Cosmologia terraplanista bíblica no Evangelho de Lucas

À semelhança de Mateus e Marcos, Lucas também relata em seu Evangelho episódios importantes da vida e do ministério de Jesus Cristo, detalhando parcialmente Sua história com acontecimentos de antes de Seu nascimento até Sua Ascensão para o Céu. O autor é tradicionalmente identificado como “Lucas, o evangelista” e “São Lucas”, também chamado de “o médico amado” pelo apóstolo Paulo (Colossenses 4:14).

Logo no início de seu Evangelho, Lucas deixa claro que não testemunhou pessoalmente os fatos narrados na obra. Mas se apresenta como um pesquisador interessado em verificar a veracidade de tudo que se escreveu e foi dito a respeito de Jesus Cristo, apresentando um resumo fidedigno dos fatos. Assim, reconhece a dependência de registros anteriores e depoimentos de terceiros na produção de seu Evangelho.

Embora seja possível perceber em muitos detalhes o contexto judaico de toda a história de Jesus Cristo, Lucas escreveu seu Evangelho em grego koiné, como fez também Marcos. Mas, ao contrário de Mateus, que escreveu para judeus, seu público alvo foi especialmente os gentios de língua grega, aos quais procurou demonstrar aparentemente que o cristianismo não era uma seita exclusivamente judaica, mas uma religião mundial.

Lucas queria recomendar a pregação do evangelho ao mundo inteiro. Estudiosos afirmam que ele retrata o cristianismo como divino, respeitável, cumpridor da lei e internacional. Em seu Evangelho, a compaixão de Jesus se estende a todos os necessitados, as mulheres são valorizadas entre os seus seguidores, os samaritanos são elogiados em vez de desprezados e a salvação, cura e libertação são oferecidas também aos gentios. Lucas apresenta Jesus como o Filho de Deus e do homem, alguém que se compadece dos fracos, aflitos e marginalizados.

Lucas dedica seu Evangelho especificamente a Teófilo, cujo nome significa “aquele que ama a Deus”. Para os estudiosos, Teófilo seria uma pessoa de verdade e o mecenas (ou patrocinador do trabalho de pesquisa e publicação do livro) de Lucas. O adjetivo “excelentíssimo” pode indicar que Teófilo era uma pessoa de elevada posição. Mas o fato do evangelho ser dirigido a Teófilo não reduz nem limita seu propósito, pois evidentemente pode beneficiar a todos aqueles que, como Teófilo, amam a Deus.

A data da redação deste Evangelho é incerta. Uma minoria de eruditos situa a redação do Evangelho entre 37 e 61 da Era Cristã, supondo que a dedicação do livro de Lucas para o “excelentíssimo Teófilo” seja uma referência ao Sumo Sacerdote de Israel entre 37 e 41 depois de Cristo, identificado como Theophilus ben Ananus.

Tradicionalmente, a data de composição do Evangelho de Lucas é fixada antes dos eventos finais do livro de Atos, ou seja nos anos 59 e 63 da Era Cristã. Há também estudiosos críticos que colocam o Evangelho de Lucas entre os anos 80-90 no primeiro século.

Os Evangelhos de Lucas, Mateus e Marcos (conhecidos como Evangelhos Sinópticos) apresentam um alto grau de semelhança em suas apresentações do ministério de Jesus. Eles incluem as mesmas histórias, muitas vezes na mesma sequência e às vezes exatamente com as mesmas palavras.

A maioria dos estudiosos modernos concorda que Lucas usou o Evangelho de Marcos como uma de suas fontes e que também fez uso do Evangelho de Mateus ao compilar seu evangelho. Nesse caso, sendo verdade que Marcos foi escrito em torno da destruição de Jerusalém, cerca de 70, Lucas não teria sido escrito antes de 70.

Essa compreensão de que Marcos foi o primeiro dos evangelhos sinóticos escrito e que serviu de fonte para Mateus e Lucas é tida como fundamental para os estudos da crítica moderna. Para nós, neste texto, importa detectar o modelo cosmológico presente nesse terceiro Evangelho.

