Você Chamaria os Apóstolos, Jesus Cristo e o Próprio Pai de Mentirosos?

 

Cristo, para ser bem compreendido, pricisa ser observado no tempo longo e não apenas dentro de fatos isolados da sua vida. Tentar compreender Cristo a partir de fatos isolados a respeito de sua vida, invariavelmente nos levará a equívocos. Certas perguntas que hoje estão surgindo a respeito da pessoa de Cristo só podem ser respondidas corretamente se ela for considerada no tempo da longa duração.  

Cristo é Deus? Ele é plenamente divino ou foi plenamente divino um dia? Ele é inferior ao Pai? Estas e outras perguntas tão essenciais precisam ser respondidas na mais absoluta expressão da verdade, principalmente nestes novos tempos de debate entre trinitarianos e anti-trinitarianos dentro da IASD.  

Devemos acreditar em determinada doutrina pela fé ou pela razão? A fé é fundamental e exclusiva para acreditarmos  em Deus, porém, em se tratando de doutrinas, a razão tem que prevalecer. Se a razão não prevalecer na aceitação de um dogma doutrinário, então  todas as crenças serão passíveis de credibilidade, por mais absurdas que possam ser.  

Nos últimos tempos, tem sido travados debates teológicos que apelam para nossa razão, chamando-nos para a aceitação ou negação de certos dogmas doutrinários. Deus é um ser racional e o homem foi feito à sua imagem e semelhança, portanto, o homem é um ser racional e capaz de uma compreensão racional de Deus.  

Todos os princípios da razão precisam aplicados no conhecimento que Deus revelou a respeito de si mesmo dentro das Escrituras e convido os leitores a fazer uma viagem racional em busca da pessoa de Cristo dentro da Bíblia, considerando-o no do tempo de longa duração.  

 

Antes da encarnação

Cristo antes da encarnação é apresentado pela Escritura como existindo em forma de Deus.   

"Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus." Filipenses 2:6  

Em sua condição pré-encarnatória Cristo é mostrado como sendo em forma de Deus. Nesta condição, se ele pretendesse ser igual a Deus, o Pai, não seria usurpação indevida de uma posição. O ser igual ao Pai era um direito legítimo que pertencia a Cristo. Segundo o que propõe Paulo em sua Carta aos Filipenses, Cristo, antes de encarnar, é tão Deus quanto o Pai. Cristo na condição pré-encarnatória possui em Si mesmo todos os atributos da divindade, ele é igual a Deus. Neste momento ele é onisciente, onipresente, imortal e onipotente.  

Esta igualdade de Cristo perante o Pai, ultrapassa a imortalidade a ponto de dar suporte para os trinitarianos negarem que ele seja Filho de Deus? Pois segundo os trinitarianos, se Cristo for Filho de Deus, a condição de Filho exclui a eternidade passada e portanto ele não seria Deus no sentido pleno do termo que prevê para Deus uma existência eterna, tanto em relação ao passado quanto ao futuro.  

A divindade de Cristo é determinada pela sua condição de Filho de Deus, no mais estrito sentido do termo filho, sentido de paternidade e filiação. "Porque, a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei ?" Hebreus 1:5  

Sendo Filho de Deus, não há como não ser Deus, não possuir os atributos de Deus, não ser reconhecido como Deus. Os líderes judaicos consideraram crime de morte justamente o fato de Cristo ter se apresentado como Filho de Deus. "...Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus. (...) Disse-lhes Jesus: Tu o disseste; (...) Então o sumo sacerdote rasgou os seus vestidos, dizendo: Blasfemou (...) É réu de morte."  João 26:63,64,65,66  

Decididamente, todas as vezes que Cristo se proclamou Filho de Deus, os líderes judaicos compreenderam no sentido estrito, literal. "Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo. (...) Aquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas, porque disse: Sou Filho de Deus?"  João 10:33,34,35,36  

Antes da encarnação, Cristo é um com Deus. Um, não em pessoa, mas um que, como o Pai, possui os atributos da divindade. O Pai é a fonte e o Filho participa plenamente desta fonte.  

