eclipses, mas de horrores celestes.”

  5. “O céu não é vazio: é palco do juízo e abriga criaturas apavorantes.”

  6. “Palavras escolhidas para serem compreendidas — e temidas — pelos ouvintes de Jesus.”

  7. “Lucas 21:11 na Peshitta mostra o que tradutores tentaram ocultar.”

  8. “A profecia foi dita em aramaico, a língua viva de Cristo e de seus discípulos.”

  9. “Quem ouviu no primeiro século não pensou em ciência, mas em monstros.”

  10. “A noite estrelada era para eles um abismo habitado, e não um cenário romântico.”

Quando abrimos a Bíblia em português, o texto que temos diante dos olhos é apenas uma tradução que pode ser amenizada, tendenciosa ou superficial. Por isso, convém pesquisar e estudar o sentido real do texto original, que traz de volta a força e o temor com que as palavras foram recebidas pelos primeiros ouvintes.

Buscamos a tradução siríaco-aramaica do Evangelho de Lucas porque ela preserva, com maior proximidade, a sonoridade e o imaginário da língua que Jesus e seus contemporâneos falavam no cotidiano. O grego koiné foi a língua da redação final do texto, mas o aramaico era a língua do coração, da praça, da sinagoga, da profecia viva.

Ao retornar ao texto da Peshitta, encontramos em Lucas 21:11 expressões que não foram diluídas por séculos de versões suavizadas: “ܕܚܠ̈ܬܐ — terrores” e “ܐܬ̈ܘܬܐ ܪ̈ܒܬܐ — grandes sinais do céu”. O resultado dessa pesquisa mostra que Jesus não falava de fenômenos triviais ou metáforas filosóficas, mas de aparições que seriam vistas como coisas apavorantes, sinais grandiosos e monstruosos descendo do firmamento.

Assim, ao recorrer ao aramaico, recuperamos o impacto original da mensagem, preservando o que seus primeiros ouvintes realmente entenderam quando as palavras foram proferidas.

Antes de tentar impor às Escrituras Sagradas um sentido científico, racionalizado ou amenizado, é necessário voltar o olhar ao seu público original. As palavras ditas por Jesus não foram proferidas ao acaso, nem escolhidas com imprecisão. Cada termo carregava um peso cultural, religioso e imaginário que os ouvintes de sua época compreendiam de imediato. A comunicação, afinal, não se esgota no momento da emissão: ela se completa na recepção. Aquilo que o povo entendeu no instante em que escutou a profecia revela o verdadeiro alcance da mensagem.

Quando o Evangelho de Lucas fala, em aramaico, de “terrores” e “grandes sinais vindos do céu”, não está sugerindo fenômenos naturais descritos pela ciência moderna, mas evocando imagens vivas e temidas pelo coração do homem antigo. Para os camponeses, pescadores e escribas do séc. I, a menção a sinais celestes significava o aparecimento de criaturas monstruosas, exércitos flamejantes, anjos caídos e bestas aladas — realidades sobrenaturais que faziam parte do repertório apocalíptico de sua tradição. A mensagem era clara, direta e aterradora: algo além do humano, vindo do alto, se manifestaria para anunciar o juízo.

Portanto, se quisermos ser fiéis ao texto, devemos suspender nossas lentes modernas e olhar como eles olharam. É nesse choque de recepção, nessa escuta marcada pelo temor e pelo imaginário apocalíptico, que reside o verdadeiro sentido da profecia.

1. Texto original do Evangelho de Lucas

  • Por consenso, entende-se que o Evangelho de Lucas, como os demais evangelhos canônicos, teria sido composto em grego koiné, a língua comum do Império Romano no século I.

  • Afinal, os manuscritos mais antigos que temos de Lucas são todos em grego (papiros como P^4, P^45, P^75, e os grandes códices como o Sinaítico e o Vaticano).