Cosmologia do Deus Altíssimo

Cosmologia Bíblica é o modelo cosmológico que pode ser reconstituído a partir das informações contidas na Bíblia sobre a origem e estruturação do Universo, como acontece no gráfico acima. é também chamada de “Cosmologia do Deus Altíssimo’, porque o coloca acima de toda a Sua criação e é o modelo revelado por Ele em Sua palavra, através de homens santos por Ele inspirados.  

Embora as legendas estejam inglês, não é difícil localizar alguns dos setores mencionados nas Escrituras, como as profundezas do Abismo, mundo inferior onde estão os pilares da Terra, o Sheol, inferno, Tártarus, lago de fogo, etc; a Terra plana, circundada pela água dos oceanos, limitada por um muro de gelo; o domo do firmamento, que separou as águas de cima das águas de baixo; o Primeiro Céu, espaço onde voam os pássaros e estão as nuvens; o Segundo Céu (“firmamento” ou domo), com suas janelas, onde foram fixados o Sol, a Lua e as estrelas no quarto dia da Criação; as águas de cima, e por fim, o Terceiro Céu, de onde virá a Nova Jerusalém, onde está Jesus Cristo, no santuário ao lado do trono do Deus Altíssimo, etc.

Entre um gráfico e outros da cosmologia bíblica, podem existir pequenas diferenças, mas o posicionamento do trono de Deus no ápice de toda essa estrutura confirma ser Ele o Deus Altíssimo, acima do qual não há nenhum outro e abaixo do qual nenhum outro pode ser adorado.

Uma rápida pesquisa mostra que Deus é chamado Altíssimo cerca de 57 vezes na Bíblia, dependendo da tradução, 48 delas no Antigo Testamento, sendo 22 vezes nos Salmos, 13 vezes no livro de Daniel e 4 vezes em Gênesis 14 e citações isoladas em outros livros. No Novo Tesamento, são nove vezes ao todo, 5 no Evangelho de Lucas, 2 em Atos, 1 em Marcos e mais uma em hebreus. Ou seja, Lucas é o escritor do Novo Testamento que mais refere a Deus como “o Altíssimo”.

Logo no primeiro capítulo do Evangelho, João Batista ainda bebê é apontado como futuro “profeta do Altíssimo”: 

“E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo, Porque hás de ir ante a face do Senhor, a preparar os seus caminhos.” — Lucas 1:76

No cântico dos anjos que saudaram o nascimento de Jesus Cristo, faz-se também referência à localização do trono do Deus Altíssio:

“Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens.” — Lucas 2:14

A preparação do caminho de Jesus Cristo feita por João Batista é comparada curiosamente a uma obra de transformação do relevo terrestre em “terra plana”:

“Segundo o que está escrito no livro das palavras do profeta Isaías, que diz: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; Endireitai as suas veredas. Todo o vale se encherá, E se abaixará todo o monte e outeiro; E o que é tortuoso se endireitará, E os caminhos escabrosos se aplanarão.” Lucas 3:4-5

Lucas está citando parte de Isaías 40, onde o profeta aponta a uma terra ainda mais plana como o modelo ideal para o Messias:

“Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus. Todo o vale será exaltado, e todo o monte e todo o outeiro será abatido; e o que é torcido se endireitará, e o que é áspero se aplainará.” — Isaías 40:3,4

Em outras traduções, como a King James Version Atualizada em português, a predileção divina pela terra plana como modelo fica ainda mais evidente:

“Há uma voz que clama: “Em meio à terra desértica preparai o caminho para Yahweh; na estepe, aplanai uma vereda para o nosso Deus! Seja entulhado todo o vale, todos os montes e colinas sejam aplanados; eis que os terrenos acidentados se tornarão planos; as escarpas serão niveladas.”

