Jesus Cristo Voltou a Ser Divino Após a Ressurreição?

Antes de ler este artigo, convém ler os textos anteriores relacionados com o tema:

 

A tese do irmão Jairo Carvalho a respeito da condição de Cristo após a ressurreição é complicada em excesso e de difícil sustentabilidade bíblica.  

A tese por ele apresentada, parece-me uma tentativa de oferecer uma segunda versão à doutrina católica da duas naturezas de Cristo.  

A primeira versão, a católica, apresenta duas naturezas existindo simultaneamente e uma separada e independente da outra, uma não sofrendo influência do que ocorre na outra. Assim, quando a humana morre, a divina continua sendo imortal.  

A segunda versão, a do irmão Jairo Carvalho, apresenta as mesmas duas naturezas porém, fundidas de tal forma que o que ocorre com uma, ocorre também com a outra.  

Sendo que os atributos divinos pertencem a natureza divina, e que eles são: a imortalidade, a onipotência, a onipresença e a onisciência e que Jesus, antes da encarnação os possuía, por ter sido gerado Filho de Deus, quando estes atributos foram devolvidos ao Pai, ao Cristo tornar-se homem, deixaram de funcionar.

Especificamente no caso da onisciência que Cristo teria devolvido ao Pai, se ela continuasse funcionando, ela carregaria todo o pensamento e conhecimento que Cristo possuía antes da encarnação e, portanto, haveriam dois Cristos, um na figura da sua onisciência que o Pai recebe de volta quando da encarnação e outro humano que não era onisciente e habitava entre os homens.  

A tese do irmão Jairo Carvalho ressuscita também o pensamento trinitariano do falecido pastor Arnaldo B. Christianini que afirmava que a os atributos divinos "são propriedades, não das pessoas individuais, mas do Deus Triúno." CHRISTIANINI, Arnaldo B. Radiografia do Jeovismo. Santo André: CPB, 1975. p.95  

Os atributos divinos eram propriedades pessoais de Cristo após sua geração como Filho de Deus e não poderiam ser devolvidos ao Pai. Os atributos divinos em Cristo Jesus, não surgiram posteriormente ao seu surgimento como Filho de Deus e, portanto, não poderiam ser devolvidos. Os atributos divinos eram inerentes à sua condição de Filho de Deus e só Cristo tinha autoridade sobre eles.  

O irmão Jairo também disse em resposta ao e-mail do irmão J. A. Vieira que compartilha da minha opinião, que a nossa opinião não estava fundamentada na Bíblia, nem no Espírito de Profecia. Infelizmente o irmão parece não ter ainda lido o segundo artigo sobre o tema, publicado neste site, onde procuro fundamentar a tese da humanidade exclusiva de Cristo após a ressurreição.  

Vou aproveitar a oportunidade e acrescentar mais algumas coisas às bases escriturísticas que já estão disponíveis no site.  

"...sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas aniquilou-se a si mesmo..." Filipenses 2:6,7  

A Bíblia em lugar nenhum trata de uma devolução ao Pai dos atributos da divindade que pertenciam a Cristo. O que ela afirma é que para Ele se tornar homem precisou despojar-se dos mesmos. Cristo aniquilou em si mesmo os atributos divinos que deixaram de existir em sua pessoa.  

Só após este auto-aniquilamento, foi possível o Filho de Deus se fazer homem. "...e o Verbo se fez carne e habitou entre nós..."  

"Quando Jesus fora despertado para enfrentar a tempestade, estava em perfeita paz. Nenhum indício de temor na fisionomia ou olhar, pois receio algum havia em seu coração. Contudo não era na força onipotente que Ele descansava. Não era como o " Senhor da Terra, do mar e do céu " que repousava em sossego. Esse poder, depusera-o Ele, e diz: " Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma. " Confiava no poder de Seu Pai. Foi pela fé - no amor e cuidado de Deus - que repousou, e o poder que impôs silêncio à tempestade, foi o poder de Deus." O Desejado de Todas as Nações, pág. 319.

Nem a Bíblia e nem o Espírito de Profecia trazem a idéia de que Cristo tenha sido redivinizado, que Ele tenha recebido de volta os atributos da divindade.  

