C. Rotulando os Doentes Mentais

 

Esse terceiro mito afirma que todo desvio de comportamento ou emocional se deve ao fato de ser a pessoa doente mental. Por isso ela é psicologicamente enferma e conseqüentemente precisa de terapia psicológica. O argumento mais usado é o de que o médico trata do corpo, o pastor trata do espírito e o psicólogo trata da mente e das emoções. Ministros, a menos que sejam devidamente treinados em psicanálise e psicoterapia, são supostamente desqualificados para ajudar pessoas que estão passando por sérios problemas de vida.

Os termos doença mental, desordem mental ou problema mental, são os chavões usados para categorizar determinadas situações, muitas das quais têm muito pouco ou nada a ver com enfermidade. Assim que a pessoa é rotulada como doente, terapia torna-se a solução. Se, por outro lado, consideramos a pessoa como responsável por seu comportamento, devemos lidar com ela nas áreas de educação, fé e decisão. Se nós a rotulamos de "doente mental", roubamos-lhe a dignidade humana de responsabilidade pessoal e lhe obscurecemos a possibilidade de um verdadeiro relacionamento com Deus, em quem os nossos problemas podem realmente ser desfeitos.

Como o termo doença mental direciona atitudes e comportamentos para dentro da área médica, é importante examinarmos quão acurado ele realmente é como terminologia descritiva. Ao discutir o conceito de doença mental, o psiquiatra dr. E. Fuller Torrey concluiu: 

O termo em si mesmo não faz sentido e é um erro de semântica. As duas palavras não podem estar juntas... você não pode ter uma "doença mental" da mesma forma como não faz sentido alguém ter uma idéia cor-de-rosa ou um espaço repleto de sabedoria.14

A palavra mental vem de "mente" e mente não é o mesmo que cérebro. Ainda, a mente é mais do que simplesmente a função do cérebro. Barbara Brown, conceituada estudiosa do cérebro, disse:

O consenso científico de que mente é apenas a parte mecânica do cérebro é absolutamente errado... os dados da própria ciência apontam para a existência de uma mente que é mais do que o cérebro em si, mais do que simplesmente a expressão mecânica que exterioriza a ação cerebral. 15

Deus criou a mente humana para fazer-nos conhecê-Lo, escolhermos amá-Lo, crer e obedecer-Lhe. No ato da criação Deus planejou que o ser humano governasse sobre a criação terrestre e fosse como Seu representante neste planeta. Porque a mente vai além do nível físico, além do nível que a ciência pode alcançar e, portanto, do ponto de vista médico não pode ser doente.

Visto que a mente não é um órgão físico, ela não pode ter uma doença. Mesmo que alguém possa ter uma doença cerebral (o que é comum), ninguém pode ter uma doença mental, a não ser que se considere a pecaminosidade da natureza humana ou a realidade de uma mente não redimida. Torrey explica com sabedoria: 

A idéia de que "doenças mentais" significam o mesmo que doenças cerebrais cria uma estranha categoria de "doenças" que é, por definição, sem causa conhecida. Corpo e comportamento tomam-se intrínsecos nessa confusão ao ponto de não serem mais distinguíveis. E necessário um retorno aos princípios originais, de que doença é alguma coisa que você tem, comportamento é alguma coisa que você faz.16

Alguém pode entender o que vem a ser uma enfermidade física; mas o que é uma enfermidade mental? E óbvio que ninguém pode ter uma enfermidade emocional ou anemia comportamental. Por que, então, render-se à arapuca da enfermidade mental? Isso é porque alguns profissionais precisam dessa terminologia para sobreviver!

Thomas Szasz critica o que ele chama de "psiquiatria impostora" que "suporta o interesse comum de se ajuntar e confundir cérebro e mente, nervos e nervosismos".17 Mente e cérebro não são sinônimos da mesma forma como nervos não o são de nervosismo. Alguém pode estar nervoso por causa do atraso da pessoa esperada em certa hora, mas os seus nervos estarão, na verdade, ocupados com outras responsabilidades. Szasz ainda comenta:

É costume definir-se psiquiatria como uma especialidade médica que trata do estudo, diagnose e tratamento de doenças mentais. Essa definição é sem valor e confusa. Doença mental é um mito ... a noção de existir uma pessoa sofrendo de "enfermidade mental" é cientificamente contraditória. Isso tenta trazer recurso profissional para a racionalização popular de que aqueles problemas da vida, expressos por meio de sintomas psiquiátricos, são basicamente semelhantes às enfermidades físicas.18

Mesmo que um problema médico ou enfermidade cerebral possa trazer sintomas mentais-emocionais-comportamentais, a pessoa não pode, racionalmente, ser classificada como "mentalmente enferma". As palavras psicológico e fisiológico não são sinônimas. A primeira refere-se à mente e a segunda ao corpo.

Aconselhamento psicológico não lida com o cérebro físico; ele é endereçado aos nossos pensamentos, sentimentos e comportamento. Portanto, o psicanalista não está prestando um serviço que cura doenças mas que interfere e direciona o nosso pensamento, sentimento e,conseqüentemente, nosso comportamento; ele é um professor e não um médico fisiologista.

O termo doença mental foi definitivamente adotado pela nossa sociedade e não édifícil entender a razão desse amor à primeira vista. Se nós realmente acreditamos que uma pessoa com problema mental-emocional-comportamental é doente, então admitimos que ela não é mais responsável por seu comportamento e, se ela não é, quem o será? Essa decisão é tão antiga quanto Gênesis 3:12, onde o homem culpa a mulher e o Deus que a fez pela desobediência que ele cometeu, e Gênesis 3:13 onde a mulher jogou a culpa na serpente tentando desviar a atenção de sua transgressão pessoal.

Os sistemas psicanalítico e behaviorista (que estudam o comportamento) pregam que o comportamento humano é definido e fixado por forças fora do nosso controle. Para a psicanálise, o homem é controlado por forças psicológicas que nos governam de dentro para fora. Para o behaviorismo, o homem é controlado por pressões circunstanciais externas. Se o homem é mero produto de circunstâncias internas e ex-temas segue-se então que ele não é responsável pelo seu próprio comportamento!

Humanamente falando, é preferível pensar que o nosso mau comportamento deriva-se de fora da nossa área de controle do que engolir o diagnóstico divino do ser humano que peca porque sua natureza é pecaminosa e não o contrário, que ele seja visto por Deus como pecador porque cometeu alguns pecados. Lemos em Jeremias 17:9 o que Deus disse: "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?"

Os psicólogos rotulam-nos do que não somos e sobrevivem com isso. Dizem que temos doença mental e que a causa está fora de nós, porque na essência somos bons e a culpa é de nossos pais, da sociedade, dos nossos impulsos sexuais, da geração passada que nos legou esses tabus da presente era e assim por diante. . . Deus não nos rotula; Ele nos descreve! "Não há justo, nem sequer um, não há quem entendo, irão há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. Não há temor de Deus diante de seus olhos." Romanos 3:10-12, 18. Ele não evitou mostrar-nos quem realmente somos porque Ele tem o remédio de graça, que é “mediante a redenção que há em Cristo Jesus”, de acordo com Romanos 3:24.

Leia também:

Vale a Pena Ler de Novo!

Retornar

Para entrar em contato conosco, utilize este e-mail: adventistas@adventistas.com