Esse capítulo 40 de Isaías é o que se refere ao formato circular da terra, coberto por uma abóbada sobre a qual está o trono do Deus Altíssimo:

“Porventura não sabeis? Porventura não ouvis, ou desde o princípio não se vos notificou, ou não atentastes para os fundamentos da terra? Ele é o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele o que estende os céus como cortina, e os desenrola como tenda, para neles habitar. — Isaías 40:21,22

“…Ele é o que está assentado em seu trono, acima da cúpula da terra, cujos habitantes são para ele como gafanhotos; ele é o que estende os céus como cortina e os desenrola como tenda para nela morar.” — KJV Atualizada

A palavra hebraica que é usada em Isaías 40:22 (chuwg) não implica de forma alguma em uma Terra esférica, globo, ou “redondeza”. O termo se refere a um compasso, dispositivo usado para desenhar um círculo e não formas em 3 dimensões. Isaías sabia perfeitamente a diferença entre um “círculo” e uma “bola” (duwr). Essa é a palavra que ele usa em Isaías 22:18 para se referir a uma “esfera”:

“Certamente com violência te fará rolar, como se faz rolar uma bola num país espaçoso…” — Isaías 22:18

Cosmologia bíblica aplicada no Evangelho de Lucas

1. Céus que se abrem e voz que se ouve o Céu:

“E aconteceu que, como todo o povo se batizava, sendo batizado também Jesus, orando ele, o céu se abriu; E o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como pomba; e ouviu-se uma voz do céu, que dizia: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.” — Lucas 3:21,22

2. Terra plana, não-esférica:

“E o diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo.” — Lucas 4:5

3. Céu, lugar da recompensa dos salvos:

“Folgai nesse dia, exultai; porque eis que é grande o vosso galardão no céu, pois assim faziam os seus pais aos profetas.” — Lucas 6:23

4. Salvos, filhos do Altíssimo:

“Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os ingratos e maus.” — Lucas 6:35

5. Aquele que separou as águas de cima das águas de baixo comj o firmamento, tem autoridade sobre os ventos e as águas:

“E, navegando eles, adormeceu; e sobreveio uma tempestade de vento no lago, e enchiam-se de água, estando em perigo. E, chegando-se a ele, o despertaram, dizendo: Mestre, Mestre, perecemos. E ele, levantando-se, repreendeu o vento e a fúria da água; e cessaram, e fez-se bonança. E disse-lhes: Onde está a vossa fé? E eles, temendo, maravilharam-se, dizendo uns aos outros: Quem é este, que até aos ventos e à água manda, e lhe obedecem?” — Lucas 8:23-25

6. Demônios reconhecem a cosmologia bíblica do Deus Altíssimo: 

“E, quando viu a Jesus, prostrou-se diante dele, exclamando, e dizendo com grande voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Peço-te que não me atormentes.” Lucas 8:28

Do mesmo modo que também sabem que Deus é um só e até estremecem (Tiago 2:19), Satanás e seus anjos reconhecem o modelo cosmológico bíblico. Isso fica bem evidente no planejamento frustrado do ex-Lúcifer, personificado em Isaías pelo rei de Babilônia:

“Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo.” — Isaías 14:12-15

7. O medo dos espíritos imundos de serem mandados ao abismo também confirma a cosmologia bíblica:

“E perguntou-lhe Jesus, dizendo: Qual é o teu nome? E ele disse: Legião; porque tinham entrado nele muitos demônios. E rogavam-lhe que os não mandasse para o abismo.” — Lucas 8:30,31

8. Ao orar, olhando para cima, Jesus sinaliza a localização de Deus, Seu Pai:

“E, tomando os cinco pães e os dois peixes, e olhando para o céu, abençoou-os, e partiu-os, e deu-os aos seus discípulos para os porem diante da multidão.” — Lucas 9:16

9. Jesus reconhecia três níveis na cosmologia bíblica, Céu, terra e inferno:

“E tu, Cafarnaum [terra], que te levantaste até ao céu, até ao inferno serás abatida.” — Lucas 10:15

10. Jesus reforça a queda de Satanás do terceiro céu para a terra:

“E disse-lhes: Eu via Satanás, como raio, cair do céu.” — Lucas 10:18

11. Jesus fala de Seu Pai como Senhor do Céu e da Terra:

“Mas, não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus. Naquela mesma hora se alegrou Jesus no Espírito Santo, e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste às criancinhas; assim é, ó Pai, porque assim te aprouve.” — Lucas 10:20,21

12. Jesus nos ensina a orar ao Pai que está no Céu e fazer Sua vontade na terra:

“E ele lhes disse: Quando orardes, dizei: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra, como no céu.” — Lucas 11:2

“Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” — Lucas 11:13

13. Jesus também se refere aos “confins da terra”, o que não condiz com um mundo esférico:

“A rainha do sul se levantará no juízo com os homens desta geração, e os condenará; pois até dos confins da terra veio ouvir a sabedoria de Salomão; e eis aqui está quem é maior do que Salomão.” — Lucas 11:31

14. Jesus menciona igualmente a fundação ou colocação dos fundamentos do mundo:

“Para que desta geração seja requerido o sangue de todos os profetas que, desde a fundação do mundo, foi derramado.” — Lucas 11:50

15. Jesus alerta que devemos temer Aquele que nos pode lançar no inferno:

“Mas eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei.” — Lucas 12:5

16. Jesus recomenda que ajuntemos tesouros nos Céus:

“Vendei o que tendes, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói. Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração.” — Lucas 12:33,34

17. Jesus recrimina a mera observação do Céu sem a percepção da cosmologia bíblica:

“E dizia também à multidão: Quando vedes a nuvem que vem do ocidente, logo dizeis: Lá vem chuva, e assim sucede. E, quando assopra o sul, dizeis: Haverá calma; e assim sucede. Hipócritas, sabeis discernir a face da terra e do céu; como não sabeis então discernir este tempo?” — Lucas 12:54-56

18, O arrependimento do pecador é motivo de alegria no Céu:

“Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.” — Lucas 15:7

19. Jesus nos ensina a ser literalistas no estudo da Bíblia e sua cosmologia:

“E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei.” — Lucas 16:17

20. Jesus, com toda certeza, NÃO usaria uma mentira, ou estória, para ensinar verdades. Conhecedor da importância de Sua missão e mensagem, o Filho de Deus não arriscaria permitir a possibilidade de que, entre Seus ouvintes e gerações futuras, alguém pudesse entender como verdade uma “mentirinha branca” que saísse de Sua boca. Até porque, segundo Ele próprio, as palavras que dizia não eram Suas, mas de Seu Pai: “As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo.” (João 14:10)  Assim, temos de incluir um local, posição ou evento descrito por Cristo como “seio de Abraão” em nosso entendimento cosmológico, como já acontece no gráfico mostrado acima:

“Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente. Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele; E desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas.

“E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado. E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio

“E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.

“Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado.

“E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá.” — Lucas 16:29-26

Teólogos e membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia costumam se referir a esse relato como uma mera “parábola, da qual nem todos os detalhes podem ser interpretados literalmente”. George E. Ladd, citado por Alberto R. Timm no artigo Como interpretar a parábola do rico e Lázaro em Lucas 16:19-31?, “diz que essa história era provavelmente ‘uma parábola de uso corrente no pensamento judaico e não tenciona ensinar coisa alguma acerca do estado dos mortos’. (O Novo Dicionário da Bíblia [São Paulo: Vida Nova, 1962], vol. 1, p. 512).”

A escritora Ellen G. White, tida por muitos pastores e membros da IASD como profetisa, verbalmente inspirada, infalível e intérprete autorizada das Escrituras, embora essa não seja a posição oficial da denominação desde seus pioneiros, adota o posicionamento de que Jesus teria usado uma crença errônea dos judeus de Seu tempo para ensinar-lhes dezenas de verdades importantes que, por fim, anulariam o equívoco inicial:

“Nesta parábola Cristo Se acercava do povo no próprio terreno deles. A doutrina de um estado consciente de existência entre a morte e a ressurreição era mantida por muitos dos que ouviam as palavras de Cristo. O Salvador lhes conhecia as idéias e compôs Sua parábola de modo a inculcar verdades importantes em lugar dessas opiniões preconcebidas. Apresentou aos ouvintes um espelho em que se pudessem ver em sua verdadeira relação para com Deus. Usou a opinião predominante para exprimir a idéia de que desejava todos ficassem imbuídos.” — Parábolas de Jesus, pág. 263.

a) Local

De fato, estudiosos afirmam que, no período do primeiro templo judaico, Sheol no hebraico do Antigo Testamento, ou Hades na Septuaginta, é principalmente um lugar de “silêncio” para o qual todos os seres humanos vão depois de mortos. No entanto, durante ou mesmo antes do exílio na Babilônia, as idéias de atividade no “mundo dos mortos” começaram a entrar no judaísmo. 