2. Traduções antigas

Apesar de ter sido supostamente escrito em grego, cedo o evangelho de Lucas teria sido traduzido para outras línguas:

  • Siríaco/Aramaico (as versões conhecidas como PeshittaCuretoniana e Sinaítica). Essas são traduções para o aramaico siríaco, feitas provavelmente nos séculos II–IV.

  • Latim (a Vetus Latina e depois a Vulgata de Jerônimo). A Vetus Latina foi uma coleção de traduções latinas da Bíblia que datam do século II d.C., precedendo São Jerônimo. A Vulgata, a tradução latina da Bíblia por São Jerônimo, foi iniciada em 382 d.C., e ele a concluiu por volta de 405 d.C., após trabalhar em textos originais em hebraico e aramaico, além das traduções gregas existentes. 

  • Copta (usada no Egito). A Bíblia Copta é a tradução das Escrituras Sagradas para a língua copta, o último estágio da língua egípcia, que se tornou o vernáculo do Egito durante o período cristão. As primeiras traduções coptas surgiram no século 3 d.C., a partir de manuscritos gregos, e incluem o Novo Testamento em diferentes dialetos, como o saídico e o boárico. Estas versões são importantes para entender o texto grego da época e são usadas principalmente pela Igreja Ortodoxa Copta.

3. Hebraico

  • Não há manuscritos antigos de Lucas em hebraico.

  • No entanto, na Idade Média alguns judeus messiânicos e tradutores cristãos produziram versões hebraicas dos evangelhos (ex.: a tradução de Shem-Tov no século XIV, dentro de seu polêmico tratado Eben Bohan). Essas versões, porém, são baseadas no texto grego/latino, não no original.

4. Conclusão parcial

  • Aramaico (siría­co): sim, existem versões antigas de Lucas, preservadas em manuscritos como a Peshitta.

  • Hebraico: não há versão antiga disponibilizada pelo Vaticano; apenas traduções medievais ou modernas a partir do grego ou latim.

  • O texto original de Lucas, aceito por praticamente todos os especialistas, subordinados a Roma, é em grego koiné.

Texto siríaco (Peshitta) — Lucas 21:11

ܘܙܰܘܥܶܐ ܪܰܘܪܒ݂ܶܐ ܢܶܗܘܽܘܢ ܒ݁ܕ݂ܽܘܟ݁ܳܐ ܕ݁ܽܘܟ݁ܳܐ ܘܟ݂ܰܦ݂ܢܶܐ ܘܡܰܘܬ݁ܳܢܶܐ ܘܢܶܗܘܝܳܢ ܕ݁ܶܚܠܳܬ݂ܳܐ ܘܣܽܘܪܳܕ݂ܶܐ ܘܳܐܬ݂ܘܳܬ݂ܳܐ ܪܰܘܪܒ݂ܳܬ݂ܳܐ ܡܶܢ ܫܡܰܝܳܐ ܢܶܬ݂ܚܰܙܝܳܢ ܘܣܰܬ݂ܘܶܐ ܪܰܘܪܒ݂ܶܐ ܢܶܗܘܽܘܢ ܀ Dukhrana

Sentido das palavras-chave

  • ܙܘܥܐ (zuʿe): terremotos, abalos. Dukhrana

  • ܟܦܢܐ (kafnē): fomes. Dukhrana

  • ܡܘܬܢܐ (mawtanē): pestes/pragas. Dukhrana

  • ܕܚܠ̈ܬܐ (deḥlātā): terrores, coisas assustadoras. Dukhrana

  • ܣܘܪ̈ܕܐ (surdē): pânicos/alarme/assombros (outros tradutores vertem “trepidações”, “portentos alarmantes”). Dukhrana

  • ܐܬ̈ܘܬܐ ܪ̈ܒܬܐ (ʾātawātā rūrbatā): grandes sinais (portentos) do céu. Dukhrana

  • ܣܬ̈ܘܐ ܪ̈ܒܐ (satwē rūrbe): “grandes invernos/temporal”, lido por muitos como grandes tempestades (frase presente na Peshitta e refletida por tradutores clássicos). Dukhrana

