Associação Mantinha Teologando-Espião no IAE para Delatar Colegas

 

Confissões de um Ex-pastor - X

Apesar de 1986, ter sido um ano atribulado, por causa da mentira do Sr. Getúlio Farias, meu chamado veio, depois da minha formatura, no início de 1987. Não sem luta.

Ocorreram fatos, que eu só vim saber, depois de tudo consumado. Eu estava terminando a matéria que tinha ficado em dependência, no final de 86, e me preparando para formatura. Meu nome estava sendo denegrido, sem eu saber, e por motivos tão satânicos, que é difícil acreditar, até hoje, que isto de fato tenha ocorrido.

Um colega do teológico, que hoje é um pastor, me colocou a par dos fatos quando estes já tinham ocorrido. Foi ele quem tomou minhas dores e me defendeu. Sem esse servo de Deus, que eu conheci na colportagem em 1980, eu nunca teria recebido meu primeiro chamado.

Aconteceu o seguinte: A Associação Paulista Sul (atual Paulistana), mantinha no IAE (só existia o de São Paulo), um aluno a seus serviços. Era função deste teologando, só Deus sabe por ordem de quem, manter os administradores informados de cada um de nós no teológico, principalmente os formandos.

Havia, então, entre nós, um que desde o início, procurava saber tudo a nosso respeito, para que a Associação pudesse ter uma avaliação nossa, antes de nos conhecer pessoalmente.

Meu amigo soube disto, e sabia quem era o teologando. Ele nunca me revelou o nome dele, por uma questão de ética. Mas, meu amigo, soube na época, que este moço, havia informado a Associação que eu estava desqualificado para o ministério e conseqüentemente para ser chamado, depois da formatura.

Nunca vou saber, o quanto o Getúlio deve ter influenciado este teologando no seu parecer contra mim. O fato é que o motivo apresentado foi que eu tinha um trauma de infância por causa do assassinato da minha mãe.

Era conhecida, de todos meus amigos, no IAE, minha fé de reencontrar minha mãe, na ressurreição, quando Cristo voltasse. Eu pregava isso, vivia esta esperança, só não sabia que ela seria usada contra mim de maneira tão sórdida. Estava sendo julgado
por uma esperança que aquece o coração dos cristãos há séculos, a saber, o nosso eterno reencontro com nossos amados.

Minha mãe havia sido uma católica sincera, que nunca tivera um encontro com a mensagem adventista. Morrera na sua sinceridade, e agora minha esperança, em Cristo, de revê-la estava sendo pintada como trauma de infância.

Meu amigo interferiu. Comunicou ao pastor Horne Silva o que estava acontecendo nos bastidores do teológico. Este homem de Deus foi a meu favor. Pediu à Associação, um motivo claro, que realmente me desqualificasse, pois a esperança no meu coração, disse ele, era digna de elogios e não críticas.

Diante deste argumento, fui chamado, logo após a formatura. Só vim saber destes fatos, através do meu amigo, quando, já tinha em mãos o meu chamado.

Nunca agradeci, ao pastor Horne. Meu amigo me pediu sigilo, sobre todos os fatos e pessoas envolvidas. Mas depois de todos estes anos, gostaria de externar minha gratidão e minha homenagem a este servo de Deus. O senhor sempre foi um pai para nós, pastor Horne Silva.

Seu exemplo como cristão, me impede sempre de generalizar, dizendo que todos os líderes são corruptos. O senhor é um líder e um cristão. Há outros, como o senhor, eu sei. Homens que não se vendem, pelo contrário, lutam pela verdade, mesmo que isso custe caro.

Todos nós temos em mente, seu sermão, na formatura, onde nos mostrou os erros que como ministros, podíamos cometer, e fazendo isto, expôs alguns líderes, que cometiam esses erros.

Depois do sermão, eles aposentaram o senhor, forçosamente. Você pagou caro por dizer a verdade, mas influenciou nosso coração, meu amado pastor, para sempre.

Muito obrigado por ter me defendido, meu estimado pai em Cristo Jesus. Teu galardão no céu é certo, pastor! Um dia terei o privilégio de apresentá-lo a minha mãe e dizer:

Na tua ausência, mãe, este homem me defendeu e foi um pai para mim.

Quanto a você, meu caro Judas, nunca soube o teu nome, por causa da ética do meu colega, que sempre foi um homem íntegro. Mas, você esteve conosco, entre 1980 e 1986.

