Ricos e poderosos estão se preparando para o fim do mundo que se aproxima. E você? — 3

Este vídeo impressionante apresenta uma gigantesca aeronave movida a energia nuclear, chamada Sky Cruise, “um hotel futurista ou bunker acima das nuvens”, como descreve o canal do comunicador científico Hashem Al-Ghaili, no YouTube. Criado em CGI, o conceito é muito bem detalhado pelas imagens, inclusive em seus ambientes internos modernos.

Há um misto entre mega embarcação de cruzeiro e estação espacial para um hotel ou bunker voador com espaço para mais de 5.000 convidados, em voos quase sem escalas. Isso porque o veículo “nunca ficaria sem combustível”, permanecendo no ar por anos a fio, conforme explicam os criadores.

Inteligência artificial pilotando o hotel voador nuclear

Pilotado por inteligência artificial (IA), o gigantesco hotel voador teria sua própria torre de observação (também enorme) em forma de disco. Nela, os passageiros poderiam ver as paisagens ao redor, nas alturas, “acima das nuvens”, como salienta o vídeo.

Os abrigos para o fim do mundo construídos para os super-ricos

Entrada do Survival Condo, nos EUA
Legenda da foto, A entrada do bunker de Larry Hall no Kansas é guardada como uma instalação militar

O empresário americano Larry Hall sai do elevador e entra em um dos muitos apartamentos de seu recém-construído empreendimento imobiliário.

O espaço é mobiliado de maneira elegante. Hall diz que a qualidade do acabamento e a atenção aos detalhes têm de ser proporcionais à resposta entusiasmada de seus clientes.

“Tive clientes chorando de emoção quando visitaram”, conta ele.

Mas há algo incomum nesses apartamentos. Eles estão muitos metros debaixo da terra, em um silo nuclear obsoleto, no meio do Estado americano do Kansas. Trata-se do Survival Condos. São bunkers de luxo para que, nas palavras de Hall, ricos e super-ricos possam não apenas se proteger em caso de uma hecatombe, mas dar prosseguimento a uma rotina bonne vivant.

“Queremos cuidar da proteção física, mas também do bem-estar mental das pessoas”.

Entrada do bunker
Legenda da foto,Larry Hall investiu dezenas de milhões de dólares no condomínio de luxo

Quando alguém se refere a “preparados”, pessoas (americanas, sobretudo) que investem tempo e dinheiro tentando não serem pegas de surpresa por alguma catástrofe de proporções globais, a imagem clássica é a de indivíduos solitários, vivendo em condições austeras – pense em um indivíduo usando roupas camufladas e enchendo um porão com enlatados.

O medo do apocalipse, porém, parece estar chegado às classes mais altas. Pelo menos a julgar por uma série de empreendimentos nos EUA e na Europa voltados a oferecer para super-ricos uma “chance de escapar do fim do mundo”. A companhia americana Vivos, por exemplo, especializou-se em adaptar abrigos nucleares subterrâneos da época da Guerra Fria para as necessidades de consumidores em busca de sobrevivência com requinte.

Na Alemanha, a Vivos conta com o Europa One, aproveitando um bunker escavado no interior de uma montanha, que durante a Guerra Fria serviu de depósito de armas e munições do exército soviético. Em vez da aparência austera de instalação militar, o lugar agora conta com 34 aposentos que, segundo a empresa, oferecem proteção contra uma variedade de catástrofes (de desastres nucleares a terremotos). E sem perder o estilo.

Cada aposento tem 2.500m2 de área e poderá ser customizado pelos ocupantes. Nas áres comuns, haverá desde um festival de mimos como bares, restaurantes e canis a serviços como hospital, transporte e segurança. O preço é guardado a sete chaves, até porque os futuros ocupantes serão selecionados através de convites.

A Survival Condo, também aproveitou um resquício dos tempos em que americanos e russos temiam um holocausto nuclear, e a demanda por “preparados” mais endinheirados.

Embora promova o luxo das instalações de seu prédio de 15 andares, o grande chamariz da Survival Condo para seu condomínio de luxo é a robusteza do prédio, incluindo a redoma da cobertura, resistente a ventos de mais 800km/h, de acordo com a brochura eletrônica no site da empresa.

Quando Hall anunciou o empreendimento, o preço dos apartamentos começava em cerca de R$ 4,5 milhões. Ele diz ter vendido 11 dos 12 apartamentos postos à venda – isso porque uma das unidades é para ele e sua família.

Larry Hall, idealizador do Survival Condo
Legenda da foto,Larry Hall, idealizador do Survival Condo

“Muitos clientes não querem que os outros saibam que eles têm um bunker, pois pode provocar a mesma reação do que alguém dizer que viu um disco voador”, explica o investidor.

