Você se lembra da linguagem utilizada no filme A Paixão de Cristo, produzido por Mel Gibson? Aquela sonoridade estranha, dura e ao mesmo tempo solene, era o aramaico — a língua falada por Jesus Cristo e por seus discípulos. Foi nesse idioma que seus ensinamentos ecoaram pela primeira vez, antes de qualquer tradução ou adaptação posterior.
Por isso, pensamos em vários possíveis títulos e subtítulos para chamar sua atenção para este texto:
Sugestões de Títulos
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“Monstros do Céu: O Evangelho Esquecido de Lucas 21:11”
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“Terror nas Alturas: O Que Jesus Realmente Disse Sobre os Últimos Dias”
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“Sinais do Firmamento: Dragões, Anjos Caídos e Bestas Aladas no Evangelho”
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“O Céu se Rasga: A Profecia de Jesus em Sua Língua Original”
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“Lucas 21:11 em Aramaico: Os Monstros que Tradutores Tentaram Silenciar”
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“O Horror Vindouro: Terrores e Grandes Sinais no Céu”
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“Quando o Firmamento se Abre: O Cristo que Anunciou Criaturas Apavorantes”
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“Não Fenômenos Naturais, mas Monstros Celestes: A Palavra Direta de Jesus”
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“A Verdade Escondida de Lucas 21:11: O Céu Habitado por Criaturas do Juízo”
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“O Evangelho que Amedrontava: Os Sinais Apocalípticos que o Céu Revelará”
Sugestões de Subtítulos
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“Não eram metáforas: o povo do século I entendia literalmente monstros descendo do céu.”
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“O aramaico revela terrores e sinais que as traduções modernas suavizaram.”
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“Dragões, anjos caídos e bestas flamejantes eram a imagem clara da profecia.”
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“O Evangelho não falava de eclipses, mas de horrores celestes.”
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“O céu não é vazio: é palco do juízo e abriga criaturas apavorantes.”
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“Palavras escolhidas para serem compreendidas — e temidas — pelos ouvintes de Jesus.”
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“Lucas 21:11 na Peshitta mostra o que tradutores tentaram ocultar.”
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“A profecia foi dita em aramaico, a língua viva de Cristo e de seus discípulos.”
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“Quem ouviu no primeiro século não pensou em ciência, mas em monstros.”
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“A noite estrelada era para eles um abismo habitado, e não um cenário romântico.”
Quando abrimos a Bíblia em português, o texto que temos diante dos olhos é apenas uma tradução que pode ser amenizada, tendenciosa ou superficial. Por isso, convém pesquisar e estudar o sentido real do texto original, que traz de volta a força e o temor com que as palavras foram recebidas pelos primeiros ouvintes.
Buscamos a tradução siríaco-aramaica do Evangelho de Lucas porque ela preserva, com maior proximidade, a sonoridade e o imaginário da língua que Jesus e seus contemporâneos falavam no cotidiano. O grego koiné foi a língua da redação final do texto, mas o aramaico era a língua do coração, da praça, da sinagoga, da profecia viva.
Ao retornar ao texto da Peshitta, encontramos em Lucas 21:11 expressões que não foram diluídas por séculos de versões suavizadas: “ܕܚܠ̈ܬܐ — terrores” e “ܐܬ̈ܘܬܐ ܪ̈ܒܬܐ — grandes sinais do céu”. O resultado dessa pesquisa mostra que Jesus não falava de fenômenos triviais ou metáforas filosóficas, mas de aparições que seriam vistas como coisas apavorantes, sinais grandiosos e monstruosos descendo do firmamento.
Assim, ao recorrer ao aramaico, recuperamos o impacto original da mensagem, preservando o que seus primeiros ouvintes realmente entenderam quando as palavras foram proferidas.
