Ontem ou Amanhã? — Editorial “subversivo” publicado na Revista Adventista há 35 anos!

Ontem ou Amanhã?

Eles também guardavam o sábado, descriam da imortalidade da alma e esperavam o iminente retorno de Cristo, que ocorreria após o término de Seu ministério no santuário celestial. Mas, os costumes daquela congregação eram um pouco diferentes dos adotados por outras que conheço.

Havia líderes, mas estes eram escolhidos por todo o grupo. E exerciam atividades paralelas, das quais obtinham seu sustento. Desse modo, não podiam ser acusados de trabalhar “por amor ao salário” ou por não servirem para outra coisa. Além disso, ninguém tinha autoridade sobre eles; e eles não dominavam sobre o grupo. Apena s coordenavam os trabalhos.

A congregação possuía um local adequado para suas reuniões, onde havia inclusive condições para recreação. Nem sempre, porém, seus encontros ocorriam naquele lugar. Às vezes, dividiam-se em grupos menores e realizavam seus cultos nas casas de alguns dos membros. Noutras ocasiões, reuniam-se em praças públicas ou junto à Natureza.

Nas reuniões, incentivavam a participação, não a reverência. E um deles me explicou por que: “Para muitos, reverência é sinônimo de silêncio e não-participação, quando, na verdade, é apenas respeito pelas coisas sagradas.” E acrescentou: “Mesmo o silêncio pode ser irreverente se estiver acompanhado pelo desinteresse, que revela não-valorização do que está sendo tratado.”

Os encontros do grupo eram bem informais. Pareciam uma conversa entre amigos ou uma mesa-redonda, onde todos emitiam tranquilamente suas opiniões, sem medo de errar e ser ridicularizados. O tema das reflexões era escolhido previamente pelo próprio grupo, de acordo com a necessidade ou o interesse. Mas, se alguém tinha um a mensagem especial para transmitir aos outros, apresentava-a e, depois, à luz da Bíblia, todos avaliavam juntos o que fora dito .

Usavam uma versão bíblica de linguagem compreensível a todos. E nos cânticos, davam preferência àqueles que refletissem sua cultura e cuja letra realmente lhes traduzisse os sentimentos.

Todos sentiam prazer em pertencer àquela congregação e falavam disso a seus vizinho se amigos. E era assim que o grupo crescia. As pessoas vinham, ficavam impressionadas com a fraternidade e as ideias do grupo, e logo manifestavam o desejo de fazer parte dele.

Confesso que também desejei ser membro daquela congregação. E estava pensando em solicitar que o secretário providenciasse a transferência de meu nome para lá, quando uma estridente campainha soou. Era o despertador! Estava na hora de me levantar para ir ao trabalho.

Passei o dia todo pensando se voltara ao passado ou viajara ao
futuro. — Ermelino Ramos, REVISTA ADVENTISTA, Junho de 1987, pág. 2.

2 comentários em “Ontem ou Amanhã? — Editorial “subversivo” publicado na Revista Adventista há 35 anos!”

    1. Essa não seria uma igreja perfeita! Ela seria boa! Afinal, a primeira lição na vida de um cristão é aprender a obedecer a Cristo, como seu Senhor! Não há nada de perfeição nisso, o problema é que as pessoas estão na igreja, por aquilo que um sociólogo, chamou de interesses intramundanos… Ou seja, estão na igreja para ter vantagens, aparecer ou mandar…. Não devemos confundir ser pecador (uma condição enquanto estivemos neste corpo) com amar o pecado e não querem mudar.

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