"Cristo ascendera ao céu na forma humana. Os discípulos viram a nuvem recebê-lo. O mesmo Jesus que andara, e falara e orara com eles; Aquele que partira com eles o pão; o que com eles estivera nos botes, no lago. e que fizera com eles, naquele mesmo dia, a penosa subida no Olivete - o mesmo Jesus fora agora para partilhar do trono do Pai. E os anjos lhes asseguraram que Aquele mesmo que viram subir ao Céu, voltaria outra vez assim como subira. " O Desejado de Todas as Nações, pág.795  

É idéia pouco provável que um corpo humano degenerado por mais de 4.000 anos de pecado mesmo depois de glorificado, posse conter a grandiosidade dos atributos de Deus.  

Cristo é Deus feito homem. Cristo é Filho de Deus e Filho do homem (filho da  humanidade). Cristo é o Filho de Deus e o Filho da humanidade no céu e na terra despido dos atributos da divindade para sempre.  

É verdade que corporalmente habita em Cristo toda a plenitude da divindade, mas isto significa algo muito diferente do que aquilo que é proposto pelo irmão Jairo Carvalho.  

"Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade." Colossenses 2:9 precisa ser entendido à luz de Colossenses 1:17,18,19.  

"E Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistêm por Ele. E Ele é a cabeça do corpo da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência. Porque foi do agrado do Pai que toda plenitude Nele habitasse."  

O Cristo a quem Paulo se refere está na condição de humano e numa condição anterior e posterior à ressurreição.  

A plenitude que veio de fora, é o poder capacitador do Pai para realizar a salvação do homem antes da morte na cruz e após a morte na cruz.  

"Havendo coletado as riquezas do Universo, e aberto os recursos do infinito, entrega tudo nas mãos de Cristo, e diz: Tudo isso é para o homem. Serve-te de tudo isso para lhe provar que não há amor maior que o meu na Terra e no Céu. Sua maior felicidade se achará em me amar ele a Mim. "

"O qual está à destra de Deus, tendo subido ao céu; havendo-se-lhe sujeitado os anjos, e as autoridades, e as potências. " I S. Pedro 3:22  

"É me dado todo o poder no céu e na terra..." Mat. 28:19  

"Todas as coisas me foram entregues por meu Pai..." Mat.11:27  

"Tudo por meu Pai me foi entregue..." Lucas 10:22  

"O Pai ama o Filho, e todas as coisas entregou nas suas mãos. " João 3:35  

"Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés..." I Coríntios 15:28  

Meu objetivo nestas considerações não é derrotar o irmão Jairo carvalho neste debate e sim convencer ou ser convencido. Se o irmão Jairo me convencer, terei vencido junto com ele. Se ele for convencido terei também vencido junto com ele. Com a palavra o irmão Jairo Carvalho! Elpídio da Cruz Silva, adventista há mais de 20 anos.


Irmão Elpídio,

Li seu e-mail. Estou escrevendo a ti e aos leitores do site, não para defender uma "tese" minha, como foi denominado o material enviado. Isto porque, tal como Cristo Jesus, nosso exemplo, disse, não posso falar de mim mesmo ou defender idéias próprias. Assim, deixemos que a Palavra de Deus fale sobre o ponto em pauta.

Foi Jesus gerado por Deus por ocasião de Sua ressurreição ou foi apenas ressuscitado como homem glorificado?

"Nós vos anunciamos o evangelho da promessa feita a nossos pais, como Deus a cumpriu plenamente a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também está escrito no Salmo segundo: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei.

É que Deus o ressuscitou dentre os mortos para que jamais voltasse à corrupção, desta maneira o disse: E cumprirei a vosso favor as santas e fiéis promessas feitas a Davi." Atos 13:32-34

A Bíblia confirma que Jesus foi gerado por Deus por ocasião de sua ressurreição, cumprindo o que estava escrito no Salmo segundo (Salmos 2:8). Jesus pode ser gerado pelo Pai de outra forma que não como Deus? Se cremos que Ele foi gerado como Deus pelo Seu Pai quando nasceu, temos que aceitar que quando Ele foi novamente gerado por Seu Pai, por ocasião da Sua ressurreição, Ele foi gerado como Deus.