Antes de tentar impor às Escrituras Sagradas um sentido científico, racionalizado ou amenizado, é necessário voltar o olhar ao seu público original. As palavras ditas por Jesus não foram proferidas ao acaso, nem escolhidas com imprecisão. Cada termo carregava um peso cultural, religioso e imaginário que os ouvintes de sua época compreendiam de imediato. A comunicação, afinal, não se esgota no momento da emissão: ela se completa na recepção. Aquilo que o povo entendeu no instante em que escutou a profecia revela o verdadeiro alcance da mensagem.
Quando o Evangelho de Lucas fala, em aramaico, de “terrores” e “grandes sinais vindos do céu”, não está sugerindo fenômenos naturais descritos pela ciência moderna, mas evocando imagens vivas e temidas pelo coração do homem antigo. Para os camponeses, pescadores e escribas do séc. I, a menção a sinais celestes significava o aparecimento de criaturas monstruosas, exércitos flamejantes, anjos caídos e bestas aladas — realidades sobrenaturais que faziam parte do repertório apocalíptico de sua tradição. A mensagem era clara, direta e aterradora: algo além do humano, vindo do alto, se manifestaria para anunciar o juízo.
Portanto, se quisermos ser fiéis ao texto, devemos suspender nossas lentes modernas e olhar como eles olharam. É nesse choque de recepção, nessa escuta marcada pelo temor e pelo imaginário apocalíptico, que reside o verdadeiro sentido da profecia.
1. Texto original do Evangelho de Lucas
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Por consenso, entende-se que o Evangelho de Lucas, como os demais evangelhos canônicos, teria sido composto em grego koiné, a língua comum do Império Romano no século I.
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Afinal, os manuscritos mais antigos que temos de Lucas são todos em grego (papiros como P^4, P^45, P^75, e os grandes códices como o Sinaítico e o Vaticano).
2. Traduções antigas
Apesar de ter sido supostamente escrito em grego, cedo o evangelho de Lucas teria sido traduzido para outras línguas:
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Siríaco/Aramaico (as versões conhecidas como Peshitta, Curetoniana e Sinaítica). Essas são traduções para o aramaico siríaco, feitas provavelmente nos séculos II–IV.
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Latim (a Vetus Latina e depois a Vulgata de Jerônimo). A Vetus Latina foi uma coleção de traduções latinas da Bíblia que datam do século II d.C., precedendo São Jerônimo. A Vulgata, a tradução latina da Bíblia por São Jerônimo, foi iniciada em 382 d.C., e ele a concluiu por volta de 405 d.C., após trabalhar em textos originais em hebraico e aramaico, além das traduções gregas existentes.
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Copta (usada no Egito). A Bíblia Copta é a tradução das Escrituras Sagradas para a língua copta, o último estágio da língua egípcia, que se tornou o vernáculo do Egito durante o período cristão. As primeiras traduções coptas surgiram no século 3 d.C., a partir de manuscritos gregos, e incluem o Novo Testamento em diferentes dialetos, como o saídico e o boárico. Estas versões são importantes para entender o texto grego da época e são usadas principalmente pela Igreja Ortodoxa Copta.
3. Hebraico
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Não há manuscritos antigos de Lucas em hebraico.
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No entanto, na Idade Média alguns judeus messiânicos e tradutores cristãos produziram versões hebraicas dos evangelhos (ex.: a tradução de Shem-Tov no século XIV, dentro de seu polêmico tratado Eben Bohan). Essas versões, porém, são baseadas no texto grego/latino, não no original.
4. Conclusão parcial
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Aramaico (siríaco): sim, existem versões antigas de Lucas, preservadas em manuscritos como a Peshitta.
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Hebraico: não há versão antiga disponibilizada pelo Vaticano; apenas traduções medievais ou modernas a partir do grego ou latim.
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O texto original de Lucas, aceito por praticamente todos os especialistas, subordinados a Roma, é em grego koiné.