Durante o período do Segundo Templo (aproximadamente 500 aC – 70 EC), o conceito de um “seio de Abraão” ocorre primeiramente em papiros judaicos que se referem ao “seio de Abraão, Isaac e Jacó”. Isso refletiria a crença de mártires judeus que morreram à espera de que: “depois de nossa morte Abraão, Isaac e Jacó irão receber-nos, e todos os nossos antepassados nos louvarão” (4 Macabeus 13:17).

Outras obras judaicas chegam a adaptar a imagem mitológica do Hades, o mundo dos mortos, para identificar uma área aprazível onde os justos mortos estão separados por um rio ou abismo, do fogo, onde sofrem os ímpios mortos. 

No Apocalipse (Pseudo-epígrafo) de Sofonias, por exemplo, o rio tem um barqueiro equivalente a Caronte, do mito grego, mas se trata de um anjo. Do outro lado, no “seio de Abraão”, estão os patriarcas de Israel:

“Porque tens triunfado sobre o acusador, e escapaste do abismo e do Hades. Agora hás de seguir por outra passagem, porquanto já o teu nome está escrito no Livro da Vida. Eu queria abraçá-lo, mas eu era incapaz de abraçar tão grande anjo, pois grande era a sua glória. Em seguida, ele se dirigiu aos justos, ou seja, a Abraão, Isaque, Jacó, Enoque, Elias e David. Ele lhes falava como um amigo que fala a outro amigo.” Págs. 9-10.

Nesse registro apócrifo, Abraão não está ocioso no mundo inferior. Atua como espécie de intercessor para aqueles que estão na parte ardente do Hades. No relato do Evangelho de Lucas, os justos ocupam um espaço próprio, que era distintamente separada por um abismo do local onde os ímpios eram colocados. O abismo é equivalente ao rio na versão judaica, mas na versão de Jesus Cristo não há barqueiro angelical, e é impossível passar de um lado para o outro.

Posteriormente, fontes rabínicas preservam vários vestígios dessa doutrina do seio de Abraão. Por volta de 1860, o Rabino Abraham Geiger, inclusive, sugeriu que a essa Parábola do Rico e Lazaro (Lucas 16:19-31) preserva uma lenda judaica, e que Lázaro, representou o servo de Abraão, Eleazar.

O livro pseudepigráfico em que Enoque descreve as viagens pelo cosmo, o Sheol é dividido em quatro seções: para os verdadeiramente justos, os bons, os medianamente iníquos que são punidos até serem libertados na ressurreição, e os completamente iníquos em suas transgressões, os quais não receberão nem mesmo a misericórdia da ressurreição. No entanto, uma vez que o livro é atribuído a Enoque, que antecedeu Abraão, obviamente, o nome de Abraão não é mencionado.

Neste começo de interpretação da expressão “seio de Abraão” registrada no Evangelho de Lucas, nós a entendemos como referindo-se a um local, uma divisão de conforto dentro do Sheol do Antigo Testamento hebraico (ou Hades na versão Septuaginta de cerca de 200 aC, e no Novo Testamento grego), Nesse espaço aprazível do Sheol/Hades, os justos mortos aguardam o dia do julgamento.

b) Posição

Prosseguindo, outra possibilidade é entender a frase “foi levado pelos anjos para o seio de Abraão” como equivalente a Lázaro ser colocado próximo de Abraão, “ser posicionado junto ao peito ou colo de Abraão”. A palavra traduzida do texto grego por “seio” é kolpos , que significa também “colo”. Para estudiosos, isso pode estar relacionado com a prática do período do Segundo Templo de recostar para descansar ou comer refeições junto ao peito de um amigo, sem que isso tivesse qualquer conotação sexual apesar da proximidade física. 

“Ora, um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava, estava reclinado no seio de Jesus. Então Simão Pedro fez sinal a este, para que perguntasse quem era aquele de quem ele falava. E, inclinando-se ele sobre o peito de Jesus, disse-lhe: Senhor, quem é?” — João 13:23-25

No tempo de Jesus e assim deve ter sido na última ceia junto aos discípulos, quando pessoas sentavam à mesa, não se sentavam em cadeiras. Colocavam-se sobre esteiras ou travesseiros alongados (espécie de almofadas), e essa posição permitia que elas pudessem se inclinar e descansar a cabeça sobre o peito da pessoa que estava ao seu lado. Assim, quem sentava ao lado, estava no seio da pessoa, podendo descansar sobre o ombro ou sobre o peito desta.

