O Comovente Testemunho de Mais um Ex-Ancião da Ex-Igreja Verdadeira

Rogério Gouveia Maciel, de Cosmópolis, SP, é adventista há 36 anos. Adventista de quarta geração. Isto é, filho, neto e bisneto de adventistas, com vários pastores na família de sua mãe! Ele descobriu que havia algo errado com a doutrina da Trindade, ao se preparar para ministrar um estudo bíblico na igreja, antes de qualquer contato com o Adventistas.Com.

 

Ao final da chamada "semana santa" de 2002, não havia alguém para dirigir a classe de estudos que normalmente vem na seqüência desta semana. O evangelismo precisava ter uma seqüência. Numa reunião do trabalho missionário, como eu era o ancião conselheiro deste departamento, fui designado para dirigir uma série de estudos bíblicos que se estenderia por 18 semanas.

Dirigi os estudos durante todos os domingos que se seguiram, tendo sempre o cuidado de estudar antes as passagens bíblicas apresentadas, confirmando o sentido e os versos citados se realmente eram aqueles, pois já havia visto erros de impressão que causaram embaraços a alguns pregadores.

Inevitavelmente, conforme os estudos foram sendo realizados, chegou a vez de um estudo sobre Deus: Quem é Deus e como Ele é. Como sempre, fui investigar as passagens a fim de entendê-las e explicá-las. Fiquei confuso, pois os textos apresentados não diziam o que o estudo estava propondo.

Comecei a estudar o assunto sobre a Trindade e quanto mais estudava as passagens sugeridas, mais me convencia de que havia algo errado, mas não conseguia conciliar as idéias sobre o assunto e formar uma linha de raciocínio lógica.

Achei aquela estória do Santo Agostinho, que passeava na praia tentando entender Deus, etc... Bem, pensei, pode ser isto que esta acontecendo. Estou tentando entender o infinito com minha mente finita.

Mas no fundo eu sabia que não era isso. Havia algo errado que eu não compreendia mas não me deixava em paz. Resolvi estudar o assunto a fundo. Comecei a procurar pela Trindade na Bíblia e na literatura da igreja. Li o livro A Vinda do Consolador do Pastor Froom. Li outros livros da igreja, estudei as passagens apresentadas no manual da igreja, no livro estudos bíblicos e outros. Mas não encontrei a Trindade ali. Só um conjunto de textos fora do contexto.

 

Adventistas.Com

Foi em agosto ou setembro de 2002 que, procurando por sites sobre saúde, esbarrei em um site. Ao digitar a palavra adventista no Google, veio muito mais do que eu pretendia achar. Entre outros tinha um tal de adventistas.com. Pensei que se tratasse de um site oficial, mas logo vi que era exatamente o oposto.

Vi algumas denúncias sobre corrupção, mas que não me causaram nem espanto nem surpresa, pois já conhecia a apostila do Nicotra sobre o mal uso do dinheiro pela instituição. Já conhecia também o tal Livro de Praxes. Mas vi um título que me chamou a atenção, pois versava sobre o assunto que eu buscava respostas. Comecei a ver o que os tinham a dizer, e descobri toda a história da entrada da Trindade no cristianismo e na nossa igreja.

Não me lembro de uma decepção maior em minha vida. Nasci adventista. Sou a quarta geração de adventistas. Existem muitos pastores por parte da família de minha mãe. Sempre acreditei nesta igreja e que ela tinha toda a verdade. Cria que sua missão era a restauração da verdade conforme é ela apresentada na Bíblia. Até então não havia encontrado nada que desabonasse sua posição.

Mas agora tudo em que eu acreditava tinha desmoronado. Conhecendo varias doutrinas, sempre soube o quão longe da verdade elas estão. Tinha certeza de estar no caminho certo, mas agora isso não era mais verdade.

A dor foi intensa, quase entrei em colapso. Creio que foi só pelo poder de Deus que atravessei a esta crise.

 

O último sermão

Fui escolhido como primeiro ancião de minha igreja para o ano de 2003. O peso da responsabilidade estava sobre mim. Não podia deixar de dizer a minha igreja o que estava acontecendo. Mas como dizer? Orei pedindo orientação.

Passaram-se 5 meses. A luta foi cruenta. Eu sabia que depois que eu falasse minha voz seria silenciada. Estava acompanhando a história de outros irmãos que estavam sendo excluídos da igreja por este mesmo motivo. Por isso tinha que dar o recado de uma forma que fosse entendido em apenas uma vez.