Texto siríaco (Peshitta) — Lucas 21:11
ܘܙܰܘܥܶܐ ܪܰܘܪܒ݂ܶܐ ܢܶܗܘܽܘܢ ܒ݁ܕ݂ܽܘܟ݁ܳܐ ܕ݁ܽܘܟ݁ܳܐ ܘܟ݂ܰܦ݂ܢܶܐ ܘܡܰܘܬ݁ܳܢܶܐ ܘܢܶܗܘܝܳܢ ܕ݁ܶܚܠܳܬ݂ܳܐ ܘܣܽܘܪܳܕ݂ܶܐ ܘܳܐܬ݂ܘܳܬ݂ܳܐ ܪܰܘܪܒ݂ܳܬ݂ܳܐ ܡܶܢ ܫܡܰܝܳܐ ܢܶܬ݂ܚܰܙܝܳܢ ܘܣܰܬ݂ܘܶܐ ܪܰܘܪܒ݂ܶܐ ܢܶܗܘܽܘܢ ܀ Dukhrana
Sentido das palavras-chave
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ܙܘܥܐ (zuʿe): terremotos, abalos. Dukhrana
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ܟܦܢܐ (kafnē): fomes. Dukhrana
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ܡܘܬܢܐ (mawtanē): pestes/pragas. Dukhrana
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ܕܚܠ̈ܬܐ (deḥlātā): terrores, coisas assustadoras. Dukhrana
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ܣܘܪ̈ܕܐ (surdē): pânicos/alarme/assombros (outros tradutores vertem “trepidações”, “portentos alarmantes”). Dukhrana
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ܐܬ̈ܘܬܐ ܪ̈ܒܬܐ (ʾātawātā rūrbatā): grandes sinais (portentos) do céu. Dukhrana
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ܣܬ̈ܘܐ ܪ̈ܒܐ (satwē rūrbe): “grandes invernos/temporal”, lido por muitos como grandes tempestades (frase presente na Peshitta e refletida por tradutores clássicos). Dukhrana
Traduções possíveis (português natural)
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“Haverá grandes terremotos em vários lugares, fomes e pestes; e haverá terrores e grandes sinais vindos do céu; e grandes tempestades acontecerão.” Dukhrana
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“Grandes abalos ocorrerão de lugar em lugar, com fome e epidemias; surgirão coisas assustadoras e grandes sinais do céu; e haverá invernos rigorosos.” Dukhrana
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“Terremotos poderosos haverá em diversos lugares, e fomes e pragas; e haverá assombros/pânicos e sinais grandiosos do céu; e fortes temporais.” Dukhrana
Como os tradutores da Peshitta vertem
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Etheridge: “… haverá portents (‘portentos’) e terrors (‘terrores’)… e great tempests.” Dukhrana
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Murdock: “… terrors e trepidations (‘trepidações’)… great tempests.” Dukhrana
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Lamsa: “… alarming sights (‘visões alarmantes’)… e os invernos serão severos.” Dukhrana
Observação: edições on-line do texto siríaco de Lc 21 mostram a mesma linha geral, inclusive a cláusula final sobre “grandes invernos/tempestades”, que não aparece no texto grego padrão, mas está na Peshitta. Você pode conferir o verso em siríaco aqui também. catholiclibrary.orgqbible.com
O texto aramaico/siríaco de Lucas 21:11 fala em ܕܚܠ̈ܬܐ (deḥlātā) = “terrores, coisas que causam pavor” e ܐܬ̈ܘܬܐ ܪ̈ܒܬܐ (ātawātā rūrbatā) = coisas vivas, apavorantes, monstruosas, vindas do céu. Ou seja: aparições aéreas ou celestes que apavoram quem as vê.
É por isso que intérpretes bíblicos fiéis enxergam nessas “coisas aterradoras” manifestações espirituais — aparições angélicas de juízo, potestades sendo abaladas (Lucas 21:26 fala de homens desmaiando “pelo terror do que vem sobre o mundo, pois os poderes dos céus serão abalados”). Resumindo: a palavra aramaica permite uma amplitude: tudo que vem “de cima” e gera espanto ou pavor coletivo.