Entenda bem: Os convidados posicionavam-se sobre seu lado esquerdo, com um travesseiro para apoiar o cotovelo esquerdo, ficando a mão direita livre. Usualmente, três pessoas ocupavam o mesmo sofá, mas podia haver até cinco pessoas. A cabeça de cada uma ficava perto ou encostada como que no peito, ou seio, da pessoa atrás dela.

Quem não tinha ninguém atrás de si era considerado como ocupando a posição mais elevada, e quem estava na frente dele, a segunda posição de honra. Visto que os convidados estavam assim perto uns dos outros, era costume que amigo fosse colocado junto de amigo, o que tornava bastante fácil manter uma conversa confidencial quando desejado. Ocupar essa posição junto ao seio de outro num banquete significava realmente ocupar um lugar de favor especial perto dele.

Assim, o apóstolo João, que Jesus amava muito, “estava reclinado no seio de Jesu”, e nesta posição, “inclinando-se ele sobre o peito de Jesus”, fez-Lhe em particular uma pergunta, na celebração da última Páscoa. Por isso, o próprio João, ao descrever a posição bem especial de favor usufruída por Jesus, descreveu-O, dizendo:

“Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou.” — João 1:18

Do mesmo modo, na ilustração de Jesus, Lázaro foi levado para a posição “junto ao seio de Abraão”, indicando que este mendigo, por fim, passou a ocupar uma posição de favor especial junto a alguém que lhe era superior.

Essa proposta de compreensão do “seio de Abraão” como uma posição metafórica de aconchego e proximidade com o patriarca foi formulada principalmente por Johhannes Maldonatus, também conhecido como Juán de Maldonado, exegeta e teólogo espanhol, nascido em Casas de la Reina, Estremadura, em 1534 e falecido em Roma, em 5 de janeiro de 1583.

Após seus estudos em Salamanca (1547-1558) e Roma (1558-1562), tornou-se jesuíta (1562) e foi ordenado (1563). Depois de ter ensinado filosofia no Colégio Romano (1563) e em Paris (1564-1565), foi professor de teologia em Paris durante nove anos (1565-1574).

Durante os primeiros cinco anos, Maldonatus lecionou da maneira tradicional, comentando as Sentenças de Pedro Lombardo, filósofo escolástico do século XII, que compilou textos bíblicos e frases (sentenças) de Padres da Igreja e outros pensadores medievais que juntos compõem uma detalhada exposição da teologia cristã da época. Mas, em 1570, iniciou seu próprio curso teológico original.

Seu ensinamento foi interrompido em 1574 pela acusação dos professores de Sorbonne de que ele teria negado a doutrina da Imaculada Conceição de Maria. Embora defendido pelo arcebispo de Paris, Pierre de Gondi, pelo núncio papal e pela Santa Sé, retirou-se para Bourges e lá compôs seus célebres comentários sobre os quatro Evangelhos, muito valorizados até os tempos modernos.

Tendo servido por um período (1578-1580) como visitante da Companhia de Jesus na França, ele foi chamado a Roma em 1581 por Gregório XIII para trabalhar na edição crítica da Septuaginta. Nesse período, ele também colaborou na coordenação estudantil jesuíta.

De acordo com o jesuíta Maldonatus, cuja teoria já foi aceita por muitos estudiosos, a metáfora “estar no seio de Abraão” seria derivada do costume de reclinar-se em sofás à mesa, que prevaleceu entre os judeus durante e antes do tempo de Jesus. 

Também era considerado pelos judeus de antigamente uma forma de honra e favor especial para alguém ser autorizado a deitar-se no seio do mestre da festa, e é por essa ilustração que retratavam o mundo vindouro. Eles conceberam a recompensa dos justos mortos como uma participação em um banquete dado por Abraão, “o pai dos fiéis”. E da forma ainda mais elevada estando na proximidade do “seio de Abraão”.