Um dos compradores, porém, falou à New Yorker. O empreendedor imobiliário Tyler Allen pagou US$ 3 milhões por um dos apartamentos. Teme conflitos sociais nos EUA e mesmo um surto do vírus Ebola. “Podem me chamar de maluco, mas estou tomando providências para proteger minha família”.

Os ataques de 11 de setembro foram uma tragédia em que Hall enxergou uma oportunidade de negócios. Na época da tragédia, ele era um empreendedor digital e diversas empresas buscaram soluções para salvar seus dados em caso de ataque. Hall teve a ideia de criar um centro de processamento de dados que resistisse a ataques nucleares.

Interior de um dos apartamentos do Survival Condo
Legenda da foto,Interior de um dos apartamentos do Survival Condo

Clientes em potencial mostraram interesse pela ideia, que Hall logo ampliou para abrigos para seres humanos. A instalação no Kansas, desativada nos anos 60, era uma escolha óbvia diante do fato de já vir com proteção contra ataques nucleares, algo bastante cômodo diante dos custos assustadores de criação de um projeto do zero.

Interior de um dos apartamentos do Survival Condo
Legenda da foto,Super-ricos criaram nova demanda para serviços “pós-apocalípticos”

Hall, segundo estimativas da mídia americana, gastou dezenas de milhões de dólares para equipar o complexo com tudo o que há de mais moderno em termos de conforto e segurança. O prédio, por exemplo, tem capacidade para sobreviver cinco anos sem contato com o mundo exterior.

E um exército particular é a garantia contra potenciais invasões – comunidades de “preparados” acusaram Hall de discriminação e prometeram insurgir contra o condomínio – a Vivos, por sinal, não se esqueceu deste mercado e conta com uma linha de bunkeres “populares”, que podem ser instalados até em quintais (parecem mais contêineres que apartamentos de luxo, diga-se de passagem).

Piscina do bunker
Legenda da foto,Em vez de “contêiner reforçado”, abrigos requintados contam com o luxo de uma piscina

Hall conta que clientes deixaram de ver os apartamentos apenas como uma espécie de “seguro de vida” e passaram a usar o complexo como residência de veraneio.

Steve Huffman, o fundador do site Reddit
Legenda da foto,Steve Huffman quer precisar apenas de óculos escuros em caso de emergência

Para os mais claustrofóbicos, uma opção parece ser manter distância dos principais centros de poder. Segundo a New Yorker, super-ricos americanos estão investindo na aquisição de terras na Nova Zelândia e mais de 13 mil cidadãos do país declararam interesse de emigrar junto às autoridade neozelandesas desde a eleição de Donald Trump, como parte de um programa de vistos de residência para investimentos mínimos de US$ 1 milhão. O país é geograficamente isolado o suficiente para acalmar os nervos de quem teme tempos turbulentos.

E outra medida de que super-ricos também contemplam o fim do mundo é que, na mesma reportagem da revista americana, o milionário Steve Huffman, fundador da rede social Reddit, conta ter feito uma cirurgia ocular corretora para sua miopia, em 2015, não por uma questão de estética our praticidade. Huffman crê que uma visão melhor calibrada lhe dará mais chance de sobreviver ao terror.

“Se o mundo acabar ou tivermos problemas sérios, conseguir óculos ou lentes de contato será um senhor problema”.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-38809611

BUNKERS APOCALÍPTICOS: O NEGÓCIO QUE FATURA MILHÕES POR ANO

Os chamados bunkers do fim do mundo foram impulsionados em dois momentos mais marcantes do século XX, a começar pela Era Atômica dos Estados Unidos, em 16 de julho de 1945, atingindo seu auge com a explosão das bombas Little Boy e Fat Man, seguido pelos 921 testes e explosões realizados pelo governo na Base de Testes de Nevada.

Todos os aspectos da vida americana foram afetados por esse período, especialmente com os ataques à Hiroshima e Nagasaki, que mostraram aos cidadãos o quão nocivo e perigoso era mexer com radiação, desestimulando uma indústria capitalista inteira que prosperava desde o início do século XX produzindo tudo que contivesse o material, visando facilitar ou trazer inovações para a vida cotidiana.

(Fonte: National Nuclear Security Administration/Nevada Site Office)(Fonte: National Nuclear Security Administration/Nevada Site Office)

As tensões da Guerra Fria potencializaram esse sentimento de incerteza e destruição, portanto as pessoas começaram, por conta própria, a fabricar nos terrenos de suas casas bunkers improvisados para tentar se safar de um possível apocalipse nuclear. Seguindo essa rota, empresas compraram a ideia, passando a construir e vender silos em áreas desérticas como uma maneira de lucrar com o “fim do mundo iminente”.