Você era um de nós, informando, ou melhor, delatando, nossas falhas, nossos pecados nossas imperfeições como seres humanos. Quanto te pagaram para isto? As mesmas trintas moedas de prata? Quantos jovens, que não tiveram a mesma sorte que eu, você tirou do ministério, por causa das tuas denúncias? Você realmente crê que é um pastor?

Foi o patife do Getúlio, que te contratou? Como você irá explicar esses fatos para Jesus, meu caro Iscariotes? Como poderá olhar para o Mestre, sabendo que traiu os Seus pequeninos? Talvez, no teológico, você até tenha me dado um abraço ou um beijo na face.

Você ouviu meus sermões, sobre minha mãe, e me traiu, usando para isso, a minha própria fé em Cristo... Mas o teu fim será como o daqueles que te pagaram. Você nunca leu nas Escrituras, que fim teve Judas, bem como àqueles que lhe pagaram as
trintas moedas?

Foi assim, que eu aprendi no próprio seminário de teologia, que um irmão poderia trair outro irmão, mediante pagamento. Deveria, dali em diante, desconfiar dos meus próprios amigos que também eram pastores.

O fato de ter cursado teologia, e estar, aparentemente a serviço de Deus, não deveriam ser para mim, garantias de que eu estaria na presença de cristãos, pelo contrário, descobri que Satanás também tem os seus pastores e doutores em teologia na própria Igreja de Deus.

Com o decorrer dos anos que viriam, na obra, esta verdade iria ficar cada vez mais clara na minha vida. Seria traído, delatado, denegrido, caluniado pelos meus irmãos ministros, pelo mesmo motivo de sempre: dinheiro ou poder eclesiástico.

 

Existem pastores, que longe de se importarem com o reino de Deus, querem, a qualquer custo, poder e dinheiro, e para isso se prestam a qualquer papel, inclusive o de trair seus colegas de ministério, usando para isso a própria verdade, só que distorcendo os fatos de tal forma, que no final, a verdade se torna uma mentira.

Estava em um concílio, reunido com meus amigos em mais uma trienal. A politicagem era tanta, que eu fiquei deprimido, por estar naquele ambiente tão cheio de intrigas e falsidade. Todos oram pela presença do Espírito Santo, para que Ele dirija as decisões dos homens.

Nunca vi em toda minha vida, uma mentira tão deslavada como esta, e ainda por cima tomando o sagrado nome de Deus, em vão. As decisões dos concílios são humanas, e previamente articuladas nos bastidores do poder. Estava tão enojado, com esta verdade, que me afastei dos demais, me isolando nos meus próprios pensamentos.

Dois ministros, que estavam alojados no mesmo quarto, perceberam meu comportamento. Era o último dia de concílio, quando rompendo meu silêncio, eles me
disseram:

O que está acontecendo K? Por que esta tristeza toda, que é visível no teu rosto?

Como os dois, possuíam cabelos brancos me abri com eles, falando da minha decepção com os homens, naquela trienal. Eles me deram vários conselhos e o mais tocante, se
ajoelharam comigo, e rogaram a Deus, pedindo forças para mim, pois eu era um jovem ministro, e tinha uma longa jornada espiritual pela frente. Pediram as bênçãos de
Deus para minha esposa e filhos também.

Quando finalmente, estava em casa, recebi um chamado do pastor Osmar Reis. Fui até a Associação e ele me disse o seguinte:

K, no último dia das trienais, fui abordado por dois pastores, já idosos, que me disseram que você não manteve o perfil que um ministro deve ter, pois sempre desanimado, não participava nem dos cultos feitos no quarto. Eles questionaram seriamente a tua vocação, por causa das observações, que você fez, sobre a liderança.

Então, eles quebraram o voto do silêncio? Pois tudo o que disse a eles, foi em conversa pastoral.

Ele ficou sem graça, diante deste fato desconhecido, mas aquele dia de explicações na Associação, foi marcado por nervosismo, decepção, e ameaças por parte do Osmar, como eu já estava acostumado.

Nunca mais confiei em nenhum ministro. Havia sido um tolo, por não ter aprendido a lição, com Judas Iscariotes, no teológico.

Sabe, pastor Horne, nas noites que eu não consigo dormir, o Espírito Santo me fala ao coração, para que eu esqueça toda amargura e me lembre somente de líderes como o senhor. Mas saiba que é difícil, apegar-se ao exemplo de um só, em meio a tanta podridão espiritual!

Ex-pastor K.

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