Assim, a atitude abraâmica corresponderia, nos dias de hoje, ao costume paterno universal de pegar os filhos em seus braços, ou colocá-los ao colo sobre joelhos, quando estão cansados, ou voltar para casa e permitir-lhes descansar ao seu lado durante a noite, para que desfrutem de descanso e segurança no seio de um pai amoroso. Do mesmo modo, Abraão deveria agir em favor de seus filhos ou descendentes, depois das fadigas e dos problemas desta vida, Neste caso, a expressão “estar no seio de Abraão” significaria estar em repouso e felicidade junto dele.

Estar no “seio de Abraão” seria então mais que estar em um lugar aprazível e silencioso, enquanto aguardamos a ressurreição. É estar numa posição de repouso (o verdadeiro Shabbãth), descanso e refrigério em Deus. E é para essa condição que vão todos os justos após a morte na terra e ficam aguardando o tão esperado “Dia do Senhor”. 

O perigo de se adotar essa compreensão para o “seio de Abraão” será posteriormente começar a desliteralizar outros termos cosmológicos e entender, por extensão, o Céu como mera proximidade de Deus e o Inferno, como ausência ou distanciamento dEle, e assim por diante.

c) Evento final

O termo “seio de Abraão” ocorre apenas nessa passagem do evangelho de Lucas. O Lázaro Leproso é levado pelos anjos para esse destino após a morte. O “seio de Abraão” contrasta com o destino de um homem rico que acaba no Hades. Como já dissemos, o relato corresponde de perto às crenças judaicas documentadas do primeiro século de que os mortos estariam reunidos em um local de permanência geral, equivalente ao Sheol do Antigo Testamento.. 

A parte ígnea, ou com chamas ardentes, do Hades grego (Sheol hebraico ) distingue-se do conceito bíblico de um local de silêncio (do Antigo Testamento, Novo Testamento e mesmo da Mishná, tradição oral dos rabinos judeus). Essa concepção de lugar de punição através do fogo estaria mais relacionada ao Gehenna (hebraico Hinnom), que aparentemente se refere ao evento do Juízo Final. Ver Mateus 5: 29-30; 18:9 em diante e Marcos 9:42 .

Neste caso, em vez de um lugar específico ou posição de descanso e expectativa da ressurreição, Jesus teria se referido a eventos futuros sem mencioná-los especificamente na parábola:

“Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente. Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele; E desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas.

“E aconteceu que o mendigo morreu, e [após a ressurreição dos justos no juízo final] foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado. E [por ocasião da destruição final dos maus] no inferno, ergueu os olhos [para o Céu], estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio. 

“E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.

“Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora [após o juízo final] este é consolado e tu atormentado.

“E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá.” — Lucas 16:29-26

Nesta nossa proposta de compreensão do texto, a conversa entre o rico, Abraão e Lázaro ocorre após a aplicação das penas do juízo final. Desde modo, mantem-se a literalidade da parábola contada por Cristo e registrada por Lucas, preservando-se a cosmologia hebraica, a compreensão correta do estado dos mortos e a sequência escatológica bíblica dos eventos finais.

De volta à cosmologia terraplanista do Evangelho de Lucas

21. O céu da terra plana tem extremidades, o que não aconteceria num mundo esférico:

“Porque, como o relâmpago ilumina desde uma extremidade inferior do céu até à outra extremidade, assim será também o Filho do homem no seu dia.” — Lucas 17:24

22. Do Céu, Deus pode fazer chover fogo e enxofre e provocar destruição:

“Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos.” — Lucas 17:29

23. Jesus previu mudanças de cosmovisão que quase extinguiriam a fé nos últimos dias: 

“Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” — Lucas 18:8

Idêntica previsão sobre a quase extinção da fé, com mais detalhes relacionados à mudança da cosmologia cristã pelo poder papal, representado pelo chifre pequeno, foi dada ao profeta Daniel. Jesus a conhecia evidentemente! 

