A IASD e a divulgação do criacionismo: onde está o problema?
Publicado por Everton Alves no Blog Criacionismo, de Michelson Borges.
Ao longo desses anos em que eu tenho pesquisado, escrito e palestrado sobre criacionismo em diversas igrejas de diferentes denominações religiosas, incluso a Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD), bem como em colégios confessionais pelo Brasil, tenho percebido que, ao contrário do que eu imaginei inicialmente, os membros da IASD não se interessam tanto assim por criacionismo, embora a IASD seja uma das igrejas que mais divulgam o assunto. E isso é frustrante para uma pessoa que, como eu, entende o criacionismo como uma ferramenta de apologética/dialética, ou melhor, como um ministério evangelístico, ainda mais porque teoricamente sabemos, e não há dúvidas nem mesmo por parte de outras denominações afora, que a IASD apoia e incentiva, de certa forma, a divulgação e defesa desse tema que, a propósito, é um dos pilares oficiais de sua declaração de crenças fundamentais emitida pela Associação Geral da IASD.
É exatamente por estar incorporado ao corpo doutrinário e ser recorrentemente estudado, mesmo que de forma superficial, que percebo que o criacionismo parece ser um assunto “bem resolvido” para boa parte do público adventista. O que é apresentado em alguns sermões e esporadicamente nas lições de escola sabatina é suficiente para a grande maioria. E aqui entra a primeira parte do problema: “comodidade”. Alguns poucos têm necessidade maior de aprofundamento, e geralmente é uma necessidade momentânea. Infelizmente não se vê o criacionismo como uma grande ferramenta de evangelismo para nossa geração cada vez mais informada e questionadora.
Por muito tempo eu me pus a refletir sobre os possíveis motivos de tamanho desinteresse. Confesso que aceitei esse chamado com muito entusiasmo e ingenuidade. Porém, hoje eu consigo perceber mais nitidamente que o problema é, na verdade, multifatorial. Por que não traduzirmos esses problemas em forma de algumas questões pertinentes como, por exemplo:
- Por que os líderes jovens não nos apoiam mais para a entrada desses temas em cultos jovens ou outras programações alternativas aos cultos principais?
- Por que os pastores distritais não nos convidam mais do que já o fazem para falar sobre isso?
- Por que os próprios membros não se interessam e se auto-organizam para montar grupos de estudos sobre criacionismo?
- Por que as camadas administrativas da igreja (Associações, Uniões, Divisões) não investem mais a fim de ampliar a divulgação desse tema tão importante para uma sociedade cada vez mais secularizada e ateia e, quando investem, não obtém os resultados esperados?
Para mim, embora seja uma análise superficial (e esse é o propósito desta breve reflexão), outra parte da resposta (a qual eu quero evidenciar) está na variável “escolaridade” (bem baixa, diga-se de passagem) do Perfil do Adventista Brasileiro.
Vocês sabiam que, embora a Igreja esteja crescendo, principalmente em relação a números de adolescentes e jovens (31% do total dos cerca de 1,5 milhão de adventistas no Brasil), ainda assim é uma denominação na qual apenas 25,3% de seus membros possuem ensino médio, menos de 10% (8,7%, na realidade) possuem ensino superior e somente uma fração ínfima (0,7% do total) possuem uma pós-graduação? Os números não mentem! De que forma nós, pesquisadores brasileiros do criacionismo, contornaremos esse problema? Veja um infográfico completo com mais informações sobre o perfil do adventista brasileiro, publicado na Revista Adventista.
É urgente a necessidade de inovar, de mudar a linguagem e a abordagem, sermos mais criativos e fazermos novas parcerias a fim de se produzir conteúdos direcionados que despertem a atenção e a curiosidade dessa nova geração, principalmente daqueles indivíduos com baixa escolaridade. Garanto a vocês que os jovens são um dos grupos mais interessados no tema das origens. E por isso é que nós também somos culpados por não pensarmos “fora da caixinha”, por resistirmos às mudanças em relação à produção de materiais e conteúdos que impactem as gerações X (1960-1980), Y (1980-1990) e Z (1990-2010).
Mas ainda há tempo de renovação; ainda há tempo de prepararmos (e me incluo aqui) conteúdos tão atrativos quanto os produzidos pela comunidade evolucionista (e admito que, de longe, o evolucionismo é mais bem apresentado que o criacionismo); ainda há tempo de fazermos a diferença para esta nova geração a qual chamamos de geração Alfa (2010-2025). Caso queira dicas de quais ações/estratégias podemos utilizar para esse grande desafio, fique ligado porque na terceira edição da Origem em Revista discutiremos mais acerca desse tema. — Everton Alves
Publicado no Blog Criacionismo, de Michelson Borges.
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