A partir de 1960, ainda que em meio a tantas incertezas do período atômico, os fenômenos ufológicos tomaram conta do mercado que estimulava os bunkers do fim do mundo, isso porque o país entrou na Era dos Discos Voadores, potencializando a ideia, agora não mais de um fim do mundo nuclear, mas de colonização por parte de criaturas extraterrestres.

Desespero por sobrevivência

(Fonte: Survival Condo Project)(Fonte: Survival Condo Project)

Afetados pelas perspectivas, pesquisadores da Universidade da Geórgia trancaram grupos de homens, mulheres e crianças, com idades entre 3 e 70 anos, em bunkers por seis vezes entre 1962 e 1964, durante períodos variados, para analisar os impactos de subsistência com biscoitos de trigo e água em um ambiente considerado opressor, sem água de banho, beliches ou cobertores.

O estudo chegou à conclusão, após sua última etapa de testes, de que “nenhum efeito psicológico ou social deletério ocorre a partir de períodos de duas semanas de confinamento em grupo sob condições severas”.

(Fonte: Bradley Garrett/Reprodução)(Fonte: Bradley Garrett/Reprodução)

Por outro lado, um relatório publicado pela US National Science Foundation, em 1960, apontou que o tempo prolongado no subsolo pode envolver muitas privações fisiológicas, incluindo dificuldades de concentração, irritabilidade, depressão e distúrbios de personalidade. Ou seja, as pessoas até poderiam sobreviver, mas não prosperar, o que seria uma questão de tempo para que o sentimento de inquietação e outros aspectos raivosos tomassem conta do grupo, trazendo caos para o ambiente.

Mas, no final das contas, nada disso importava para as pessoas que buscavam esses locais seguros, pois qualquer realidade era melhor que ser desintegrado por uma bomba, sofrer com os índices de radiação, ser dizimado ou viver à mercê de uma vida alienígena denominada implacável.

A terceira e quarta onda

(Fonte: Terravivos/Reprodução)(Fonte: Terravivos/Reprodução)

Foi assim que lugares como a Vivos, uma comunidade global de bunkers apocalípticos, surgiu em 1980, através da mente do CEO Robert Vicino. A instalação militar na base de Black Hills, no condado de Fall River (Dakota do Sul, EUA), é uma espécie de rancho, com 160 quilômetros de estradas particulares.

Localizados também em Indiana, esses bunkers da Vivos são destinados às famílias de classe média, custando cerca de US$ 35 mil cada, mas podendo ultrapassar US$ 2 milhões em silos extremamente luxuosos para guardar os milionários do mundo. A empresa de Vicino também possui um grande negócio na Europa, onde é comercializado como “a solução definitiva de seguro de vida para famílias de alta renda”.

A pandemia da covid-19, não só foi responsável por paralisar o mercado imobiliário, como aumentar a demanda por bunkers do fim do mundo, evocando uma terceira onda na história desses locais de refúgio. “As pessoas achavam que éramos loucos porque nunca acreditaram que algo assim pudesse acontecer. Agora eles estão vendo”, disse Vicino, em entrevista ao The Verge.

(Fonte: Terravivos/Reprodução)(Fonte: Terravivos/Reprodução)

Com isso, empresas de produção de bunkers, como a Rising S Company e a Survival Condo, fizeram updates em suas instalações durante a pandemia para poderem capitalizar ainda mais com os medos propagados pela contaminação do vírus. Muitas delas divulgaram que possuem sistemas de alta tecnologia na filtragem de partículas do coronavírus, bem como depuradores de ar para eliminar todos os patógenos antes de entrar no espaço subterrâneo.

A quarta onda nos mercados dos bunkers do fim do mundo veio mais rápido do que os empresários imaginaram, com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, sob o fantasma da possibilidade de um ataque nuclear, despertando o mesmo sentimento de 77 anos atrás, quando tudo começou.

Em matéria ao The Guardian, Gary Lynch, CEO da Rising S Company no Texas, disse que normalmente atendia 100 consultas por mês sobre interessados em adquirir um bunker apocalíptico, mas em fevereiro, os números dispararam para 3 mil. Ele vendeu 5 bunkers em um dia de fevereiro, a preços que variam de US$ 70 mil a US$ 240 mil.

Não há sombra de dúvida que a guerra renovou o mercado, mais uma vez apoiado na ansiedade, desespero e medo — a outra metade intrínseca do DNA humano, além do sentimento de sobrevivência a qualquer custo.

Fonte: https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/121707-bunkers-apocalipticos-o-negocio-que-fatura-milhoes-por-ano.htm

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