“E de um deles saiu um chifre muito pequeno, o qual cresceu muito para o sul, e para o oriente, e para a terra formosa. E se engrandeceu até contra o exército do céu; e a alguns do exército, e das estrelas, lançou por terra, e os pisou. E se engrandeceu até contra o príncipe do exército; e por ele foi tirado o sacrifício contínuo, e o lugar do seu santuário foi lançado por terra. E um exército foi dado contra o sacrifício contínuo, por causa da transgressão; e lançou a verdade por terra, e o fez, e prosperou.” — Daniel 8:9-12

“De um deles saiu um pequeno chifre, que logo cresceu em poder na direção do sul, do leste e da Terra Magnífica. Cresceu até alcançar o exército dos céus, e atirou na terra parte do exército das estrelas e os pisoteou. Tanto cresceu que chegou a desafiar o príncipe do exército; suprimiu o sacrifício diário oferecido ao príncipe, e o local do santuário foi destruído. Por causa da rebelião, o exército dos santos e o sacrifício diário foram dados ao chifre. Ele tinha êxito em tudo o que fazia, e a verdade foi lançada por terra.” —  Nova Versão Internacional

Ainda que não tenhamos condição neste momento de esmiuçar minuciosamente cada detalhe dessa profecia, é evidente que estava prevista uma ação devastadora do poder romano contra a cosmologia hebraica, nas referências aos exércitos dos céus, estrelas retiradas de sua posição e a destruição conceitual do lugar do santuário de Deus.

Pela adoção da nova cosmologia científica, o Céu, lugar da habitação e do santuário de Deus, logo acima do do domo do firmamento, não existe mais. com o fim do geocentrismo, a terra deixou de ser o foco principal da atenção de Deus. E nos tornamos poeira cósmica, num inexpressivo sistema solar na periferia de uma entre milhões de galáxias. Até o momento, o papado teve êxito em tudo o que fez e a verdade foi lançada por terra, com o apoio de pastores e teólogos ditos protestantes..

E a pregação demoníaca segue inclusive sendo cantada por gente que se imagina cristã:

Imagine que não haja Céus (o paraíso)
É fácil sem você tentar 
Nenhum inferno abaixo de nós 
Acima, somente o céu (atmosférico).
Imagine todas as pessoas
Vivendo (apenas) o dia de hoje…
Imagine não existir países
Não é difícil
Nada pelo que matar ou morrer
E nenhuma religião também…

24. Mas o Céu, existe, sim, de acordo com Jesus:

“Dizendo: Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no céu, e glória nas alturas.” — Lucas 19:38

“O batismo de João era do céu ou dos homens?” — Lucas 20:4

“E haverá em vários lugares grandes terremotos, e fomes e pestilências; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu.” — Lucas 21:11

25. Todos os níveis do modelo cosmológico bíblico. alterado pelo papado, serão usados por Deus para indicar a proximidade do retorno de Seu Filho:

“E haverá sinais no sol e na lua e nas estrelas; e na terra angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas. Homens desmaiando de terror, na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo; porquanto as virtudes do céu serão abaladas. E então verão vir o Filho do homem numa nuvem, com poder e grande glória. Lucas 21:25-27

26. Jesus prometeu e cumprirá Sua promessa de descer do Céu para nos resgatar:

“Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não hão de passar.” — Lucas 21:33

27. Jesus descerá dos Céus com Seus anjos que Lhe apoiaram durante o ministério terrestre:

“E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e, pondo-se de joelhos, orava, Dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua. E apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia.” — Lucas 22:41-43

28. Jesus está nos Céus, acima do firmamento, à direita do trono do Pai e logo descerá para nos buscar: 

“Desde agora o Filho do homem se assentará à direita do poder de Deus.” — Lucas 22:69

29. Aquele que prolongou um dia de batalha para Josué, segurando o Sol, encurtou o dia de sofrimento de Jesus Cristo, escurecendo o Sol:

“E era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até à hora nona, escurecendo-se o sol.” — Lucas 23:44

30. É do Céu que Jesus Cristo nos envia o poder do Espírito Santo prometido pelo Pai:

“E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder.” — Lucas 24:49

31. A lei da gravidade já foi antecipadamente desmentida por Jesus na Ascensão, falta desmentirmos o resto da cosmologia satânica:

“E aconteceu que, abençoando-os ele, se apartou deles e foi elevado ao céu.” — Lucas 24:51

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