 

Na encarnação

Cristo, sendo um com o Pai, poderia vir à Terra e morrer pelo homem na condição pré-encarnatória? Evidentemente, não. Para se encarnar e morrer por nós, ele precisou mudar sua natureza, fazer-se homem, tornar-se mortal. "E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós..." João 1:14  "Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens..." Filepenses 2:7  

Até que ponto o fazer-se homem foi real? Manteve Cristo permanentemente sua condição plena de Deus enquanto esteve aqui na Terra? A carne impôs limites aos seus atributos divinos a ponto de Cristo não possuí-los mais?

Cristo se fez homem de fato, verdadeiramente homem; no entanto, nunca deixou de ser Filho de Deus. O Filho de Deus se uniu ao homem por laços carnais eternos. Os atributos divinos estavam escondidos no Pai à inteira disposição de Cristo. Estavam, até sua morte, à sua inteira disposição. Usá-los, no entanto, significava romper o acordo feito com o Pai para a salvação do homem.  

Tivesse Cristo quebrado o acordo, todos os homens estariam perdidos. A encarnação tirou de Cristo os atributos incomunicáveis da divindade. Sua pessoa não os possuía mais. Tudo que ele fez, o fez pelo poder do Pai. Partindo do princípio de que Cristo é a união do divino com o humano, a fusão de Deus com o homem, quando Cristo disse:  

"Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai." , Marcos 13:32 ele mostrou que não era mais onisciente. A mesma idéia ele repetiu tempos depois, já ressuscitado: "E disse-lhes: não vos pertence saber os tempos ou as estações  que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder." Atos 1:7  

Os dois incidentes mostram com precisão que a mudança havida com o Filho de Deus na encarnação, foi profunda e radical. Cristo nunca mentiu e quando disse que não sabia do dia da sua volta, mostrou que não era mais onisciente.  

 

Após o ministério terrestre

Cristo ressuscitado continua sendo exclusiva e unicamente humano. Como homem ele ascendeu ao céu, como homem ele está diante do Pai no Santuário Eterno, como homem ele voltará para nos buscar, como homem ele nos levará "às águas tranqüilas do rio da vida e a árvore da vida", como homem, eternamente homem, ele será adorado, exaltado, glorificado, cantado, proclamado, reverenciado por toda a criação de Deus.

Toda a língua confessará que Cristo é o Senhor, para a glória de Deus o Pai. Tirar de Cristo sua condição de Filho de Deus, gerado por Deus, é pisar o sacrifício que o Pai fez por amor ao homem, é chamar de mentirosos os apóstolos, o próprio Cristo e mesmo o Pai.

Negar a filiação divina de Cristo para afirmar sua divindade é ir contra a razão bíblica que subordina a divindade de Cristo à sua condição de Filho de Deus. A pessoa de Cristo é a mesma ontem, hoje e eternamente, porém, houve mudança em sua natureza. Deus se fez homem e habitou entre nós. É por este motivo que:  

"Impedido pela humanidade, Cristo não poderia estar em todos os lugares pessoalmente, então foi para vantagem deles (os discípulos) que Ele deveria deixá-los, ir para o Pai, e enviar o Espírito Santo para ser o Seu sucessor na terra. O Espírito Santo é Ele mesmo, despido da personalidade da humanidade e independente dela. Ele Se representaria como estando presente em todos os lugares pelo Seu Espírito, como o Onipresente. "Mas o Consolador, O Espírito Santo, a quem o Pai enviará, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito" [ João 14:26]. "Mas eu vos digo a verdade; convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei" [João 16:7]. Manuscripts Releases Vol.14, página 7.  

Deus não pertence à divindade e sim a divindade pertence a Deus. Cristo abriu mão da sua divindade porque ele tinha poder sobre ela e não ela sobre ele. A divindade não é uma pessoa, ela é apenas o conjunto dos atributos incomunicáveis, cuja fonte é o Pai.

O nosso verdadeiro Cristo, é aquele que se fez homem, que se fez um de nós e não o Cristo meio homem, meio Deus que morreu e não morreu na cruz. O nosso Cristo é o verdadeiro, aquele que nunca tendo deixado de ser Filho de Deus, um dia se fez homem e disse: "Sou Filho de Deus". Para nós, isto não é blasfêmia. -- Elpídio da Cruz Silva, adventista há mais de vinte anos, excluído da igreja em 29/11/2003, por não crer na doutrina católica da trindade e falar contra ela.

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