A Bíblia confirma que Jesus é Deus atualmente, após a encarnação?

"E, novamente, ao introduzir o Primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem. Ainda, quanto aos anjos, diz: Aquele que a seus anjos faz ventos, e a seus ministros labaredas de fogo; mas acerca do Filho: O Teu trono ó DEUS, é para todo o sempre; e cetro de eqüidade é o Seu reino" Hebreus 1:6-8

Quando foi que Deus o Pai pronunciou a frase: "O Teu trono ó DEUS, é para todo o sempre; e cetro de eqüidade é o Seu reino" a respeito do Filho?

R.: Quando Jesus recebeu o "reino", de tanto que diz: "cetro de ferro é o Seu reino". E quando isto acontece? A Bíblia nos responde: "proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: Tú és meu Filho, eu, hoje, te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua posessão. Com vara de ferro as regerás e as despedaçarás como um vaso de oleiro." Salmos 2:8,9

Vimos a pouco em Atos 13:32-34 que Paulo afirma que este texto do Salmo 2 se refere à ressurreição de Jesus. E é este mesmo texto, proferido por ocasião da ressurreição de Jesus, que afirma que Jesus recebe o reino. Assim, percebemos que a Bíblia afirma que Jesus recebe o reino após ter sido gerado pelo Pai, por ocasião de Sua ressurreição. Percebemos também, pelo texto de Hebreus, que o Pai chama o Filho de Deus, após este receber o reino:

"mas acerca do Filho: O Teu trono ó DEUS, é para todo o sempre; e cetro de eqüidade é o Seu reino" Hebreus 1:8

Assim, se o Pai chama a Jesus Cristo de Deus após a Sua ressurreição, aceito isto como verdade.

Se aceitarmos a Bíblia da forma que a lemos para entender os temas doutrinários, não precisamos sequer ter que ler vários textos para confirmar que Cristo hoje é Deus. Bastaria ler com sinceridade e sem preconceitos o texto de Colossensses 2:8,9:

"Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo; porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade." Colossensses 2:8, 9.

O texto diz que em Cristo RESIDE, corporalmente, TODA a plenitude da Divindade. Enquanto nós podemos ser TOMADOS de toda a plenitude de Deus, conforme o texto de Efésios 3, em Cristo HABITA TODA a plenitude da Divindade. Existe uma grande diferença entre ambos os conceitos. A Divindade não habita em nós, posto que não somos deuses, mas conforme a Bíblia o declara, ela habita em Cristo, e por isso Ele é Deus no mais alto sentido da palavra. O fato de Cristo ter retido a forma humana para sempre não impede que resida em Seu corpo humano (habite corporalmente), toda a plenitude da Divindade. É um fato que quando a Bíblia diz "toda", entendemos que "toda" a plenitude da Divindade nEle reside, não apenas alguma parte.

Da mesma forma como com a Bíblia, se aceitarmos o Espírito de Profecia tal como está escrito aceitamos que Cristo hoje é Deus:

"Cristo é a escada que Jacó viu, tendo a base na Terra, e o topo chegando à porta do Céu, ao próprio limiar da glória. Se aquela escada houvesse deixado de chegar à Terra, por um único degrau que fosse, teríamos ficado perdidos. Mas Cristo vem ter conosco onde nos achamos. Tomou nossa natureza e venceu, para que, revestindo-nos de Sua natureza, nós pudéssemos vencer. Feito "em semelhança da carne do pecado" (Rom. 8:3), viveu uma vida isenta de pecado. AGORA, por Sua DIVINDADE, firma-Se ao trono do Céu, ao passo que, pela Sua humanidade, Se liga a nós. Manda-nos que, pela fé nEle, atinjamos à glória do caráter de Deus. Portanto, devemos ser perfeitos, assim como "é perfeito vosso Pai que está nos Céus". Mat. 5:48." O Desejado de Todas as Nações, págs. 311, 312

O texto acima ao meu ver é tão claro que fala por si mesmo.

Que Deus o abençoe, Jairo Carvalho.


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