Traduções possíveis (português natural)

  1. Haverá grandes terremotos em vários lugares, fomes e pestes; e haverá terrores e grandes sinais vindos do céu; e grandes tempestades acontecerão.” Dukhrana

  2. “Grandes abalos ocorrerão de lugar em lugar, com fome e epidemias; surgirão coisas assustadoras e grandes sinais do céu; e haverá invernos rigorosos.” Dukhrana

  3. “Terremotos poderosos haverá em diversos lugares, e fomes e pragas; e haverá assombros/pânicos e sinais grandiosos do céu; e fortes temporais.” Dukhrana

Como os tradutores da Peshitta vertem

  • Etheridge: “… haverá portents (‘portentos’) e terrors (‘terrores’)… e great tempests.” Dukhrana

  • Murdock: “… terrors e trepidations (‘trepidações’)… great tempests.” Dukhrana

  • Lamsa: “… alarming sights (‘visões alarmantes’)… e os invernos serão severos.” Dukhrana

Observação: edições on-line do texto siríaco de Lc 21 mostram a mesma linha geral, inclusive a cláusula final sobre “grandes invernos/tempestades”, que não aparece no texto grego padrão, mas está na Peshitta. Você pode conferir o verso em siríaco aqui também. catholiclibrary.orgqbible.com

O texto aramaico/siríaco de Lucas 21:11 fala em ܕܚܠ̈ܬܐ (deḥlātā) = “terrores, coisas que causam pavor” e ܐܬ̈ܘܬܐ ܪ̈ܒܬܐ (ātawātā rūrbatā) = coisas vivas, apavorantes, monstruosas, vindas do céu. Ou seja: aparições aéreas ou celestes que apavoram quem as vê.

É por isso que intérpretes bíblicos fiéis enxergam nessas “coisas aterradoras” manifestações espirituais — aparições angélicas de juízo, potestades sendo abaladas (Lucas 21:26 fala de homens desmaiando “pelo terror do que vem sobre o mundo, pois os poderes dos céus serão abalados”). Resumindo: a palavra aramaica permite uma amplitude: tudo que vem “de cima” e gera espanto ou pavor coletivo.

Assim, sem amenizar as possibilidades e não nos deixando influenciar pela tradição e a conspiração dos tradutores católico-romanos ao longo dos séculos, encontramos o real o sentido de Lucas 21:11. Afinal, não poderíamos impor significados novos àquilo que era o pensamento da época. Em respeito, às Escrituras Sagradas, não devemos nem aceitamos criar explicações científicas tranquilizadoras para textos religiosos de advertência.

O que fizemos foi mergulhar no sentido que o texto aramaico transmitia no mundo do século I, sem “amenizar”, sem racionalizações científicas modernas e sem seguir a linha suavizada de traduções ao longo da tradição eclesiástica.

Lucas 21:11 na Peshitta (aramaico siríaco)

O verso diz que haverão:

  • ܕܚܠ̈ܬܐ (deḥlātā) → terrores, coisas apavorantes.

  • ܐܬ̈ܘܬܐ ܪ̈ܒܬܐ (ʾātawātā rūrbatā) → sinais grandiosos, prodígios.

  • Ambos “vindos do céu” (min shmayā).


O que isso significava para a mentalidade da época

No mundo judaico e mediterrâneo do séc. I, “sinais no céu” não eram metáforas abstratas nem meros eclipses: eram aparições sobrenaturais, entendidas como intervenção direta do divino ou manifestação de forças cósmicas hostis. O medo era real e literal.

Exemplos do imaginário antigo:

  • Criaturas celestes: dragões voadores, serpentes flamejantes, bestas aladas vistas como mensageiros de destruição.