No sábado dia 17/05/2003, era minha vez na escala de pregação. Neste dia solicitei a escola sabatina que encerrasse sua atividade 10 minutos mais cedo. Portanto, assumi o púlpito as 10:20 daquele sábado. Meu sermão, que normalmente não ultrapassava meia hora de duração, estendeu-se naquele dia até 12:15. Foi a última vez que estive em um púlpito. Terminei de me despedir dos irmãos as 12:30. Cheguei em casa as 12:45.

Antes das 13:00 daquele sábado um outro ancião que tinha ido pregar em outra igreja de nossa cidade me ligava dizendo que o Pastor o havia contatado e solicitado uma reunião de comissão para o domingo e que eu estava sendo convocado. Não fui disciplinado, mas foi-me solicitado que me afastasse das minhas funções de ancião até que fosse solucionado ocaso.

Foi proposto pelo pastor uma serie de estudos comigo, a fim de modificar minhas idéias. Entramos num acordo: Eu não falaria sobre o assunto com ninguém durante os estudos até que se chegasse a uma conclusão.

 

"A última chance"

O Pastor veio apenas uma vez a minha casa e me deixou o livro evangelismo e um dicionário de teologia do novo testamento para que eu estudasse. Através do dicionário descobri que a palavra Espírito, derivada de pneuma no grego tem tantos significados quantas são as vezes em que ela aparece na Bíblia.

Na verdade descobri que muitas das passagens alegadas como provas da Trindade são demonstradas como tendo qualquer significado, menos a comprovação de uma divindade triúna. (Oportunamente mandarei um estudo sobre o tema para publicação neste site.)

Enquanto isto, na igreja iniciou-se uma série de estudos em três quartas feiras com o Pastor Valiante.

Depois disto, tive um encontro com o Pastor Ivanaudo, no UNASP de Engenheiro Coelho, o qual me deu um exemplar de sua apostila sobre a Trindade, partes da qual já foram publicadas neste site.

Há cerca de um mês, o Pastor de minha igreja, juntamente com o Pastor Vilmur da APAC vieram conversar comigo a fim de me dar "a última chance". Foi me emprestado o livro A Trindade para que eu visse a coerência da doutrina da Trindade habilmente apresentada pelos teólogos da igreja.

Confesso aos irmãos que em todas as ocasiões, em todos os encontros, e na leitura de todo o material a mim passado, eu estava tentando encontrar a Trindade ou provas de sua veracidade bíblica.

Eu queria descobrir que estava enganado, então me retratar e voltar a exercer minhas funções na igreja verdadeira. Mas em cada um dos encontros e posteriores exames dos materiais apresentados, via que seus argumentos eram sempre os mesmos: ECHAD é unidade composta, MONOGENES não é único gerado, ELOYM é plural de Deus etc.

Nada concreto, nada bíblico. Meu prazo finalmente venceu. Sábado, 13/12/2003 a comissão se reuniu para ouvir minha posição sobre o assunto. Como não houve retratação, o caso foi imediatamente colocado em votação, e o veredicto foi o de exclusão.

Gostaria de dizer aqui aos irmãos que, apesar do resultado, o Pastor, bem como a comissão da igreja não agiu como tenho visto relatos de outros irmãos. Foi me dada oportunidade de explanar a minha posição. Não fui discriminado.

 

Tristeza

Tenho 36 anos de adventista, praticamente desde que nasci. Sou filho, neto e bisneto de adventistas. Continuo tentando ser um adventista, no sentido de aguardar a volta de nosso Senhor Jesus. Foi nesta igreja que aprendi que a única regra de fé são as Escrituras Sagradas. Foi nesta igreja que aprendi a conhecer as profecias e os sinais da iminente volta de Jesus.

Pessoas queridas de minha família foram à sepultura crendo ser esta a igreja verdadeira, portadora da verdade bíblica, aquela que restaurou as brechas e aplainou os terrenos. Mas estou sendo “punido” por colocar em prática tudo que aprendi durante todos estes anos.

Por isto, é com tristeza que hoje encerro este e-mail na condição de um ex-ancião da ex-igreja verdadeira.

Rogério Gouveia Maciel - Cosmópolis, Janeiro de 2004.

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