  • Exércitos nos céus: relatos apocalípticos de “cavalos e carros de fogo” atravessando as nuvens (como em 2 Reis 6:17 e escritos intertestamentários).

  • Anjos caídos / vigilantes: tradição de 1 Enoque, conhecida na época, falava de seres celestes monstruosos que poderiam voltar a se manifestar como presságio do juízo.

  • Portentos luminosos: colunas de fogo, tochas voadoras, chamas descendo do firmamento — entendidas como “sinais de guerra” ou de aproximação do fim.


O impacto para quem ouviu Jesus

Quando Jesus disse que haveria “terrores do céu”, o ouvido do camponês, do pescador e até do escriba do século I não imaginava “fenômenos naturais”.
Eles ouviram como:

  • Monstros celestes aparecerão.

  • Exércitos do alto descerão contra a terra.

  • Criaturas apavorantes serão vistas nas nuvens.

Essas imagens se encaixavam de forma imediata na mentalidade apocalíptica já presente na literatura apocalíptica judaica:

  • Daniel 7 → bestas saindo do mar, mas também dominando sob o céu.

  • 1 Enoque → visões de astros como seres vivos, gigantes, anjos monstruosos presos que se soltam.

  • Oráculos Sibilinos (textos judaico-helenistas) → descrevem horrores no céu, como tochas flamejantes e bestas voadoras.


Tradução mais crua do aramaico de Lucas 21:11

“E haverá grandes terremotos em muitos lugares, e fomes e pestes. E aparecerão terrores [coisas que farão tremer de pavor], e grandes sinais monstruosos virão do céu, e tempestades imensas acontecerão.”


Ponto-chave

O aramaico permite e até exige essa leitura de coisas vivas, apavorantes, monstruosas, vindas do céu — não apenas “fenômenos”. O que Jesus anuncia é uma invasão do sobrenatural no firmamento, sinais que fariam os homens cair de medo (Lc 21:26).

Monstros e Aparições Celestes no Pensamento Judaico-Apocalíptico

Abaixo, temos uma lista dos “monstros do céu” e aparições aterradoras que faziam parte do imaginário judaico-apocalíptico da época de Jesus. Tudo isso é o pano de fundo que um ouvinte do séc. I poderia associar imediatamente a Lucas 21:11 na versão aramaica (“coisas vivas, apavorantes, monstruosas, vindas do céu”).

1. Dragões e Serpentes do Firmamento

  • Inspirados no Leviatã (Isaías 27:1; Salmo 74:13-14).

  • Eram vistos como serpentes aladas ou dragões cósmicos que poderiam atravessar os céus trazendo destruição.

  • No imaginário, podiam cuspir fogo ou devorar os astros.

2. Exércitos de Fogo no Céu

  • 2 Reis 6:17 descreve carros e cavalos de fogo no monte.

  • Tradições apocalípticas ampliaram essa imagem: exércitos inteiros surgindo no firmamento como presságio de guerra.

  • O povo entendia isso como anjos guerreiros ou seres monstruosos descendo em massa.

3. Anjos Caídos (Vigilantes)

  • Do Livro de Enoque, conhecido entre judeus do período.

  • Seres celestes que se rebelaram e foram presos no abismo, mas cuja libertação era temida no fim dos tempos.

  • Associados a formas híbridas, deformadas, capazes de aparecer no céu como gigantes ou criaturas deformadas.

4. Bestas Aladas

  • Inspiradas em visões de Daniel 7 (quatro bestas emergindo e dominando sob o céu).

  • As descrições mesclavam animais predatórios (leão, urso, leopardo, besta indescritível) com asas, chifres e dentes de ferro.

  • Eram presságios de impérios, mas também entendidos literalmente como criaturas cósmicas.

5. Estrelas-Vivas

  • Em 1 Enoque, os astros são seres angelicais vivos. Alguns se rebelaram e foram acorrentados.

  • Se libertos, apareceriam como “estrelas caindo do céu” — seres brilhantes e monstruosos precipitando-se sobre a terra.

  • O povo do séc. I não via estrelas apenas como bolas de fogo distantes, mas como entidades espirituais.

6. Portentos Flamejantes

  • Colunas de fogo, tochas voadoras, labaredas no céu.

  • Oráculos Sibilinos descrevem sinais como “espadas flamejantes” vistas nos ares.

  • Para o povo: armas celestes vivas pairando sobre as cidades, prenúncio de destruição.

7. Sombras e Aparições Demoníacas

  • Alguns textos falam de figuras negras, espectrais aparecendo nos céus.

  • Isso incluía formas gigantescas, como se deuses hostis ou espíritos deformados se mostrassem nas nuvens.

  • Eram presságios de pragas e guerras.


Resumo

Quando Jesus, em aramaico, disse que viriam “terrores” e “coisas vivas, apavorantes, monstruosas, vindas do céu”, para os ouvintes originais isso podia significar:

  • Dragões e serpentes flamejantes,

  • Exércitos monstruosos alados,

  • Anjos caídos libertos,

  • Bestas híbridas como as de Daniel,

  • Estrelas vivas despencando,

  • Armas flamejantes e tochas no firmamento,

  • Sombras gigantescas e demoníacas sobre as nuvens.

Essas eram as imagens que ecoavam diretamente na tradição apocalíptica judaica. Nada de suavização: o texto prometia literalmente horrores celestes, capazes de fazer os homens desmaiarem de medo (Lucas 21:26).

O Céu que se Rasga

Não se tratava de metáforas inofensivas, nem de linguagem figurada para ser suavizada pelos séculos. Quando o Mestre anunciou que viriam terrores e “coisas vivas, apavorantes, monstruosas, vindas do céu”, cada ouvinte visualizou com clareza o que estava em jogo. O céu, até então símbolo de ordem e estabilidade, seria rasgado para revelar horrores ancestrais. Dragões flamejantes, anjos rebeldes, bestas de asas descomunais e exércitos de fogo desceriam como prenúncio do fim.

Era assim que o povo entendia — e era assim que deveria ser entendido. Não havia espaço para interpretações frias ou explicações científicas: a mensagem não era para naturalistas futuros, mas para homens e mulheres que tremiam ao ouvir o trovão e viam nos astros sinais vivos do Altíssimo. A profecia foi entregue em imagens que os abalariam até os ossos, para que soubessem que o tempo da decisão se aproximava.

O Evangelho não se dissolve em metáforas abstratas. Ele fala com a linguagem do medo e da esperança, mostrando que o firmamento não é apenas cenário, mas palco do juízo. O céu não é silencioso; é habitado, e no dia marcado mostrará seus monstros.

Conclusão

O material que apresentamos hoje não é um exercício de imaginação moderna, mas uma tentativa de recuperar a força do texto tal como soou nos ouvidos do primeiro século. As palavras de Jesus, preservadas no aramaico da Peshitta, não eram vagas nem imprecisas. Elas convocavam o ouvinte a ver, no horizonte do céu, a chegada de terrores literais: dragões, exércitos flamejantes, anjos caídos, bestas aladas, estrelas-vivas e tochas ardentes que riscariam os ares como presságio do juízo.

Este pôster, com a lista dos Monstros e Aparições Celestes, serve como um mapa visual dessa recepção antiga. Ele mostra como a audiência do evangelho entendia imediatamente a mensagem: não como metáfora científica ou alegoria amenizada, mas como realidade apavorante. O céu, para eles, era habitado e prestes a se abrir em espanto.

Assim, ao olhar para essas imagens e ler estas palavras, lembre-se: o Evangelho falava para homens e mulheres que conheciam a noite estrelada não como cenário romântico, mas como abismo de forças ocultas. É nessa chave de recepção que a profecia deve ser lida, pois foi nesse temor, e não em interpretações posteriores, que a comunicação se cumpriu.

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